Festival de Parintins

O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular que acontece na cidade de Parintins, no Amazonas, sendo marcada pela competição entre os bois Garantido e Caprichoso.
As apresentações do Festival de Parintins são ricas em detalhes e têm duração de até 2h30.[1]

O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular celebrada anualmente na cidade de Parintins, no Amazonas. É uma das celebrações mais tradicionais do Brasil, sendo marcada pela competição travada entre os bois Garantido e Caprichoso. As apresentações fazem parte das danças de boi-bumbá.

O boi Garantido tem a cor vermelha, enquanto o boi Caprichoso tem a cor azul, e a rivalidade entre os dois lados é intensa. O festival foi criado na década de 1966, sendo um dos festivais mais significativos da cultura brasileira, inclusive sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural do Brasil.

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Resumo sobre o Festival de Paritins

  • O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular celebrada anualmente em Parintins, cidade do Amazonas.

  • A festa é realizada na última semana de junho e as apresentações acontecem no Bumbódromo.

  • No festival competem entre si o boi Garantido e o boi Caprichoso.

  • O festival foi criado em 1966 por jovens católicos, mas a dança de boi-bumbá é praticada em Parintins desde o começo do século XX.

  • O festival foi tombado em 2018 pelo Iphan como patrimônio cultural do Brasil.

O que é o Festival de Parintins?

O Festival Folclórico de Parintins é uma festa popular celebrada anualmente na cidade de Parintins, na divisa do Amazonas com o Pará. É uma festa folclórica que é marcada pelas apresentações de boi-bumbá e uma competição entre os bois Garantido (cor vermelha) e Caprichoso (cor azul). A festa é celebrada anualmente na última semana do mês de junho.

As apresentações dos bois Garantido e Caprichoso são realizadas no bumbódromo, uma arena que abriga cerca de 25 mil pessoas. A celebração do Festival de Parintins é uma manifestação da riqueza do folclore e cultura popular brasileira, incorporando elementos do folclore nacional e das culturas indígenas do Amazonas.

A arquibancada do bumbódromo é ocupada por metade da torcida do Garantido e metade da torcida do Caprichoso. As apresentações são ricas em detalhes da cultura brasileira e tem duração mínima de duas horas e duração máxima de duas horas e meia.

O evento é extremamente importante para a cultura da cidade de Parintins e ganha repercussão internacional devido à beleza de todo o festival. Aqui no Brasil, o evento já foi transmitido nacionalmente pela TV Cultura, mas nos últimos anos tem sido transmitido por uma emissora de Manaus chamada TV A Crítica.

A transmissão da emissora manauara é limitada e, em 2023, o evento foi transmitido para o estado do Amazonas, mas também para o Acre, Rondônia, Pará, Mato Grosso, Pernambuco, Minas Gerais e Distrito Federal. Ensaios técnicos e a passagem do som antes das apresentações também foram transmitidas pelo YouTube.

Atualmente, o Festival de Parintins é considerado um Patrimônio Cultural do Brasil, tendo isso sendo oficializado pelo Iphan em 2018.

Quais são os componentes do Festival de Parintins?

  • Música: A música é um elemento muito importante do Festival de Parintins, sendo chamada de toada. As toadas são tocadas durante toda a apresentação dos dois bois e todos os anos são apresentadas cercas de 30 toadas diferentes, e metade delas costuma ser inédita. A importância das toadas é tão grande que os bois produzem um álbum com as toadas que foram tocadas em um ano específico, lançando-o em serviços de streaming.

  • Ritual: A parte do ritual indígena é um dos principais momentos da apresentação dos bois Garantido e Caprichoso. Normalmente, o ritual é realizado nos momentos finais das apresentações dos dois bois e traz uma série de elementos da cultura indígena. O ritual indígena é apresentado pelo pajé e é considerado o momento mais importante da apresentação.

  • Auto do boi: É uma apresentação que retrata a origem do boi-bumbá. Nesse momento, conta-se a história em que Mãe Catirina, uma mulher negra e grávida, estava com desejo de comer língua de boi. Entretanto, ela não queria a língua de qualquer boi, mas, sim, do boi mais bonito da fazenda do patrão de seu marido. O marido, chamado Pai Francisco, mata o boi, o que enfurece o dono da fazenda. Este decide chamar um pajé indígena para realizar um ritual de ressuscitação do animal. O pajé faz uma série de danças e orações e consegue ressuscitar o animal.

  • Apresentador: O apresentador é aquele quem conduz a apresentação do boi, sendo muito importante que ele tenha boa dicção e canto para conseguir conduzir toda a apresentação. A atuação do apresentador é, inclusive, um dos critérios da avaliação.

