Anísio Teixeira
Anísio Teixeira foi um educador que trabalhou durante décadas na gestão pública da educação. Era defensor da escola pública, gratuita e laica como forma de dar oportunidade às pessoas, de combater as desigualdades e de promover a democracia no país. Sua morte aconteceu em março de 1971, em situações misteriosas, e existe a possibilidade de ele que possa ter sido vítima da ditadura.
Resumo sobre Anísio Teixeira
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Anísio Teixeira nasceu em julho de 1900 e cresceu em uma família de influência no interior da Bahia.
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Estudou em colégios educacionais, formou-se em Direito, e realizou mestrado nos Estados Unidos.
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Assumiu cargos na gestão pública em 1924.
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Atuou em importantes órgãos nacionais de educação e foi um dos idealizadores da UnB.
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Morreu em março de 1971, e existe a possibilidade de que tenha sido torturado por agentes da ditadura.
Origem de Anísio Teixeira
Anísio Spínola Teixeira, nasceu no dia 12 de julho de 1900, sendo originário de Caetité, cidade do interior da Bahia. Ele pertencia a uma família de influência na região, pois seu pai, Deocleciano Pires Teixeira, fazia parte do grupo que dominava a política da cidade e, além disso, era médico. Sua mãe chamava-se Anna Spínola Teixeira.
A boa condição financeira de sua família permitiu que Anísio Teixeira estudasse em bons colégios. Ele pôde estudar em dois colégios coordenados por jesuítas, o Instituto São Luiz Gonzaga, em Caitité, e o Colégio Antônio Vieira, em Salvador. Por fim, Anísio mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá formou-se em Direito, pela Faculdade de Direito, em 1922.
Atuação de Anísio Teixeira na educação
Em 1924, Anísio Teixeira ingressou na carreira pública e passou a trabalhar na educação, a área que fez dele um dos intelectuais mais respeitados do país. O início dessa trajetória se deu quando ele foi nomeado por Francisco Marques de Góes Calmon, governador da Bahia, para ser inspetor-geral de ensino.
Nessa função, Anísio Teixeira tornou-se responsável por toda a educação da Bahia e atuou de 1924 a 1928. Ele realizou algumas mudanças no sistema educacional do estado e fez viagens pela Europa, em 1925, e pelos Estados Unidos, em 1927, para estudar e conhecer os sistemas educacionais desses locais.
Em 1928 ele abandonou o cargo por discordâncias com as propostas educacionais do novo governador da Bahia, Vital Soares. Assim, ele deu início a uma segunda viagem aos Estados Unidos, e lá estudou na Columbia University, obtendo o título de Master of Arts. Uma grande influência no pensamento educacional de Anísio Teixeira foi do educador norte-americano John Dewey.
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Era Vargas
Anísio Teixeira retornou ao Brasil depois de concluir seus estudos nos Estados Unidos, e, em 1931, assumiu a diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, o órgão responsável por cuidar da educação do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Nesse órgão, Anísio começou a projetar-se nacionalmente como um dos grandes educadores do país.
No Rio de Janeiro, Anísio Teixeira promoveu reformas que abrangeram todo o ensino da cidade, passando pela educação primária, secundária e também pelo Ensino Superior. Também idealizou a fundação da Universidade do Distrito Federal, uma instituição municipal que entrou em funcionamento em 1935 e deixou de funcionar em 1939.
Enquanto esteve nessa função, Anísio Teixeira foi um dos educadores que assinaram um dos documentos mais importantes no desenvolvimento da educação brasileira: o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Esse documento foi emitido em 1932 e propôs a criação de um ensino público, gratuito e laico.
Anísio Teixeira tomou parte desse manifesto porque ele acreditava em uma educação que fomentasse a democracia e o desenvolvimento do aluno com pensamento crítico. Ele entendia que a educação não poderia ser um privilégio dos ricos, mas que deveria ser um direito de todos, independentemente de raça, classe social, credo, ideologia política etc.
Nessa mesma década, Anísio Teixeira envolveu-se com a Aliança Nacional Libertadora, um partido de esquerda que se colocou como referência nacional na luta contra o fascismo. Ele chegou a colaborar com publicações no jornal da ANL, e essa proximidade fez com que ele fosse politicamente perseguido.
Em 1935, ele foi demitido de seu cargo público no Rio de Janeiro acusado de participar da Intentona Comunista. Com o início do Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas, Anísio Teixeira afastou-se, provisoriamente, da gestão pública e da educação. Nesse intervalo, ele se dedicou a trabalhos privados.
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Quarta República
A partir de 1946, foi estabelecido em nosso país um período democrático que se estendeu até 1964, o ano do golpe militar. Nesse momento, Anísio Teixeira retornou à gestão pública, voltando a atuar com a educação brasileira. Entre 1946 e 1947, foi convidado por Julian Huxley para trabalhar como conselheiro da Unesco.
Ele foi convidado a atuar permanentemente na Unesco, mas preferiu retornar ao Brasil para trabalhar na Secretária de Educação da Bahia. Anísio Teixeira assumiu o cargo a convite do governador do estado Otávio Mangabeira. À frente dessa função, ele implantou programas que ganharam repercussão nacional.
A partir da década de 1950, Anísio Teixeira passou a trabalhar em órgãos que tinham relevância nacional. Ele assumiu posições importantes no interior da Capes, instituição responsável por pesquisas acadêmicas no país, e atuou também no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, o Inep. Ainda, ajudou a formular a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB.
Em 1961, ele participou da fundação da Universidade de Brasília (UnB) e foi reitor dessa universidade entre 1963 e 1964. Foi afastado da função com o golpe militar de 1964 e a chegada do autoritarismo no Brasil.
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Morte de Anísio Teixeira
Entre 1964 e 1966, Anísio Teixeira esteve exilado do país, residindo nos Estados Unidos. Lá ele atuou como professor em diferentes universidades, mas, em 1966, decidiu retornar, no período de maior violência da ditadura. Quando voltou do exílio, passou a trabalhar na FGV.
A vida de Anísio Teixeira foi encerrada misteriosamente em março de 1971. No dia 11, ele realizava uma palestra na FGV, e então partiu para almoçar com Aurélio Buarque de Holanda. O motivo do almoço era que Anísio Teixeira procuraria obter o voto do famoso lexicógrafo para que fosse aceito na Academia Brasileira de Letras.
Era uma quinta-feira, e o educador nunca apareceu para o almoço. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado no fosso do elevador do prédio em que Aurélio Buarque morava. Alegou-se, na época, que a causa da morte tinha sido um acidente.
Entretanto, investigações realizadas pela Comissão Nacional da Verdade colocaram essa explicação em xeque, uma vez que existem indícios de que Anísio Teixeira teria sido preso por agentes da ditadura e levado para a Aeronáutica. Existe a possibilidade de que ele tenha sido torturado e morto nos porões da ditadura e a causa de sua morte tenha sido forjada.
Apesar das suspeitas, a Comissão Nacional da Verdade não comprovou se de fato ele fora vítima da ditadura. Contudo, sabemos que ele era enxergado pelos militares como um subversivo. Oficialmente, o dia da morte de Anísio Teixeira é 11 de março de 1971.
Crédito da imagem
[1] FGV/CPDOC