Verbos abundantes

Verbos abundantes são aqueles que podem ter mais de uma forma de conjugação em alguns tempos e modos verbais. Isso ocorre principalmente na forma do particípio.
Os verbos anômalos apresentam mais de uma forma em determinadas conjugações.

Verbos abundantes são os verbos que podem ser conjugados em mais de uma forma. Eles tem um ou mais tempos verbais com duas ou mais formas possíveis. Esse fenômeno é mais recorrente na forma nominal do particípio, havendo um particípio regular e outro irregular.

Veja também: Verbos defectivos — os verbos que possuem conjugação incompleta

Resumo sobre verbos abundantes

  • Verbos abundantes são verbos que têm mais de uma forma aceita pela gramática em determinados tempos e modos verbais.

  • Apresentam uma conjugação regular, mais próxima do padrão de conjugação, e uma conjugação irregular, que se distancia desse padrão.

  • Esse fenômeno ocorre principalmente no particípio (ocasionando o particípio duplo).

  • Também pode ocorrer em casos específicos do presente do indicativo ou do imperativo afirmativo.

Videoaula sobre verbos abundantes

O que são verbos abundantes?

Os verbos abundantes são aqueles que, em sua conjugação, podem apresentar mais de uma forma aceita pela norma-padrão da língua portuguesa. São casos específicos que apresentam uma forma regular e outra irregular.

Como é a conjugação dos verbos abundantes?

Os verbos abundantes apresentam casos em que há duas conjugações possíveis: a conjugação regular, cuja forma tem a mesma estrutura padrão dos verbos regulares, e a conjugação irregular, cuja forma tem estrutura diferente daquela considerada a padrão. Veja os exemplos a seguir:

presente do indicativo

forma regular

forma irregular

nós havemos

nós hemos

A primeira pessoa do plural (“nós”) do verbo “haver”, no presente do indicativo, apresenta duas formas aceitas pela norma-padrão da gramática: a forma regular é “nós havemos”, que mantém o radical “hav”; a forma irregular é “nós hemos”, menos comum no Brasil.

imperativo afirmativo

forma regular

forma irregular

tu dize

tu diz

tu faze

tu faz

tu traze

tu traz

Os verbos “dizer”, “fazer” e “trazer” também são classificados como abundantes por apresentarem duas formas possíveis para a segunda pessoa do singular (“tu”) no imperativo afirmativo. A forma regular mantém o radical e a vogal temática, enquanto a forma irregular assume forma diferente, eliminando a vogal temática.

Particípio dos verbos abundantes

O particípio é uma das três formas nominais do verbo (infinitivo, gerúndio e particípio). É muito comum que verbos abundantes tenham um particípio duplo, isto é, um particípio regular e um particípio irregular. Entenda a diferença de cada um.

→ Particípio regular

O particípio regular é formado seguindo o padrão comum dos verbos regulares. Dessa forma, ele mantém o radical e a desinência (terminação) mais comuns do particípio nos outros verbos. Assim, o particípio regular dos verbos da primeira conjugação termina em -ado, enquanto os da segunda e terceira conjugações terminam em -ido.

radical + vogal temática + desinência

aceit a r: aceit a do

prend e r: prend i do

exprim i r: exprim i do

É mais comum que o particípio regular seja usado na voz ativa (quando o sujeito realiza a ação do verbo). O verbo no particípio é acompanhado de um verbo auxiliar (“ter” ou “haver”) e permanece invariável em gênero e em número.

Após terem aceitado as sugestões, eles seguiram com o projeto.

Ela havia prendido o cabelo de modo firme.

Tenho exprimido minhas queixas há muito tempo.

→ Particípio irregular

O particípio irregular, por sua vez, como o próprio nome já diz, não segue a forma padrão esperada para o particípio. É mais comum que seja usado na voz passiva (quando o sujeito sofre a ação do verbo). Costuma ter um verbo auxiliar (“ser”, “estar” e “ficar”) e varia em gênero e em número, ou seja, concorda com o sujeito, mudando sua forma para o masculino ou feminino e para o singular ou plural.

As sugestões foram aceitas para prosseguimento do projeto.

Os criminosos serão presos após o julgamento.

As condições ficaram expressas depois de muito debate.

