Corujas
As corujas são aves, em sua maioria, de hábito noturno, predadoras e que conseguem se deslocar por meio de um voo silencioso. Devido a uma série de mitos que as cercam, as corujas não são bem-vistas por grande parte das pessoas. Existem cerca de 212 espécies de corujas em todo o planeta, sendo observada a ocorrência de 22 espécies no Brasil. Todas as corujas pertencem à Ordem Strigiformes e estão divididas em duas famílias: Tytonidae e Strigidae.
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Características gerais das corujas
As corujas são aves que apresentam algumas características bem típicas, como olhos grandes voltados para a frente, bicos curvos e fortes, garras com unhas afiadas e encurvadas, e plumagem macia.
Algumas corujas são pequenas, pesando cerca de 60 gramas, enquanto outras podem pesar mais de 1 kg. Assim como existe uma grande variação de tamanho, existe uma grande variedade de coloração. De maneira geral, no entanto, elas apresentam penas cinzas, brancas ou marrons, sendo possível observar manchas e listras em algumas espécies.
As corujas são animais, em sua maioria, de hábitos noturnos. São aves predadoras e estão muito adaptadas à caça em ambientes onde a luminosidade é escassa. Apresentam uma visão muito acurada, e, apesar de enxergarem em locais com pouca luz, não são capazes de enxergar em situações de ausência total de iluminação. Esses animais não conseguem mover os olhos, porém são capazes de girar a cabeça em 270°, o que promove um aumento do seu campo de visão.
As corujas apresentam também uma audição bastante desenvolvida, sendo capazes de perceber pequenos sons a uma considerável distância, capacidade essa que as ajuda na captura de presas. Outro ponto que confere habilidade à caça desses animais é o seu voo silencioso. A presença de penas macias faz com que esses animais façam pouco barulho ao se deslocarem por meio do voo, o que faz com que eles se aproximem das presas sem serem percebidos.
Alimentação das corujas
As corujas são aves predadoras que se alimentam de diferentes animais. Como elas existem em diferentes partes do mundo, a dieta varia de acordo com a espécie e a região onde vivem. Como exemplos de animais que servem de alimento para corujas, podemos citar roedores, marsupiais, insetos, aves e morcegos. As corujas capturam e matam suas presas com o auxílio de suas garras fortes e bicos curvos e resistentes. As corujas tendem a não despedaçar suas presas, engolindo-as inteiras quando estas não são muito grandes.
Reprodução das corujas
O período reprodutivo das corujas varia de uma região para outra. Na estação reprodutiva, é possível perceber o canto dos machos com a finalidade de encontrar uma parceira. Em algumas espécies, o casal formado no período reprodutivo permanece junto por toda a vida, outras espécies, no entanto, trocam de parceiro a cada ano. Machos tentam conquistar suas parceiras oferecendo presas e também pelo território que ocupam.
As corujas são animais que não constroem ninhos e nidificam, por exemplo, em ninhos feitos por outros animais, em cavidades no solo ou em árvores, e em depressões no chão. As corujas botam de dois a três ovos, os quais são colocados em intervalos de poucos dias. O macho não os incuba, mas é responsável por alimentar a fêmea nesse período. Quando os filhotes nascem, inicialmente apenas a fêmea é responsável por cobri-los e alimentá-los. Posteriormente o macho também participa do cuidado deles. Durante a época reprodutiva, machos e fêmeas defendem ativamente seu ninho.
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Corujas brasileiras
Ocorrem 22 espécies de corujas no território brasileiro, estando distribuídas em todos os biomas de nosso país. Algumas espécies são endêmicas, o que significa que ocorrem apenas em determinada região. Diante disso, é fundamental investimento em políticas de preservação ambiental e de conservação dessas espécies tão únicas da nossa fauna.
Algumas espécies de corujas que ocorrem no Brasil são a coruja-buraqueira (Athene cunicularia), coruja-listrada (Strix hylophila), caburé-miudinho (Glaucidium minutissimum), corujinha-sapo (Megascops atricapilla), murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana), caburé-do-pernambuco (Glaucidium mooreorum), caburé-da-amazônia (Glaucidium hardyi), corujinha-de-roraima (Megascops guatemalae), corujinha-orelhuda (Megascops watsonii) e corujinha-relógio (Megascops usta).
A coruja-listrada, caburé-miudinho, corujinha-sapo, murucututu-de-barriga-amarela, caburé-do-pernambuco (atualmente é considerada como provavelmente extinta da natureza) são espécies endêmicas da Mata Atlântica. Já as espécies caburé-da-amazônia, corujinha-de-roraima, corujinha-orelhuda e corujinha-relógio são endêmicas da Floresta Amazônica.
Uma das espécies de coruja mais conhecidas no Brasil é a coruja-buraqueira, facilmente observada no ambiente urbano. Essa coruja diferencia-se da maioria das espécies por ser diurna. Bem como outras corujas, não constroem ninhos, e sua característica marcante é a nidificação em buracos no solo. Esses buracos, geralmente, são feitos por outros animais, como os tatus, e a coruja-buraqueira os amplia utilizando os pés.
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Simbolismo da coruja
As corujas são animais cercados de simbolismo. Enquanto algumas pessoas acreditam que elas estão relacionadas com conhecimento e sabedoria, outros classificam-nas como símbolo de azar, morte e bruxaria. A relação com mau agouro, azar e morte se deve ao fato, principalmente, de as corujas serem animais, em sua maioria, noturnos e com uma vocalização considerada sombria por muitos.
Na Grécia Antiga, a coruja era companheira da deusa Atena, e tornou-se símbolo de sabedoria e conhecimento. Algumas antigas tribos indígenas da América do Norte acreditavam que essas aves eram mensageiras de morte e doenças, enquanto outras as consideravam espíritos protetores. No Brasil, algumas tribos consideravam-nas sagradas. Algumas culturas acreditavam, ainda, que as corujas eram emissárias de bruxas. No Oriente Médio, elas são associadas à morte e destruição.