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Sistema ABO

O sistema ABO é uma classificação dos grupos sanguíneos, baseada na presença ou ausência de determinados antígenos e anticorpos na composição do sangue.
Ilustração de quatro frascos com os quatro tipos sanguíneos determinados pelo sistema ABO.
Existem quatro diferentes padrões sanguíneos: A, B, AB e O.

O sistema ABO é a principal estratégia de categorização do sangue humano. É uma classificação que se baseia na presença ou ausência de dois antígenos na superfície dos eritrócitos (glóbulos vermelhos), o antígeno A e o antígeno B. Além disso, também é considerada a presença de anticorpos no plasma para esses antígenos. Assim, há a determinação de quatro diferentes padrões sanguíneos: A, B, AB e O.

Essa determinação decorre de uma herança genética, que depende dos alelos distribuídos pelos progenitores. Por essas características, o sistema ABO apresenta grande relevância na medicina e é um conhecimento fundamental para garantir a segurança nas transfusões sanguíneas e o funcionamento adequado dos bancos de sangue.

Leia também: Por que é tão importante doar sangue?

Resumo sobre sistema ABO

  • O sistema ABO é um sistema que classifica o sangue em quatro tipos: A, B, AB e O, de acordo com os antígenos e anticorpos presentes nele.
  • Esse sistema foi descoberto pelo médico europeu Karl Landsteiner, no final do século XIX e início do século XX.
  • Sangues do tipo A apresentam o antígeno A e o anticorpo anti-B.
  • O tipo B apresenta antígeno B e anticorpo anti-A.
  • O tipo AB apresenta antígeno A e B e nenhum anticorpo.
  • O tipo O não apresenta antígenos e tem anticorpos anti-A e anti-B.
  • Quem tem sangue tipo AB é considerado receptor universal e quem tem sangue tipo O é doador universal.
  • Os tipos sanguíneos são determinados pelos alelos IA, IB e i.
  • O conhecimento da tipagem sanguínea é essencial para garantir a segurança em transfusões sanguíneas, prevenir riscos gestacionais, e auxilia na eficácia de outros procedimentos médicos.

O que é o sistema ABO?

O sistema ABO é o principal sistema de classificação sanguínea da espécie humana, que classifica o sangue em quatro diferentes tipos: A, B, AB e O. Cada tipo sanguíneo é determinado com base na presença ou ausência de dois tipos de antígenos localizados na superfície dos eritrócitos, o antígeno A e o antígeno B.

Além disso, para auxiliar nessa tipagem, também pode ser verificada a presença de anticorpos específicos no plasma. Esses anticorpos, quando estão presentes, combatem os antígenos que não estão presentes no eritrócito do indivíduo.

Essa descoberta foi realizada, em 1901, pelo médico Karl Landsteiner, e por esse feito ele recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia, revolucionando a medicina ao possibilitar transfusões sanguíneas mais seguras, pois, antes disso, a incompatibilidade sanguínea entre doadores e receptores acabava resultando em complicações muito graves ao sistema sanguíneo do receptor.

Somente após as descobertas de Landsteiner, foi possível compreender quais tipos de sangue são compatíveis entre si e quais não são.

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Como funciona o sistema ABO?

Esse sistema funciona baseado nos seguintes grupamentos de pessoas e de acordo com seus antígenos e anticorpos:

  • Pessoas do grupo A: possuem o antígeno tipo A nos eritrócitos e os anticorpos anti-B  no plasma.
  • Pessoas do grupo B: possuem o antígeno tipo B nos eritrócitos e os anticorpos anti-A no plasma.
  • Pessoas do grupo AB: possuem os antígenos A e os antígenos B nos eritrócitos e não possuem anticorpos contra esses antígenos no plasma.
  • Pessoas do grupo O: não possuem nenhum dos antígenos na superfície dos eritrócitos e apresentam anticorpos anti-A e anti-B no plasma.
Mão segurando pipetas de laboratório e amostras de sangue identificadas pelo sistema ABO.
Para identificar a tipagem sanguínea, é adicionado o anticorpo para o respectivo antígeno.

→ Quem doa para quem?

Com base nesse sistema de classificação e considerando a atividade dos anticorpos que combatem os antígenos A e B, existe um padrão específico de compatibilidade entre as pessoas de cada um dos grupos sanguíneos.

Por exemplo, uma pessoa do grupo A, por possuir o anticorpo anti-B, não pode receber uma transfusão sanguínea de uma pessoa do grupo B, visto que os anticorpos (anti-B) da pessoa receptora entrariam em um combate imunológico contra os antígenos (tipo B) do doador, causando uma aglutinação sanguínea que acarretaria danos e consequências graves para o receptor.

Ilustração de gotas de sangue de cada tipo sanguíneo e a compatibilidade entre eles.
Compatibilidade entre os grupos sanguíneos.

Portanto, seguindo essa lógica, temos o seguinte padrão de doadores e receptores sanguíneos:

  • Pessoas do grupo A:
    • podem doar para pessoas dos grupos A e AB;
    • podem receber das pessoas dos grupos A e O.
  • Pessoas do grupo B:
    • podem doar para pessoas dos grupos B e AB;
    • podem receber das pessoas dos grupos B e O.
  • Pessoas do grupo AB:
    • podem doar para pessoas do grupo AB;
    • podem receber das pessoas dos grupos A, B, AB e O (são consideradas receptoras universais).
  • Pessoas do grupo O:
    • podem doar para pessoas dos grupos A, B, AB e O;
    • podem receber das pessoas do grupo O (são consideradas doadoras universais).

Veja também: Qual a diferença entre antígenos e anticorpos?

