Platelmintos

Os platelmintos, também conhecidos como vermes achatados, representam um filo bem diversificado de invertebrados, apresentando características adaptativas para uma vida livre em ambientes aquáticos, alguns terrestres e outros com hábitos de vida parasitário, dependendo de algum hospedeiro para sobreviver.
Com corpo vermiforme achatado dorsoventralmente e bilateralmente simétrico, eles exibem variadas formas, planos corporais e tamanhos, que podem variar de milímetros, como algumas espécies de vida livre, a dezenas de metros de comprimento, a exemplo da tênia, que se desenvolve dentro de seus hospedeiros, causando a teníase.
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Resumo sobre platelmintos
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Platelmintos são vermes de corpo achatado, com espécies de vida livre ou parasitas.
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Têm simetria bilateral, cefalização, são triblásticos e protostômios.
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Podem se reproduzir sexuadamente, por cópula ou fecundação cruzada, ou assexuadamente, via regeneração ou fragmentação.
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Alimentam-se de outros pequenos invertebrados, microalgas, ou partes de tecidos e nutrientes dos hospedeiros.
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Os de vida livre podem ser terrestres ou aquáticos, de água doce ou salgada.
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Apresentam um sistema nervoso simples, porém eficiente para sua sobrevivência.
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São classificados em Turbellaria, Trematoda, Cestoda e Monogenea.
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Causam importantes verminoses, como esquistossomose, teníase e cisticercose.
Videoaula sobre platelmintos

Quem são os platelmintos?
Os platelmintos correspondem a um grupo de animais invertebrados conhecidos como vermes achatados, que têm características e funções diversas e autênticas que os diferenciam de outros grupos de animais “vermiformes”, como os nematódeos e anelídeos.
Alguns representantes desse filo, como as planárias, são de vida livre, habitando ecossistemas aquáticos ou terrestres úmidos, enquanto outras espécies, como as tênias e os esquistossomoses, são parasitas que dependem de outros animais, que servem de hospedeiros para que eles possam sobreviver.
→ Exemplos de platelmintos
- Planárias: platelmintos de vida livre, aquáticos de água doce ou terrestres de locais úmidos. Algumas espécies têm uma capacidade de regeneração extraordinária e, por isso, podem se reproduzir assexuadamente por meio de fragmentação.
- Tênias: platelmintos endoparasitas, que dependem de outros animais para sobreviver parasitando-os. Podem se alojar em tecido muscular, intestinos, encéfalos ou outros órgãos e tecidos do hospedeiro. Têm o corpo segmentado e formado por proglótides, e se reproduzem por autofecundação, liberando proglotes grávidas, cheias de ovos do verme.
- Esquistossomose: platelmintos parasitas causadores da esquistossomose, de corpo esbranquiçado e com dimorfismo sexual, ou seja, o macho e a fêmea diferem em forma e tamanho. Usam o ser humano como hospedeiro definitivo e caramujos de água doce como hospedeiros intermediários.
Características dos platelmintos
Platyhelminthes (platy = plano e helminth = verme), ou platelmintos, são vermes planos ou achatados dorsoventralmente, não segmentados e com plano corporal simétrico bilateralmente, o que implica também que apresentam no corpo uma face inferior e uma superior, assim como a distinção entre região posterior (cauda) e região anterior do corpo (cabeça), e tal condição é denominada cefalização.
São animais protostomados, ou seja, no desenvolvimento embrionário, a boca é formada antes do ânus, e também há o desenvolvimento dos três folhetos embrionários: endoderme, mesoderme e ectoderme, o que os caracteriza como animais triblásticos.

