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Helena Morley

Helena Morley foi uma escritora brasileira. Sua única obra, Minha vida de menina, é um diário. Nele, Helena retrata sua vida na cidade de Diamantina, entre 1893 e 1895.
Capa do livro Minha vida de menina, de Helena Morley, publicado pela Companhia das Letras.
Capa do livro Minha vida de menina, de Helena Morley, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]

Helena Morley é o pseudônimo da escritora mineira Alice Dayrell Garcia Brant. Ela nasceu em Diamantina, no dia 28 de agosto de 1880. Mais tarde, relatou em um diário o seu cotidiano de adolescente no final do século XIX. Essa obra só foi publicada décadas depois, em 1942, e se tornou um grande sucesso.

Em 1957, seu diário foi publicado nos Estados Unidos, com tradução da famosa poetisa Elizabeth Bishop. O livro Minha vida de menina apresenta linguagem simples, humor e uma visão crítica sobre a sociedade da época. Tem importância não só literária como também histórica.

Leia também: Anne Frank — quem foi e o que ela conta em seu diário

Resumo sobre Helena Morley

  • Helena Morley foi o pseudônimo da escritora brasileira Alice Dayrell Garcia Brant.

  • Ela nasceu em 1880 e morreu em 1970.

  • A autora escreveu e publicou um diário e também foi professora.

  • Sua única obra foi o diário Minha vida de menina, publicado em 1942.

  • É uma obra autobiográfica que apresenta humor e crítica social.

Biografia de Helena Morley

Helena Morley foi o pseudônimo de Alice Dayrell Garcia Brant. Ela nasceu no dia 28 de agosto de 1880, na cidade de Diamantina, em Minas Gerais. A família do pai era descendente de ingleses. Portanto, ela recebeu influência dessa cultura, sendo seu maior representante o avô paterno.

Em certa ocasião, o pai da autora deu um caderno à menina e a estimulou a escrever um diário. Helena começou a escrever seu diário em 1893. Os acontecimentos cotidianos da jovem foram registrados até 1895. Após essa data, pouco se sabe de detalhes da vida da escritora.

Antes de se casar, ela fez a Escola Normal e teve alguma experiência como professora. Em 1900, casou-se com Augusto Mário Caldeira Brant (1876-1968), com quem teve seis filhos. Após o casamento, permaneceu em Diamantina até 1905, quando se mudou para o Rio de Janeiro.

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O marido foi quem convenceu a escritora a publicar o diário, em 1942. O livro foi um grande sucesso e fez com que Helena Morley ficasse conhecida em todo o Brasil. A obra, inclusive, teve uma tradução para o inglês, em 1957, feita pela autora estado-unidense Elizabeth Bishop (1911-1979). Helena Morley morreu no dia 20 de junho de 1970, na cidade do Rio de Janeiro.

Veja também: Lygia Bojunga — um grande nome da literatura infantil juvenil no Brasil

Quais são as características da obra de Helena Morley?

A obra de Helena Morley se restringiu a um livro do gênero diário, portanto, tem caráter autobiográfico. A autora é protagonista de sua obra, de modo que a visão de uma adolescente de final do século XIX fica em evidência. Apresenta caráter regionalista, já que focaliza elementos históricos e culturais de Minas Gerais.

A autora usa uma linguagem simples ao relatar os fatos de seu cotidiano de adolescente. Utiliza humor ao analisar os acontecimentos de seu tempo, de forma que sua obra se configura também em uma crítica social. Por fim, coloca em destaque o universo feminino pelo olhar de uma menina.

Obra de Helena Morley

O diário Minha vida de menina é a única obra de Helena Morley. Escrito no final do século XIX, entre 5 de janeiro de 1893 e 31 de dezembro de 1895, esse livro foi publicado, pela primeira vez, em 1942.

Saiba mais: Outras mulheres que se destacaram na literatura brasileira

Minha vida de menina, de Helena Morley

O diário Minha vida de menina narra as experiências vividas por Helena (ou Alice Dayrell), principalmente na cidade de Diamantina, no estado de Minas Gerais, entre os anos 1893 e 1895. Desse modo, diversos fatos são relatados pela narradora, uma menina que, ao iniciar o diário, tinha 12 anos de idade.