  • Cunhã-poranga: A cunhã-poranga é uma dançarina indígena que participa da apresentação dos bois. O termo é do idioma tupi, sendo traduzido como “moça bonita”. A cunhã-poranga é uma mulher indígena guerreira e de grande beleza. Entende-se que a beleza é uma das maneiras de demonstração de força de uma mulher.

  • Sinhazinha da fazenda: Personagem da apresentação que representa o dono da fazenda do boi e, em geral, é entendida como uma representação da cultura europeia.

  • Porta-estandarte: Uma dançarina que carrega o símbolo do boi que representa. Entende-se que a porta-estandarte deve manter a sua desenvoltura na dança e garantir que o estandarte se mova de maneira adequada.

  • Levantador de toadas: O levantador de toadas é o cantor que interpreta todas as canções dos bois durante as apresentações. Deve ser um cantor técnico e afinado, pois sua interpretação é avaliada pelos jurados.

  • Amo do boi: É o cantor que faz e interpreta os versos que se entendem como um desafio ao boi contrário. No festival é representado como o dono da fazenda e pai da sinhazinha.

Leia também: Identidade cultural e sua importância para a preservação da história de um povo

Vencedores do Festival de Parintins

Desde que as apresentações entre os bois Garantido e Caprichoso se iniciaram, em 1966, estes foram os vencedores:

Ano

Campeão

Vice-campeão

1966

Garantido

Caprichoso

1967

Garantido

Caprichoso

1968

Garantido

Caprichoso

1969

Caprichoso

Garantido

1970

Garantido

Caprichoso

1971

Garantido

Caprichoso

1972

Caprichoso

Garantido

1973

Garantido

Caprichoso

1974

Caprichoso

Garantido

1975

Garantido

Caprichoso

1976

Caprichoso

Garantido

1977

Caprichoso

Garantido

1978

Garantido

Campineiro

1979

Caprichoso

Garantido

1980

Garantido

Caprichoso

1981

Garantido

Caprichoso

1982

Garantido

Campineiro

1983

Garantido

Caprichoso

1984

Garantido

Caprichoso

1985

Caprichoso

Garantido

1986

Garantido

Caprichoso

1987

Caprichoso

Garantido

1988

Garantido

Caprichoso

1989

Garantido

Caprichoso

1990

Caprichoso

Garantido

1991

Garantido

Caprichoso

1992

Caprichoso

Garantido

1993

Garantido

Caprichoso

1994

Caprichoso

Garantido

1995

Caprichoso

Garantido

1996

Caprichoso

Garantido

1997

Garantido

Caprichoso

1998

Caprichoso

Garantido

1999

Garantido

Caprichoso

2000

Empate

Empate

2001

Garantido

Caprichoso

2002

Garantido

Caprichoso

2003

Caprichoso

Garantido

2004

Garantido

Caprichoso

2005

Garantido

Caprichoso

2006

Garantido

Caprichoso

2007

Caprichoso

Garantido

2008

Caprichoso

Garantido

2009

Garantido

Caprichoso

2010

Caprichoso

Garantido

2011

Garantido

Caprichoso

2012

Caprichoso

Garantido

2013

Garantido

Caprichoso

2014

Garantido

Caprichoso

2015

Caprichoso

Garantido

2016

Garantido

Caprichoso

2017

Caprichoso

Garantido

2018

Caprichoso

Garantido

2019

Garantido

Caprichoso

2022

Caprichoso

Garantido

2023

Caprichoso

Garantido

O Festival de Parintins na cultura popular

O Festival de Parintins é uma das festas populares mais tradicionais do Brasil, sendo reconhecido internacionalmente como uma das festas mais bonitas de nossa cultura. A festa popularizou temas da cultura africana, europeia, mas, sobretudo, elementos da cultura indígena e nortista e, como já citado, é transmitida para diversos estados do Brasil, além do Amazonas.

As toadas cantadas no festival também são extremamente populares, sendo disponibilizadas em serviços de streaming para que os fãs possam ouvir as canções depois que o festival se encerrar. A festa mobiliza a cidade durante todo o ano.

Na época do festival, estima-se que a população da cidade dobre de tamanho, uma vez que gente de todas as partes do país vão a Parintins para acompanhar o festival. Tem sido registrada também uma presença cada vez maior de turistas estrangeiros na cidade. Além disso, a grandiosidade e popularidade do evento são tão grandes que é bastante comum que pessoas que tenham trabalhado na preparação das apresentações das duas escolas sejam chamadas para participar do Carnaval em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.

Boi Garantido x Boi Caprichoso

Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) são os bois que competem no Festival de Parintins.

