Millôr Fernandes

Millôr Fernandes foi um autor e desenhista carioca. Ele trabalhou para diversos periódicos brasileiros, e as principais características de suas obras são o humor e a ironia.
O escritor Millôr Fernandes também era desenhista.[1]

Millôr Fernandes foi um escritor brasileiro. Seus textos são caracterizados por humor, ironia e crítica mordaz. Ele nasceu no dia 16 de agosto de 1923, na cidade do Rio de Janeiro. Millôr escreveu para diversos periódicos, como O Cruzeiro, Veja, IstoÉ, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Também apresentou programas de tevê, criou a revista Pif Paf e fez sucesso como dramaturgo.

Foi demitido em três ocasiões por fazer crítica à imprensa, à Bíblia e à esposa do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976). O escritor faleceu em 27 de março de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.

Leia também: Luis Fernando Verissimo — outro autor conhecido pelos seus contos e crônicas cheios de humor

Resumo sobre Millôr Fernandes

  • O escritor brasileiro Millôr Fernandes nasceu em 1923 e faleceu em 2012.

  • Além de escrever para diversos jornais e revistas, também era desenhista.

  • Suas obras são marcadas pelo humor e pela crítica sociopolítica.

  • O autor escreveu prosa, alguma poesia e também peças de teatro.

Biografia de Millôr Fernandes

Millôr Fernandes (ou Milton Viola Fernandes) nasceu em 16 de agosto de 1923, na cidade do Rio de Janeiro. Sua família morava no bairro do Méier, subúrbio carioca. Contudo, o menino só foi registrado no ano seguinte, em 27 de maio de 1924. Era filho de um engenheiro espanhol, que faleceu em 1925.

Assim, as dificuldades financeiras foram uma constante em sua infância, pois tinha mais três irmãos. Em 1931, o menino ingressou em uma escola do bairro. Além de escrever, tinha gosto pelo desenho. Estava com 10 anos de idade quando publicou seu primeiro desenho, no periódico O Jornal.

A mãe do escritor morreu em 1935. Ele então foi obrigado a morar com a família de um tio. Três anos depois, começou a trabalhar como office-boy na revista O Cruzeiro. Além disso, estudava no Liceu de Artes e Ofícios. Com 17 anos, percebeu que, na certidão de nascimento, escrita a mão, o nome “Milton” estava mais parecido com “Millôr”, nome artístico que logo adotou.

No início de sua carreira, o autor escreveu para o periódico A Cigarra e se tornou diretor dessa revista. Também trabalhava para o Diário da Noite e O Cruzeiro, além de iniciar sua carreira de tradutor e dirigir a revista em quadrinhos O Guri. No ano de 1948, fez sua primeira viagem internacional.

Nos Estados Unidos, conheceu Walt Disney (1901-1966), além de Carmen Miranda (1909-1955). Participou da Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, na Argentina, em 1955. E, nesse ano, atuou como jornalista de O Cruzeiro na campanha eleitoral para presidente do Brasil.

em 1957, expôs desenhos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1959, apresentou o programa Universidade do Méier, na TV Itacolomi, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Depois, na TV Tupi, no Rio de Janeiro, foi apresentador do programa Treze Lições de um Ignorante.

No entanto, o programa foi cancelado após sofrer censura do governo JK devido ao fato de Millôr fazer críticas à então primeira-dama. Em 1961, trabalhou apenas sete dias no jornal Tribuna da Imprensa, pois, ao escrever texto que criticava a imprensa, foi logo demitido. Dois anos depois, foi demitido d’O Cruzeiro por publicar texto com ironias à Bíblia.

Criou, em 1964, a revista Pif Paf. Uma década depois, em 1977, sua peça teatral É..., estrelada por Fernanda Montenegro (1929-), fez um imenso sucesso. Millôr também escreveu para Veja, IstoÉ, Jornal do Brasil, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Faleceu em 27 de março de 2012, no Rio de Janeiro.

Veja também: Humor, ironia, duplo sentido e outros tipos de efeitos de sentido

Quais são as características das obras de Millôr Fernandes?

A principal marca das obras de Millôr Fernandes é o humor. Os textos do autor são irônicos e mordazes. Suas obras são provocativas, levam à reflexão e falam da realidade. Apresentam questionamentos existenciais e analisam os costumes da sociedade, com destaque para o cotidiano carioca. Assim, críticas social e política estão presentes.

