Guerra do Peloponeso
A Guerra do Peloponeso foi um conflito entre as cidades-estados gregas Atenas e Esparta, no século V a.C., pela disputa do domínio da Grécia Antiga. As duas cidades encabeçavam as principais alianças militares da época: a Liga de Delos, liderada por Atenas, e a Liga do Peloponeso, comandada pelos espartanos.
A guerra durou aproximadamente 30 anos e foi decisiva para o fim da Era Clássica grega. A guerra foi vencida por Esparta, mas seu domínio sobre a Grécia não durou muito tempo. Os espartanos não conseguiram impedir a invasão dos macedônicos, liderados por Filipe II.
Resumo sobre a Guerra do Peloponeso
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Guerras Médicas: a vitória grega sobre os persas destacou a lideranças das cidades-estados Atenas e Esparta.
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Liga de Delos (Atenas) x Liga do Peloponeso (Esparta).
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Guerra do Peloponeso colocou em confronto dois mundos: Atenas (cultura, democracia, comércio marítimo) x Esparta (militarismo, oligarquia, agricultura).
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Esparta venceu Atenas, mas não teve forças para manter seu domínio sobre a Grécia Antiga e acabou derrotada pelos macedônicos.
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Helenismo: cultura grega expandiu-se para outros povos e misturou-se com outras culturas.
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Contexto histórico da Guerra do Peloponeso
Entre os séculos VI a.C. e V a.C., os gregos entraram em confronto com o império persa, começando as Guerras Médicas (os gregos chamavam os persas de medos). As cidades-estados gregas uniram-se para derrotar o exército inimigo. A vitória grega representou não apenas o seu domínio sobre o mundo antigo, como também trouxe inúmeras mudanças na organização das cidades-estados com a ascensão de Atenas e Esparta.
Temendo o retorno dos persas para vingarem a derrota na guerra, foi fundada a Liga de Delos, aliança militar entre as cidades gregas sob a liderança de Atenas para combater o ataque inimigo. Cada cidade deveria contribuir com dinheiro, armamentos e soldados para o tesouro comum, que seria guardado em Atenas. Os atenienses utilizaram os recursos desse fundo para fortificar a cidade e investir em construções públicas e obras de arte.
O crescimento de Atenas provocou uma reação de Esparta. Para responder à aliança militar liderada pelos atenienses, os espartanos formaram a Liga de Peloponeso. A rivalidade entre as duas cidades-estados desencadeou a Guerra do Peloponeso, em 431 a.C.
Disputas com Corinto
A rivalidade entre Atenas e Esparta interferiu nas rivalidades entre as cidades gregas. Corinto e Megara entraram em guerra por causa da fronteira entre elas. Ambas estavam sob o domínio de Esparta, que decidiu não interferir no conflito. Megara procurou apoio de Atenas, que prontamente aceitou participar da guerra. Esparta reagiu à interferência ateniense apoiando os corintos.
O conflito entre Corinto e Megara acabou em 436 a.C. com a assinatura de um tratado chamado Paz dos Trinta Anos. Esse tratado determinava que atenienses e espartanos não deveriam invadir a área de influência do oponente e as cidades pertencentes a cada liga não poderiam mudar de lado.
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Início da Guerra do Peloponeso
A Guerra do Peloponeso começou com a quebra do Tratado de Trinta Anos por conta das rivalidades entre as cidades gregas e do apoio de Esparta e Atenas nesses confrontos regionais. O tratado foi rompido em 440 a.C., quando a cidade de Samos, que fazia parte da Liga de Delos, revoltou-se contra Atenas. Os espartanos realizaram uma assembleia para decidir se aproveitavam essa revolta para atacar os atenienses, mas a maioria decidiu pela não intervenção. A revolta de Samos foi derrotada por Atenas.
