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Gabriel García Márquez

Gabriel García Márquez, também conhecido como Gabo, jornalista, romancista, contista e cineasta, foi um dos responsáveis pela popularização internacional da literatura latino-americana no século XX. Conciliando a escrita jornalística com a produção de obras de ficção, Gabo foi um autor engajado com a criação de uma literatura nacional e popular – o que lhe rendeu, entre outras premiações, o Prêmio Nobel.

Traduzido para mais de 30 idiomas, Gabriel García Márquez é o nome central do realismo fantástico na literatura ocidental.

Leia também: Graciliano Ramos – autor que inovou a produção de romances regionais

Biografia de Gabriel García Márquez

Gabriel José García Márquez nasceu em 06 de março de 1927, na pequena cidade de Aracataca, Colômbia. Durante os primeiros anos de sua vida, morou com os avós maternos, Tranquilina de Márquez e Coronel Nicolás Márquez, um veterano da Guerra dos Mil Dias (1899-1903). As histórias de Aracataca e de seus avós foram a principal matéria-prima de seu trabalho literário quando adulto.

Depois da morte de Nicolás, a família mudou-se para Barranquilla, cidade portuária, onde García Márquez ingressou no Liceu Nacional de Zipaquirá. Aos 17 anos, decidiu ser escritor, depois de ler a obra A metamorfose, de Franz Kafka, por reconhecer nela uma maneira de narrar que abria as possibilidades da literatura.

Em 1947, mudou-se para Bogotá, para estudar Direito e Ciência Política na Universidade Nacional da Colômbia, curso que nunca concluiu – começou a escrever e desinteressou-se dos estudos. É também de 1947 o conto “A terceira resignação”, sua primeira publicação, que circulou no jornal El Espectador.

Gabriel García Márquez é um importante nome da literatura latino-americana. [1]
Gabriel García Márquez é um importante nome da literatura latino-americana. [1]

Mudou-se para Cartagena, em 1948, quando iniciou a carreira de jornalista. Lançou seu primeiro romance em 1955 e pouco depois passou a morar na Europa, trabalhando como correspondente internacional. De volta à Colômbia, casou-se com Mercedes Barcha, com quem teve dois filhos.

Comprometido com os movimentos de esquerda, García Márquez acompanhou de perto a Revolução Cubana e tornou-se amigo de Fidel Castro. Colaborou para a fundação da Prensa Latina, agência de notícias de Cuba – o que lhe ocasionou uma perseguição da CIA ao trabalhar como correspondente internacional em Nova York, em 1962.

A carreira como correspondente internacional levou o escritor a morar em diversos países, como Espanha, França e México, além de Cuba. Mas foi na Cidade do México que o autor escreveu seu livro mais famoso, Cem anos de solidão, publicado pela primeira vez em 1967. Para escrevê-lo, contudo, Gabo pediu demissão de seus empregos, reuniu cerca de 5 mil dólares e entregou o dinheiro à esposa, Mercedes, que deveria administrá-lo durante seis meses, enquanto o autor dedicava-se unicamente à produção escrita.

Os seis meses tornaram-se catorze, e o dinheiro acabou. Venderam o carro, joias, utensílios domésticos. Quando o romance foi finalmente concluído, a família devia nove meses de aluguel, além do açougue, quitanda e padaria. Para enviar os originais a Buenos Aires, para a editora Sudamericana, precisaram vender ainda o secador de cabelos de Mercedes, um aquecedor elétrico e uma batedeira de bolo. A obra foi um sucesso internacional e abriu o caminho para um grande boom da literatura latino-americana ao redor do mundo.

Além de escritor, García Márquez era fascinado por cinema e foi um dos fundadores da Escola Internacional de Cinema de Havana, que dirigiu junto com Fernando Birri. Também escreveu roteiros e adaptações de suas obras para o cinema.

O escritor morreu na Cidade do México, no dia 17 de abril de 2014, vítima de um câncer contra o qual lutava desde 1999.

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Estilo literário de Gabriel García Márquez

Enquanto escritor de ficção, o estilo literário de Gabo sempre foi associado ao realismo fantástico, à criação de histórias que mesclavam a dita “realidade empírica” ao universo mítico ou onírico. Assim, pessoas que ressuscitam, ou que operam milagres, epidemias de sono ou de mudez e as mais diversas situações insólitas são incorporadas à narrativa como componentes do cotidiano das personagens.

Segundo Gabo, as histórias foram inspiradas na maneira de narrar de sua avó:

“Para ela, os mitos, as lendas, as crenças das pessoas faziam parte, de maneira muito natural, de sua vida cotidiana. Pensando nela, me dei conta, de pronto, que não estava inventando nada, simplesmente captando e fazendo referências a um mundo de presságios, de terapias, de premonições, de superstições, se assim você quiser chamar, que era muito nosso, muito latino-americano”.