Genética do sistema ABO

Frascos e amostras de sangue etiquetados com antígenos do sistema ABO.
O sistema ABO é marcado pela presença ou ausência de certas substâncias no sangue.

A herança genética do sistema ABO se dá com base no padrão hereditário mendeliano, controlado por um único gene que varia entre três diferentes alelos:

  • IA
  • IB
  • i

Esses alelos determinam a variação dos quatro diferentes fenótipos sanguíneos: A, B, AB e O. O alelo IA expressa o antígeno tipo A no sangue do indivíduo e o alelo IB expressa o antígeno tipo B.

Ambos são alelos codominantes, ou seja, na presença de apenas um dos dois, haverá a expressão de apenas um tipo de antígeno no sangue respectivo ao alelo presente, mas a presença dos dois alelos no genótipo do indivíduo resultará na dominância dos dois, possibilitando um fenótipo do tipo AB.

Já o alelo i, que não expressa nenhum tipo de antígeno no eritrócito, é recessivo para essa característica e corresponde ao fenótipo de tipo sanguíneo O, que só será expresso caso haja a dose dupla desse alelo no genótipo. Assim, podemos ter as seguintes combinações alélicas no genótipo do indivíduo:

Fenótipo

(tipo sanguíneo)

Variação do genótipo

(combinação de alelos)

A

IA IA      ou     IA i

B

IB IB      ou     IB i

AB

IA IB

O

i i

Dessa forma, sabe-se que pessoas com genótipo homozigoto dominante podem apresentar três diferentes fenótipos (A, B e AB) e que proles provenientes de um casal de genótipo homozigoto dominante não terão filhos com sangue tipo O, visto que só é possível herdar o sangue tipo O em caso de homozigose recessiva ou heterozigose (que carregue os alelos recessivos) dos pais.

Tabela dos grupos sanguíneos

Variações dos grupos sanguíneos

Tipo sanguíneo

Tipo de antígeno no sangue

Tipo de anticorpo no plasma

A

A

anti-B

B

B

anti-A

AB

A e B

ausência de anticorpos

O

ausência de antígenos

anti-A e anti-B

→ Videoaula sobre grupos sanguíneos

Tabela do sistema ABO

Compatibilidade sanguínea

Tipo sanguíneo

Doa para:

Recebe de:

A

A e AB

A e O

B

B e AB

B e O

AB

AB

receptor universal

O

doador universal

O

Importância do sistema ABO

Conhecer a tipagem correta do sangue possibilita a prevenção de diversos danos, muitas vezes fatais e que ocorriam regularmente antes desse sistema ser descoberto e estudado por Landsteiner, no início do século XX. Compreender esse modo de classificação do sangue humano é, de fato, crucial pelos seguintes motivos:

  • garante a qualidade em diversos procedimentos cirúrgicos;
  • previne riscos gestacionais para mulheres e fetos;
  • auxilia no entendimento de padrões de herança genética dos indivíduos; e
  • influencia na segurança e eficácia das transfusões sanguíneas.

Saiba mais: Genótipo e fenótipo — qual a diferença?

Exercício resolvidos sobre sistema ABO

Agora que você domina o sistema ABO, confira como esse assunto é cobrado em questões e venha exercitar seu aprendizado!

1. (Enem) Em um hospital havia cinco lotes de bolsas de sangue, rotulados com os códigos I, II, III, IV e V. Cada lote continha apenas um tipo sanguíneo não identificado. Uma funcionária do hospital resolveu fazer a identificação utilizando dois tipos de soro, anti-A e anti-B. Os resultados obtidos estão descritos no quadro.

Tabela com identificação de tipo sanguíneo feita pelo sistema ABO em uma questão de vestibular.

Quantos litros de sangue eram do grupo sanguíneo do tipo A?

  1. 15
  2. 25
  3. 30
  4. 33
  5. 55

Resposta correta: Letra B. Quando o sangue se aglutina com o soro é porque se trata de um sangue que contém o antígeno para aquele anticorpo. No caso do lote III, que também aglutinou com o anti-B, trata-se de um sangue do tipo AB. Dessa forma, apenas no lote II havia sangue tipo A.

2. (Enem - PPL) Antes de técnicas modernas de determinação de paternidade por exame de DNA, o sistema de determinação sanguínea ABO foi amplamente utilizado como ferramenta para excluir possíveis pais. Embora restrito à análise fenotípica, era possível concluir a exclusão de genótipos também. Considere que uma mulher teve um filho cuja paternidade estava sendo contestada. A análise do sangue revelou que ela era tipo sanguíneo AB e o filho, tipo sanguíneo B.

O genótipo do homem, pelo sistema ABO, que exclui a possibilidade de paternidade desse filho é

  1. IA IA.
  2. IA i.
  3. IB IB.
  4. IB i.
  5. ii.

Resposta correta: Letra A. Se o filho tem o tipo sanguíneo B, ele tem que ter herdado o alelo IB ou i do pai, logo, o único homem que não possui nenhum desses alelos é o da letra A (IA IA).

Fontes

ENCICLOPÉDIA DO PROJETO EMBRIÃO. Carlos Landsteiner (1868-1943). Disponível em: https://embryo.asu.edu/pages/karl-landsteiner-1868-1943

GRUPO KOVALENT. Imunohematologia: Sistema ABO monoclonal e a importância na saúde. Disponível em: https://grupokovalent.com.br/noticias/imunohematologia-sistema-abo-monoclonal-e-a-importancia-na-saude/

LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E ENSINO EM SAÚDE - UFG. Eritrócitos/Hemácias. Disponível em: https://laces.icb.ufg.br/p/20025-eritrocitos-hemacias

Publicado por Nyelle Cavalcanti dos Santos
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