Folclore
Folclore é o que conhecemos como manifestações da cultura popular que acontecem e que formam a identidade social de um povo. O folclore é reproduzido tanto individualmente quanto coletivamente, bem como é transmitido de geração para geração. Ele é, por excelência, o campo que manifesta a cultura popular e não a “alta cultura”, nome pelo qual conhecemos a cultura erudita.
A manifestações folclóricas dão-se basicamente por meio de mitos, contos, música, dança, crendices, jogos, brincadeiras, festas populares, entre outros. Esses elementos são conhecidos, dentro das áreas que os estudam, como fatos folclóricos.
A importância do folclore é reconhecida pela Unesco, entidade vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), que reconhece o folclore como Patrimônio Cultural Imaterial ressaltando a importância da preservação das diferentes manifestações que o formam.
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Quando surgiu o termo folclore?
A palavra folclore foi criada no século XIX e sua origem está associada ao idioma inglês. O termo em português é um aportuguesamento de folklore e, no inglês, deriva de folk-lore, termo proposto pelo escritor William John Thoms, em 1846. O termo ficou registrado por meio de uma carta de Thoms, que foi publicada por uma revista chamada The Atheneum.
A proposta de Thoms consistia basicamente na junção de duas palavras do idioma inglês, que eram:
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Folk, significando “povo”;
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Lore, significando “conhecimento” ou “saber”.
O antropólogo propôs juntar as duas palavras formando a expressão folk-lore, cujo significado é “saber tradicional de um povo”. A proposta de Thoms não se espalhou de imediato e só se fixou no vocabulário quando surgiu a Sociedade do Folclore, em Londres, em 1878.
História do folclore
Atualmente, os especialistas consideram que o folclore é uma área do conhecimento vinculada à antropologia. Os estudos nesse tema começaram no século XVIII e ganharam força na segunda metade do século XIX, quando surgiram associações voltadas para sua investigação. Os pioneiros nos estudos do folclore foram os irmãos Grimm e Johan von Herder.
A primeira instituição criada com o objetivo de estudar o folclore foi a mencionada Sociedade do Folclore (Folklore Society), que surgiu em Londres, em 1878. Os debates realizados por esse grupo levaram-no a considerar como folclore elementos que pertenciam aos seguintes parâmetros:
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Narrativas tradicionais: contos, mitos e lendas;
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Costumes tradicionais: festas populares, danças tradicionais etc.;
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Crenças e superstições: crendices populares e outros elementos, como magia e bruxaria;
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Linguagem popular: dialetos e jargões populares.
Os estudos realizados por essa sociedade londrina contribuíram para a popularização da matéria, e logo outras associações voltadas para estudar o folclore foram criadas na Europa e nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil, os estudos na área do folclore só se popularizaram em meados do século XX, e alguns nomes, como Luís da Câmara Cascudo, Florestan Fernandes, Amadeu Amaral e Mário de Andrade, destacaram-se. Em 1951, foi realizado no Rio de Janeiro o I Congresso Brasileiro de Folclore.
Nesse congresso ficou reconhecido que o estudo do folclore era parte integrante das ciências antropológicas e culturais e que “as maneiras de pensar e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação, e que não sejam influenciadas pelos círculos eruditos”|1| são um fato folclórico.
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Características do folclore
A definição de características básicas do folclore é bastante discutida pelos estudiosos da área. Esse debate nasceu na Europa, espalhou-se para os Estados Unidos e, por fim, chegou ao Brasil. No entanto, mesmo com as resoluções existentes hoje e sendo resultado de mais de um século de estudos e debates, a definição de folclore não é definitiva.
Novos estudos e debates têm sido realizados na área, e elementos que um dia que foram considerados basilares hoje já não são enxergados como unanimidade. Assim, é importante pontuar que os elementos levantados nesse texto podem ser ou são fruto de debates e questionamentos entre os especialistas.
Algumas das características básicas do folclore são:
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Anonimato: Elementos da cultura popular só eram considerados como fato folclórico se fossem anônimos. Atualmente, muitos especialistas questionam esse princípio.
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Aceitação coletiva: Os elementos da cultura popular só integram o folclore de um país se tiverem sido popularizados coletivamente.
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Transmissão oral: Os saberes que formam o folclore são oriundos de tempos remotos e transmitidos oralmente de geração para geração.
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Espontaneidade: Além disso, os elementos do folclore devem surgir de maneira espontânea e são definidores da coesão cultural de um povo.
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Folclore brasileiro
O Brasil, assim como toda nação, possui os elementos básicos que deram formulação a seu folclore. Assim, na cultura brasileira, existem crendices, saberes, mitos, lendas, festas, danças etc., que fazem parte do que é definido como folclore brasileiro. As raízes de nosso folclore estão fincadas na cultura europeia, sobretudo a portuguesa, na cultura africana e na cultura indígena.
Do folclore brasileiro são muito conhecidas as lendas de personagens, como o saci-pererê, a iara, o boto cor de rosa, o curupira, a mula sem cabeça, entre outros.
Crédito de imagem
[1] Vlad Ispas e Shutterstock
Nota
|1| BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984, p, 31.