Fordismo

O fordismo é um modelo de produção industrial criado nos Estados Unidos pelo industrial Henry Ford. A linha de produção é um elemento característico desse sistema produtivo.
A linha de produção é um dos principais símbolos do sistema fordista. [1]

Fordismo é um modelo produtivo criado por Henry Ford nos Estados Unidos. O referido sistema foi desenhado para a indústria automobilística com o objetivo de aumentar a produtividade e, em contrapartida, diminuir os custos de produção. A partir dos benefícios apresentados pelo fordismo na fabricação de carros, o modelo foi adaptado para a utilização em outras atividades industriais, sendo extremamente praticado no território estadunidense.

A origem desse modelo produtivo está atrelada à superação de elementos típicos do modelo taylorista, e sua principal característica é a automatização dos processos industriais. Ele provocou profundas mudanças na estrutura produtiva da indústria internacional, mas entrou em declínio em razão de sucessivas crises de superprodução.

O modelo fordista apresenta diferenças consistentes dos sistemas de produção taylorista e também toyotista, como, por exemplo, a valorização da especialização do trabalhador e a verificação da qualidade produtiva no final do processo.

Leia também: A alienação do trabalhador na Era Industrial

Resumo sobre fordismo

  • O fordismo é um sistema produtivo criado pelo industrial Henry Ford, nos Estados Unidos, no início do século XX.

  • A origem do fordismo está atrelada à necessidade da indústria em aumentar a produtividade das unidades fabris.

  • São características do fordismo: linha de montagem automatizada, trabalho especializado e controle de qualidade no final do processo produtivo.

  • O aumento da produtividade e a diminuição dos custos de produção são dois dos principais objetivos do fordismo.

  • O fordismo provocou mudanças profundas na sociedade, sendo um marco importante para o desenvolvimento das atividades industriais ao longo do século XX.

  • O modelo de produção fordista entrou em declínio, entre outros motivos, pelo aumento expressivo dos estoques fabris resultantes da superprodução industrial.

  • O taylorismo apresenta algumas mudanças em relação ao fordismo, como o controle da qualidade da produção.

  • A principal diferença entre o fordismo e o toyotismo é a lógica de produção, já que no último há o emprego do chamado just in time.

Videoaula sobre o fordismo

O que é fordismo?

O fordismo é um modelo de produção industrial desenvolvido por Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, nos Estados Unidos. Esse sistema produtivo, implementado pioneiramente na indústria automobilística americana no início do século XX, tem como sua maior característica a automação dos processos industriais, e seu objetivo principal é o aumento da produtividade das unidades fabris atrelado à redução dos custos de produção. A instalação de linhas de montagem, por meio de esteiras rolantes mecanizadas, é um dos principais exemplos da implementação desse modelo de produção nas indústrias.

Origem do fordismo

A origem do fordismo remonta à Segunda Revolução Industrial, implementada a partir do final do século XIX nos países mais desenvolvidos do globo. O avanço da industrialização resultou na necessidade da criação de técnicas de produção que abrangessem uma qualidade produtiva atrelada à rapidez do processo de produção fabril. Portanto, foram desenhados modelos de produção industrial para a época.

O primeiro deles foi o taylorismo, criado por Frederick Taylor, que focava na realização do trabalho fabril diretamente relacionada ao tempo das máquinas industriais. O principal objetivo era estimular a produtividade e diminuir o desperdício de materiais durante o processo produtivo. O fordismo, que surgiu logo após o taylorismo, foi diretamente influenciado por esse modelo de produção industrial pioneiro.

O modelo fordista foi criado nos Estados Unidos por Henry Ford, no início do século XX, para as plantas industriais da fabricante de automóveis Ford. As técnicas empregadas pelo modelo de produção fordista foram adaptadas do modelo taylorista e tinham como objetivo o fomento da produtividade fabril. O modelo fordista resultou em uma produção de bens manufaturados ainda mais rápida e barata por meio da automatização dos processos industriais.

A aplicação do modelo fordista foi estabelecida na linha de produção das fábricas da Ford nos Estados Unidos, com destaque para as unidades fabris localizadas na cidade de Detroit (EUA), então centro da indústria automotiva mundial. Posteriormente, o mesmo modelo foi adaptado para linhas de produção de outros bens manufaturados. O referido sistema de produção serviu ainda como referência para a criação do modelo toyotista, concebido por Eiji Toyoda.

As unidades da Ford em Detroit (EUA) foram o berço da implementação do sistema fordista. [2]

Características do fordismo

A automatização dos processos industriais é a principal característica do modelo de produção fordista. Esse sistema foi baseado no modelo taylorista, porém apresenta inúmeras inovações no que toca às técnicas produtivas. Segue abaixo uma lista das principais características do modelo fordista de produção.

