Itamar Franco

Itamar Franco foi um político brasileiro muito conhecido por ter sido presidente do Brasil e um dos responsáveis por estabilizar a economia do país por meio do Plano Real. Itamar Franco construiu sua carreira política no período da Ditadura Militar, assumindo cargos no Executivo e no Legislativo.

Foi um dos nomes da nossa política que defendeu a redemocratização do Brasil na década de 1980. Atuou na defesa da campanha pelas eleições diretas e apoiou a candidatura de Tancredo Neves, quando as Diretas Já foram derrotadas. Atuou na Constituinte de 1987 e tornou-se presidente do Brasil depois que Fernando Collor de Mello sofreu impeachment.

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Primeiros anos

Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930, em alto-mar. No dia de seu nascimento, sua mãe, Itália Cautiero, fazia uma viagem de navio de Salvador para o Rio de Janeiro. O registro de seu nascimento foi realizado na capital baiana, no dia mencionado, porque o navio estava mais próximo de Salvador que do Rio de Janeiro.

Entretanto, sua certidão de batismo informa que ele nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 28 de junho de 1931 (os historiadores consideram 1930 o ano de nascimento dele). Sua mãe, como sabemos, chamava-se Itália Cautiero, e seu pai, Augusto César Stiebler Franco. O pai de Itamar era um engenheiro que faleceu meses antes do nascimento de seu filho.

Sabe-se que Itamar Franco realizou toda a sua formação educacional e profissional em Juiz de Fora, fazendo o ensino básico no Instituto Granbery e o ensino superior na Escola de Engenharia de Juiz de Fora. Ele obteve sua graduação em Engenharia, em 1954, e, no mesmo ano, procurou ingressar na política mineira.

Atuação na política

Em 1954, Itamar Franco concorreu ao cargo de vereador em Juiz de Fora pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), mas não obteve sucesso. Ele concorreu à vice-prefeitura de sua cidade, em 1960, também pelo PTB e fracassou novamente. A historiadora Marly Motta afirma que as dificuldades de Itamar para estabelecer-se na política mineira deve-se ao fato de que o cenário daquele estado estava muito polarizado pelo Partido Social Democrático (PSD) e pela União Democrática Nacional (UDN)|1|.

Foi durante a Ditadura Militar que a carreira política de Itamar Franco (2º da esquerda para a direita e usando óculos) deslanchou.[1]

Com o início da Ditadura Militar, Itamar Franco filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o partido da oposição. Em 1966, foi eleito prefeito de Juiz de Fora para o mandato 1967-1971, e depois foi eleito novamente para a prefeitura dessa cidade em 1972. No seu segundo mandato como prefeito, permaneceu no cargo de 1973 a 1974, abandonando o posto para concorrer ao Senado por Minas Gerais.

Na eleição para o Senado, Itamar Franco, ainda pelo MDB, concorreu contra José Augusto, candidato do partido dos militares, a Arena. Saiu vitorioso ao obter 53,31% dos votos válidos. Marly Motta afirma que a vitória de Itamar foi resultado da onda de oposição à ditadura que cresceu no Brasil a partir da década de 1970|2|.

Foi empossado no Senado em fevereiro de 1975 e atuou na defesa do retorno do Brasil à normalidade institucional, isto é, o retorno do país para um regime democrático. Trabalhou para a vitória de Euler Bentes Monteiro na eleição presidencial de 1978, mas viu o candidato de seu partido ser derrotado para João Figueiredo.

Com o processo de abertura e o retorno do pluripartidarismo, Itamar Franco filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1982, foi reeleito para o Senado, obtendo 48,07% dos votos válidos. A partir de 1983, foi um dos defensores mais árduos da Emenda Dante de Oliveira, a emenda constitucional que desejava reimplantar a eleição direta para presidente no Brasil e que ficou conhecida como Diretas Já.

A defesa de Itamar Franco à eleição direta criou alguns problemas de relacionamento dele com outros membros do partido, sobretudo Tancredo Neves, outro político mineiro que defendeu as Diretas Já, mas que sabia que suas chances de ser eleito presidente estavam depositadas na manutenção do sistema indireto. Itamar foi o último do PMDB a aderir à mobilização pela chapa de Tancredo Neves.

Os problemas de Itamar Franco com o PMDB atrapalharam os seus planos de concorrer ao governo de Minas Gerias. O partido preferiu lançar Newton Cardoso como candidato, forçando Itamar a abandoná-lo e filiar-se ao Partido Liberal (PL). Na eleição de 1986, Itamar foi derrotado por cerca de 300 mil votos.

A sua derrota é explicada pela evidência de que o PMDB gozou na eleição de 1986 por conta do sucesso do Plano Cruzado, implantado no governo de José Sarney, durante os seus primeiros meses de atuação. Naquela eleição, os brasileiros elegeram 23 governadores (os estados do Amapá, Roraima e Tocantins ainda não existiam), com o PMDB elegendo 22 governos (só não elegeram em Sergipe).