Exemplos de verbos abundantes

Veja a seguir alguns exemplos de verbos abundantes com o particípio duplo, sendo um regular e outro irregular.

  • Verbos abundantes na primeira conjugação

Os verbos da primeira conjugação são aqueles terminados em -ar.

verbo

particípio regular

particípio irregular

aceitar

aceitado

aceito / aceite

entregar

entregado

entregue

expressar

expressado

expresso

ganhar

ganhado

ganho

gastar

gastado

gasto

limpar

limpado

limpo

matar

matado

morto

pagar

pagado

pago

Note que o verbo “aceitar” apresenta não apenas duas, mas três formas possíveis para o particípio: a forma irregular e duas irregulares, sendo que “aceite” é muito menos recorrente no português brasileiro atual.

  • Verbos abundantes da segunda conjugação

Os verbos da segunda conjugação são aqueles terminados em -er.

verbo

particípio regular

particípio irregular

acender

acendido

aceso

eleger

elegido

eleito

envolver

envolvido

envolto

prender

prendido

preso

  • Verbos abundantes da terceira conjugação

Os verbos da terceira conjugação são aqueles terminados em -ir.

verbo

particípio regular

particípio irregular

exprimir

exprimido

expresso

extinguir

extinguido

extinto

imprimir

imprimido

impresso

tingir

tingido

tinto

Saiba mais: Verbos pronominais — os verbos que são acompanhados por um pronome oblíquo átono

Exercícios resolvidos sobre verbos abundantes

Questão 1

(FGV) Quanto à flexão, os verbos podem ser regulares, irregulares, defectivos e abundantes. Assinale a alternativa que apresenta o verbo que deve ser considerado abundante.

A) Computar.

B) Estar.

C) Chover.

D) Haver.

E) Manter.

Resolução:

Alternativa D

O verbo “haver” é abundante por ter duas formas aceitas pela gramática para a primeira pessoa do plural no presente do indicativo: nós havemos/hemos.

Questão 2

(FGV — adaptado)

Ser autor

O processo de iniciação à escrita deve ser cercado de alguns cuidados. Talvez o principal seja o de estimular a criança a assumir a autoria dos seus primeiros textos. Uma fase prévia de reprodução é inevitável. Experiências pedagógicas mostram o entusiasmo da meninada, ao ver, no papel, seus primeiros desenhos gráficos a falarem de alguma coisa. Outras experiências já provam que tal entusiasmo vai arrefecendo a partir da terceira série. O que parece acontecer, pelo que andei lendo (as palavras são minhas), é que os alunos vão sendo freados em seus intentos comunicativos. Como? Por um lado, surgem os ditongos, os hiatos, os tritongos (e a semivogal!), listas de aumentativos e de diminutivos de menos ou nenhuma valia, de superlativos eruditos (amaríssimo, dulcíssimo, macérrimo, que tal?), enfim, muita memorização, para nada, de palavras isoladas, fora de um contexto, como costumam dizer os estudiosos da linguagem. Boas puxadas de orelha levei, porque, ao decorar certos verbos considerados irregulares, não tinha guardado a forma caibo! Um amigo me contou que, ao escrever uma carta, vacilou no plural de anão e apelou para esta inusitada expressão: “um anão e outro anão”! Por outro lado, nasce cedo para os estudantes a cultura do erro, que marca ainda o ensino e que impregna a nossa sociedade, sem que ela se dê conta do processo.

(Carlos Eduardo Falcão Uchoa)

O autor cita o verbo caber como vergo irregular; a gramática portuguesa mostra uma extensa classificação dos verbos. Entre as alternativas a seguir, aquela que exemplifica verbos inadequados à classificação é

A) verbos abundantes: haver e escrever

B) verbos anômalos: ir e ser

C) verbos defectivos: caber e doer

D) verbos auxiliares: ter e haver

Resolução:

Alternativa A

O verbo “escrever” não é um verbo abundante, é um verbo regular.

Publicado por Guilherme Viana
Filosofia
Dilema do prisioneiro
Saiba o que é o dilema do prisioneiro, um problema da Teoria dos Jogos que interessa as ciências sociais, economia, ciência política, sociologia e a biologia evolutiva.
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