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Saddam Hussein

Saddam Hussein ficou marcado na história como um ditador iraquiano que comandou o seu país por mais de duas décadas. Era um dos fortes nomes do Partido Ba’ath e assumiu oficialmente o poder iraquiano no final da década de 1970. Levou o seu país a se envolver em dois conflitos: a Guerra Irã-Iraque e a Guerra do Golfo.

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Primeiros anos

Saddam Hussein Abd al-Majid al-Tikriti nasceu no vilarejo de al-Auja, localizado próximo a Tikrit, no dia 28 de abril de 1937. Saddam não conheceu seu pai, chamado Hussein Abid al-Majid, e as fontes sobre o motivo disso são desencontradas. Alguns dizem que o pai de Saddam morreu de câncer meses antes do nascimento do filho, e outras fontes afirmam que ele abandonou a família.

Saddam Hussein governou o Iraque de maneira autoritária e envolveu o seu país em duas guerras desastrosas.
Saddam Hussein governou o Iraque de maneira autoritária e envolveu o seu país em duas guerras desastrosas.

A mãe de Saddam, chamada Subha Tulfah al-Mussallat, além da perda do marido, teve de lidar com a perda de seu filho mais velho, vítima de um câncer. Os dois acontecimentos (perda do filho e marido) levaram-na à depressão e, por isso, ela não teve condições de cuidar do seu filho. Assim, o tio de Saddam, chamado Khairullah Tulfah, passou a cuidar do menino.

Tempos depois, sua mãe se casou novamente, e Saddam passou a morar com ela. Entretanto, a estadia dele com a mãe durou pouco tempo, porque seu padrasto, Ibrahim al-Hassan, o tratava muito mal. Assim, quando tinha 10 anos de idade, ele decidiu voltar a morar novamente com seu tio. Foi por meio de seu tio que Saddam teve contato com a educação e com a política.

O tio de Saddam era um nacionalista que defendia a independência do Iraque, que na época era uma colônia inglesa. Khairullah havia participado de uma guerra contra os ingleses e deu apoio para que Saddam se matriculasse em uma escola em Bagdá. Ainda em Bagdá, Saddam se matriculou no curso de Direito, mas acabou abandonando o curso quando tinha 20 anos.

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Ingresso de Saddam Hussein na política

Ainda com 20 anos de idade, Saddam ingressou nas fileiras do Ba’ath, um partido que tinha surgido na Síria e que chegou ao Iraque na década de 1950. Acredita-se que o seu tio tenha sido a grande influência para que Saddam Hussein se filiasse a esse partido. O Ba’ath era nacionalista e defendia a independência do Iraque.

No ano seguinte, em 1958, o Ba’ath teve importante participação em um golpe que colocou fim à monarquia no Iraque. Esse golpe foi liderado por Abd al-Karim Qasim e resultou na transformação do Iraque em uma república. Entretanto, quando Qasim se recusou a fazer parte do projeto de unificação territorial proposto pelo presidente do Egito, membros do Ba’ath se voltaram contra ele.

Com isso, um atentado contra a vida de Qasim começou a ser organizado, e Saddam Hussein foi surpreendentemente escalado para organizar essa ação. O plano para o assassinato de Qasim foi colocado em execução em outubro de 1959, mas fracassou, provavelmente por um erro cometido pelo próprio Saddam Hussein.

O fracasso da tentativa de assassinato fez com que Saddam e outros membros do Ba’ath que participaram da operação fugissem do Egito. A princípio, Saddam se estabeleceu na Síria, mas permaneceu lá por apenas três meses e, então, se encaminhou para o Egito, local onde residiu por três anos. Alguns dos envolvidos no atentado foram presos e receberam sentença de morte.

Em 1963, um novo golpe aconteceu no Iraque, o que resultou na queda de Qasim e na nomeação de Abdul Salam Arif como presidente. A subida de Arif ao poder aconteceu com apoio do Ba’ath, o que resultou no retorno de Saddam Hussein para o Iraque. No entanto, em novembro de 1963, Arif rompeu sua aliança com os membros do Ba’ath e um novo golpe aconteceu.

Os membros do Ba’ath tentaram organizar um golpe para derrubar Arif, mas não tiveram sucesso. Com isso, Arif iniciou uma perseguição contra seus opositores e membros do Partido Ba’ath começaram a ser presos. Um deles foi Saddam Hussein, preso em outubro de 1964. Ele permaneceu na prisão até 1966, quando então fugiu.

Quando Saddam Hussein fugiu da prisão, o presidente iraquiano era Abdul Rahman Arif, irmão do antigo presidente, Abdul Salam Arif. Saddam engajou-se ativamente no Ba’ath para lutar contra o governo vigente. Nesse período, ele se tornou uma influente figura do partido e lutou para impedir que ideais socialistas e comunistas penetrassem no partido.