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  • Assembleia Constituinte

Uma vez derrotado na disputa estadual de Minas Gerais, Itamar Franco retornou a sua função de senador e foi um dos constituintes que trabalhou na elaboração da Constituição Cidadã. Ele apoiou medidas como:

  • Jornada semanal de 40 horas;

  • Legalização do aborto;

  • Nacionalização do subsolo;

  • Reforma agrária.

Ele se posicionou contra:

  • Pena de morte;

  • Sistema presidencialista;

  • Extensão do mandato de José Sarney.

Itamar na vice-presidência

Itamar Franco concorreu à vice-presidência pela chapa de Fernando Collor, sendo vitorioso.[2]

Foi no exercício das suas funções como senador que Itamar Franco recebeu o convite de Collor para fazer parte da sua chapa na disputa presidencial, como vice-presidente, em 1989. Para isso, Itamar precisou desligar-se do PL e filiar-se ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN).

A escolha de Itamar Franco foi estratégica: Collor queria amenizar as críticas daqueles que desconfiavam de sua plataforma extremamente liberal, já que Itamar era um político com características distintas, e queria angariar os votos de um dos estados mais importantes na disputa eleitoral: Minas Gerais.

Os historiadores falam que a relação entre Itamar Franco e Collor nunca foi das melhores, pois existiam grandes diferenças ideológicas entre os dois. Itamar chegou a ameaçar renunciar a seu posto de vice na campanha por duas vezes, mas acabou não o fazendo. O resultado foi que Collor e Itamar saíram vitoriosos quando a chapa deles recebeu 53% dos votos no segundo turno.

Na vice-presidência, Itamar não concordou com o plano econômico proposto pelo governo — o plano que confiscou o dinheiro das poupanças — e era contrário à privatização de algumas empresas, como a Usiminas. Os problemas de Itamar com a presidência fizeram com que ele rompesse definitivamente com o PRN.

Acesse também: Vice-presidentes que assumiram o governo do Brasil

Itamar na presidência

Em maio de 1992, fortes denúncias contra o governo Collor foram realizadas. Na época, o presidente foi acusado de estar envolvido com um esquema de arrecadação ilegal de dinheiro por meio de seu tesoureiro de campanha, PC Farias. Itamar procurou demonstrar-se publicamente como não envolvido nos esquemas que manchavam Collor.

Itamar Franco também informou estar pronto para assumir a presidência caso fosse necessário. Com isso, surgiu um grupo parlamentar que passou a defender o impeachment de Collor e a posse de Itamar como presidente. Entretanto, o vice-presidente causava alguma desconfiança por ser um político com características nacionalistas e estatizantes.

A partir de 2 de outubro de 1992, assumiu interinamente a presidência por conta do afastamento de Collor. Itamar Franco assumiu esse cargo oficialmente no dia 29 de dezembro de 1992, depois que foi confirmado o impeachment de Collor.

Itamar atuou como presidente até 1º de janeiro de 1995, quando passou o cargo para Fernando Henrique Cardoso (FHC). Itamar ficou marcado na presidência como aquele que conseguiu estabilizar a economia brasileira após mais de uma década de crise econômica e alta inflacionária.

Ele estruturou uma equipe de economistas liderados por FHC e deu liberdade para que eles realizassem um plano para recuperar a economia brasileira. Esse plano ficou conhecido como Plano Real e foi implantado em três fases, ao longo de 1993 e 1994. A estratégia teve tanto sucesso que, no final de 1994, a inflação mensal era de 1%.

Últimos anos

Após deixar a presidência, Itamar Franco trabalhou como embaixador do Brasil em Portugal. Em 1998, ele se candidatou ao governo de Minas Gerais, sendo eleito governador no segundo turno ao obter 57,62% dos votos. Nessa disputa ele se candidatou pelo PMDB e derrotou Eduardo Azeredo, do PSDB.

Itamar Franco decidiu não disputar a reeleição em 2002, fornecendo apoio a Aécio Neves, candidato pelo PSDB. Em 2006, ele tentou candidatar-se a senador pelo PMDB, mas o partido resolveu indicar Newton de Cardoso. Em 2010, ele se candidatou à disputa por uma vaga ao Senado pelo estado de Minas Gerais. Ficou em segundo lugar, sendo eleito com 26,74% dos votos.

Em 2011, Itamar assumiu o cargo, mas, após poucos meses de sua posse, veio a falecer. Nesse ano ele recebeu o diagnóstico de leucemia, e, no fim de junho, um quadro de pneumonia levou-o a ser internado. Em 2 de julho de 2011, Itamar Franco faleceu. Ele tinha 81 anos de idade. A vaga dele no Senado foi suprida pelo seu suplente, Zezé Perrella.

Notas

|1| MOTTA, Marly. A estabilização e a estabilidade: do Plano Real aos governos FHC (1993-2002). In.: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O Brasil republicano: o tempo da Nova República – da transição democrática à crise política de 2016. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. p. 221.

|2| Idem nota 1.

Créditos das imagens

[1] FGV/CPDOC

[2] Arquivo Senado Federal

Publicado por Daniel Neves Silva
Matemática do Zero
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