Gabo era comprometido com a criação de uma literatura popular e nacional, ou ainda, com uma literatura que refletisse a vivência latino-americana. A proposta de um realismo fantástico ou maravilhoso envolve a incorporação dessa “realidade desmedida”, repleta de fatos extraordinários experienciada pelas culturas latino-americanas, em contraposição ao racionalismo europeu, que não admite como real aquilo que lhe foge à concepção estrita da explicação lógica.

Veja também: Guimarães Rosa – autor brasileiro que também utilizou traços da literatura fantástica

Estação de trem de Aracataca, na Colômbia, cidade onde nasceu García Márquez.[2]
Estação de trem de Aracataca, na Colômbia, cidade onde nasceu García Márquez.[2]

Principais obras de Gabriel García Márquez

  • A revoada (O enterro do diabo), 1955

  • Relato de um náufrago, 1955

  • Ninguém escreve ao coronel, 1961

  • Os funerais da mamãe grande, 1962

  • Má hora: veneno da madrugada, 1962

  • A incrível e triste história de Cândida Erêndida e sua avó desalmada, 1972

  • O outono do patriarca, 1975

  • Crônica de uma morte anunciada, 1981

  • Do amor e outros demônios, 1994

A grande obra de Gabriel García Márquez é, sem dúvida, Cem anos de solidão. Publicada pela primeira vez em 1967, vencedora do Nobel de Literatura em 1982, a obra já teve mais de 50 milhões de exemplares vendidos.

O romance passa-se na fictícia cidadezinha de Macondo e narra a trajetória de seus fundadores, a família Buendía, a partir de uma concepção circular do tempo, de um olhar para as impotências humanas diante da natureza, além do reflexo de uma América Latina atravessada por lutas de poder, guerras civis entre liberais e conservadores, exploração, repressão do exército etc.

O amor nos tempos do cólera

Publicado em 1985, o romance passa-se em uma pequena cidade portuária do Caribe, no final do século XIX. Narra a história de Florentino Ariza, telegrafista, violinista e poeta que se apaixona por Fermina Daza. Eles começam a trocar correspondências e, dois anos depois, mesmo sem nunca terem se conhecido pessoalmente, o rapaz pede a moça em casamento. Ela aceita, com a condição de que Florentino esperasse mais dois anos.

Quatro meses antes de casarem-se, no entanto, o pai de Fermina, Lorenzo, descobre os planos do casal e manda a filha para outra cidade, para impedir o matrimônio. Seguem-se mais dois anos de amor por cartas, até que os dois veem-se pela primeira vez, quando Fermina retorna à sua cidade natal. Mas Lorenzo tem outros planos para a filha, que também passa a acreditar que o amor por Florentino é uma ilusão e acaba por se casar com Juvenal. Florentino, no entanto, manteve o sentimento por Fermina, sem nunca conseguir esquecê-la – para ele, era seu destino amá-la; os dois reencontram-se 53 anos depois, no velório de Juvenal.

O narrador acompanha de perto os sentimentos de cada personagem, e a construção narrativa propõe ao leitor uma reflexão sobre o amor enquanto elemento do destino, que atravessa o tempo, que dura uma vida inteira sem fenecer.

O enredo foi inspirado na história de amor dos pais do autor: Gabriel Elígio García, também telegrafista, poeta e violinista, que se apaixonou por Luiza Márquez. O pai de Luiza, coronel Nicolás, queria impedir o casamento e mandou a filha para outra cidade durante um ano. Mas Gabriel montou uma rede de comunicação com seus amigos telegrafistas para que ele conseguisse entrar em contato com a moça, onde quer que ela estivesse.

Acesse também: Prosa – principal estrutura utilizada por García Márquez

Prêmios de Gabriel García Márquez

  • Prêmio ESSO pela novela Má hora: o veneno da madrugada (1961)

  • Doutor Honoris Causa da Universidade de Columbia, Nova York (1971)

  • Medalha da Legião Francesa, Paris (1981)

  • Condecoração Águila Azteca, México (1982)

  • Prêmio Nobel de Literatura (1982)

  • Prêmio 40 anos do Círculo Jornalístico, Bogotá (1985)

  • Doutor Honoris Causa da Universidade de Cádiz (1994)

Frases de Gabriel García Márquez

"A vida não é mais do que uma contínua sucessão de oportunidades para sobreviver"

"Ter fama é muito agradável, mas a única coisa ruim é que ela dura 24 horas por dia"

"Rico, não. Eu sou um homem pobre com dinheiro, o que não é a mesma coisa"

“Aprendi que um homem só tem direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se”

“Eu escrevo para as pessoas que queiram mais. Esta é uma das aspirações fundamentais do escritor”

“Quando não escrevo, morro. Quando escrevo, também”

“Tudo é questão de despertar sua alma”

“Não posso calcular a quantidade de dissidentes que ajudei, em silêncio, a emigrar de Cuba. Basta-me a tranquilidade de minha consciência”

“Como escritor me interessa o poder, porque ele resume toda a grandeza e miséria do ser humano”

Créditos das imagens

[1] F3rn4nd0, edited by Mangostar / Commons

[2]Daniel Mendez Moran / Commons

Publicado por Luiza Brandino

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