Constelações
Constelações são conjuntos de estrelas visíveis nos céus e identificados por meio de linhas imaginárias. As linhas imaginárias conectam as estrelas de uma constelação, e acabam formando padrões de animais, objetos e pessoas que tornam a sua identificação mais fácil. A União Astronômica Internacional (IAU) reconhece, hoje, 88 constelações, das quais pelo menos metade foi delimitada antes do século XVII.
As constelações como Cruzeiro do Sul e Ursa Maior sempre foram importantes para a localização e orientação no espaço, além de auxiliarem na contagem da passagem do tempo e das estações do ano e serem fundamentais para o aperfeiçoamento dos estudos em astronomia.
Leia também: Afinal, o que são estrelas?
Resumo sobre constelações
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Constelações são conjuntos de estrelas identificados por meio de linhas imaginárias.
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As linhas imaginárias formam padrões facilmente reconhecíveis de animais, objetos e pessoas, facilitando a observação das constelações.
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Nem todas as constelações visíveis no Hemisfério Norte são visíveis no Hemisfério Sul, e vice-versa.
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A observação das constelações depende do movimento da Terra em torno do Sol e da posição relativa entre esses astros.
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A União Astronômica Internacional (IAU) reconhece 88 constelações.
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Entre as constelações reconhecidas, estão as do Zodíaco, 13 no total.
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Algumas das maiores constelações existentes são: Hidra, Virgem e Ursa Maior.
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As constelações são importantes para a orientação e navegação na superfície terrestre, para a análise da passagem do tempo e das estações do ano e para o estudo da astronomia.
O que são constelações?
Constelações são grupos aparentes de estrelas identificáveis nos céus com base em linhas imaginárias. Essas linhas imaginárias são retas traçadas de maneira a constituir padrões que se assemelham a objetos, pessoas ou mesmo animais, o que facilita na observação das diferentes constelações.
Tais grupos de estrelas estão presentes em diferentes regiões do espaço e dispersos através dele. Na maioria das ocasiões, é a visão em perspectiva que faz com que enxerguemos os corpos celestes lado a lado. Na realidade, as estrelas de uma constelação não necessariamente se encontram próximas, mas sim distantes umas das outras.
As constelações não são vistas da mesma maneira nos dois hemisférios do planeta Terra, isto é, nos hemisférios Norte e Sul. Além disso, ao observarmos uma mesma constelação em noites diferentes, notamos que ela assume posições diferentes com o passar do tempo. Esses fenômenos são explicados por meio dos movimentos feitos pelo planeta Terra.
A observação desses conjuntos aparentes de estrelas depende, então, da posição da Terra com relação ao Sol, o que significa que o movimento orbital realizado pelo nosso planeta faz com que as constelações sejam vistas de forma diferente a cada noite, além de uma mesma constelação identificável no céu do Hemisfério Norte não ser vista no Hemisfério Sul.
Um exemplo do padrão mencionado acima é a constelação Ursa Maior, somente visível na porção setentrional do planeta. Do lado oposto, temos a constelação Cruzeiro do Sul, observada apenas no lado meridional.
Existe uma maneira simples de identificar uma constelação no céu: procurar pelas estrelas mais brilhantes em um conjunto visível de estrelas. Aqueles astros que apresentam brilho mais intenso são nomeados como estrela principal de uma constelação, e, com base nela, é possível traçar linhas imaginárias para identificar à qual conjunto ela pertence. Como adiantamos, tais linhas ganham formas distintas que são muito importantes tanto para o estudo das estrelas quanto para a orientação na superfície terrestre.
Quantas constelações existem?
Considera-se como constelações existentes aquelas reconhecidas pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês). A IAU reconhece 88 constelações, número esse que se mantém desde 1929. Ainda que possa parecer um número limitado, todas as estrelas que conseguimos visualizar no céu são parte de uma constelação.
Quais são as principais constelações?
Segundo o critério de área, conheça, a seguir, as cinco maiores constelações designadas pela IAU:
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Hidra: é a maior constelação das 88 reconhecidas, com área aproximada de 1303 graus². Fica situada próximo das constelações de Libra e Centauro, no equador celeste, e apresenta um total de 17 estrelas principais. Sua estrela mais brilhante é denominada de Alfa da Hidra.
- Virgem: a constelação de Virgem é visível principalmente no Hemisfério Norte, mas pode ser identificada nos céus de latitudes baixas e médias de ambos os hemisférios terrestres. É a maior dentre as constelações do Zodíaco, com área de 1294 graus². Apresenta nove estrelas principais, sendo a mais brilhante delas conhecida como Espiga.
- Ursa Maior: é a terceira maior constelação reconhecida pela IAU. Visível sobretudo nos céus do Hemisfério Norte, a Ursa Maior pode ser identificada no Hemisfério Sul até aproximadamente a latitude de 30º. Apresenta área de 1280 graus² e cerca de sete estrelas principais. Sua estrela mais brilhante é chamada de Epsilon Ursae Majoris.
- Baleia: também conhecida como Cetus, essa constelação fica no equador celestial e se estende por uma área de aproximadamente 1231 graus². São 14 as estrelas principais da constelação de Baleia, das quais a mais brilhante recebe o nome de Beta Ceti.
- Hércules: é a quinta maior constelação reconhecida pela IAU. Visível em todo o Hemisfério Norte e na maior parte do Hemisfério Sul, exceto em altas latitudes, essa constelação abrange uma área de 1225 graus². Das suas 14 estrelas principais, Beta Herculis é a mais brilhante.
