Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski nasceu em 11 de novembro de 1821, em Moscou, na Rússia. Em 1843, ao formar-se na Academia de Engenharia Militar de São Petersburgo, decidiu-se pela carreira de escritor. Assim, em 1846, publicou seu primeiro livro — Gente pobre. No entanto, por defender a revolução socialista, foi condenado a quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria.

O escritor, que faleceu em 9 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo, foi um dos principais representantes do realismo russo e autor do romance Crime e castigo. Suas obras são marcadas pela análise psicológica e ausência de idealizações. Nelas são recorrentes as seguintes temáticas:

  • assassinato

  • suicídio

  • humilhação

  • liberdade

  • religião

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Biografia de Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski é um grande nome da literatura mundial.

Fiódor Dostoiévski nasceu em 11 de novembro de 1821, em Moscou, na Rússia. Era filho de um cirurgião militar aposentado, um homem bastante rígido, que, em 1828, recebeu um título de nobreza. Já sua mãe era uma mulher culta e gentil. Assim, até 1833, a educação do escritor foi feita em casa, depois passou a estudar numa escola regular e, depois, num internato.

Em 1837, o romancista ficou órfão de mãe. Seu pai morreu dois anos depois, quando o escritor estudava na Academia de Engenharia Militar de São Petersburgo, para seguir a carreira escolhida pelo pai.

Então, em 1843, após sua formatura, Dostoiévski decidiu abandonar a carreira militar para tornar-se escritor e viver da escrita. Já teve êxito em 1846, com a publicação de sua primeira obra — Gente pobre —, pois caiu nas graças do mais importante crítico literário de seu tempo: Vissarion Belinski (1811-1848).

Em 1847, passou a integrar o Círculo Petrashevski, formado por intelectuais socialistas. Dostoiévski era contra a servidão de classe, defendia a revolução e fazia propaganda do movimento, o que era ilegal. Por isso, foi preso em 23 de abril de 1849, e permaneceu na prisão por oito meses. Assim, em 22 de dezembro, ele e outros prisioneiros receberam a sentença de morte por fuzilamento.

Contudo, na última hora, o czar concedeu-lhes o perdão. Isso tudo era, na verdade, uma encenação, mais uma forma de punir os prisioneiros. Essa experiência com a morte acabou sendo forte influência na obra do escritor, que foi condenado a quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, além de cumprir uma pena como soldado. Dessa forma, voltou à Rússia 10 anos depois.

Após a traumática experiência, o escritor passou a valorizar a liberdade individual e entrou em conflito com os socialistas radicais. Sua relação com a Igreja Ortodoxa fortaleceu-se. Contudo, agora sofria com os ataques epilépticos, que surgiram durante a prisão. Mesmo assim, decidiu casar-se, em 1857, com a viúva Maria Dmitriévna Issáieva (1824-1864), que tinha tuberculose e morreu sete anos depois.

Entre 1861 e 1863, Fiódor Dostoiévski foi editor da revista Tempo (Vremya), e, de 1864 a 1865, da Época (Epokha). Em 1867 casou-se com a estenógrafa Anna Grigórievna (1846-1918), que lhe trouxe estabilidade para trabalhar. Em 1873 foi redator do jornal conservador O Cidadão (Grazhdanin), no qual escreveu para a coluna O Diário de um Escritor.

Assim, o escritor (que morreu em 9 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo), no final de sua vida, defendia a Igreja Ortodoxa e atacava a Igreja Católica Romana e o socialismo.

Características literárias de Fiódor Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski foi um representante do realismo russo. Assim, suas obras, além de características do estilo, apresentam também:

  • Objetividade

  • Ausência de idealizações

  • Crítica sociopolítica

  • Análise psicológica

  • Fluxo de consciência

  • Antissocialismo profético

  • Profundidade psicológica

  • Descritivismo

  • Tom conservador

  • Heróis contraditórios

→ Temáticas:

  • Assassinato

  • Suicídio

  • Humilhação

  • Autodestruição

  • Tirania

  • Loucura

  • Morte

  • Liberdade

  • Responsabilidade individual

  • Religião

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Obras de Fiódor Dostoiévski

→ Novelas e romances

  • Gente pobre (1846)

  • O duplo (1846)

  • A senhoria (1847)

  • Noites brancas (1848)

  • Netochka Nezvanova (1849)

  • O pequeno herói (1849)

  • O sonho do tio (1859)

  • Aldeia de Stiepantchikov e seus habitantes (1859)

  • Humilhados e ofendidos (1861)