  • Linha de montagem automatizada: a criação da esteira rolante automatizada foi uma das principais inovações do modelo fordista. Nesse sistema, a esteira auxilia no transporte de matérias-primas ao longo da linha de produção, facilitando o trabalho das máquinas e dos operários. Ademais, o uso da esteira diminui o tempo de produção.

  • Especialização produtiva do trabalhador: o trabalho no sistema fordista era extremamente especializado, ou seja, o profissional fabril desempenhava uma única tarefa dentro do sistema de produção. A especialização do trabalhador tinha como objetivo aumentar a produtividade, por meio da concentração do trabalhador em uma atividade específica, que permitia o foco do profissional somente naquela etapa produtiva.

  • Controle de qualidade no final do processo produtivo: o controle de qualidade no fordismo corresponde à última etapa do processo produtivo. No final da linha de montagem, determinado profissional avaliava a qualidade da produção, na tentativa de verificar o nível de padronização dos produtos.

  • Padronização da produção industrial: a utilização de máquinas e equipamentos industriais possibilitou uma maior padronização da produção industrial. Ademais, o uso de máquinas diminuiu o volume de erros provenientes das atividades braçais e também reduziu o desperdício de matérias-primas. A padronização da produção foi fundamental para a diminuição dos custos de produção e também para a especialização do trabalhador.

  • Produtividade: fator-chave na lógica da produção fordista. O alcance de índices de produtividade satisfatórios está atrelado à redução dos custos produtivos, assim como o estrito controle do tempo da produção e das ações do trabalhador. Há um destaque também para a diminuição do desperdício de matérias-primas na linha de montagem.

  • Produção em massa: contribuiu diretamente para a maximização dos lucros, mediante o máximo controle da padronização da produção e da elevação da produtividade fabril. A produção em massa possibilitou o barateamento dos produtos e, consequentemente, o aumento do consumo das famílias. Porém, foi um dos fatores responsáveis pelo declínio do modelo fordista.

Leia também: Automação da produção industrial e a Terceira Revolução Industrial

As mudanças do fordismo

O modelo fordista de produção resultou em profundas mudanças no funcionamento das indústrias, assim como provocou alterações na estrutura econômica, trabalhista e social das sociedades. As transformações advindas do fordismo estão relacionadas aos empregos de técnicas mais modernas de produção, baseadas na automatização das linhas de montagem.

Ademais, esse modelo industrial resultou na importante diminuição dos custos de produção, o que possibilitou maiores retornos financeiros para os industriais. A sua implementação, portanto, foi um importante marco na mudança das estruturas da indústria global.

Na sociedade em geral, o fordismo alterou a lógica econômica, já que os ganhos de produtividade geraram uma maior capacidade das indústrias em comercializar seus produtos, inclusive por meio das exportações. Para além disso, houve um barateamento da produção industrial. Contudo, o trabalho no sistema fordista continuou extremamente excludente, baseado em movimentos especializados e repetitivos, sendo marcado inclusive pela exploração do trabalhador no processo produtivo. No mesmo sentido, esse modelo de produção não significou uma grande mudança na estrutura social das sociedades, ainda muito marcada pela disparidade de renda.

Declínio do fordismo

O fordismo alcançou um grande sucesso, em especial no início do século XX, em um contexto marcado pela ascensão dos modelos liberais da economia. Esse sistema produtivo contribuiu diretamente para o aumento da produção de bens manufaturados e diminuição dos preços dos produtos fabris.

Desse modo, gerou-se uma crise de superprodução, marcada pela grande quantidade de produto final estocado nas fábricas. O grande excedente de estoques foi determinante para a crise do fordismo, uma vez que o volume produzido pelas indústrias, em razão das inovações advindas desse modelo de produção, tornou-se muito superior à capacidade de compra da população.

Ademais, torna-se necessário destacar o contexto histórico do declínio do modelo fordista, cujo auge ocorreu no início do século XX, em um contexto de profundas mudanças econômicas e de grandes disputas geopolíticas, como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O pós-guerra foi marcado pela diminuição do comércio internacional, em especial das exportações dos Estados Unidos, principal centro do fordismo, para a Europa. Logo, houve um aumento ainda maior dos estoques nas unidades fabris estadunidenses. Tal cenário econômico resultou, entre outros fatores, na Crise de 1929, uma das maiores crises econômicas da história.

Leia também: Revolução Industrial — o surgimento da indústria e do capitalismo

Diferenças entre fordismo, taylorismo e toyotismo

Os modelos industriais do taylorismo, fordismo e toyotismo foram criados como uma resposta ao incremento da industrialização mundial, com vistas a estabelecer técnicas de produção fabril que resultassem em um maior produtividade atrelada à diminuição dos custos nas indústrias. O modelo taylorista, criado por Frederick Taylor, foi pioneiro nesse sentido, estabelecendo padrões de produção com base na alienação do trabalhador e no controle do tempo de produção.

