American Way of Life
O American Way of Life foi um modelo ou estilo de vida estadunidense que surgiu no período entreguerras (1918-1939). Pautava-se no liberalismo, no nacionalismo, no capitalismo e no consumismo midiático.
Baseado nas ideias de trabalho, liberdade, consumo, privacidade e nas promessas de progresso e felicidade, esse modelo estabeleceu os valores e ideais do cidadão norte-americano, tentando homogeneizar a população e criando um sentimento de pertencimento. Além disso, o forte incentivo ao consumo associado à especulação da Bolsa de Valores culminou na Crise de 1929, dando início a uma das maiores crises capitalistas da história do mundo.
O cenário de industrialização associado à ampliação do acesso aos meios de comunicação, tais como TV, rádio e cinema, possibilitou a difusão do American Way of Life para o mundo, refletindo inclusive no Brasil.
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Resumo sobre o American Way of Life
- O American Way of Life surgiu no período entreguerras (1918-1939), com base no vertiginoso aumento da produção industrial estadunidense, no grande sentimento de euforia pelo término da Primeira Guerra mundial (1914-1918) e na promoção do incentivo ao consumismo no país.
- Com base nas ideias de trabalho, liberdade, consumo, privacidade e nas promessas de progresso e felicidade, o modelo estabeleceu os valores e ideais do cidadão norte-americano, tentando homogeneizar a população e criando um sentimento de pertencimento.
- É importante lembrar que a população afro-americana não usufruiu do American Way of Life, na medida em que ainda lutava pelos direitos civis.
- Apesar do estilo de vida ter surgido no período entre entreguerras, ele foi retomado durante a Guerra Fria e amplamente divulgado pelo rádio, TV e cinema, a fim de exportar o ideal capitalista, fazendo dos EUA uma vitrine de sucesso.
- Entre as suas características, encontram-se o liberalismo, o nacionalismo, o capitalismo, a busca pela felicidade e o consumismo midiático.
- Teve forte influência no Brasil durante o governo populista de Getúlio Vargas, que estabeleceu acordos comerciais para a importação de produtos estadunidenses, entre eles, eletrodomésticos e carros.
- Gerou o endividamento de grande parcela da população estadunidense, o que, associado à euforia e à especulação da Bolsa de Valores, desencadeou a Crise de 1929, culminando na Grande Depressão.
- O cenário de industrialização e a ampliação do acesso aos meios de comunicação, tais como TV, rádio e cinema, possibilitaram a difusão do American Way of Life para o mundo.
O que é o American Way of Life?
O American Way of Life, também conhecido como estilo de vida norte-americano, foi um modelo ou estilo de vida estadunidense pautado no liberalismo, no nacionalismo, no capitalismo, na busca pela felicidade por meio do consumismo e na grande euforia do pós-Primeira Guerra Mundial. Momento em que os Estados Unidos dispunham de um vertiginoso crescimento industrial no mercado interno e externo.
O reflexo do crescimento econômico do país se dava no incentivo ao estilo de vida consumista de produtos industrializados. Assim, as famílias estadunidenses adquiriam eletrodomésticos e eletrônicos a fim de ter uma melhor qualidade de vida. Entretanto, muitas pessoas acabaram se endividando, pois os salários não acompanhavam a produção do país.
Com base nas ideias de trabalho, liberdade, consumo e privacidade e das promessas de progresso e felicidade, o American Way of Life estabeleceu os valores e ideais do cidadão norte-americano, bem como tentou homogeneizar a população ao criar um sentimento de pertencimento e fortalecer o nacionalismo.
Apesar desse modo de vida ter surgido no período entreguerras, ele foi retomado durante a Guerra Fria a fim de exportar o ideal capitalista, fazendo dos EUA uma vitrine de sucesso.
Contexto histórico do American Way of Life
O American Way of Life inseriu-se no contexto do pós-Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Guerra. Durante esse período, os EUA ampliaram vertiginosamente a sua produção, buscando atender o mercado interno e o mercado externo, uma vez que as potências econômicas mundiais estavam inseridas diretamente no conflito e necessitavam de suprimentos e armamentos.
