Aposto e vocativo

Aposto e vocativo são termos de uma oração. O aposto é uma palavra ou expressão que exerce algum tipo de relação com o substantivo ou pronome de uma oração. Já o vocativo é um termo independente. Assim, o aposto está subordinado a outro termo da oração, enquanto o vocativo, não.

O aposto pode ser classificado em: explicativo, enumerativo, recapitulativo ou resumidor, comparativo, distributivo, circunstancial, de especificação, e da oração.

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O que é aposto?

O aposto é uma palavra ou expressão que exerce uma função junto ao substantivo, pronome ou oração. Essa função pode ser explicar, especificar, resumir, comentar ou indicar algo, mas, atenção, o aposto não pode ser formado por adjetivo, apenas por substantivo ou pronome substantivo (um pronome que exerce função de substantivo).

Para exemplificar, vamos analisar a seguinte oração:

1. Santos Dumont, o pai da aviação, foi um inventor genial.

A expressão “o pai da aviação” é um aposto que exerce a função de explicar quem foi Santos Dumont.

Vamos analisar agora uma segunda oração:

2. Santos Dumont, persistente e corajoso, foi um inventor genial.

Nessa oração, os adjetivos “persistente” e “corajoso” exercem a função de predicativo do sujeito, isto é, atribuir uma condição ou qualidade ao sujeito; no caso, Santos Dumont.

Assim, a oração 1 explica que o Santos Dumont a que ela se refere não é qualquer Santos Dumont, é o “pai da aviação”. Já a oração 2 aponta as características (qualidades) de Santos Dumont, um indivíduo persistente e corajoso.

O aposto exerce diferentes funções em relação a um substantivo, pronome ou oração. Enquanto o vocativo refere-se a um chamamento.

Tipos de aposto

Existem os seguintes tipos de aposto:

  • Aposto explicativo: explica ou identifica o termo ao qual se refere:

D. João VI, rei de Portugal, nasceu em 13 de maio de 1767.

O aposto “rei de Portugal”, nessa oração, explica ou identifica quem foi d. João VI.

  • Aposto enumerativo: enumera, desdobra, os elementos contidos em um só termo:

Elas só queriam isto: respeito, reconhecimento e dignidade.

Nessa oração, o aposto “respeito, reconhecimento e dignidade” enumera, desdobra, o que está contido no termo “isto”.

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  • Aposto recapitulativo ou resumidor: resume, com um só termo, uma série de elementos citados na oração:

Escritores, pintores e escultores, todos são artistas e representam a realidade.

O aposto “todos”, nessa oração, resume em si os três elementos citados.

  • Aposto comparativo: realiza uma comparação implícita, isto é, não direta:

Crianças, pássaros selvagens, nunca deixam de surpreender.

Nessa oração, “crianças” são comparadas, no aposto, a “pássaros selvagens”.

  • Aposto distributivo — distribui funções, objetos, ideias, qualificações etc. entre elementos da oração:

Pegue dois pães: um para você e o outro para o seu pai.

Com base no aposto “um para você e o outro para o seu pai”, observamos que, nessa oração, os dois pães são distribuídos entre o filho e o pai.

  • Aposto circunstancial — indica, além da qualidade de um ser, uma circunstância (tempo, lugar, causa etc.):

Em criança, a sua vida passava mais devagar.

Nessa oração, o aposto “Em criança” mostra uma circunstância (época) em que a vida passava mais devagar. Além disso, o termo “criança” também qualifica um ser.

  • Aposto de especificação — especifica, caracteriza, um termo genérico:

Minha irmã Carolina.

Nessa frase, o aposto “Carolina” especifica a qual irmã o enunciador refere-se.

Mas não confunda aposto de especificação com adjunto adnominal. Observe a seguinte frase:

A prosa de Machado de Assis é bastante irônica.

Nesse caso, “de Machado de Assis” não é um aposto de especificação, mas um adjunto adnominal. Isso fica claro quando você substitui “de Machado de Assis” por “machadiana”:

A prosa machadiana é bastante irônica.

Portanto, o adjunto adnominal “de Machado de Assis” qualifica o substantivo “prosa”.

  • Aposto da oração — comentário sobre o fato expresso na oração ou palavra que sintetiza a oração.

Antes da palestra, sentiu as pernas tremerem, indício de seu nervosismo.

Assim, o aposto “indício de seu nervosismo” é um comentário sobre o fato indicado na oração, ou seja, sentir as pernas tremerem antes da palestra.

Ou ainda:

Podia estudar à noite, o que não o impedia de trabalhar.

Nesse enunciado, o aposto “o” é uma palavra que sintetiza, resume, a oração “Podia estudar à noite”.