A cidade de Córcira, que não pertencia a nenhuma das ligas militares, entrou em guerra contra Corinto. Percebendo que o inimigo era mais forte, os córciros pediram ajuda para Atenas. Depois de muito relutar em entrar naquela guerra, já que Corinto fazia parte da Liga do Peloponeso, os atenienses concordaram em ceder 10 navios que só seriam utilizados por Córcira caso os corintos atacassem-na. Mesmo com o envio desses navios por Atenas, Corinto atacou os córciros, mas foram derrotados. Os corintos reclamaram para Esparta sobre a intervenção de Atenas naquele conflito. Novamente os espartanos decidiram não reagir ao ataque.
A cidade de Megara entrou na Liga do Peloponeso e foi punida por Atenas com um bloqueio comercial. Essa atitude dos atenienses provocou a realização de uma assembleia em Esparta para discutir uma reação ao imperialismo de Atenas. Diplomatas atenienses foram enviados para Esparta e participaram da assembleia. A princípio, não se queria a guerra, mas a pressão das cidades pertencentes à Liga do Peloponeso fez com que Esparta declarasse guerra a Atenas.
Principais acontecimentos da Guerra do Peloponeso
A guerra aconteceu principalmente na região de Corinto e da Ática. Os espartanos tinham vantagem avançando por terra, enquanto os atenienses respondiam pelo mar utilizando trirremes. As outras cidades gregas aproveitaram o combate para rebelarem-se em busca de alguma vantagem.
Outro acontecimento da guerra foi o período de trégua. O Tratado de Nícias foi assinado entre as duas cidades e garantiria a paz por 50 anos, ou seja, a Guerra do Peloponeso foi marcada por intensos combates, mas também por períodos de trégua.
Fim da Guerra do Peloponeso
A Guerra do Peloponeso foi longa e exigiu esforço máximo de Atenas e Esparta para conseguir-se a vitória. Em 404 a.C., os atenienses renderam-se. O século de Péricles, caracterizado pelo apogeu de Atenas e pela fundação da democracia, foi destruído nessa guerra. Esparta saiu vitoriosa, mas enfraquecida por conta da longa duração da guerra e do esforço empreendido. Isso facilitou sua conquista pela Macedônia.
Consequências da Guerra do Peloponeso
A Guerra do Peloponeso marcou o fim do Período Clássico da Grécia Antiga. Marcou também a invasão dos macedônicos liderados por Filipe II e, após sua morte, pelo seu filho Alexandre, o Grande.
A cultura grega que se consolidou em seu território foi levada para outras regiões e misturou-se com as culturas de outros povos. Esse contato da cultura grega com culturas estrangeiras foi chamado de helenismo.
Importância da Guerra do Peloponeso
A importância da Guerra do Peloponeso está no conflito entre as duas maiores cidades-estados da Grécia Antiga. As forças gregas que se uniram para atacar outros povos e expandir o domínio sobre o Mediterrâneo, no século V, atuaram dentro da própria Grécia. A guerra mostrou também que, apesar da criação das ligas de Delos e do Peloponeso, não houve total submissão das cidades menores em relação a Esparta e Atenas.
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Exercícios resolvidos
Questão 1 - Assinale a alternativa que corretamente aponta a causa da Guerra do Peloponeso.
a) Disputa entre Esparta e Atenas pelo domínio da Grécia Antiga.
b) Invasão das tropas de Alexandre, o Grande, em Atenas.
c) Luta pelo poder político em Esparta.
d) Revolta dos escravos em Corinto.
Resolução
Alternativa A. Esparta e Atenas eram as principais cidades-estados da Grécia Antiga e ambas queriam impor o seu domínio sobre os gregos. As disputas de interesses entre espartanos e atenienses provocaram a Guerra do Peloponeso.
Questão 2 - O que foi a Liga de Delos?
a) Invasão da Pérsia e vingança da derrota grega nas Guerras Médicas.
b) Conquista da Macedônia.
c) Aliança militar liderada por Atenas.
d) Plano militar espartano para derrotar o exército persa.
Resolução
Alternativa C. A Liga de Delos foi uma aliança militar liderada por Atenas, na qual as cidades componentes deveriam enviar dinheiro, armamentos e soldados para um tesouro comum. Os atenienses utilizaram esse dinheiro para construir grandes obras públicas e investir na cultura.
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[1] George E. Koronaios / Commons