Os dois protagonistas do Festival de Parintins são os dois bois-bumbá: Garantido e Caprichoso. Cada um deles possui uma cor específica: Caprichoso possui as cores azul e branco, e o Garantido, vermelho e branco. Além disso, o boi Caprichoso representa um touro negro, possui a estrela como símbolo e sua banda se chama Marujada de Guerra.

O boi Garantido é conhecido como o boi das massas, tendo o coração como símbolo e sua banda se chama Batucada. O boi Garantido é representado como um touro branco.

A rivalidade entre os dois bois divide a cidade de Parintins e é tão grande que os adeptos de um boi não falam o nome do outro, preferindo usar o termo “boi contrário”.

Origem e história do Festival de Parintins

A tradição dos boi-bumbá foi levada para a região de Parintins por trabalhadores maranhenses que migraram ao Amazonas durante o Ciclo da Borracha. Esses trabalhadores trouxeram consigo a tradição da dança do boi-bumbá, que se consolidou em Parintins no começo do século XX.

Os dois bois surgiram em Parintins no ano de 1913. Durante as festividades, os participantes ligados aos bois Garantido e Caprichoso competiam entre si na rua pela melhor apresentação. Essa rivalidade, a princípio, chegou a ter algumas manifestações de violência, envolvendo até a polícia local. Nesse momento, as celebrações ainda eram informais, sendo iniciadas em terreiros e levadas às ruas da cidade.

Na década de 1960, jovens da Juventude Alegre Católica decidiram se reunir para criar o Festival Folclórico de Parintins com o intuito de mobilizar os dois bois em uma competição para arrecadar recursos para construir uma catedral para Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade.

A criação oficial do festival aconteceu em 1966, com a primeira competição entre os dois bois acontecendo nesse ano. O ano anterior foi marcado por diversas apresentações de boi-bumbá, mas não houve a participação do Garantido e nem do Caprichoso. A partir de 1975, a organização do festival foi assumida pela prefeitura de Parintins, garantindo mais recursos à festa.

Festival de Parintins como patrimônio cultural

Atualmente, o Festival Folclórico de Parintins é considerado um Patrimônio Cultural do Brasil, tendo alcançado esse status em 8 de novembro de 2018. Esse status foi dado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O tombamento da festividade reforça sua importância para a cultura brasileira.

Curiosidades sobre o Festival de Parintins

  • Em 1982, o Caprichoso se recusou a participar do festival com a alegação de que havia recebido as verbas da prefeitura com muito atraso, inviabilizando sua participação. Com isso, o boi Campineiro foi competir contra o Garantido.

  • O Festival de Parintins não foi realizado nos anos de 2020 e 2021 por conta da pandemia de covid-19.

  • A rivalidade entre os dois bois é tão grande que grandes marcas que patrocinam o evento modificam suas embalagens para que elas sejam comercializadas em Parintins com as cores do Garantido e Caprichoso.

  • As sedes de cada boi são os locais de preparação e ensaios das apresentações, sendo conhecidos em Parintins como currais.

  • O bumbódromo foi construído com formato de cabeça de boi.

Quiz

Como os adeptos de um boi chamam o boi adversário no Festival de Parintins?

a) Amigo

b) Inimigo

c) Contrário

Resposta: Letra C

Créditos da imagem:

[1] T photography / Shutterstock

Fontes

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. O Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia da festa. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/nBC7VW39jNnV3vHB9gzbGnC/?lang=pt.

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. O ritual e a brincadeira: rivalidade e afeição no bumbá de Parintins, Amazonas. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mana/a/B6PkBXNhcqHQdxcGJQX668R/#.

IPHAN. Boi Bumbá do Amazonas agora é Patrimônio Cultural do Brasil. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4887.

PRADO, Ricardo. Festival de Parintins: descubra a história do festival. Disponível em: https://gazetadaamazonia.com.br/23/06/2023/historia-festival-de-parintins/.

CUNHA, Juliana. Parintins: tudo sobre o maior festival a céu aberto do mundo. Disponível em: https://vogue.globo.com/marcas-parceiras/noticia/2023/07/parintins-tudo-sobre-o-maior-festival-a-ceu-aberto-do-mundo.ghtml.

REVISTA FÓRUM. Entenda o Festival Folclórico de Parintins. Disponível em: https://revistaforum.com.br/cultura/2023/7/1/entenda-festival-folclorico-de-parintins-138709.html.

BOI CAPRICHOSO. Auto do Boi: representatividade numa poesia azul marcada por lutas. Disponível em: https://boicaprichoso.com/auto-do-boi-representatividade-numa-poesia-azul-marcada-por-lutas/.

Publicado por Daniel Neves Silva
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