Em julho de 1968, Saddam Hussein tomou parte de um golpe liderado por Ahmed Hassan al-Bakr. Com isso, o Ba’ath ocupou o poder do Iraque em definitivo, e al-Bakr foi nomeado presidente. Saddam Hussein se tornou figura importante no governo de al-Bakr. Nesse período, Saddam investiu para garantir uma melhoria na qualidade de vida da população, enquanto perseguia seus opositores.

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Subida ao poder

Por pouco mais de dez anos, Saddam Hussein permaneceu como segundo homem mais importante no comando do Iraque e, nesse período, estabeleceu uma polícia secreta que perseguia minorias e opositores dentro do Ba’ath e na sociedade iraquiana. Além disso, ele procurou fortalecer a posição do governo iraquiano para evitar que novos golpes políticos e militares acontecessem.

O aumento do prestígio da posição de Saddam Hussein fez com que ele ascendesse ao poder do Iraque em 1979. Em julho desse ano, ele forçou al-Bakr, então presidente, a renunciar para que ele, Saddam, pudesse assumir. Iniciava-se, assim, um período de mais de duas décadas em que Saddam Hussein esteve oficialmente no poder iraquiano.

Nesse período, Saddam manteve-se no poder por meio do autoritarismo e do culto a sua imagem. Ele anunciava a si mesmo como um grande líder e usava a violência para silenciar seus opositores. Ao longo dessas duas décadas, até crimes contra a humanidade foram cometidos por ordem de Saddam Hussein, com destaque para o ataque com armas químicas a uma vila curda em 1988. Esse ataque resultou em cerca de 5 mil mortos.

Ao longo dos anos de seu governo, Saddam Hussein envolveu seu país em dois conflitos:

  • Guerra Irã-Iraque (1980-88);

  • Guerra do Golfo (1990-91).

O primeiro conflito foi um desdobramento da Revolução Islâmica de 1979, que colocou o Irã sob uma ditadura xiita. O avanço dos xiitas representava uma ameaça para o Iraque, país majoritariamente sunita. Assim, os Estados Unidos e outras nações árabes sunitas incentivaram o Iraque a iniciar uma guerra contra o Irã.

O Iraque então atacou o Irã e manteve esse conflito por quase uma década. A Guerra Irã-Iraque se arrastou de maneira indefinida, pois nenhum dos lados conseguia se impor. O resultado foi um número elevado de mortos (mais de um milhão de pessoas) e a destruição das economias dos dois países.

Escombros de peças do exército iraquiano depois do ataque feito pelos norte-americanos, na Guerra do Golfo.
Escombros de peças do exército iraquiano depois do ataque feito pelos norte-americanos, na Guerra do Golfo.

Pouco tempo depois do término da guerra com o Irã, Saddam Hussein colocou seu país em uma nova guerra. Em 1990, ele ordenou a invasão do Kuwait, um pequeno reino árabe que fica ao sul do Iraque. Os motivos para isso envolvem desentendimentos entre as duas nações sobre a exploração do petróleo e as dívidas que o Iraque tinha (e não queria pagar) com o Kuwait.

O exército iraquiano, numericamente superior, dominou o Kuwait rapidamente, mas essa invasão representava uma ameaça aos interesses dos Estados Unidos e da Arábia Saudita (o maior aliado árabe dos Estados Unidos). Com isso, o Iraque foi alvo de ações militares dos Estados Unidos, e um ataque terrestre norte-americano de 100 horas expulsou as tropas iraquianas do Kuwait.

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Últimos anos

Depois da Guerra do Golfo, a relação Iraque-Estados Unidos permaneceu ruim. A situação começou a ficar muito crítica para Saddam Hussein depois dos atentados de 11 de setembro, quando a política norte-americana em relação ao Oriente Médio tornou-se mais intervencionista. Com isso, os EUA passaram a planejar uma possível invasão do Iraque.

A invasão do Iraque visava a derrubar Saddam Hussein e instaurar um governo menos hostil aos interesses norte-americanos no país e no Oriente Médio. A justificativa dada pelos Estados Unidos para invadir o território iraquiano foi a de que Saddam Hussein estava produzindo e armazenando armas de destruição em massa.

Saddam Hussein até que tentou obter esse tipo de armamento, mas seus planos se frustraram na década de 1990. Sendo assim, a justificativa do governo norte-americano era falsa. De toda forma, a invasão do Iraque aconteceu nos primeiros meses de 2003. Saddam Hussein foi obrigado a abrir mão do poder do Iraque e fugir de Bagdá.

O ditador iraquiano foi encontrado meses depois escondido em um buraco de uma fazenda que ficava em ad-Dawr, pequena cidade no norte do Iraque. Ele foi preso pelos soldados norte-americanos e levado para julgamento. Em junho de 2004, o julgamento de Saddam começou, e ele foi julgado por crimes contra a humanidade.

A sentença foi emitida em novembro de 2006, e ele foi considerado culpado. Sua condenação foi morte por enforcamento. A execução de Saddam Hussein foi realizada no dia 30 de dezembro de 2006. As imagens da sua execução correram o mundo.

Publicado por Daniel Neves Silva
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