→ Reprodução dos platelmintos
Os platelmintos podem se reproduzir sexuada ou assexuadamente, variando de espécie para espécie, ou por características estruturais, morfológicas e de hábitos de vida.
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Reprodução sexuada dos platelmintos
A reprodução sexuada, que envolve a fecundação de gametas, pode ocorrer de duas formas diferentes: cópula e autofecundação. A cópula, ou acasalamento, ocorre entre espécies que apresentam dimorfismo sexual, quando a fêmea e o macho são estruturalmente diferentes entre si, assim como nos vermes do gênero Schistosoma, em que o macho é maior que a fêmea.
Quando estão dentro do hospedeiro definitivo, na fase adulta e reprodutivos, o esquistossomo fêmea se aloja no canal ginecóforo do macho, e eles acabam se reproduzindo por fecundação interna, com a fêmea fecundada liberando os ovos nos vasos sanguíneos de seu hospedeiro.
A autofecundação ocorre em espécies hermafroditas, como no caso dos vermes do gênero Taenia. Esses vermes têm os órgãos reprodutivos masculinos e femininos e são capazes de produzir os dois tipos de gametas, que, na fase adulta, são capazes de fecundandar a própria proglote.
Também é possível ocorrer uma fecundação cruzada entre tênias da mesma espécie, embora esse cruzamento cruzado não seja tão comum com esses vermes, pois eles apresentam uma marcante característica de viverem solitariamente, o que os leva a serem popularmente conhecidos como solitárias.

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Reprodução assexuada dos platelmintos
A reprodução assexuada permite uma rápida proliferação desses vermes, sendo um meio de disseminação das espécies extremamente vantajoso, principalmente quando não há nenhum parceiro sexual por perto. Esse tipo de reprodução pode variar, ocorrendo das seguintes formas:
- o processo de fissão binária é quando um platelminto se divide em dois indivíduos geneticamente idênticos, observado em algumas espécies de turbelários;
- pode ocorrer a regeneração, que é uma adaptação que algumas espécies de planárias desenvolvem, voltada à regeneração parcial ou completa de partes do corpo que, por algum motivo, foram perdidas; e
- o principal tipo reprodução assexuada entre esses invertebrados: a fragmentação — semelhante ao processo de regeneração; mas, neste caso, o verme regenera ambos os fragmentos, que se separaram do corpo do indivíduo parental, sendo um processo muito comum em planárias aquáticas.

→ Alimentação dos platelmintos
A alimentação desses vermes varia de acordo com seus habitats e se são de vida livre ou parasitas. As espécies de vida livre são comumente predadoras, carnívoras, que se alimentam de pequenos invertebrados, mas também podem se alimentar de matéria orgânica em decomposição, auxiliando nos ciclos biogeoquímicos do solo e de ambientes aquáticos. Algumas espécies têm uma faringe protrátil, que se estende para o lado de fora a fim de capturar o alimento no ambiente.
Já as espécies parasitas, como tênias e esquistossomose, aproveitam-se dos recursos provenientes do corpo do próprio hospedeiro, como tecidos dos órgãos internos, sangue ou até os nutrientes disponíveis no trato digestório.

