Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida foi uma escritora brasileira. Suas obras apresentam características realistas e naturalistas. Seu romance “A falência” defende a autonomia feminina.
Júlia Lopes de Almeida foi autora que imprimiu traços realistas e naturalistas em suas obras.

Júlia Lopes de Almeida nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Era ainda criança quando sua família se mudou para Campinas, onde a autora escreveu seus primeiros textos. Mais tarde, foi morar em Portugal, onde se casou com o poeta Filinto de Almeida (1857-1945).

A romancista, que faleceu em 30 de maio de 1934, no Rio de Janeiro, escreveu romances com traços realistas e naturalistas, como A falência, sua obra mais conhecida. Assim, foi uma bem-sucedida escritora, que defendeu a educação para as mulheres, o divórcio e o voto feminino.

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Resumo sobre Júlia Lopes de Almeida

  • Júlia Lopes de Almeida nasceu em 1862 e faleceu em 1934, no Rio de Janeiro.

  • A autora defendia a educação para as mulheres, o divórcio e o voto feminino.

  • Única mulher que participou da idealização da Academia Brasileira de Letras.

  • Suas obras possuem traços tanto do realismo quanto do naturalismo.

  • Seu livro mais famoso é A falência, publicado em 1901.

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Biografia de Júlia Lopes de Almeida

Júlia Lopes de Almeida nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Era criança quando sua família fixou residência em Campinas. Nessa cidade, quando tinha 19 anos, a autora publicou seu primeiro texto, no jornal A Gazeta de Campinas, por incentivo do pai, que descobrira que a filha escrevia às escondidas.

Mais tarde, em 1884, começou a escrever para o periódico O País. Dois anos depois, foi viver em Portugal, onde publicou, em 1887, o seu primeiro livro, Contos infantis, em coautoria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira (1850-1923). Nesse país, ela se casou com o escritor português Filinto de Almeida.

Em 1888, de volta ao Brasil, publicou, em forma de folhetim, na Tribuna Liberal, seu primeiro romanceMemórias de Marta. Além disso, escrevia para diversos periódicos. Seus textos faziam reflexões, principalmente, acerca da condição da mulher na sociedade da época.

A romancista é considerada, por alguns estudiosos, como uma feminista, pois defendia a educação para as mulheres, o divórcio e o direito ao voto, além de refletir sobre o lugar da mulher no campo artístico. Assim, no início do século XX, a escritora experimentou a fama devido a seus textos e suas palestras.

De 1913 a 1918, Júlia e seu marido moraram, novamente, em Portugal. De volta ao Brasil, a escritora foi uma das fundadoras da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher. Já em 1925, foi para a França, onde residiu até 1931. Faleceu em 30 de maio de 1934, no Rio de Janeiro. Foi esquecida pela crítica especializada, sendo redescoberta só a partir dos anos 1980.

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Academia Brasileira de Letras

Júlia Lopes de Almeida foi a única mulher que participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, inaugurada em 1897. No entanto, a escritora não ocupou nenhuma cadeira na instituição, já que muitos de seus colegas foram contra a presença de mulheres nas sessões da ABL.

Como a Academia Brasileira seguia o modelo da Académie Française, que não permitia a participação de mulheres, os opositores acharam uma justificativa para a decisão. Contudo, o marido de Júlia, o escritor Filinto de Almeida, ocupou a cadeira 3. Desse modo, somente em 1977, a ABL aceitou uma escritora entre os “imortais”, abertura dada à romancista Rachel de Queiroz (1910-2003).

Características da obra de Júlia Lopes de Almeida

As obras da autora apresentam traços do realismo e do naturalismo. Por isso, são antirromânticas e, portanto, não recorrem a idealizações. A linguagem objetiva privilegia a razão e não o sentimentalismo. Assim, a narrativa está a serviço da crítica social. Desse modo, concentra-se no momento presente e, às vezes, recorre ao determinismo para explicar as ações de algum personagem.

Obras de Júlia Lopes de Almeida

  • Traços e iluminuras (1887)

  • A família Medeiros (1892)

  • A viúva Simões (1897)

  • Memórias de Marta (1899)

  • A falência (1901)

  • Ânsia eterna (1903)

  • A intrusa (1908)

  • A herança (1909)

  • Cruel amor (1911)

  • A Silveirinha (1913)

  • Correio da roça (1913)

  • Era uma vez… (1917)

  • A isca (1922)

  • Pássaro tonto (1934)

  • O funil do diabo (1934)

A falência

Capa do livro “A falência”, de Júlia Lopes de Almeida, publicado pelo Grupo Editorial Edipro.[1]

O romance A falência conta a história de Camila, uma mulher pertencente à elite burguesa de final do século XIX. Ela é casada com Francisco Teodoro, um rico comerciante de café, e é amante de Gervásio, o médico da família. São filhos da protagonista: Mário, Lia, Raquel e Ruth.

Na casa de Camila e Teodoro, moram também Nina — a filha bastarda de Joca, irmão de Camila — e Noca, uma agregada, “mulata antiga na família”. A jovem Nina é apaixonada pelo primo Mário, que é a amante de Luiza. O pai do rapaz não está satisfeito com as atitudes do filho, que, com 19 anos, não trabalha e gasta o dinheiro de Teodoro com a amante.

O narrador mostra detalhes da vida burguesa e apresenta personagens como Meireles e sua filha, Paquita, que acaba escolhendo Mário para ser o seu marido. No entanto, após o casamento do filho, Francisco Teodoro vai à falência e comete suicídio. Pobres, as mulheres da família precisam lutar pela sobrevivência.

Uma possível solução é o casamento entre Camila e o doutor Gervásio, porém a protagonista descobre que seu amante já é casado. Assim, depois de sofrer com a morte do marido e diante da impossibilidade de desposar o amante, ela se vê obrigada a recomeçar, além de conquistar a autonomia.

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Frases de Júlia Lopes de Almeida

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Júlia Lopes de Almeida, extraídas de seu romance A falência:

  • “Toda a sua pessoa ressumava fartura e a altivez de quem sai vitorioso de teimosa luta.”

  • “A maldita República acabaria de escangalhar o resto.”

  • “A verdade é que tinham todos eles um soberano desprezo pelas classes intelectuais.”

  • “Vinha de longe a sua paixão pelo dinheiro; levado por ela, não conhecera outra na mocidade.”

  • “Dera-se todo à deusa da fortuna, sem perceber que lhe sacrificava a melhor parte da vida.”

  • “Nada sorria naquela habitação árida e velha.”

  • “A mocidade passa e o dinheiro foi inventado para se gastar.”

  • “O sentimento e a imaginação nas mulheres só servem para a dor.”

Crédito da imagem

[1] Edipro (reprodução)

Publicado por Warley Souza
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