Aspartame

O aspartame é um composto orgânico muito usado como adoçante por ser 180 vezes mais doce do que o açúcar, mas o seu consumo exige alguns cuidados.
O aspartame é um composto orgânico usado principalmente como adoçante artificial.

O aspartame é um composto orgânico muito usado como adoçante por ser 180 vezes mais doce do que o açúcar (sacarose). Esse composto orgânico de função mista foi descoberto em 1965 e é composto por dois aminoácidos (L-fenilalanina e L-aspártico) ligados por um éster de metila (metanol).

Leia também: Açúcar (sacarose) — um dos principais agentes adoçantes utilizados no mundo

Principal aplicação do aspartame

O aspartame é um dos adoçantes sintéticos mais utilizados no mundo inteiro. Ele é classificado como edulcorante, ou seja, é toda substância que confere sabor doce ao alimento e/ou ressalta ou realça o sabor/aroma de um alimento.

Um dos motivos principais é que ele é cerca de 180 vezes mais doce do que o açúcar (sacarose) e não possui sabor desagradável. Ele é similar ao açúcar em termos calóricos, fornecendo ao organismo 4 cal/g, porém, por ser mais doce do que o açúcar, o consumidor usará bem menos aspartame do que açúcar para adoçar seu alimento, e a consequência disso é um consumo menor de quilocalorias.

Veja também: Xilitol — outra substância orgânica usada como adoçante

Produção e precauções com o aspartame

É preciso ter alguns cuidados em relação ao consumo do aspartame.

A produção e o consumo do aspartame precisam levar em conta alguns pontos que atrapalham a sua produção e que podem ser maléficos para o organismo. Quanto à produção, acontece que, conforme você pode visualizar na fórmula do aspartame, ele possui dois carbonos assimétricos ou quirais (carbonos que estão ligados aos átomos de nitrogênio), ou seja, que possuem os seus quatro ligantes diferentes. O resultado é que podem surgir configurações diferentes para as posições dos átomos no espaço.

Por isso, o aspartame possui quatro enantiômeros. Os enatiômeros são isômeros ópticos, isto é, compostos que possuem a mesma fórmula molecular (têm os átomos dos mesmos elementos e na mesma quantidade), mas que se diferenciam pelo arranjo espacial desses átomos, sendo que esses enantiômeros são exatamente a imagem especular um do outro e não são sobreponíveis. Os isômeros ópticos são aqueles que desviam o plano de luz polarizada, sendo que cada um rotaciona a luz polarizada para um sentido contrário ao que o outro rotaciona.

O resultado é que esses enantiômeros possuem propriedades totalmente diferentes. Você pode verificar isso abaixo: veja que o enantiômero (S,S)-aspartame é o que possui sabor adocicado e que é usado como adoçante, enquanto o seu enantiômero (R,R)-aspartame possui sabor amargo:

Assim, as indústrias alimentícias precisam tomar cuidado no momento da produção para sintetizar o enantiômero correto. No entanto, o efeito mais importante dos enantiômeros é o efeito biológico. No caso do S,S-Aspartame, quando a pessoa o ingere, ele sofre hidrólise no organismo, gerando ácido aspártico, fenilalanina e metanol. O metanol é um composto tóxico, porém, ele não é uma preocupação, pois é produzido em uma quantidade tão pequena que não afeta o organismo.

A questão importante é a produção de fenilalanina. Quem possui uma doença metabólica denominada fenilcetonúria não deve consumir o adoçante feito de aspartame porque essas pessoas não possuem a enzima que transforma a fenilalanina, assim, ela vai se acumulando no organismo, o que causará danos ao sistema nervoso.

Acesse também: Quais são os riscos do consumo exagerado de açúcar?

Estudos sobre os riscos do aspartame

Vários estudos foram realizados sobre o aspartame ao longo dos anos para verificar se esse composto orgânico é prejudicial à saúde. É possível afirmar que quem consome esse adoçante em pequenas quantidades não precisa se preocupar.

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a ingestão diária aceitável para uma criança de 30kg é de 1200mg de aspartame, enquanto para um adulto de 60kg é o dobro: 2400mg. No informe técnico nº 17, de 19 de janeiro de 2006 (Atualizado em janeiro de 2012), a Anvisa concluiu o seguinte:

Ao final das discussões junto à CTA, e à luz do conhecimento atual, a ANVISA verificou que não existem razões de base científica para a adoção de uma medida sanitária restritiva em relação ao uso de aspartame em alimentos.

Contudo, a Anvisa permanece acompanhando as discussões científicas sobre o tema, a fim de pautar suas ações nos interesses da saúde pública. (Grifo acrescentado) |1|

Em 2023, um estudo publicado pela Organização Mundial da Saúde apontou que o aspartame poderia ser classificado como possivelmente carcinogênico para humanos, isto é, capaz de causar câncer (grupo 2B). Apesar disso, essa avaliação de perigo e de risco do aspartame garantiu que o limite de ingestão diária para essa substância (40 mg/kg de massa corporal) é aceitável. Nesse sentido, a Anvisa mantém a recomendação atual de consumo no Brasil, que é 40 mg/kg de massa corporal.

Importante: Para quem precisa consumir adoçantes com muita regularidade, como pessoas diabéticas, uma alternativa seria, por via das dúvidas, usar outros tipos de adoçante, como a estévia, também conhecida como açúcar verde ou capim-doce, que é extraída da planta stevia rebaudiana. No entanto, é importante destacar que um adulto de 70 kg precisaria ingerir de 9 a 10 latas de refrigerante diet por dia para ser possível exceder o limite aceitável de aspartame. |2|

Notas

|1| Anvisa. Informe técnico nº 17, de 19 de janeiro de 2006 (Atualizado em janeiro de 2012). Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=2774540&_101_type=content&_101_groupId=33916&_101_urlTitle=informe-tecnico-n-17-de-19-de-janeiro-de-2006&inheritRedirect=true.

|2| Anvisa. OMS divulga resultados da avaliação de perigo e risco do aspartame. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/oms-divulga-resultados-da-avaliacao-de-perigo-e-risco-do-aspartame.

Publicado por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
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