Historicamente, os fatos ocorrem no início da República, proclamada em 1889. A escravatura estava abolida desde 1888, mas as pessoas negras ainda eram discriminadas e tratadas com preconceito. Assim, isso é evidenciado, em várias partes da obra, pelo olhar de uma menina branca, como se vê neste trecho:

Eu dou razão a mamãe de ficar zangada comigo. Mas que hei de fazer se não posso mudar meu gênio? Penso que se a menina fosse branquinha mamãe não se incomodava. Mas ela sempre ralha da gente pajear negrinhos. Que culpa têm os pobrezinhos de serem pretos? Eu não diferenço, gosto de todos.

O pai de Helena era um minerador e atuava em um local chamado Boa Vista, mas a casa da família ficava em Diamantina. O pai ficava em Boa Vista de segunda a sexta-feira e voltava para casa aos sábados. No diário, ele e os outros integrantes da família também recebem nomes fictícios. Desse modo, o pai é Alexandre e a mãe, Carolina.

Uma personagem recorrente no diário é a avó materna de Helena. Teodora era viúva, rica, bastante religiosa e gostava muito da neta. Apesar de a menina ser sua preferida, mimada pela avó, em uma ocasião, Teodora se irritou com Helena e lhe deu duas chineladas pela primeira vez.

Isso aconteceu quando Helena tinha 13 anos e fez birra para ir a um baile de máscaras. A protagonista era uma menina que gostava de se divertir. Também era curiosa e muito questionadora. Assim, ela refletiu sobre os costumes em sua cidade, além de comentar boatos, acontecimentos e falar sobre as superstições do povo.

Helena fez parte de uma grande família, com muitos tios e primos. Além disso, a avó vivia em uma chácara, cercada de ex-escravizados:

Hoje morreu o último negro africano de vovó. Serviu a ela até o fim com toda dedicação. Vovó lhe deixou, numa carta que escreveu, duzentos mil réis. Para as negras deixou quinhentos. Também Joaquim Angola não tinha precisão. Penso que foi mais para ele se consolar. Na morte de vovó é que eu vi como ela era querida dos ex-escravos. Este preto vinha da horta todos os dias vê-la e no dia da morte ele chorava de fazer pena, como todas as negras da casa.

Outro personagem de destaque na obra é o avô paterno de Helena, já falecido. Ele era diferente das outras pessoas da cidade por ser protestante. Inclusive, quando morreu, não pôde ser enterrado na igreja, como era costume na época. Fato muito comentado naquela cidade.

Apesar dessa ascendência inglesa, a menina não falava inglês. Helena tinha preguiça de estudar, não era boa aluna, mas cumpria as tarefas domésticas em casa. Foi por influência de sua tia Madge que ela começou a se preparar para ser professora, mas não gostou muito de exercer tal função.

A família de Helena tinha certa influência política na região, e alguns acontecimentos políticos, como a posse de Prudente de Morais, são mencionados na obra. Assim, o diário apresenta valor literário, cultural e histórico. É uma das poucas obras de autoria feminina escritas na época e que chegou até nossos dias.

Minha vida de menina, de Helena Morley

Créditos da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução)

Fontes

HOFF, Patrícia Cristine. Um clássico provinciano: Minha vida de Menina, de Helena Morley. Moara, Belém, n. 46, p. 305-320, ago./ dez. 2016.

MARRECO, Maria Inês de Moraes. Helena Morley: o olhar e a memória. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL MULHER E LITERATURA, 3., 2007, Ilhéus. Anais […]. Ilhéus: Universidade Estadual de Santa Cruz, 2007.

MORLEY, Helena. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

REIS, Andressa Curti dos. O perfil de Helena Morley em Minha vida de menina e a condição das mulheres oitocentistas no final do século XIX. 2019. Monografia (Bacharel em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.   

Publicado por Warley Souza

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