Principais obras de Millôr Fernandes

Capa do livro Tempo e contratempo, de Millôr Fernandes, publicado pela editora Companhia das Letras.[2]
  • Eva sem costela: um livro em defesa do homem (1946) — prosa

  • Tempo e contratempo (1949) — prosa

  • Uma mulher em três atos (1953) — teatro

  • Do tamanho de um defunto (1955) — teatro

  • Bonito como um deus (1955) — teatro

  • Diálogo da mais perfeita compreensão conjugal (1955) — teatro

  • Um elefante no caos (1962) — teatro

  • Pif, tac, zig, pong (1962) — teatro

  • Lições de um ignorante (1963) — prosa

  • Fábulas fabulosas (1964) — prosa

  • Pigmaleoa (1965) — teatro

  • Papáverum Millôr (1967) — poesia

  • A viúva imortal (1967) — teatro

  • Hai-kais (1968) — poesia

  • Esta é a verdadeira história do Paraíso (1972) — prosa

  • Trinta anos de mim mesmo (1972) — prosa

  • Computa, computador, computa (1972) — teatro

  • Livro vermelho dos pensamentos de Millôr (1973) — prosa

  • Compozissõis imfãtis (1975) — prosa

  • Livro branco do humor (1975) — prosa

  • Devora-me ou te decifro (1976) — prosa

  • Millôr no Pasquim (1977) — prosa

  • Reflexões sem dor (1977) — prosa

  • É... (1977) — teatro

  • Novas fábulas fabulosas (1978) — prosa

  • Que país é este? (1978) — prosa

  • A história é uma história e o homem o único animal que ri (1978) — teatro

  • Os órfãos de Jânio (1979) — teatro

  • Todo homem é minha caça (1981) — prosa

  • O homem do princípio ao fim (1982) — teatro

  • Duas tábuas e uma paixão (1982) — teatro

  • A eterna luta entre o homem e a mulher (1982) — teatro

  • Poemas (1984) — poesia

  • Diário da Nova República (1985-1988) — prosa

  • Eros uma vez (1987) — prosa

  • The cow went to the swamp ou A vaca foi pro brejo (1988) — prosa

  • Millôr definitivo: a bíblia do caos (1994) — prosa

  • Kaos (1995) — teatro

  • Crítica da razão impura ou O primado da ignorância (2002) — prosa

  • 100 fábulas fabulosas (2003) — prosa

  • Apresentações (2004) — prosa

  • Novas fábulas & Contos fabulosos (2007) — prosa

  • Circo das palavras (2007) — prosa

  • O mundo visto daqui: praça General Osório (2010) — prosa

  • A entrevista (2011) — prosa

Haicais de Millôr Fernandes

A seguir, vamos ler alguns haicais (poemas de três versos) de Millôr Fernandes. Essa sua poesia é marcada pela ironia e profundidade filosófica:

Haicai 1

OLHA,
ENTRE UM PINGO E OUTRO
A CHUVA NÃO MOLHA.

Haicai 2

PROMETER
E NÃO CUMPRIR:
TAÍ VIVER.

Haicai 3

NO AI
DO RECÉM-NASCIDO
A COVA DO PAI.

Haicai 4

MORTA, NO CHÃO,
A SOMBRA
É UMA COMPARAÇÃO.

Saiba mais: Soneto — outro tipo de poema

Frases de Millôr Fernandes

A seguir, vamos ler algumas frases de Millôr Fernandes, retiradas de sua peça teatral A história é uma história e o homem o único animal que ri:

  • “Como se compreende chamar de Terra um planeta cuja composição é dois terços líquida?”

  • “Um dia o primeiro patife encontrou o primeiro idiota e inventou o primeiro Deus.”

  • “Como Deus foi feito à semelhança do homem, seu caráter sempre deixou muito a desejar.”

  • “Ensinando ao povo italiano como preparar o macarrão, Marco Polo introduz também, na Itália, a cultura de massa.”

  • “Até hoje nem os psicanalistas conseguiram explicar porque as donzelas da Idade Média eram tão chegadas a um dragão.”

  • “Se não fossem os árabes, a gente estaria até hoje ligando telefones com algarismos romanos.”

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Companhia das Letras (reprodução)

Fontes

DYONÍSIO, Gláucia. Oito rodadas de Pif Paf: imprensa alternativa e regime militar. 2008. Monografia (Bacharelado em História) – Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.

FERNANDES, Millôr. A história é uma história e o homem o único animal que ri. Porto Alegre: L&PM, 1978.

FERNANDES, Millôr. Hai-kais. Porto Alegre: L&PM, 1997.

LEITE, Alice Carvalho Diniz. A necessidade torna o raciocínio elástico: análise dos textos dramáticos Um elefante no caos e Flávia, cabeça, tronco e membros, de Millôr Fernandes. 2018. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

SERAFINI, Breno Camargo. Millôres dias virão? 2012. Tese (Doutorado em Literatura Brasileira) – Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.

VIEIRA, Haydê Costa; ENEDINO, Wagner Corsino. Na cena da história e a história em cena: o teatro de resistência de Millôr Fernandes e Flávio Rangel. Línguas & Letras, v. 13, n. 25, jul./ dez. 2012. 

Publicado por Warley Souza
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