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Organização para a Libertação da Palestina (OLP)

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é uma organização militar e política que foi criada na década de 1960 para centralizar a luta dos palestinos por seu Estado.
Palestinos segurando bandeira palestina.
A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), fundada em 1964, lidera a luta pela autodeterminação palestina.[1]

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é uma organização política e militar da Palestina que defende a formação de um Estado nacional para os palestinos. Essa organização surgiu em 1964 como esforço dos palestinos para centralizar a sua luta pela fundação do seu Estado.

Quando fundada, em 1964, a OLP defendia que o território integral da Palestina fosse parte do Estado da Palestina, rejeitando a divisão proposta pela ONU e a existência de Israel. Essa posição foi abrandada, assim a organização passou a defender a existência dos dois Estados, com a Palestina ocupando a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.

Leia também: Histórico dos conflitos entre Israel e Palestina

Resumo sobre a Organização para a Libertação da Palestina

  • A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é uma organização política e militar fundada em 1964.

  • Essa organização luta pelo direito de autodeterminação dos palestinos e pela formação de seu Estado nacional.

  • O principal líder dessa organização foi Yasser Arafat, que comandou a OLP de 1969 a 2004.

  • Inicialmente, a OLP opunha-se à existência de Israel e à divisão da Palestina proposta pela ONU. Atualmente adota a solução de dois Estados.

  • Atuou por meio de atentados e da guerra de guerrilha, mas abandonou a luta armada na década de 1980.

  • Atualmente, a sede da OLP se localiza em Ramala, na Cisjordânia.

O que é a OLP?

A Organização para a Libertação da Palestina é uma organização criada com o objetivo de liderar a luta dos palestinos pela formação de um Estado nacional. É essa organização que representa os interesses do povo palestino a nível internacional, sendo inclusive observador da Organização das Nações Unidas.

A OLP surgiu como forma de organizar politicamente as pautas palestinas na luta contra Israel na Palestina. Inicialmente, essa organização abraçou a luta armada como forma de alcançar o objetivo de criar um Estado palestino, mas a disposição da OLP de atuar na luta armada foi abandonada no começo da década de 1990.

Atualmente, a OLP atua apenas política e diplomaticamente na busca por garantir a existência de um Estado para os palestinos.

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Origem e história da OLP

A Organização para a Libertação da Palestina surgiu somente na década de 1960, originando-se da necessidade dos palestinos de se organizarem politicamente para lutarem pela sua autodeterminação. Isso porque a Questão Palestina e a luta contra Israel eram conduzidas por diversos outros povos árabes, principalmente os egípcios.

A necessidade de encabeçar a luta fez com que os palestinos se reunissem no Cairo em uma reunião da Liga Árabe e fundassem o Conselho Nacional Palestino, em 1964. O encontro palestino no conselho determinou a fundação da Organização para a Libertação da Palestina em 2 de junho de 1964.

O OLP passou a ser formado por uma série de grupos palestinos seculares, cada qual com sua linha ideológica. Politicamente, a OLP organizou-se com uma espécie de parlamento, o Conselho Nacional Palestino, possuindo também um segundo comitê, chamado de Conselho Central, e uma liderança conhecida como Governo Executivo.

Desde sua fundação, a OLP foi liderada pelas seguintes pessoas:

  • Ahmad Shukeiri (1964-67);

  • Yahya Hammuda (1967-69);

  • Yasser Arafat (1969-2004);

  • Mahmoud Abbas (2004-).

De todos os nomes, Yasser Arafat foi, sem dúvidas, uma das lideranças palestinas mais importantes desde que a Questão Palestina se iniciou. Yasser Arafat era um dos líderes do Fatah, organização secular que se estabeleceu como uma liderança palestina e que defendeu a luta armada contra Israel durante anos até mudar sua postura, passando a defender a negociação política e a diplomacia como meio de encerrar as diferenças entre israelenses e palestinos.

Yasser Arafat, líder da OLP entre 1969 e 2004, negociando os Acordos de Oslo na década de 1990.[2]
Yasser Arafat, líder da OLP entre 1969 e 2004, negociando os Acordos de Oslo na década de 1990.[2]

Nas primeiras décadas, a OLP assumiu a luta de guerrilha como forma de estabelecer uma resistência à presença do exército israelense nas terras palestinas. Muitas ações de guerrilha foram realizadas pela OLP, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, sendo entendidas como parte de uma guerra de liberação da Palestina.

Os diferentes grupos que compõem a OLP realizaram uma série de ataques, seja contra posições militares de Israel, seja contra civis. Muitos guerrilheiros da OLP se escondiam em território jordaniano, mas, após serem expulsos de lá, passaram a se abrigar no Líbano e, a partir de 1982, estabeleceram-se na Tunísia como consequência de uma guerra no Líbano.

A Primeira Intifada, protestos populares e espontâneos em que a população palestina se armava de paus e pedras contra as tropas israelenses, pegou o comando da OLP de surpresa, mas abriu caminho para que a proposta de Yasser Arafat pela negociação pacífica e pela solução de dois Estados ganhasse força.

O resultado disso foi que a OLP negociou com Israel os Acordos de Oslo, que estabeleciam meios para a paz e para a criação de um Estado palestino, mas que fracassaram. De toda maneira, desse acordo nasceu a Autoridade Palestina, que comanda os palestinos na Cisjordânia. A partir daí, o comando da OLP foi transferido para Ramala.

