Toyotismo
Toyotismo é um modelo de produção industrial desenvolvido por Taiichi Ohno (1912-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013) e implementado pela primeira vez no Japão, na segunda metade do século XX. Ele surgiu como uma alternativa ao fordismo no país asiático, tendo como um de seus princípios o just-in-time. O toyotismo é caracterizado pela produção alinhada com a demanda, pela ausência de estoques, pela automação e pela flexibilização do trabalho.
Todos esses aspectos são positivos do ponto de vista da eficácia produtiva e da redução de gastos, havendo menos desperdício. Entretanto, o toyotismo é alvo de críticas por conta do desemprego estrutural ocasionado pela automação, por gerar menos postos de trabalho e, ainda, por ter criado maior dependência de importação de matérias-primas.
Leia também: O que é o fordismo?
Resumo sobre toyotismo
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Toyotismo é um modelo de produção industrial desenvolvido no Japão e implementado na montadora Toyota a partir da década de 1970.
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Baseia-se na ausência de estoques de matérias-primas e de mercadorias, no atendimento da demanda, na flexibilização do trabalho e na automação.
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Tem como um de seus princípios o just-in-time.
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Suas vantagens incluem o menor desperdício e a redução de gastos no processo produtivo.
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Dentre as desvantagens do toyotismo estão a menor criação de postos de trabalho, o desemprego e a necessidade de importar matérias-primas com frequência.
Videoaula sobre toyotismo
O que é toyotismo?
Toyotismo é um modelo de produção industrial desenvolvido no Japão, na década de 1970, e incorporado pela primeira vez no processo produtivo de uma fábrica da empresa automobilística Toyota, de onde vem o seu nome. Também conhecido como modelo de acumulação flexível, o toyotismo surgiu como alternativa aos modelos estadunidenses, como o fordismo, e representou uma revolução no sentido de adequar a produção à demanda, evitando a formação de estoques.
Origem e história do toyotismo
O modelo toyotista teve origem a partir da necessidade de adaptação de um modelo produtivo para a realidade das fábricas japonesas, já que o fordismo não era mais condizente com a conjuntura econômica e estrutural do país. Lembremos que o desenvolvimento do toyotismo aconteceu na segunda metade do século XX, em um período de pós-Segunda Guerra Mundial, quando o Japão estava se reestabelecendo economicamente e passava por um processo de crescimento econômico e intensificação da urbanização.
Atribui-se aos engenheiros Taiichi Ohno (1912-1990) e Eiji Toyoda (1913-2013) a criação desse modelo de produção industrial. Toyoda visitou fábricas da montadora Ford na cidade de Detroit, nos Estados Unidos, na década de 1950, e foi durante essas visitas que se deu conta da necessidade de se desenvolver um modelo de produção que fosse adequado à realidade japonesa, pois tratava-se de contextos econômicos, sociais e até mesmo territoriais completamente distintos. O fordismo, para o Japão, havia se esgotado.
Diferentemente dos Estados Unidos, o Japão é um país com área territorial limitada e população reduzida, o que representa um mercado consumidor menor e que exige uma diversidade de produtos menor do que em países mais populosos. Para além disso, a baixa disponibilidade de áreas produtivas e de reservas minerais faz com que o país asiático precise importar um volume considerável de matéria-prima, encarecendo a produção.
Frente a essa realidade, Toyoda propôs uma forma de produzir que fosse menos dependente dos grandes estoques e que atendesse prontamente a demanda por um determinado produto, tornando a produção eficaz e mais barata. Surgiu assim o Toyotismo. O modelo foi implementado inicialmente nas fábricas da montadora Toyota, no Japão, na década de 1970, e seus resultados positivos fizeram com que mais empresas ao redor do mundo o adotassem.
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Principais características do toyotismo
De forma contrária à dos modelos de produção que o precedem, o toyotismo promoveu mudanças significativas na produção industrial, desde as etapas que antecedem o processo fabril propriamente dito até a destinação da mercadoria aos seus consumidores. As principais características desse modelo de produção são:
- Ausência de estoques: não há a estocagem de matérias-primas nem de produtos acabados no toyotismo. Isso acontece porque a produção é feita no ritmo da demanda, seguindo o princípio que ficou conhecido como just-in-time, traduzido como “na hora”, ou “na hora certa”. Com isso, há maior eficácia produtiva e os custos com a cadeia produtiva são reduzidos.
- Flexibilização da produção: o sistema de produção flexível, que caracteriza o toyotismo, não se restringe apenas ao just-in-time. Na verdade, existem etapas do processo de produção que não são realizadas no interior de uma mesma fábrica, caracterizando, assim, a terceirização de determinadas fases e a difusão da cadeia produtiva para todo o espaço global. Tal aspecto foi facilitado com a modernização dos meios de informação e telecomunicação.
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Trabalho flexível: o trabalhador de uma fábrica que adota o toyotismo é treinado para atuar em todas as etapas produtivas, o que significa que ele pode operar em diversas frentes diferentes, conforme a demanda surgir no interior da unidade.
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Intensivo em tecnologia: as fábricas toyotistas fazem o uso de equipamentos de alto nível tecnológico, os quais contam com o manejo do trabalhador. Para atuar em tal posição, é necessário que o trabalhador seja altamente qualificado.
