Antropologia

A antropologia é uma ciência vinculada às ciências sociais que visa entender a formação da humanidade, por seus vários aspectos (culturais, físicos e históricos), no mundo. Para compreender as formações humanas, os antropólogos (cientistas que estudam antropologia) comumente procuram vestígios desse desenvolvimento por meio de estudos arqueológicos de sociedades antigas ou da compreensão cultural das mais diversas formas de sociedade.

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Conceito de antropologia

A palavra antropologia é formada com base nos vocábulos gregos antropos, que significa homem (no sentido de humanidade), e logos, que significa razão, racionalidade ou ciência. A antropologia, nesse sentido, é um ramo das ciências humanas, mais especificamente das ciências sociais, que tem como objetivo o entendimento das formações estruturais daquilo que foi feito pela humanidade. Podemos contabilizar como produção estritamente humana a linguagem, a cultura, a ciência, a intelectualidade e o conhecimento racional.

  • Diferentes usos do termo

Ao longo da história do conhecimento, vinculou-se a palavra antropologia à produção humana, não necessariamente por um viés científico. Por exemplo, ocorreu na Grécia Antiga uma imensa diferença entre a filosofia produzida por Sócrates e a filosofia produzida pelos pensadores anteriores, hoje chamados de pré-socráticos.

Hoje, os historiadores da filosofia, que tomam uma boa distância histórica daquele período, chamam o período socrático (formado conjuntamente por Sócrates e Platão) de período antropológico. Isso se dá porque a filosofia pré-socrática tentava compreender a origem do Universo, enquanto a filosofia de Sócrates e Platão ocupava-se de elementos constituídos com base no convívio humano no mundo: a política, a ética, a justiça, a sociedade etc.

A partir do século XIX, com a necessidade de compreender-se outras culturas e povos de fora do eixo europeu por uma questão relacionada a um novo movimento colonialista daquele tempo, os pensadores debruçaram-se sobre os aspectos das diferentes formações humanas. Nesse sentido, a antropologia estabeleceu-se como uma ciência inciada sobre bases equivocadas, mas que se fortaleceu ao longo do século XX como capaz de compreender as formações humanas.

História da antropologia

  • Antecedentes históricos

Podemos encontrar as primeiras e mais remotas preocupações que levaram ao surgimento da antropologia no século XVI. O movimento colonizador observado nas Grandes Navegações, ocorridas a partir do final do século XV, colocou o europeu em contato com um tipo humano jamais visto por ele. A cultura, o modo de vida, a religião e as estruturas sociais tão diferentes causaram espanto aos europeus. Tanto quanto o espanto foi causado, houve o movimento de tomada da terra e dos bens naturais dos nativos por parte daqueles.

Para isso os colonizadores apresentaram a lógica religiosa como legitimação da colonização, pois povos tão, na visão deles, atrasados e profanos deveriam ser forçadamente civilizados. No entanto, apesar da visão predominantemente etnocentrista dos europeus, nem toda a intelectualidade manteve-se uníssona em defender a colonização e a civilização forçadas e etnocentristas dos povos nativos.

Um dos pontos desviantes da linha de raciocínio corrente foi o pensamento do filósofo, político, escritor, jurista e humanista francês Michel de Montaigne. Montaigne foi um crítico da visão europeia, que não reconhecia na cultura diferente da sua uma legitimidade.

No século XIX, houve um novo movimento colonizador, denominado neocolonialismo ou imperialismo. O imperialismo desse período promoveu uma divisão das terras dos territórios da África e da Ásia entre as principais potências europeias, em especial Inglaterra e França, que receberam as maiores porções nessa partilha.

Então, o europeu colocava-se novamente em posição de domínio de outros povos e contato com culturas diferentes. Era, novamente, necessário justificar-se o movimento colonizador, porém com certas diferenças epistemológicas. O século XIX tinha vivenciado a revolução científica do século XVI e caminhava para um positivismo cientificista que necessitava de explicações científicas (e não religiosas) para justificar o domínio de povos. Além da simples partilha das terras, os europeus precisavam de matéria-prima para suprir a necessidade imposta pela expansão industrial do século XIX.

