Sobre ou sob?

Sob nova direção
ou
Sobre nova direção?
Em uma rápida volta pela cidade, podemos encontrar faixas com os dizeres acima. Algumas acertam o emprego da preposição (sob nova direção), outras deslizam e cometem um erro frequente entre os falantes da língua portuguesa. Afinal, qual é a forma correta, sobre ou sob? Nada melhor do que aprender com a gramática o uso adequado desses elementos de coesão e assim evitar desvios linguísticos nas modalidades oral e escrita. Vamos lá?
Diferenças entre sobre e sob
⇒ Sobre: A preposição sobre tem origem no latim super e traduz a ideia de posição superior, algo que está por cima. Também pode substituir a preposição acerca de. Observe os exemplos a seguir:
Os livros foram colocados sobre a mesa. (sobre = em cima da mesa)
Eles estavam conversando sobre mim quando cheguei ao trabalho. (sobre = acerca de mim)
Os pedestres tiveram que passar sobre as árvores que caíram em razão das fortes chuvas. (sobre = por cima)
⇒ Sob: A preposição sob tem origem no latim sub e deve ser empregada para indicar algo que está debaixo, ou seja, em posição de inferioridade em relação a alguma coisa ou alguém. Observe os exemplos:
O estabelecimento está sob nova direção. (sob = debaixo do comando de alguém)
Os sapatos foram deixados sob a mesa. (sob = debaixo da mesa)
A costureira fez roupas sob medida para a cliente. (sob = de acordo com a medida)
As crianças esperaram a chuva passar sob o telhado do supermercado. (sob = debaixo do telhado)
Analisando as duas palavras, podemos então concluir que sobre e sob são preposições antônimas, portanto, apresentam significados opostos, devendo ser empregadas em diferentes situações. Fique agora com um trecho da música A mesma praça, de Paulo Miklos, trecho no qual o cantor e compositor utiliza as duas preposições que acabamos de analisar. Bons estudos!
“Sou do chão negro asfalto
da avenida São João
Sob o escuro manto fumaça
sombra do minhocão
Sob o céu cinzento de
São Paulo insano e mau
Brasileiro cuspido dos canhões
na Hungria cigano e bárbaro
bastardo dos portugueses
mouro feroz e bárbaro
desorientado dos beijos de
línguas e lugares embaralhados
Da rua Apa quando desaba
a Barra Funda dos prostíbulos
de toneladas de poeira e fuligem
sobre a poesia
Judeu de disfarce católico
ateu crente no candomblé
de todas as fugas e enfrentamentos
continuo de pé.
(“A mesma praça”, Paulo Miklos)
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