Nise da Silveira

Nise da Silveira foi uma psiquiatra brasileira reconhecida como a pioneira no uso dos tratamentos humanizados para os pacientes com transtornos mentais.
Nise da Silveira foi uma importante psiquiatra que introduziu tratamentos humanizados no Brasil.[1]

Nise da Silveira foi uma psiquiatra brasileira considerada a pioneira na utilização de tratamentos humanizados para pacientes com transtornos mentais. Ela colocava os seus pacientes em contato com expressões artísticas e animais domésticos durante o tratamento, e criticava os tratamentos violentos, como o eletrochoque.

Ela se especializou em psiquiatria na década de 1930 e também foi a pioneira na introdução dos estudos de Carl Gustav Jung no Brasil. Nessa mesma década, foi presa pelo governo de Getúlio Vargas por seu envolvimento com o comunismo e com organizações de esquerda, como o PCB.

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Biografia de Nise da Silveira

Nise de Magalhães da Silveira nasceu no dia 15 de fevereiro de 1905, em Maceió, capital de Alagoas. Ela era filha de Faustino Magalhães, professor de Matemática e jornalista, e de Maria Lídia da Silveira, pianista.

Nise da Silveira teve acesso a uma boa educação em sua cidade natal e conseguiu cursar o Ensino Superior, algo muito difícil para as mulheres na época. Ela ingressou no curso de Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia. Estudou nela entre 1921 e 1926, sendo a única mulher de uma turma de 157 pessoas.

Em 1927, Nise da Silveira mudou-se para o Rio de Janeiro para tentar impulsionar sua carreira de médica junto de seu marido, o sanitarista Mário Magalhães da Silveira. Não havia muito o que a segurasse em Maceió, já que seus pais já haviam falecido. No Rio de Janeiro, ela conseguiu se especializar em psiquiatria na Faculdade de Medicina do Distrito Federal.

Sua especialização aconteceu no mesmo período que ela estagiou na clínica de neurologia da faculdade. Com isso, sua carreira na psiquiatria se iniciou, e sua primeira experiência se deu após ser aprovada em um concurso público. Com essa aprovação, ela passou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospício Nacional de Alienados, na antiga capital do Brasil.

Nise da Silveira e o comunismo

A carreira médica de Nise da Silveira foi interrompida pelo clima político do Brasil e pelo avanço do autoritarismo varguista na década de 1930. Nos primeiros anos dessa década, Vargas estava construindo o aparato autoritário que seria implantado na ditadura do Estado Novo. Uma das formas desse autoritarismo foi a perseguição de comunistas e opositores.

Nise da Silveira era defensora dos ideais comunistas, além de consumir textos marxistas e de ter se engajado em ações partidárias do Partido Comunista Brasileiro, o PCB. Seu envolvimento com “o partidão” (como ficou conhecido o PCB) acabou sendo bastante limitado porque ela foi expulsa dele ao sofrer a acusação de ser trotskista (aqueles que seguiam as propostas de Leon Trotsky para o socialismo).

De toda forma, seu envolvimento com o PCB e seu engajamento com causas políticas de esquerda lhe trouxeram problemas. Ela passou a ser investigada pela polícia ao assinar um documento chamado Manifesto dos Trabalhadores Intelectuais ao Povo Brasileiro. Esse documento defendia a luta dos trabalhadores bem como a União Soviética como país capaz de resolver os problemas causados pelo capitalismo.

Esse clima de autoritarismo e repressão política resultou na prisão da médica em fevereiro de 1936, depois que ela foi denunciada por possuir livros e materiais de esquerda no seu trabalho. Nise ficou presa até agosto de 1937, e então escapou da prisão e se escondeu no interior da Bahia. Em 1938, ela foi absolvida das acusações.

Nise da Silveira e a psiquiatria

Nise da Silveira teve que interromper sua carreira na medicina psiquiátrica entre 1936 e 1944 e só retornou às atividades quando o clima de perseguição política do Estado Novo se enfraqueceu. Com isso, ela retornou ao Rio de Janeiro e passou a trabalhar em um centro psiquiátrico local, atualmente conhecido como Instituto Municipal Nise da Silveira.

A partir daí, a médica assegurou posição como uma das profissionais do campo psiquiátrico mais importantes da história de nosso país. Isso porque ela sempre foi contra os métodos tradicionais utilizados no tratamento dos pacientes com transtornos mentais, como a esquizofrenia.

Esses métodos eram bastante violentos e invasivos, sendo o eletrochoque um dos mais conhecidos e utilizados. Nise da Silveira propôs que eles deveriam ser substituídos por tratamentos mais humanizados. Assim, ela propôs que seus pacientes fossem tratados por contato com a arte e com animais domésticos.

Nise da Silveira passou a atendê-los em uma clínica fundada por ela, a Casa das Palmeiras. A psiquiatra também fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, em 1952. Nesse lugar, ela expunha os trabalhos artísticos produzidos por seus pacientes em tratamento.

Seu trabalho fez com que ela se transformasse em uma referência na psiquiatria no Brasil e em outros países. Ela foi pioneira em nosso país a defender a adoção dos tratamentos humanizados dos pacientes com transtornos mentais, e também foi quem nos trouxe os estudos de Carl Gustav Jung, um importante psiquiatra com quem ela teve contato direto na Europa.

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Morte e homenagens a Nise da Silveira

Nise da Silveira se aposentou em 1975, mas continuou realizando e divulgando estudos na área da psiquiatria. Ela faleceu em 30 de outubro de 1999, por causa de uma insuficiência respiratória, com 94 anos de idade. Nise da Silveira recebeu inúmeros prêmios e homenagens em vida, mas uma das homenagens mais significativas após sua morte acabou sendo vetada.

Isso porque a deputada Jandira Feghali propôs, em 2017, a inclusão de Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, mas foi vetada pelo presidente da república Jair Messias Bolsonaro.

Créditos da imagem:

[1] De Oliveira Franca e Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva
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