Embolia pulmonar
A embolia pulmonar é um problema em que se observa a obstrução da artéria pulmonar ou de um de seus ramos, geralmente como consequência da presença de um trombo formado, originalmente, no sistema venoso profundo. Esse trombo tende a desprender-se, passar pelo coração e seguir até a artéria pulmonar ou a seus ramos, causando a sua obstrução. Essa situação é extremamente grave e apresenta letalidade de, aproximadamente, 30%, quando não tratada adequadamente.
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→ Sinais e sintomas
A embolia pulmonar desencadeia uma série de sintomas, os quais variam de uma pessoa para outra. Os sinais e sintomas desse problema de saúde dependerão de fatores como o tamanho do trombo, onde ele está alojado e o quadro clínico do paciente. Muitas vezes, os sintomas observados no paciente são inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico mais rápido e preciso.
Veja, a seguir, alguns sinais e sintomas da embolia pulmonar:
- Aumento da frequência cardíaca (taquicardia)
- Aumento do ritmo respiratório (taquipneia)
- Coloração azulada da pele e mucosas (cianose)
- Dificuldade para respirar (dispneia)
- Dor torácica
- Expectoração de sangue vindo dos pulmões (hemoptise)
- Febre
- Perda temporária de consciência (síncope)
- Pressão baixa (hipotensão arterial)
- Tosse
De acordo com a Diretriz de Embolia Pulmonar, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a embolia pulmonar pode ser classificada em três síndromes clínicas:
- Colapso circulatório
- Dispneia não explicada
- Dor torácica do tipo pleurítica
É importante deixar claro que os sinais e sintomas descritos nem sempre aparecem em todos os pacientes, ocorrendo em alguns casos de maneira conjunta ou ainda isoladamente. O sintoma mais comum entre os descritos é a dificuldade respiratória, ela pode aparecer e evoluir lentamente ou surgir de maneira súbita. Em segundo lugar, como sintoma mais frequente, temos a dor torácica.
Dificuldade respiratória e dor torácica estão entre os principais sintomas da embolia pulmonar.
→ Como ocorre
Como sabemos, a embolia pulmonar ocorre devido à obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos. Geralmente, essa obstrução ocorre devido à presença de trombos provenientes do sistema venoso profundo dos membros inferiores. No entanto, também é possível a presença de trombos originados das veias renais, pélvicas dos membros superiores ou do coração. Vale destacar que a maioria dos casos de embolia pulmonar é resultado dos trombos iliofemorais.
Após formar-se o trombo, esse cai na corrente sanguínea, chega ao coração e migra até os pulmões, instalando-se na artéria pulmonar ou em seus ramos. Uma das consequências da obstrução dessa artéria é o aumento da resistência vascular, o que gera uma grande carga ao ventrículo direito.
Na embolia pulmonar, a maioria dos trombos é proveniente do sistema venoso profundo dos membros inferiores.
→ Fatores de risco
Há algumas situações que favorecem o desenvolvimento da chamada embolia pulmonar. Temos como fatores de risco para o desenvolvimento desse problema:
- Idade superior a 65 anos
- Trauma
- Tabagismo
- Imobilização
- Câncer
- Insuficiência arterial
- Quimioterapia
- Pós-operatório
- Viagem de longa distância
- Obesidade
- Veias varicosas
- Uso de contraceptivos hormonais
- Parto
- Doença pulmonar obstrutiva crônica
- Episódio de trombose venosa profunda
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→ Relação com cirurgias
A embolia pulmonar é uma complicação relativamente frequente após cirurgias. Os riscos de embolia estão aumentados, nesses casos, até um mês após a realização do procedimento e são maiores em cirurgias de grande porte.
Para evitar essa complicação após cirurgias, são recomendados medicamentos anticoagulantes. Além disso, recomenda-se a movimentação dos membros inferiores e, em alguns casos, uso de meias elásticas de compressão.
→ Relação com viagens prolongadas
Viagens prolongadas estão relacionadas com um risco aumentado do desenvolvimento de embolia pulmonar. Essa associação é ainda maior quando as distâncias percorridas são muito longas. Desse modo, algumas recomendações devem ser seguidas quando o assunto são longas viagens.
Entre as principais recomendações estão:
- Sempre que possível, fique em pé ou ande pelo avião. Em viagens de carro ou ônibus, a recomendação é que, sempre que possível, aproveite as paradas para movimentar-se.
- Mude de posição na poltrona, evitando ficar imóvel.
- Realize exercícios para estimular a circulação sanguínea na perna, tais como movimentos de flexão dos pés.
- Mantenha-se hidratado.
Nem sempre dormir é a melhor opção em viagens de longa duração. Lembre-se sempre de movimentar-se.
→ Diagnóstico
O diagnóstico de embolia pulmonar é feito por meio de análise dos sinais e sintomas do paciente e realizando-se exames. Dentre os exames mais realizados, destacam-se o eletrocardiograma, radiografia do tórax, angiotomografia, angioressonância e arteriografia pulmonar.
→ Escore de Wells
O Escore de Wells é um modelo (ou ferramenta) que leva em consideração alguns fatores de risco para o desenvolvimento da embolia pulmonar em alguns pacientes. Para cada critério é atribuída uma pontuação, e a soma dos pontos fornece uma ideia do risco de desenvolvimento da embolia pulmonar.
A seguir, veja as tabelas reproduzidas de acordo com a Diretriz de Embolia Pulmonar, da Sociedade Brasileira de Cardiologia:
Escore de Wells |
|
Critérios |
Pontos |
Suspeita de tromboembolismo venoso |
3,0 pontos |
Alternativa menos provável que embolia pulmonar |
3,0 pontos |
Frequência cardíaca > 100 bpm |
1,5 pontos |
Imobilização ou cirurgia nas quatro semanas anteriores |
1,5 pontos |
Tromboembolismo venoso ou embolia pulmonar prévia |
1,5 pontos |
Hemoptise |
1,0 ponto |
Malignidade |
1,0 ponto |
Escore |
Probabilidade de embolia pulmonar % |
Interpretação do risco |
0-2 pontos |
3,6 |
Baixa |
3-6 pontos |
20,5 |
Moderada |
> 6 pontos |
66,7 |
Alta |
→ Tem cura?
A embolia pulmonar apresenta cura, principalmente, quando o paciente tem seu diagnóstico realizado precocemente e seu tratamento é iniciado de maneira imediata. Dentre os principais tratamentos, destaca-se o uso de anticoagulantes e trombolíticos.
→ Tratamento
O tratamento da embolia pulmonar irá depender da gravidade do quadro do paciente. Inicialmente, o foco é garantir que oxigênio seja disponibilizado, sendo garantida a ventilação mecânica nos casos mais graves.
Nos casos mais leves, é realizada a terapia de anticoagulação, enquanto nos casos mais graves realiza-se a trombólise, que é um procedimento em que se utiliza medicação para dissolver um coágulo. Esses medicamentos são chamados de trombolíticos. Em alguns casos, recomenda-se a realização de cirurgia denominada embolectomia. Essa cirurgia consiste na retirada dos coágulos.
→ É grave?
Como observamos ao longo do texto, a embolia pulmonar é uma situação que merece atenção, podendo até mesmo levar à morte e sendo, portanto, grave. Entretanto, com diagnóstico correto e acompanhamento médico adequado, a letalidade da doença cai consideravelmente, sendo, assim, uma situação tratável.