O início da década de 1930 foi marcado pelo aumento de mais de 60% na produção industrial estadunidense. O desempenho industrial do país associado às propagandas que chegavam aos lares da população norte-americana, que agora tinha mais acesso aos meios de comunicação, promovia o incentivo ao consumo de produtos industrializados, tais como: carro, geladeira, fogão e aspirador de pó.
Apesar desse estilo de vida pautado no consumismo e nos ideais liberais ter se iniciado como consequência da Primeira Guerra Mundial, ele foi retomado durante a Guerra Fria, no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, a fim de exportar o capitalismo e incentivar a compra de produtos norte-americanos.
É importante lembrar que a população afro-americana não usufruiu do American Way of Life, pois ainda lutava pelos direitos civis.
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Características do American Way of Life
O American Way of Life estava pautado no:
- liberalismo;
- nacionalismo;
- capitalismo;
- consumismo midiático;
- busca pela felicidade;
- privacidade.
Quando surgiu o American Way of Life?
O American Way of Life surgiu no período entreguerras (1918-1939), com base no vertiginoso aumento da produção industrial estadunidense, no grande sentimento de euforia pelo término da Primeira Guerra mundial (1914-1918), no incentivo ao consumismo no país e na divulgação dos ideais liberais.
Apesar desse estilo de vida ter se iniciado como consequência da Primeira Guerra Mundial, ele foi retomado durante a Guerra Fria, no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, a fim de exportar o capitalismo, o ideal de cidadão estadunidense e incentivar a compra de produtos norte-americanos.
American Way of Life e a Crise de 1929
Pautado no consumismo, o American Way of Life, também conhecido como estilo de vida norte-americano, foi beneficiado pelo taylorismo. Neste, o estabelecimento das linhas de produção por meio da especialização do trabalho e do uso de máquinas aumentou significativamente a produtividade dos EUA.
Apesar de os EUA terem ampliado a sua produção no contexto da Primeira Guerra Mundial, conforme os países europeus foram recuperando a sua econômica, ocorreu a diminuição da compra de produtos estadunidenses. Somado a esse contexto, os salários nos EUA não acompanhavam o ritmo da produção e a concentração de renda intensificava-se.
Alguns historiadores apontam que, na década de 1920, pouco mais de 10% da população estadunidense detinham quase 90% da renda nacional. Estima-se que, ao final da década de 1920, os EUA contavam com mais de quatro milhões de desempregados e o rendimento médio das famílias mais ricas era 600 vezes maior que o rendimento das demais famílias. Além disso, com uma agricultura cada vez mais mecanizada, o desemprego no campo aumentava a cada dia.
Seguindo o princípio liberal de não intervenção do Estado na economia dos iluministas franceses do século XVII, baseado na frase: “Laissez faire, laissez aller, laissez passer, Le Monde vá de lui même”, ou seja, “Deixai fazer, deixar passar, O Mundo caminha por ele mesmo”, o Estado então não promovia grandes intervenções econômicas, acreditando que o próprio mercado se organizaria para superar a crise que se apresentasse. Assim, bancos e grandes empresas continuavam a emitir e negociar ações na bolsa de valores, provocando uma onda de especulação financeira que culminou na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, também conhecida como o crack da bolsa, iniciando-se assim a Grande Depressão.
A Grande Depressão, marcada pela forte crise do capitalismo, intensificou o desemprego, a fome e a miséria nos Estados Unidos. A crise tomou proporções mundiais, afetando inclusive a economia europeia, favorecendo a disseminação de discursos xenofóbicos, fortalecendo o ultranacionalismo, e desencadeando o fortalecimento de governos autoritários e totalitários.
A resposta para a crise nos Estados Unidos se deu apenas no final da década de 1930, após a vitória das eleições em 1932 pelo democrata Franklin Delano Roosevelt, que buscou recuperar a economia por meio de um planejamento econômico baseado nas ideias do economista John Maynard Keynes, elaborando um plano que ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo) e que buscava conciliar a iniciativa privada e as leis de mercado, com a intervenção do Estado em alguns setores da economia.
A política implantada por Franklin Delano Roosevelt deu origem ao Welfare State, também conhecido como Estado do Bem-Estar Social.
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Videoaula sobre a Crise de 1929
Consequências do American Way of Life
O American Way of Life foi exportado, assim, elementos culturais dos Estados Unidos passaram a integrar a cultura de outros territórios, influenciando outros países, como o Brasil.
