Alcorão

O Alcorão é o livro sagrado do islamismo e é um dos livros mais lidos na atualidade. Para os muçulmanos, ele foi ditado por Alá, por meio de Gabriel, ao profeta Maomé.
O alcorão é o livro sagrado do islamismo e é um dos livros mais lidos da atualidade.[1]

O Alcorão é o livro sagrado do islamismo. Para os praticantes dessa religião, o Alcorão foi revelado por Alá para o profeta Maomé durante 23 anos. Os muçulmanos afirmam que o livro é a própria palavra de Deus.

Após a morte de Maomé, seus seguidores reuniram os registros dos diversos textos narrados por Maomé e elaboraram o que chamamos hoje de Alcorão. Com a expansão islâmica, o livro sagrado foi levado para diversas regiões do mundo, assim como a fé islâmica.

O Alcorão é considerado um dos livros mais influentes da história, pois inspirou diversos movimentos sociais, revoltas, revoluções, processos de independência, guerras e tantos outros acontecimentos que modificaram a história humana.

Na atualidade, milhões de pessoas em todo o mundo leem o Alcorão rotineiramente e este influencia na forma como muitos seres humanos se comportam, se vestem, se alimentam, entre diversos outros aspectos da vida.

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Resumo sobre o Alcorão

  • O Alcorão é o livro sagrado do islamismo.
  • Foi escrito entre os anos de 610 e 632 da nossa era e é o livro sagrado de dois grandes ramos do islamismo, os sunitas e xiitas.
  • Para os muçulmanos, as palavras do Alcorão são as próprias palavras de Alá, o Deus da religião islâmica, que foram reveladas ao profeta Maomé por meio de Gabriel.
  • Existem alguns exemplares do Alcorão que foram produzidos no século VII em arquivos da Europa e do Oriente Médio.
  • O Alcorão é considerado um dos livros mais influentes da história humana, assim como a Torá e a Bíblia.
  • Enquanto o Alcorão é o livro sagrado do islamismo, a Bíblia é o livro sagrado do cristianismo. Apesar de terem personagens em comum, como Abraão, Noé e Adão, há diferenças quanto à autoria, à ordem de apresentação dos fatos e às traduções.

O que é o Alcorão?

Por vezes chamado de Corão, o Alcorão é o livro sagrado do islamismo. Para os muçulmanos, o Alcorão é a própria palavra de Alá, revelada por ele a Maomé, o principal profeta do islamismo, por meio de Gabriel. O processo de revelação por Alá e o registro de suas palavras duraram 23 anos, iniciando-se quando Maomé tinha 40 anos de idade e só se encerrando com a sua morte.

Qual o significado da palavra Alcorão?

A palavra Alcorão aparece diversas vezes no próprio livro. A maior parte dos teólogos e linguistas acredita que a palavra alcorão tem o sentido de “recitar” ou “declamar”, embora alguns pesquisadores ocidentais levantem a hipótese de a palavra estar relacionada com uma expressão siríaca que significava algo como “leitura das escrituras”. O siríaco era a principal língua no Oriente Médio, influenciando diversas línguas da região, entre elas o árabe e o persa.

Qual a estrutura do Alcorão?

O Alcorão está dividido em 114 capítulos, chamados de suras ou suratas. As suras variam muito de tamanho e são numeradas de 1 até 114. Muitas vezes, elas têm um nome popular, não presente no Alcorão, mas utilizado por muitos fiéis no dia a dia. Esses nomes populares das suras, muitas vezes, se relacionam ao texto inicial dela, como “A vaca”, “A noite”, “A aurora”, entre outros.

O Alcorão também pode ser dividido em partes iguais, de acordo com o tamanho do texto, para ser realizada sua recitação ou leitura em determinado período. As divisões mais comuns são de 7, 30 e 60 partes, e o fiel lê ou recita o Alcorão em 7, 30 ou 60 dias. No Ramadã, por exemplo, a divisão em 30 dias é a mais comum, com o fiel lendo um trecho do livro sagrado, por dia, durante todo o mês sagrado.

Traduções do Alcorão

As primeiras traduções do Alcorão foram feitas, nos séculos X e XI, para a língua persa, falada sobretudo na região do atual Irã. A ordem para a tradução para o persa foi dada pelo rei samânida, Mansur I. Ainda existem no Irã versões originais dessa primeira tradução.

A primeira tradução do Alcorão para uma língua ocidental conhecida foi a chamada Lex Mahumet pseudoprophete, escrita em latim medieval. A tradução foi feita por Roberto de Ketton, a pedido do abade francês Pedro, o Venerável. O objetivo do abade era conhecer melhor o Alcorão e o islamismo para converter seus seguidores ao cristianismo.

Importante: Embora o Alcorão tenha sido traduzido, desde a Idade Média, para diversas línguas europeias, africanas e asiáticas, para muitos teólogos, principalmente muçulmanos, o livro deve ser escrito, lido e recitado em língua árabe, não sendo possível a tradução literal dele para outros idiomas.

Princípios do Alcorão

O Alcorão trata de diversos assuntos, como temas ligados à fé islâmica, aos seus rituais, sobre a vida dos profetas, sobre a existência de Deus, entre tantos outros. O Alcorão também dispõe sobre a vida cotidiana, sobre moral, leis, matrimônio, morte e outros temas relacionados.

O primeiro princípio do Alcorão é o monoteísmo, a crença de que existe somente um deus, Alá. Ele é o criador do Universo, do ser humano e de tudo o que existe. Também existe um profeta principal da religião, Maomé.