Acesse também: Constelação Cruzeiro do Sul — detalhes sobre uma das constelações mais conhecidas
Classificação das constelações do Zodíaco
Zodíaco é o nome dado à região do espaço que contorna a elíptica do planeta Terra.|1| Por essa região se estendem importantes conjuntos de estrelas que ficaram conhecidos como constelações do Zodíaco. A região e, consequentemente, os agrupamentos de estrelas receberam essa denominação porque as linhas imaginárias das constelações formam desenhos que se assemelham a animais.
Devido à órbita elíptica que a Terra executa em torno do Sol, e também ao posicionamento dos astros, as constelações do Zodíaco não se encontram visíveis ao mesmo tempo nos céus nem como a mesma intensidade. Com a sucessão do ano, nota-se a maior visibilidade de uma constelação em detrimento da outra em determinados intervalos de tempo. Isso acontece quanto a constelação está mais próxima do Sol.
São 13 as constelações do Zodíaco. Veja abaixo cada uma delas e o período em que se tornam visíveis no céu:
Constelação |
Período de visibilidade |
Tempo de permanência próximo do Sol |
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19 de abril a 13 de maio |
25 dias |
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14 de maio a 19 de junho |
37 dias |
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20 de junho a 20 de julho |
31 dias |
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21 de julho a 9 de agosto |
20 dias |
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10 de agosto a 15 de setembro |
37 dias |
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16 de setembro a 30 de outubro |
45 dias |
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31 de outubro a 22 de novembro |
23 dias |
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23 de novembro a 29 de novembro |
7 dias |
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30 de novembro a 17 de dezembro |
18 dias |
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18 de dezembro a 18 de janeiro |
32 dias |
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19 de janeiro a 15 de fevereiro |
28 dias |
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16 de fevereiro a 11 de março |
24 dias |
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12 de março a 18 de abril |
38 dias |
Importância das constelações
Os astros e estrelas sempre desempenharam papel importante no dia a dia dos seres humanos, desde a Antiguidade, quando não existiam instrumentos de observação, até atualmente. As constelações serviam como forma das pessoas se orientarem na superfície terrestre, auxiliando-as na navegação e na localização, sendo usadas para saber a posição e as direções, ou pontos cardeais. Por exemplo, agrupamentos como o Cruzeiro do Sul e a Ursa Maior auxiliavam a identificar o hemisfério em que se estava situado, bem como a direção a se seguir: sul ou norte, no exemplo mencionado.
A passagem do tempo e a sucessão dos equinócios (consequentemente, a ocorrência das estações do ano e as mudanças no tempo atmosférico) eram igualmente determinadas pela observação das constelações. Não somente isso, as constelações são fundamentais para o estudo do espaço e do Universo conhecido, tornando-se fundamentais para a astronomia enquanto ciência.
Como a própria IAU define, as constelações foram, e ainda são, meios de sobrevivência dos seres humanos, tendo em vista as inúmeras finalidades que a sua observação assume.
História das constelações
As constelações são objeto de observação e curiosidade desde a Antiguidade, quando muitas delas já haviam sido identificadas e traçadas nos céus. A associação das constelações a padrões de objetos e animais também começou muito cedo na história, e a sua identificação está diretamente relacionada com os hábitos e a cultura de cada povo.
Os chineses antigos, por exemplo, distinguiam pequenas constelações no interior de constelações maiores para avaliarem condições de tempo e a sucessão das estações do ano. Os incas, por sua vez, associavam as constelações a diferentes formas de animais, ao mesmo tempo que relacionavam a aparição dessas constelações com etapas da evolução de tais animais na terra.
Os babilônios e os antigos egípcios também usavam as constelações para avaliarem as condições do tempo atmosférico e para saber quando, por exemplo, uma estação chuvosa ou uma estação muito seca estava se aproximando. Tudo isso dependia da visibilidade das constelações em períodos do ano distintos. Aliás, foram os babilônios que primeiro traçaram a região conhecida como Zodíaco, com as suas constelações.
Pensando nos registros escritos acerca das constelações, temos como um dos destaques a obra Almagesto, de Cláudio Ptolomeu. Datado do século II da era atual, esse tratado definiu o nome e a localização de 48 constelações existentes. No entanto, é importante notar que Ptolomeu não foi o pioneiro nesse assunto. O astrônomo grego Eudoxo de Cnido é tido como um dos primeiros a catalogarem as constelações e a tratá-las como tais, no século IV a.C.
Além das constelações catalogadas por Ptolomeu, 40 outros conjuntos de estrelas foram identificados entre os séculos XVII e XVIII por astrônomos europeus. No ano de 1929, a União Astronômica Internacional (IAU) reconheceu a existência das 88 constelações hoje conhecidas.
Fontes
FILHO, Kepler de Oliveira; SARAIVA, Maria Fátima de Oliveira. Constelações. In: FILHO, Kepler de Oliveira; SARAIVA, Maria Fátima de Oliveira. Astronomia e Astrofísica. UFRGS: Departamento de Astronomia do Instituto de Física, [2022]. Disponível em: http://astro.if.ufrgs.br/const.htm.
IAU. The Constellations. International Astronomical Union (IAU), [s.d.]. Disponível em: https://www.iau.org/public/themes/constellations/.
NASA. What Are Constellations? NASA Science: Space Place, [2022]. Disponível em: https://spaceplace.nasa.gov/constellations/en/.
The Editors of Encyclopædia Britannica. Constellations (Astronomy). Encyclopædia Britannica, [2024]. Disponível em: https://www.britannica.com/science/constellation.