Vozes Verbais

  As vozes verbais dizem respeito à relação que se estabelece entre o sujeito do enunciado e o verbo ao qual está ligado. Essa relação ajuda a definir não só o significado do enunciado, mas também o foco e a entonação, como perceberemos a seguir.

Leia também: Cinco dicas sobre dúvidas verbais

As vozes verbais costumam ser divididas em voz ativa, voz passiva (esta se divide em analítica e em sintética) e voz reflexiva. Algumas vezes, esses enunciados podem passar de voz ativa para voz passiva e vice-versa dependendo da intenção do interlocutor em evidenciar determinadas informações. Vamos aprender um pouco mais sobre isso?

As vozes verbais indicam a relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo.

Voz ativa

A voz ativa ocorre quando o enunciado evidencia que o sujeito pratica a ação (também chamado de sujeito agente). Nesse caso, o sujeito é aquele que executa, de modo ativo, a ação ocorrida no enunciado, portanto, o agente fica em evidência.

Leia estes exemplos:

O rapaz ouve a moça no rádio.

Sujeito agente + verbo na voz ativa + continuação do predicado

Uma criança feriu seu filho na escola.

Sujeito agente + verbo na voz ativa + continuação do predicado

As meninas lerão muitos livros.

Sujeito agente + verbo na voz ativa + continuação do predicado

Voz passiva

  • Voz passiva analítica

Ao contrário da voz ativa, a voz passiva evidencia o sujeito que sofre determinada ação (o chamado sujeito paciente). Logo, a voz passiva pode ser usada para evidenciar não o agente, e sim quem está sendo impactado por ela.

Para entendermos esse conceito, vamos pegar os exemplos anteriores, que estão na voz ativa, e passá-los para a voz passiva:

1. Primeiro, identificamos, no predicado, quem é o elemento que está sofrendo a ação. Esse passará a ser o sujeito da frase.

2. Consequentemente, o sujeito agente da voz ativa passará a ser apenas parte do predicado, ou seja, o sujeito agente troca de lugar com o sujeito paciente. Vale lembrar que deve haver preposição para ligar o verbo ao predicado, já que se trata de voz passiva.

3. Utilizaremos os mesmos verbos, porém com alguns ajustes: haverá um verbo auxiliar (ser ou estar) seguido do verbo principal conjugado no particípio passado.

Vejamos os exemplos a seguir:

A moça é ouvida pelo rapaz no rádio.

Sujeito paciente + verbo auxiliar e verbo principal na voz passiva + continuação do predicado

Seu filho foi ferido por uma criança na escola.

Sujeito paciente + verbo auxiliar e verbo principal na voz passiva + continuação do predicado

Muitos livros serão lidos pelas meninas.

Sujeito paciente + verbo auxiliar e verbo principal na voz passiva + continuação do predicado

  • Voz passiva sintética

Como o nome já diz, a voz passiva sintética só difere da voz passiva analítica por ser mais “resumida”. Ela utiliza o pronome apassivador “se” para sintetizar a ideia de que algo “é/está feito por alguém”. Veja os casos a seguir:

Apartamentos são alugados.

Sujeito paciente + verbo auxiliar e verbo principal na voz passiva

Convertendo para a voz passiva sintética,

Alugam-se apartamentos.

Verbo principal na voz ativa + partícula apassivadora (se) + sujeito paciente

Muito gado é criado aqui.

Sujeito paciente + verbo auxiliar e verbo principal na voz passiva + continuação do predicado

Convertendo para a voz passiva sintética,

Cria-se muito gado aqui.

Verbo principal na voz ativa + partícula apassivadora (se) + sujeito paciente + continuação do predicado

Leia também: Diferenças entre a voz passiva analítica e a voz passiva sintética

Voz reflexiva

Muitas vezes, produzimos enunciados em que o sujeito executa a ação em si mesmo, ou seja, ele é o sujeito agente por executar a ação E o sujeito paciente por sofrer a própria ação executada. Nesses casos, ocorre a voz reflexiva. Para que essa ideia fique clara, podemos utilizar o verbo seguido da construção “a si mesmo”, isto é, “ao próprio sujeito”. Por exemplo:

“Ele penteou a si mesmo.”

Porém, podemos simplificar o enunciado apenas utilizando os pronomes oblíquos, que se ligam ao verbo e passam a mesma mensagem:

“Ele se penteou.”

ATENÇÃO: o pronome oblíquo que acompanha o verbo possui função sintática de objeto, ou seja, embora esteja ligado ao verbo, seu significado está ligado ao objeto do enunciado. Note que:

Ele penteou a si mesmo.

Sujeito + verbo + objeto

Portanto,

Ele se penteou.

Sujeito + objeto (se) + verbo

Observe os exemplos a seguir:

O rapaz ouve-se no rádio.

Sujeito agente + verbo na voz ativa e objeto (se) + continuação do predicado

Uma criança feriu-se na escola.

Sujeito agente + verbo na voz ativa e objeto (se) + continuação do predicado

Eu me deitarei sempre no mesmo horário.

Sujeito agente + objeto (me) e verbo na voz ativa + continuação do predicado

Leia também: Como se forma o modo imperativo?

Exercícios resolvidos

1 – Passe os enunciados a seguir da voz passiva para a voz ativa:

a) A moça era amada por muitos.

b) Diversas conquistas serão feitas por nós.

2 – Passe os enunciados a seguir da voz passiva analítica para a voz passiva sintética:

a) Crianças são alfabetizadas na escola.

b) Ali, material didático é elaborado.

3 – Assinale VPS para Voz Passiva Sintética e VR para Voz Reflexiva:

( ) Cria-se qualquer história ao gosto do freguês.

( ) Machuca-se sempre jogando bola.

( ) Vestiu-se para a festa.

( ) Vendeu-se aquele imóvel.

RESPOSTAS

1 – a) Muitos amavam a moça.

b) Nós faremos diversas conquistas.

2 – a) Alfabetizam-se crianças na escola.

b) Ali, elabora-se material didático.

3 – VPS: “Qualquer história é criada ao gosto do freguês.”

VR: “Machuca a si mesmo sempre jogando bola.”

VR: “Vestiu a si mesmo para a festa.”

VPS: “Aquele imóvel foi vendido.”  

Publicado por Guilherme Viana
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