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  • Darwinismo social

Na esteira dessa necessidade, era preciso criar-se uma ciência sólida capaz de mostrar as diferenças culturais entre os diferentes povos. O primeiro movimento antropológico com pretensão científica foi promovido a partir da década de 1870 e liderado pelo biólogo inglês Edward Burnett Tylor e pelo geógrafo e biólogo Herbert Spencer.

O geógrafo e antropólogo inglês Edward Burnett Tylor é considerado, junto a Herbert Spencer, um dos primeiros antropólogos.

A teoria construída por esses pensadores ficou conhecida, mais tarde, como evolucionismo ou darwinismo social. O darwinismo social é puramente etnocentrista e tem pretensões científicas. Podemos dizer que a pretensão ao cientificismo não se concretizou, pois tal ideia foi construída em cima de teorias abstratas sobre os povos de fora da Europa sem, de fato, que se houvesse o conhecimento efetivo e prático daqueles povos.

Na visão bairrista e etnocentrista dos primeiros antropólogos, há uma hierarquia das raças que poderia ser medida com a cultura. Ainda nessa visão, a cultura produzida pelo homem branco europeu é superior à cultura produzida pelos outros povos.

Assim, medindo pela cultura, eles afirmavam que a raça branca é superior às outras raças, estabelecendo uma hierarquia que coloca os asiáticos em segundo lugar, os indígenas americanos em terceiro, e, por último, os povos negros africanos. Assim, eles justificavam a colonização como um movimento que poderia levar o desenvolvimento “civilizado e superior” aos povos “menos desenvolvidos”.

O biólogo inglês Charles Darwin foi uma das inspirações teóricas para o desenvolvimento das primeiras teorias antropológicas.
  • Desenvolvimento da antropologia

Já no fim do século XIX, as ideias etnocentristas começaram a modificar-se dentro da antropologia com os trabalhos desenvolvidos pelo geógrafo e antropólogo alemão Franz Boas. Boas conheceu povos nativos que viviam no norte do Alasca quando foi contratado como cartógrafo para mapear um conjunto de ilhas da região. Passando um bom tempo no local, ele percebeu que era necessário aprofundar-se na cultura de um povo, fazer o que eles faziam e conhecer a sua língua para realmente entendê-lo sem preconceitos.

No século XX, o antropólogo polonês Bronislaw Malinowski revolucionou os estudos antropológicos ao fundar um método funcionalista para a antropologia, que entende a sociedade com base no papel e na função dos seus vários elementos.

Para a consumação de seu método, é necessário que o antropólogo mantenha um contato bem próximo com a sociedade em questão (ideia já preconizada por Boas), mas com um método bem específico de análise para que o resultado da produção seja cientificamente confiável. Foi por meio de Malinowski que os estudos antropológicos ganharam maior fundamentação e distanciaram-se de vez do risco do etnocentrismo e da pseudociência.

O antropólogo polonês Bronislaw Malinowski revolucionou a antropologia.

Outro importante método antropológico que surgiu no século XX foi o estruturalismo, desenvolvido primeiramente pelo antropólogo belga Claude Lévi-Strauss. Esse pensador procurou entender, por meio dos estudos linguísticos e da imersão cultural, as estruturas fundamentais que estabelecem laços comuns entre todas as sociedades. Uma delas seria, na visão de Lévi-Strauss, o parentesco, algo comum a todas as sociedades.

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O que é antropologia cultural e social?

Com base no fato de que todos os agrupamentos humanos criam cultura, a antropologia cultural analisa a formação e os elementos dessas culturas para compreender o ser humano. Nesse sentido, o conjunto formado por hábitos, religião, linguagem, artes e toda a gama de produção cultural de uma sociedade é objeto de estudo da antropologia cultural. Essa disciplina da antropologia também pode ser chamada de antropologia social.

Antropologia física

Os diferentes fatores geográficos e biológicos resultam no desenvolvimento de traços diferentes nas pessoas. Os traços físicos e evolutivos são o objeto de estudos dessa vertente da antropologia, que usualmente trabalha junto à arqueologia e à paleontologia para procurar vestígios físicos do desenvolvimento das sociedades humanas.

Publicado por Francisco Porfírio
Química
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