  • Recordações da casa dos mortos (1862)

  • Notas do subterrâneo (1864)

  • Crime e castigo (1866)

  • O jogador (1867)

  • O idiota (1869)

  • O eterno marido (1870)

  • Os demônios (1872)

  • O adolescente (1875)

  • Uma criatura gentil (1876)

  • Os irmãos Karamazov (1881)

→ Contos

  • Senhor Prokhartchin (1846)

  • Romance em nove cartas (1847)

  • Coração fraco (1848)

  • O ladrão honrado (1848)

  • Uma árvore de Natal e um casamento (1848)

  • A mulher de outro e o marido debaixo da cama (1848)

  • Uma história desagradável (1862)

  • O crocodilo (1865)

  • Bobók (1873)

  • O mujique Marei (1876)

  • O sonho de um homem ridículo (1877)

Crime e castigo

Crime e castigo é a obra mais famosa de Dostoiévski. Nesse livro, Raskólnikov é um jovem intelectual que decide matar a agiota Aliena Ivánovna. Ao refletir sobre as motivações de seu crime, ele julga que a morte da mulher pode ajudar a outras pessoas. No entanto, o personagem busca mesmo é atingir um estado amoral.

Dessa forma, ele conclui que o crime não existe, pois é apenas um conceito moral. No mais, a velha agiota é uma figura opressora e, por isso, é merecedora da morte. Assim, em suas reflexões, Raskólnikov chega à conclusão de que o mundo é formado por pessoas extraordinárias e pessoas comuns. As comuns apenas têm a função de procriar, mas as extraordinárias fazem a diferença e, por isso, estão acima do bem e do mal:

“[...] os indivíduos, por lei da natureza, dividem-se geralmente em duas categorias: uma inferior (a dos ordinários), isto é, por assim dizer, o material que serve unicamente para criar seus semelhantes; e propriamente os indivíduos, ou seja, os dotados de dom ou talento para dizer em seu meio a palavra nova. [...]: em linhas gerais, formam a primeira categoria, ou seja, o material, as pessoas conservadoras por natureza, corretas, que vivem na obediência e gostam de ser obedientes. [...]. Formam a segunda categoria todos os que infringem a lei, os destruidores ou inclinados a isso, a julgar por suas capacidades. Os crimes desses indivíduos, naturalmente, são relativos e muito diversos; em sua maioria eles exigem, em declarações bastante variadas, a destruição do presente em nome de algo melhor.”|1|

Raskólnikov, então, comete o assassinato, não só da agiota, mas também de Lisavieta, irmã da velha. A partir daí, entra em cena o juiz de instrução Porfiri Pietróvitch, que tem a certeza de que Raskólnikov é um assassino, mas não possui provas. Ele tenta, de todas as maneiras, fazê-lo confessar. Isso só ocorre quando Sônia Marmieládov, que se prostitui para ajudar sua família, convence Raskólnikov a confessar seu crime. Assim, mandado para a Sibéria, ele encontra o arrependimento.

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Influência de Fiódor Dostoiévski

O escritor Fiódor Dostoiévski foi uma influência importante para vários intelectuais e artistas:

→  Na literatura

  • James Joyce (1882-1941)

  • André Gide (1869-1951)

  • William Faulkner (1897-1962)

→ Na filosofia e política

  • Jean-Paul Sartre (1905-1980)

  • Albert Camus (1913-1960)

  • Friedrich Nietzsche (1844-1900)

→ Na psicanálise

Frases de Fiódor Dostoiévski

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Fiódor Dostoiévski, retiradas de seu livro Diário de um escritor (1873), tradução de Daniela Mountian:

“Estou convencido de que em outras nações, na grande maioria, apenas os canalhas mentem.”

“Uma reciprocidade delicada na mentira é praticamente o requisito básico da sociedade russa.”

“Na Rússia, a verdade quase sempre é dotada de um caráter inteiramente fantástico.”

“Penso que o desejo espiritual do povo russo mais importante, mais fundamental, é o desejo de sofrimento.”

“O povo russo, mesmo na felicidade, possui infalivelmente um lado sofredor, senão, sua felicidade não estaria completa.”

“Os alemães são fundamentalmente um povo orgulhoso e cheio de si.”

“O mais inteligente, a meu ver, é aquele que ao menos uma vez por mês se chama de imbecil.”

“A coisa ficou tão confusa que não se pode mais distinguir o imbecil do inteligente.”

Nota

|1| Tradução de Paulo Bezerra. 

Publicado por Warley Souza
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