Por sua vez, o modelo fordista, instituído por Henry Ford, estabeleceu a automatização das linhas de produção. A principal inovação desse modelo foi a criação da linha de montagem automatizada, centralizada na figura da esteira rolante, equipamento que distribuía a produção ao longo da instalação fabril. O estabelecimento de linhas de montagem é um dos principais símbolos da lógica fordista dentro das unidades industriais.

Ademais, o foco do fordismo está atrelado ao trabalho especializado, com o objetivo de aumentar a velocidade da produção. Logo, os trabalhadores desse modelo industrial exerciam uma atividade específica. Esse modelo produtivo prega ainda a diminuição dos custos atrelada à lógica da maximização dos resultados e dos lucros. O conceito de produtividade é um dos balizadores do sistema fordista.

Já o toyotismo, desenhado por Eiji Toyoda, surgiu como um modelo produtivo para atenuar a crise de superprodução estabelecida pelo sistema fordista. Sendo assim, estabeleceu-se como principal inovação a produção flexível, ou seja, atrelada às necessidades do mercado consumidor. Essa técnica, conhecida como just in time, resultou na diminuição dos estoques, tanto de matéria-prima quanto de produto acabado, uma vez que o objetivo final era a relação adequada entre a produção fabril e a demanda do mercado.

O toyotismo culminou ainda em uma maior valorização do trabalhador fabril, assim como no emprego de ferramentas de alta tecnologia nas linhas de montagem. Ademais, o conhecimento tornou-se um elemento importante no processo industrial, um contraponto ao trabalho alienado e repetitivo presente nos outros modelos. O aumento do emprego de novas tecnologias na lógica toyotista foi um dos elementos precursores da Terceira Revolução Industrial.

A tabela abaixo apresenta de maneira resumida as principais diferenças entre os modelos taylorista, fordista e toyotista, no que toca à lógica de produção, participação do trabalhador e controle de qualidade.

 

TAYLORISMO

FORDISMO

TOYOTISMO

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Controle de tempo

Linha de montagem

Just in time

MÃO DE OBRA

Trabalho alienado

Trabalho especializado

Trabalho flexibilizado

CONTROLE DE QUALIDADE

Fases finais da produção

Última fase da produção

Todas as etapas da produção

Exercícios resolvidos sobre fordismo

Questão 1

(Univesp 2017) Dentre os problemas físicos aos quais os trabalhadores estão expostos, alguns dos que mais chamam a atenção são as Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). Com o advento da Revolução Industrial, as novas funções exercidas pelos trabalhadores estavam em desacordo com as suas capacidades físicas. As inovações tecnológicas, por sua vez, agravaram esse quadro, principalmente com o surgimento de um modelo de produção denominado Fordismo. O Fordismo se caracteriza pela:

a) automação total do trabalho, deixando para os robôs as tarefas extenuantes e repetitivas.

b) adoção de horários flexíveis para os trabalhadores e ausência de estoque inicial.

c) valorização da criatividade dos operários e de sua saúde física e mental.

d) especialização do trabalhador, que ficou responsável pela realização de poucas e repetidas tarefas.

e) existência de células de trabalho, do uso do Kanban e de equipes responsáveis por todo o processo de produção.

Resolução: Alternativa D. O fordismo, em relação à atuação do operário, possui uma lógica de especialização produtiva, ou seja, o profissional torna-se um especialista no desenvolvimento de uma determinada ação na linha de montagem. Portanto, o sistema fordista se caracteriza pela especialização do trabalhador.

Questão 2

(Enem 2013) Um trabalhador em tempo flexível controla o local do trabalho, mas não adquire maior controle sobre o processo em si. A essa altura, vários estudos sugerem que a supervisão do trabalho é muitas vezes maior para os ausentes do escritório do que para os presentes. O trabalho é fisicamente descentralizado e o poder sobre o trabalhador, mais direto.

SENNETT, R. A corro sã o do caráter: conseqüências pessoais do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999 (adaptado).

Comparada a organização do trabalho característica do taylorismo e do fordismo, a concepção de tempo analisada no texto pressupõe que:

a) as tecnologias de informação sejam usadas para democratizar as relações laborais.

b) as estruturas burocráticas sejam transferidas da empresa para o espaço doméstico.

c) os procedimentos de terceirização sejam aprimoradas pela qualificação profissional.

d) as organizações sindicais sejam fortalecidas com a valorização da especialização funcional.

e) os mecanismos de controle sejam deslocados dos processos para os resultados do trabalho.

Resolução: Alternativa E. O taylorismo tem como característica o controle de qualidade ao longo das últimas etapas da produção. Já no fordismo, esse controle de qualidade é realizado no fim do processo produtivo, quando o produto já está acabado.

Créditos das imagens

[1] seyephoto / Shutterstock.com

[2] alisafarov / Shutterstock.com    

Publicado por Mateus Campos
Química
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