Yom Kipur

O Yom Kipur é o dia mais sagrado para os judeus, no qual são feitos jejuns e orações em busca da reconciliação com Deus e com o próximo. Também é chamado de “Dia do Perdão”.
O Yom Kipur é marcado pelo período rigoroso de jejum e de orações coletivas.[1]

O Yom Kipur é o dia mais sagrado do calendário judaico. Conhecido como “Dia do Perdão”, a data é mercada por profunda introspecção, arrependimento e confissão de pecados, buscando reconciliação com Deus e com o próximo. O Yom Kipur é celebrado no décimo dia de Tishrei, entre setembro e outubro, e encerra os Dez Dias de Arrependimento iniciados no Rosh Hashaná, oferecendo a última chance para obter o perdão divino antes do fechamento dos "Livros da Vida e da Morte".

No Dia do Perdão os judeus realizam práticas de purificação e expiação, como o Caparot, a Seudat Mafseket e o jejum rigoroso de 25 horas, além de orações como o Kol Nidrei, Selichot e Neilá, nas quais o toque final do Shofar simboliza o encerramento do dia. Com origem no livro de Levítico, onde eram realizados rituais de expiação no Templo de Jerusalém, o Yom Kipur se adaptou após sua destruição, passando a enfatizar orações e jejum, mantendo o sentido de renovação espiritual.

Leia também: Como é a Páscoa judaica (Pessach)?

Resumo sobre o Yom Kipur

  • O Yom Kipur é o dia mais sagrado do calendário judaico.
  • É conhecido como o Dia do Perdão.
  • Nesse dia os judeus se dedicam profundamente ao autoexame, à confissão de pecados e ao pedido de perdão.
  • Eles realizam um jejum rigoroso, orações coletivas e renúncia às atividades cotidianas, focando no arrependimento e na reconciliação com Deus e com o próximo.
  • O Yom Kipur significa o ápice dos "Dias Temíveis", a última oportunidade para os judeus obterem o perdão divino, a reconciliação com Deus e com os semelhantes.
  • É uma prática fundamental da tradição judaica.
  • Acontece no décimo dia do mês de Tishrei, entre setembro e outubro, marcando o fim dos Dez Dias de Arrependimento que se iniciam com o Rosh Hashaná.
  • O jejum no Yom Kipur dura 25 horas sem ingestão de comida ou bebida.
  • O toque do Shofar encerra o dia, simbolizando o fechamento dos portões celestiais.
  • O Yom Kipur tem origem no livro de Levítico, em que era um dia de expiação com rituais realizados pelo sumo sacerdote no Templo de Jerusalém.
  • Após a destruição do templo, a celebração adaptou-se, substituindo-se os sacrifícios por orações e jejum.

O que é o Yom Kipur

Yom Kipur, também conhecido como o "Dia do Perdão", é o dia mais sagrado e significativo do calendário judaico. Celebrado há milênios, é uma data em que os judeus se dedicam profundamente ao autoexame, à confissão de pecados e ao pedido de perdão. O Yom Kipur é marcado pelo jejum rigoroso, pelas orações coletivas e pela renúncia às atividades cotidianas para que os indivíduos possam se concentrar no arrependimento e na reconciliação com Deus e com as pessoas ao seu redor.

Esse dia é o ápice do processo de Teshuvá (retorno ou arrependimento), que começa no mês de Elul e se intensifica nos dias que se iniciam com o Rosh Hashaná, conhecido como o Ano Novo Judaico, culminando no Yom Kipur.

Significado do Yom Kipur

O Yom Kipur é parte dos "Iamim Noraim", ou "Dias Temíveis", e ocorre após o Rosh Hashaná, o que marca o período de dez dias conhecido como Aseret Yemei Teshuvá, ou "Dez Dias de Arrependimento". Durante esse período, os judeus acreditam que Deus julga os atos de cada pessoa, e o Yom Kipur representa a última oportunidade para obter o perdão divino e renovar o compromisso com valores de bondade, retidão e amor ao próximo.

Na tradição judaica, a prática do perdão, tanto em relação a Deus quanto aos semelhantes, é vista como um pilar fundamental da ética e espiritualidade, e o Yom Kipur traz um espaço sagrado e coletivo para essa prática. Segundo a tradição judaica, o perdão concedido no Yom Kipur não abrange apenas os erros cometidos contra Deus, mas incentiva também a reconciliação entre as pessoas, promovendo a harmonia e a paz social.

Veja também: O que foi a Guerra do Yom Kipur e por que ela recebeu esse nome?

Quando acontece o Yom Kipur?

O Yom Kipur ocorre anualmente no décimo dia do mês judaico de Tishrei, que geralmente coincide com o período entre setembro e outubro do calendário gregoriano. Esse posicionamento no calendário tem um significado especial: após o Rosh Hashaná, o Yom Kipur conclui os Dez Dias de Arrependimento, que são um momento de intensa introspecção e revisão de vida.

Tradicionalmente, acredita-se que durante esses dias Deus inscreve o destino de cada indivíduo para o ano seguinte, sendo o Yom Kipur a última chance para buscar misericórdia divina antes do fechamento dos "Livros da Vida e da Morte".

Costumes dos judeus no Yom Kipur

Os costumes associados ao Yom Kipur são orientados pela busca de purificação e reconciliação. Na véspera, é comum a prática do Caparot, um ritual simbólico de expiação em que os participantes pedem a Deus que aceitem suas orações e arrependimento.

Outra prática importante é a Seudat Mafseket, uma refeição festiva que ocorre antes do início do jejum e que, ao mesmo tempo que prepara o corpo para o período de privação, representa a abundância e o cuidado de Deus. Durante o Yom Kipur, os judeus abstêm-se de comida, bebida e de várias atividades físicas e materiais.