O segundo princípio do Alcorão é escatológico, ou seja, a crença no juízo final. Boa parte do Alcorão se refere ao fim dos tempos, em menções como “o dia do juízo final”, “o último dia”, “o dia da ressureição” ou “a hora”.

Assim como cristãos e judeus, os muçulmanos acreditam que alguns homens foram escolhidos por Deus para transmitirem ao povo seus ensinamentos, os profetas. Abraão, por exemplo, é considerado um profeta para muçulmanos, judeus e cristãos, por isso essas três religiões são classificadas como abraâmicas.

O islamismo reconhece diversos profetas do cristianismo e do judaísmo, assim como trechos da Bíblia e da Torá, mas acredita que parte dos ensinamentos dos primeiros profetas foi deturpada pelos seres humanos com o passar do tempo. Moisés seria o último profeta, aquele que corrigiu as deturpações ocorridas por meio de seus atos e da revelação do Alcorão, que se sobrepõe aos livros sagrados anteriores.

Importância do Alcorão

O Alcorão é um dos livros mais influentes na atualidade, pois influencia o modo de viver de milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente no Oriente Médio, Norte da África e Indonésia, lugares onde os muçulmanos são maioria.

Em alguns países, como no Irã e na Arábia Saudita, existem tribunais religiosos que têm jurisprudência sobre quase todos os aspectos da vida cotidiana, como casamento, herança, prática de crimes, entre outros. Nesses tribunais, o Alcorão, com outros textos sagrados islâmicos, é utilizado como uma espécie de código de leis e de conduta.

História do Alcorão

Os muçulmanos acreditam que Alá, por meio do anjo Gabriel, ditou o Alcorão para o profeta Maomé, que, por sua vez, ditou trechos que foram registrados por escribas e por alguns de seus seguidores.

Foi a partir do ano 610 que Maomé passou a produzir o texto sagrado. Os diferentes trechos ditados, em diversos lugares, foram registrados em diferentes materiais, como pergaminho, cerâmica, omoplata de camelo, e folhas secas.

Manuscrito do Alcorão mantido pela Universidade de Birmingham e considerado o trecho mais antigo do Alcorão ainda existente.

O processo de recitação do Alcorão por Maomé durou 23 anos, até a sua morte, no ano 632. Após seu falecimento, seus discípulos passaram a reunir os diferentes registros, dispersos em muitos locais, até formarem o que chamamos hoje de Alcorão.

Historiadores ocidentais acreditam que o trecho mais antigo do Alcorão, que ainda existe, é o chamado Alcorão Manuscrito de Birmingham, hoje pertencente ao acervo da Universidade de Birmingham. Em 2015, o documento passou por uma datação por radiocarbono que apontou que ele foi escrito em um período compreendido entre os anos 568 e 645, sendo o mais antigo datado até hoje. Pela datação, existe a possibilidade desse documento ter sido escrito durante a vida de Maomé.

Diferenças entre a Bíblia e o Alcorão

O islamismo e o cristianismo são religiões abraâmicas e têm muitos aspectos em comum. A Bíblia e o Alcorão têm muitos personagens em comum, como Abraão, Noé e Adão. Contudo, também existem muitas diferenças entre os dois textos sagrados.

A primeira diferença é sobre a autoria dos livros. Para os muçulmanos, os textos presentes no Alcorão foram recitados por Alá a Maomé. Isso ocorreu em um curto espaço de tempo, 23 anos. Já para os cristãos, a Bíblia foi escrita por diferentes profetas, como Moisés, Paulo, Mateus, João, entre outros. A Bíblia cristã também foi escrita em dois períodos distintos, por isso é dividida em Velho e Novo Testamento.

Ainda, a Bíblia segue certa ordem cronológica, o mesmo não ocorre no Alcorão, no qual não é possível estabelecer uma cronologia da maior parte dos fatos apresentados.

Outra diferença marcante é em relação à tradução. Até a Reforma Protestante, em 1517, a Bíblia era escrita unicamente em latim, mas, depois de Lutero, ela passou a ser escrita na língua vernácula de cada povo, sendo essa mudança aceita pela maioria das igrejas cristãs. Já o Alcorão, para a maior parte dos muçulmanos, deve ser escrito unicamente em árabe, assim como os trechos dele devem ser recitados na língua em que ele foi revelado para Maomé.

Para saber mais detalhes sobre a Bíblia, clique aqui.

Curiosidades sobre o Alcorão

Páginas do Alcorão Timúrida, o exemplar mais caro vendido até hoje.
  • O Alcorão proíbe o consumo de carne de porco, por esse motivo, os muçulmanos, assim com os judeus, não se alimentam da carne desse animal.
  • Além do porco, o Alcorão proíbe o consume de aves de rapina, de sangue de animais, de animais com garras, de cães e de serpentes.
  • O Ramadã, nono mês do calendário islâmico, é sagrado para os muçulmanos. Durante o mês, eles praticam o jejum e atos de caridade. Foi nesse mês que, no ano 610, Maomé recebeu as revelações de Alá para iniciar a escrita do Alcorão.
  • O Alcorão e a Bíblia disputam o posto de livros mais impressos e lidos no mundo.
  • Em 2020, um exemplar do Alcorão do século XV, conhecido como Alcorão Timúrida, foi leiloado em Londres por 7 milhões de Euros, sendo o exemplar mais caro vendido até hoje.
  • O Alcorão leiloado foi escrito em papel chinês e apresenta diversos detalhes em suas páginas feitas em ouro.

Créditos da imagem

[1]Mustafa-trit20 / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

JOMIER, Jacques. Islamismo: história e doutrina. Editora Vozes, São Paulo, 2002.

ROGAN, Eugene. Os árabes: uma história. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2021.

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior
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