Leia também: Criação do Estado de Israel e os conflitos decorrentes desse fato

Objetivos da OLP

Como mencionado, a OLP foi fundada por meio do Conselho Nacional Palestino, que se reuniu em 1964. Na ocasião também foi anunciada a Carta Nacional da Palestina, um documento que estabelecia os objetivos da luta palestina. Esse documento defendia o direito do povo palestino por sua autodeterminação e também:

  • anunciava que o território palestino deveria integrar todas as terras do Mandato Britânico na região, sem divisão territorial;

  • reforçava o direito dos árabes palestinos a sua soberania e defendia a liberdade, o progresso e a união do povo árabe;

  • defendia a liberação da sua terra e afirmava que todos os filhos de árabes palestinos são palestinos, nascidos na Palestina ou não;

  • rejeitava a divisão do território proposta pela ONU em 1947;

  • acusava o sionismo de ser um movimento de agressão, expansionista e de ocupação colonialista, considerando-o um movimento ilegal;

  • afirmava que não haveria coexistência pacífica enquanto a ocupação e o colonialismo sionista existissem.

Sendo assim, pode-se concluir que o objetivo principal da OLP era a existência de um Estado nacional para os palestinos nos territórios que fizeram parte da Palestina nos tempos do Mandato Britânico na região. Portanto, quando foi fundada, a OLP não reconhecia a existência do Estado de Israel e nem apoiava a divisão do território da Palestina para que duas nações surgissem.

Com o passar do tempo, à medida que a situação palestina se agravou, a OLP abrandou seus objetivos, defendendo que a solução de dois Estados seria o caminho para encerrar o conflito entre palestinos e israelenses. Nesse sentido, a OLP exigia que o Estado da Palestina fosse estabelecido nos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

A postura da OLP foi provisoriamente alterada em 2018, quando o governo norte-americano reconheceu a cidade de Jerusalém como capital de Israel (internacionalmente, a capital de Israel é reconhecida como Tel Aviv). Essa medida acirrou os ânimos, fazendo com que o Comitê Executivo da OLP anunciasse que o reconhecimento do Estado de Israel seria revogado até que Israel reconhecesse internacionalmente a existência do Estado da Palestina.

Partidos que são membros da OLP

Bandeira do Fatah.
O Fatah é um dos grupos que integram a OLP.[3]

Como citado, a OLP é formada por diversos grupos, dos quais o Fatah é o maior e o que comanda essa organização. Os grupos que compõem a OLP são partidos políticos, movimentos populares e organizações políticas de menor expressão. Os grupos que formam a OLP são os seguintes:

  • Fatah;

  • Frente Popular para a Libertação da Palestina;

  • Frente Democrática para a Libertação da Palestina;

  • Partido do Povo Palestino;

  • Frente pela Libertação da Palestina;

  • Frente pela Libertação Árabe;

  • As-Sa’iqa;

  • União Democrática Palestina;

  • Frente da Luta Popular Palestina;

  • Frente Árabe Palestina.

Alguns desses grupos e partidos que compõem a OLP se alinham com as ideologias socialistas em suas diferentes vertentes.

Leia também: Afinal, o que é um Estado?

Fatah x Hamas

O Fatah é um dos partidos políticos mais importantes para os palestinos. Surgiu em 1959, sendo fundado por Yasser Arafat e, embora possua um braço armado, é considerado um dos grupos que procuram estabelecer a paz e defender a causa palestina por meio da política e da diplomacia.

É considerado um partido de orientação nacionalista, sendo classificado como um partido de centro-esquerda que defende propostas social-democratas, além de ser laico. O Fatah comanda a Cisjordânia, mas não comanda a Faixa de Gaza, território que é controlado pelo Hamas, organização terrorista que também atua politicamente nessa região, dominando-a.

O Hamas é entendido como o principal grupo palestino em oposição ao Fatah, sendo considerado uma organização terrorista pela comunidade internacional. O Hamas é nacionalista, como o Fatah, mas, diferentemente deste, não é laico, mas islamista, defendendo a aplicação sunita do islamismo. O Hamas governa a Faixa de Gaza de maneira autoritária, perseguindo, prendendo e torturando opositores.

O surgimento do Hamas se deu no contexto da Primeira Intifada e seu fortalecimento contou com o apoio do governo de Israel, como forma de dividir a resistência palestina e enfraquecer o Fatah com sua postura moderada. A intenção de Israel era fortalecer o Hamas para que, por meio dos ataques terroristas conduzidas por essa organização, a causa palestina fosse enfraquecida, estratégia que tem sido realizada com sucesso, uma vez que os atentados terroristas realizados pelo Hamas enfraquecem a causa palestina e ainda são explorados por Israel como justificativa para que ataques massivos sejam realizados contra a população palestina na Faixa de Gaza. Para saber mais sobre o Hamas, clique aqui.

Créditos da imagem:

[1] ChamaleonsEye / Shutterstock

[2] mark reinstein / Shutterstock

[3] iunewind / Shutterstock

Fontes

ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

CAMARGO, Cláudio. Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013.

YALE LAW SCHOOL. The Palestinian National Charter: Resolutions of the Palestine National Council July 1-17, 1968. Disponível em: https://avalon.law.yale.edu/20th_century/plocov.asp.

MAPPING PALESTINIAN POLITICS. Palestinian Central Council (PCC). Disponível em: https://ecfr.eu/special/mapping_palestinian_politics/central_council/

MAPPING PALESTINIAN POLITICS. Palestinian Authority (PA). Disponível em: https://ecfr.eu/special/mapping_palestinian_politics/palestinian_authority/.

PALESTINE AFFAIRS COUNCIL. The Palestinian Charter. Disponível em: https://www.pac-usa.org/the_palestinian_charter.htm.

KNELL, Yolande. 30 anos dos Acordos de Oslo: por que palestinos dizem que tratado de paz com Israel foi um erro. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz4g507l8lgo.

Publicado por Daniel Neves Silva

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