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Como separar o aposto?

O aposto, normalmente, é separado, por vírgulas, da palavra ou expressão a que se refere. Isso ocorre nos seguintes tipos: explicativo, comparativo, circunstancial, e da oração.

Em alguns casos, o aposto deve ser separado por vírgulas.
  • Aposto explicativo: A França, um país europeu, tem um cinema excepcional.

  • Aposto comparativo: Livros, pontes para o futuro, devem ser preservados.

  • Aposto circunstancial: Devido às fortes chuvas, o espetáculo foi cancelado.

  • Aposto da oração: Não se pode vencer todas, o que não quer dizer que vamos desistir.

O aposto enumerativo é separado, por dois-pontos, da palavra ou expressão a que se refere. Já os elementos do aposto devem ser separados entre si por vírgulas; às vezes, pela conjunção “e” entre os dois últimos termos:

Ela só via isto: bicicletas, carros e confusão.

Em relação ao aposto recapitulativo ou resumidor, ele deve ser separado, por vírgula, da série de elementos a que se refere. Já os elementos dessa série devem ser separados entre si por vírgulas; às vezes, pela conjunção “e” entre os dois últimos termos:

Os rios, os mares e as florestas, tudo isso precisa ser preservado.

O aposto distributivo pode ser separado, da palavra ou expressão a que se refere, por vírgula ou dois-pontos:

Compre três livros: um para Judith, um para Ricardo e outro para Estêvão.

Leve dois lápis, um para você e outro para a sua amiga.

Já o aposto de especificação não deve ser separado nem por vírgula nem por dois-pontos:

A atriz Sarah Bernhardt.

A rua 13 de Maio.

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O que é vocativo?

O vocativo é uma invocação, um chamamento, um apelo. Ele é um termo independente, pois não faz parte da estrutura da oração.

O vocativo é um chamamento, explicita o diálogo com uma ou mais pessoas.

Vejamos alguns exemplos:

Ó vida! Por que não tenho sorte?

Não pense, cara, que me esqueci daquele dia.

Lidiane, preciso que você me diga toda a verdade.

Diferença entre aposto e vocativo

O aposto mantém relação com um ou mais termos da oração, ou com toda a oração (no caso do aposto da oração). Portanto, ele é dependente desses termos ou oração:

Chiquinha Gonzaga, a primeira maestrina brasileira, morreu em 28 de fevereiro de 1935.

Note que o aposto “a primeira maestrina brasileira” não tem autonomia, ele depende do termo “Chiquinha Gonzaga” para fazer sentido.

Já o vocativo é um termo independente na oração:

Carolina, estudar é a coisa mais importante da vida.

Observe que o vocativo “Carolina” não se relaciona a nenhum termo da oração; é, portanto, independente. Além disso, se for excluído, a oração continua a fazer sentido: “Estudar é a coisa mais importante da vida”.

No entanto, às vezes, é a oração que depende do vocativo:

Tu, que sonhas com riquezas, busca encontrar o teu caminho.

Nesse caso, o vocativo “Tu” é independente na oração, pois refere-se à pessoa com quem se fala. No entanto, a oração “que sonhas com riquezas” está subordinada a “Tu”, devido ao uso do pronome relativo “que”, o qual se refere ao termo anterior, ou seja, “Tu”; é, portanto, dependente dele.

Exercícios resolvidos

Questão 01

Na oração “O mês de agosto será decisivo para os negócios”, é possível apontar o aposto:

a) explicativo

b) enumerativo

c) recapitulativo

d) de especificação

e) da oração

Resolução:

Alternativa “d”.

A expressão “de agosto” é um aposto que especifica o termo “mês”.

Questão 02

Na oração “José, um homem comum, decidiu fazer a diferença”, é possível apontar o aposto:

a) explicativo

b) enumerativo

c) recapitulativo

d) de especificação

e) da oração

Resolução:

Alternativa “a”.

A expressão “um homem comum” é um aposto que explica quem é “José”.

Questão 03

Assinale a alternativa em que se pode perceber a presença de um vocativo.

a) Ricardo, um doce amigo que sempre esteve ao meu lado.

b) Por que ouço, pássaros, seus pios de agouro?

c) Marisa, a companheira dos tempos difíceis que nunca desistiu de mim.

d) Castro Alves, o Poeta dos Escravos, é um escritor romântico.

e) Eu! Ele! Amália! Fizemos tudo ao nosso alcance.

Resolução:

Alternativa “b”.

A expressão “pássaros” é um vocativo; pois, no enunciado, os “pássaros” são os interlocutores do enunciador, isto é, alguém está conversando com eles.  

Publicado por Warley Souza
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