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Controle de qualidade constante: a inspeção da qualidade do produto é realizada em todas as etapas de produção, o que garante a entrega de uma mercadoria de boa procedência para os consumidores, atendendo prontamente à demanda que foi gerada por eles.
Quais são os princípios do toyotismo?
O toyotismo é baseado em três princípios básicos:
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Kanban: esse é um princípio e um método de trabalho dentro do toyotismo que utiliza de post-its para o controle de tarefas a serem feitas ou completadas no decorrer do processo de produção.
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Just-in-time: princípio de que, na produção, a aquisição de matéria-prima será feita na hora certa, seguindo o fluxo da demanda. Dito de outra forma, é a demanda quem gera a produção, e não o contrário.
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Automação: o toyotismo introduziu o uso de maquinários modernos no processo produtivo, ao mesmo tempo em que aliou esse aspecto com o trabalho humano. Por conta das propriedades dos maquinários, um trabalhador pode manusear mais de uma máquina ao mesmo tempo.
Inovações do toyotismo
Comparativamente a outros modelos de produção industrial, o toyotismo introduziu as seguintes inovações:
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automação e uso intensivo de tecnologia em mais de uma etapa da produção;
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pronto atendimento da demanda e ausência de estoques, sendo a produção feita por lotes;
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terceirização de etapas do processo produtivo, com a difusão das cadeias produtivas;
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realização do controle de qualidade em todas as etapas da produção.
Quais são as vantagens e desvantagens do toyotismo?
Vantagens do toyotismo |
Desvantagens do toyotismo |
Eliminação de desperdício de matérias-primas e insumos por atender à demanda conforme ela aparece. |
A ausência de estoques demanda a aquisição constante de matérias-primas e dos demais insumos a serem empregados na produção. |
Redução dos gastos com a produção devido ao sistema just-in-time e à terceirização. |
Ampliação do desemprego em função da automação das etapas de produção. |
Maior diversificação de produtos a serem consumidos por responder à demanda. |
Ampliação do emprego informal e queda de salários por conta da terceirização. |
Aumento da eficácia produtiva por conta da automação, além de contar com mão de obra qualificada. |
Diminuição da força de trabalho atuante no interior das fábricas, reduzindo postos de trabalho. |
Toyotismo x fordismo
Toyotismo |
Fordismo |
Não há formação de estoques em nenhum momento da produção. |
Há formação de estoques de matérias-primas, insumos e também de mercadorias. |
A produção é feita em lotes, seguindo a demanda criada pelos consumidores. |
A produção é feita em massa, sendo assim, a demanda é criada pela produção, e não pelos consumidores. |
O trabalho segue o ritmo da demanda. |
O trabalho segue o ritmo da linha de montagem. |
Os trabalhadores estão aptos a executarem diversas tarefas no interior da fábrica e apresentam alto nível de qualificação. |
Os trabalhadores são especializados e realizam uma única função no interior da fábrica. |
O controle de qualidade é realizado em todas as etapas produtivas. |
O controle de qualidade é realizado ao final do processo produtivo. |
Críticas ao toyotismo
O modelo toyotista apresentou muitas inovações produtivas e obteve resultados positivos na indústria, especialmente na automobilística. Apesar de ter sido inovador e alinhado com o meio técnico da época em que surgiu, o toyotismo não ficou isento de críticas. Pautado pela automação, esse modelo de produção foi criticado por não criar muitos postos de trabalho, além de substituir parte do trabalho braçal por aquele realizado por máquinas. Assim, o desemprego e a terceirização aumentaram.
A ausência dos estoques no toyotismo é igualmente um ponto de crítica nesse modelo de produção. Devido a esse princípio, as fábricas dependem de processos de importação que podem ser demorados e onerosos, com o pagamento de taxas e de impostos que acabam encarecendo a produção e, por conseguinte, os produtos finais que chegam à população.
Saiba mais: Volvismo — vantagens e desvantagens desse modelo de produção
Quais foram os impactos do toyotismo na economia?
O toyotismo resultou em muitos impactos positivos na economia, sendo o principal deles a gradual retomada da economia japonesa em um período de reestruturação do país. A implementação desse modelo foi benéfica, também, para a conscientização acerca do desperdício de insumos e de matérias-primas, além de ter dado maior autonomia ao consumidor no que diz respeito à imposição de seus gostos sobre a oferta do mercado.
As inspeções de qualidade e a certificação dos produtos também foram impactadas positivamente pelo toyotismo, modelo que, como vimos, preza pelo rígido controle de qualidade em todas as etapas da produção. Entretanto, as consequências negativas ocorrem na mesma proporção, como a terceirização do trabalho, a menor oferta de postos de trabalho e a necessidade de se ampliar gastos com a importação de insumos.
Fontes
CUNHA, T. H. L. da. O fordismo/taylorismo, o toyotismo e as implicações na terceirização. In: Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 15, n. 47, p. 183-210, jan./jun. 2016. Disponível em: http://escola.mpu.mp.br/publicacoes/boletim-cientifico/edicoes-do-boletim/boletim-cientifico-n-47-janeiro-junho-2016/o-fordismo-taylorismo-o-toyotismo-e-as-implicacoes-na-terceirizacao.
LUCCI, E. A. Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016, 3 ed., 289p.
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