Em algumas sinagogas, os judeus retiram os rolos da Torá do armário sagrado e fazem votos em uníssono.[2]

Também é comum pedir perdão aos amigos e familiares que possam ter sido magoados durante o ano, num ato conhecido como Teshuvá.  Durante o dia, os judeus se reúnem nas sinagogas para realizar orações e cerimônias. O ritual começa com a oração Kol Nidrei, que significa "todos os votos" e permite que as promessas feitas durante o ano sejam revogadas caso não possam ser cumpridas.

Em algumas sinagogas, todos os rolos da Torá são retirados do Aron HaKodesh (armário sagrado) durante essa cerimônia, e os votos são repetidos em uníssono, criando um ambiente solene e de unidade comunitária. No decorrer do dia, outras orações importantes são realizadas, como o Vidui (confissão de pecados), o Yizkor (em memória dos entes queridos falecidos), e o Seder Avodá, que lembra os rituais do Templo de Jerusalém.

Jejum no Yom Kipur

O jejum do Yom Kipur é rigoroso e dura 25 horas, do pôr do sol da véspera até o anoitecer do dia seguinte. Ele não permite a ingestão de alimentos nem de água, simbolizando a total entrega espiritual do fiel e sua renúncia às necessidades materiais para se concentrar em Deus e na introspecção. Esse jejum é um ato de humildade e penitência, refletindo a intenção de que, ao abstermo-nos das satisfações físicas, nos dedicamos ao aperfeiçoamento espiritual. No entanto, existem exceções para pessoas que não podem jejuar por motivos de saúde, e a tradição recomenda o respeito à vida acima do jejum.

Orações do Yom Kipur

As orações do Yom Kipur têm um papel fundamental nesse dia. A primeira delas, Kol Nidrei, é conhecida por seu caráter ritualístico de anulação de promessas, onde se reconhece que, apesar de os seres humanos falharem em cumprir todas as promessas, eles ainda podem buscar a reconciliação com Deus. Em seguida, são recitadas as Selichot, orações de arrependimento e pedido de perdão. Essas orações incluem uma confissão pública e privada dos pecados, e os fiéis pedem que Deus aceite seu arrependimento e lhes conceda uma nova chance.

Outras orações incluem o Yizkor, que é realizado em memória dos familiares falecidos e pede bênçãos para as almas daqueles que partiram. A leitura do Sefer Yoná (Livro de Jonas) também faz parte das orações, simbolizando o tema do arrependimento, pois Jonas se recusou inicialmente a seguir as instruções divinas, mas finalmente arrependeu-se e pediu perdão a Deus, que o perdoou.

A última oração, Neilá, marca o encerramento do Yom Kipur, simbolizando o fechamento dos portões celestiais e o fim do período de perdão e reconciliação. Durante a Neilá, o Shemá Israel é recitado sete vezes, seguido por um único toque do Shofar, que marca o término do jejum e do dia de orações.

O toque do shofar anuncia o término do jejum e do dia de orações.

Origem e história do Yom Kipur

O Yom Kipur tem suas origens nas escrituras judaicas, especialmente no livro de Levítico, onde Deus instrui o povo de Israel a observar esse dia como uma ocasião de expiação e purificação. Originalmente, no Templo de Jerusalém, o sumo sacerdote realizava um ritual complexo que incluía o sacrifício de animais e o uso de um bode expiatório, que simbolizava a transferência dos pecados do povo.

Após a destruição do templo em 70 d.C., os judeus adaptaram a celebração, substituindo o sacrifício físico por orações e o jejum. Esse contexto histórico reforça o significado do Yom Kipur como uma data de reconciliação e renovação espiritual, refletindo a capacidade do povo judeu de preservar suas tradições em novas formas e práticas religiosas.

Saiba mais: Como é o jejum dos muçulmanos durante o Ramadã?

Curiosidades sobre o Yom Kipur

  • Yom Kipur é o único dia do ano em que os judeus ajoelham-se durante a oração do Seder Avodá, um ato de grande respeito e devoção, representando uma entrega profunda a Deus e rememorando o antigo ritual do templo.
  • A oração Yizkor não é exclusiva do Yom Kipur, mas sua inclusão nesse dia fortalece o sentimento de respeito e memória dos entes queridos, promovendo uma ligação espiritual entre os vivos e os falecidos.
  • O Livro de Jonas, lido no Yom Kipur, reforça a importância do arrependimento e da capacidade de Deus de perdoar, mostrando que até mesmo profetas podem errar, mas que a possibilidade de mudança e remissão está sempre presente.
  • No final do Yom Kipur, o toque do Shofar, que encerra o dia, é um momento de grande comoção, significando a conclusão de um processo profundo de renovação espiritual e simbolizando a esperança de um novo ano em paz e harmonia.

Créditos das imagens

[1] Amateur007/ Shutterstock

[2] David Cohen 156/ Shutterstock

Fontes

BETAR SÃO PAULO. Guia Expresso de Yom Kipur 5781. São Paulo: Betar, 2020.

CHABAD.ORG. Yom Kipur. Disponível em: https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/603057/jewish/Yom-Kipur.htm.

MANSKI, Sônia. Tempo de perdoar. Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 27, nov. 2020. Disponível em: https://repositorio.ufba.br.

OLIVEIRA, Humberto B. Judaísmo – Festas 02: Yom Kipur

SANTOS JÚNIOR, Paulo Jonas dos; SALLES, Marilia Leandro de. A prática do perdão no monoteísmo e a busca pela saúde. Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, Vitória, v. 4, n. 2, p. 144-154, jul./dez. 2016.

Publicado por Tiago Soares Campos

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