→ Habitat dos platelmintos
Esses vermes ocupam uma ampla variedade de ambientes. Desde zonas aquáticas, dulcícolas e marinhas, até ambientes terrestres, preferencialmente úmidos. As planárias, por exemplo, são encontradas em riachos, lagos, açudes ou em solos úmidos, abaixo de rochas ou entre troncos e materiais em decomposição.
Os esquistossomose inicia sua vida em ambientes dulcícolas, completa sua fase larval em caramujos do gênero Biomphalaria, e, após essa fase, infectam seus hospedeiros definitivos, os seres humanos, vivendo em suas correntes sanguíneas. Já os vermes do grupo das tênias costumam iniciar seu ciclo de vida nos tecidos musculares de mamíferos de médio e grande porte, como suínos e bovídeos, e, na fase adulta, se desenvolvem e se reproduzem dentro do intestino do hospedeiro definitivo, os seres humanos.
Outras diversas espécies de platelmintos que também são parasitas podem infectar outras regiões, órgãos ou tecidos da nossa espécie ou de outros animais, causando uma diversidade de doenças e infecções.
As demais espécies de vida livre acabam apresentando uma grande importância nas relações ecológicas por ocuparem diferentes nichos, de acordo com seus mais variados habitats, e acabam auxiliando em importantes processos, como no controle populacional e na ciclagem de energia e matéria orgânica dos ecossistemas.
→ Sistema nervoso dos platelmintos
O sistema nervoso dos platelmintos é relativamente simples, entretanto suficiente para suas necessidades de sobrevivência. Eles apresentam um par de gânglios nervosos, que são aglomerados de neurônios localizados na porção anterior do corpo do verme (ocasionando, evolutivamente, o processo da cefalização), e cordões nervosos longitudinais, que se estendem por todo o corpo do indivíduo.
Esses cordões nervosos são projeções do gânglio cerebral e são interligados por nervos transversais, formando uma rede nervosa que permite uma eficiente atividade neuronal nesses vermes, como respostas rápidas a diferentes estímulos, coordenação de movimentos e percepção de algumas variações no ambiente. As planárias, por exemplo, têm estruturas fotossensíveis denominadas ocelos, que funcionam como “olhos primitivos” e são capazes de detectar variações de intensidade luminosa.
Veja também: Quem são os cnidários?
Classificação dos platelmintos
A classificação desse grupo de invertebrados ainda tem sido objeto de revisão em meio à comunidade científica; porém há uma classificação atualmente aceita e que engloba os principais representantes desse filo: Classe Turbellaria, Classe Trematoda, Classe Cestoda e Classe Monogenea. Confira as características de cada um desses táxons a seguir:
- Turbellaria: inclui as planárias e algumas outras espécies de platelmintos de vida livre. Eles têm um intestino ramificado, faringe eversível, alta capacidade regenerativa, células flama (especializadas em excreção de compostos nitrogenados), e algumas espécies têm ocelos.
- Trematoda: a esse grupo pertencem os esquistossomose — ecto ou endoparasitas que apresentam dimorfismo sexual, reprodução sexuada, dióicos e têm ventosas orais e ventrais para se fixarem no hospedeiro.
- Cestoda: os principais representantes são as tênias. Animais endoparasitas, não têm sistema digestório, alimentam-se por absorção pela superfície do corpo, podem atingir até 10 m de comprimento e são formados por numerosos segmentos denominados proglotes.
- Monogenea: composto por vermes parasitas de peixes. São encontrados em água doce ou salgada, parasitam principalmente peixes, mas também já foram relatados casos em anfíbios e outros vertebrados. Têm ganchos de fixação para se manterem estáveis nos tecidos que infectam, apresentam ciclo de vida direto e vivem em um único hospedeiro.

Quais doenças os platelmintos causam?
Alguns platelmintos que apresentam o modo de vida parasitário são, comumente, causadores de importantes verminoses que representam graves problemas de saúde pública ao redor do mundo.
→ Esquistossomose
Causada pelo Schistosoma mansoni (esquistossomo), é transmitida pela penetração das larvas cercárias na pele do hospedeiro durante o contato com água doce contaminada pelo parasita, que utiliza como hospedeiro intermediário os caramujos do gênero Biomphalaria. Os principais sinais e sintomas da esquistossomose são:
- diarreia;
- coceira no local da penetração do verme;
- hepatomegalia (aumento de tamanho do fígado);
- esplenomegalia (aumento de tamanho do baço);
- fibrose hepática, hipertensão;
- sangramento digestivo, entre outros.
O tratamento pode ser feito com base em medicamentos anti-helmínticos e excelentes profilaxias, como saneamento básico. É preciso também evitar entrar em corpos d’água que possam estar contaminados com o verme e/ou evitar o contato direto com os caramujos, que servem como hospedeiros anteriores aos seres humanos.
→ Teníase
Causada pela Taenia solium ou Taenia saginata. É transmitida pela ingestão de carne de porco (T. solium) ou de boi (T. saginata) crua ou malcozida e que esteja infectada com os cisticercos desses vermes. Pode ser assintomática ou apresentar sintomas relacionados a desconfortos intestinais, diarreias, dor abdominal, náuseas e febre.
A doença pode ser controlada por meio de medicamentos específicos anti-helmínticos e o método profilático mais eficaz, além do saneamento básico adequado, é ingerir carne de porco ou de boi apenas bem-passada, para evitar contaminação com as larvas. Para saber mais sobre essa doença, clique aqui.