A busca por alcançar o estilo de vida norte-americano pautado no consumismo gerou o endividamento de grande parcela da população estadunidense. A prosperidade econômica dos EUA da década de 1920, associada à euforia da população e à especulação da Bolsa de Valores, desencadeou a Crise de 1929, culminando na Grande Depressão, ou seja, em uma das maiores crises capitalistas que o mundo já presenciou ao longo da história.
Influência do American Way of Life no Brasil
Esse modelo teve forte influência no Brasil durante o governo populista de Getúlio Vargas, que estabeleceu acordos comerciais para a importação de produtos estadunidenses, entre eles, eletrodomésticos e carros. Assim, por meio do rádio, do cinema, da literatura, da música e de demais meios de comunicação, o país foi influenciado em vários setores, desde a moda até a alimentação.
Na moda podemos destacar os cortes de cabelos e o estilo de roupa; no cinema, o consumo de filmes de Hollywood, como as criações da Disney; e na alimentação podemos citar o consumo de Coca-Cola, que teve como tema no Brasil o slogan “Isto faz um bem”.
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Exercícios resolvidos sobre o American Way of Life
1. (Ufmg)
Observe esta figura:
As imagens reunidas nessa figura expressam dois momentos significativos da vida econômica e social norte-americana: a riqueza dos anos 20 do século XX, traduzida pela crença otimista no modo de vida americano — o American Way of Life —, popularizado durante o New Deal, e a depressão econômica dos anos 30 do mesmo século, com suas enormes filas de pobres e desempregados.
Esses dois momentos estiveram relacionados à
a) alta crescente dos preços agrícolas, que impediram o deslocamento do poder aquisitivo para a compra de bens industriais e serviços.
b) decisão norte-americana de reduzir o ritmo da produção industrial e agrícola alcançado no período da Guerra de 1914-1918.
c) expansão da oferta de mercadorias, da publicidade e da indústria do lazer favorecidas pelo crédito fácil e aliadas à especulação com ações.
d) onda puritana que fortaleceu o espírito de poupança, contendo os investimentos da classe média e do operariado.
Resposta: C. Os produtos agrícolas tiveram o barateamento por meio da mecanização do trabalho. Os EUA não diminuíram o ritmo da produção durante a Primeira Guerra Mundial, uma vez que eles eram fornecedores de suprimento para os países envolvidos no conflito. Além disso, o puritanismo favoreceu o acúmulo de capital.
2. (Fgv) “(...) O cinema, a maior de todas as inovações americanas na área do ‘entertainment’, divulgou, mais do que qualquer outro meio, o ‘American way of life’, americanizando, primeiro, os Estados Unidos, depois o resto da América (...) por meio de modernos e complexos meios de comunicação de massa. O americanismo mercantilizado.”
P. Tota. “O Imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da segunda guerra”.
A partir do texto anterior, podemos afirmar que:
a) para o autor não há, essencialmente, qualquer relação entre o cinema dos EUA e a imposição de determinado modo de vida às outras nações da América.
b) o cinema americano foi, somente, um instrumento na construção de valores e anseios nas Américas Central e do Sul.
c) para o autor o cinema americano é um meio, como outro qualquer, de transferência de padrões de consumo e de vida.
d) como meio privilegiado na difusão e construção de valores e anseios, o cinema primeiramente buscou unificar os EUA e, posteriormente, os demais países americanos.
e) para o autor o cinema americano é difusor de valores democráticos e universais desde sua criação.
Resposta: D. O cinema foi amplamente utilizado para a disseminação da cultura norte-americana, mas, antes, ele buscou unificar e criar um sentimento de pertencimento nos EUA.
Fontes:
BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: sociedade e cidadania, 9° ano. São Paulo: FTD, 2009.
CAMPOS, Flávio de; CLARO, Regina; DOLHNIKOFF, Miriam. História: escola e democracia. 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2018.
CUNHA, Paulo Roberto Ferreira da et al. American way of life: representação e consumo de um estilo de vida modelar no cinema norte-americano dos anos 1950. 2017.
Lôbo, L. C. (2010). Estratégias de marketing de empresas transnacionais: a presença da Coca-Cola no mundo.