→ Cisticercose
Também é causada pelas tênias, mais especificamente a Taenia solium. A contaminação se dá pela ingestão dos ovos da tênia, geralmente por meio fecal-oral. Pode ser assintomática ou causar convulsões, dores de cabeça e graves alterações neurológicas. Existem medicamentos específicos para a doença, e a profilaxia se dá mantendo o cuidado e a atenção redobrados em relação à ingestão da carne de porco e pelo saneamento básico. Para saber mais sobre essa doença, clique aqui.
Saiba mais: Tênia do peixe — doença adquirida pelo consumo de peixe cru
Exercícios resolvidos sobre respiração celular
Questão 1
Considerando as características morfológicas, fisiológicas e ecológicas desses organismos, identifique qual das seguintes características é exclusiva dos platelmintos e os distingue de outros grupos de vermes?
A. Corpo cilíndrico e segmentado.
B. Presença de um sistema digestório completo, com boca e ânus.
C. Corpo achatado dorsoventralmente e ausência de sistema circulatório.
D. Simetria radial e presença de células urticantes.
E. Reprodução exclusivamente assexuada por gemulação.
Resposta: Letra C.
Justificativa: Os platelmintos não têm corpo cilíndrico e sim achatado, o sistema digestivo deles é incompleto ou ausente, são simétricos bilateralmente e não radiais, e não apresentam reprodução exclusivamente assexuada, logo, apenas a resposta C é a correta em relação aos platelmintos.
Questão 2 (Enem)
Dupla humilhação destas lombrigas, humilhação de confessá-las a Dr. Alexandre, sério, perante irmãos que se divertem com tua fauna intestinal em perversas indagações: “Você vai ao circo assim mesmo? Vai levando suas lombrigas? Elas também pagam entrada, se não podem ver o espetáculo? E se, ouvindo lá de dentro, as gabarolas do palhaço, vão querer sair para fora, hem? Como é que você se arranja?” O que é pior: mínimo verme, quinze centímetros modestos, não mais — vermezinho idiota — enquanto Zé, rival na escola, na queda de braço, em tudo, se gabando mostra no vidro o novelo comprovador de seu justo gabo orgulhoso: ele expeliu, entre ohs! e ahs! de agudo pasmo familiar, formidável tênia porcina: a solitária de três metros.
ANDRADE, C. D. Boitempo. Rio de Janeiro: Aguiar, 1988.
O texto de Carlos Drummond de Andrade aborda duas parasitoses intestinais que podem afetar a saúde humana. Com relação às tênias, mais especificamente, a Taenia solium, considera-se que elas podem parasitar o homem na ocasião em que ele come carne de
A. peixe mal-assada.
B. frango mal-assada.
C. porco mal-assada.
D. boi mal-assada.
E. carneiro mal-assada.
Resposta: Letra C.
Justificativa: A Taenia solium, platelminto que, na fase adulta, no intestino humano, causa a teníase (solitária), é transmitida pela ingestão de carne suína crua ou malcozida, com larvas do parasita.
Fontes
ADELL, T.; RIUTORT, M. Filo Platyhelminthes. Zoologia de invertebrados: uma abordagem da Árvore da Vida. Edição 1. 07 jul. 2021. Disponível em: https://www.taylorfrancis.com/books/edit/10.1201/9780429159053/invertebrate-zoology-bernd-schierwater-rob-desalle
COLLINS, J. J. Platyhelminthes. Current Biology, v. 7, nº 7, 03 abril 2017. Disponível em: https://www.cell.com/action/showPdf?pii=S0960-9822%2817%2930152-5
DIEZ, Y. L. et al. Diversity of free-living flatworms (Platyhelminthes). Biological Journal of the Linnean Society, ago. 2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/373213814_Diversity_of_free-living_flatworms_Platyhelminthes_in_Cuba
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