Inundação

Inundação é um fenômeno natural que acontece quando o nível d’água de um corpo hídrico, como os rios, sobe muito e ultrapassa o leito maior, passando a ocupar a sua planície de inundação. Elas são o resultado do aumento do volume de água causado por chuvas torrenciais ou maior descarga em área de nascente, como no caso de geleiras e áreas congeladas que passam pelo degelo.

Quando acontecem em áreas habitadas e urbanizadas, as inundações se tornam um sério problema que afeta a vida de moradores e ocasiona perdas materiais, prejuízos financeiros para famílias comerciantes e para o município, bem como mortes e desaparecimentos, a depender da força com que as águas chegam e o tempo que permanecem.

O problema é agravado quando há sistemas de drenagem urbana ineficazes e diques sem manutenção, como aconteceu no Rio Grande do Sul, no Brasil, em 2024.

Leia também: Quais as piores enchentes que já ocorreram no Brasil?

Resumo sobre inundação

• Inundação é um fenômeno natural de cheia seguido do extravasamento das águas de um rio ou corpo hídrico, passando a ocupar a sua planície de inundação.
• Elas se tornam um grave problema ambiental quando acontecem em áreas urbanizadas.
• As causas naturais das enchentes são chuvas torrenciais ou aumento da descarga de água em mananciais, como pelo derretimento de geleiras, que faz subir seu nível.
• Ações humanas como o descarte irregular de lixo em cursos d’água, o assoreamento de rios e a remoção da mata ciliar potencializam a ocorrência de inundações.
• As inundações podem ser lentas ou repentinas (enxurradas). Existe, ainda, a inundação urbana, que não está relacionada com rios mas sim com a impermeabilização do solo.
• Nas cidades, elas causam danos à infraestrutura urbana, perdas materiais, prejuízos financeiros e até mesmo o desaparecimento e a morte de pessoas e animais domésticos.
• A ocorrência de inundações tem se tornado frequente no Brasil por causa das mudanças climáticas e por problemas como a falta de manutenção ou ausência de redes de drenagem da água em centros urbanos.
• Em 2024, o estado do Rio Grande do Sul vivenciou uma das piores inundações da sua história. Quase todos seus municípios foram atingidos, e 183 pessoas morreram.
• Impedir as inundações depende sobretudo de análises de risco constantes e da ampliação e manutenção da infraestrutura de drenagem urbana e de contenção das águas das cheias, ações de responsabilidade do poder público.

O que é inundação?

Inundação é um fenômeno natural que acontece quando o volume de água em um canal ou rio aumenta, e suas águas extravasam e passam do leito maior para a planície de inundação. Diz-se que há o transbordamento desse curso d’água, e ele passa a ocupar áreas que comumente não alagam. Quando no meio urbano, as inundações se tornam um problema para os moradores e para a circulação urbana, podendo danificar a infraestrutura e causar consequências ainda mais graves.

Diferenças entre inundação, alagamento e enchente

Quais as causas da inundação?

As inundações têm origem de fenômenos que acontecem no meio ambiente, mas podem ser aceleradas e intensificadas no meio urbano e, sobretudo, mediante a intervenção do ser humano na natureza. Considerando-se as inundações naturais, a sua principal causa é o aumento do volume de água no curso de um rio ou de corpos hídricos correlatos.

Tal incremento pode ser derivado de chuvas volumosas, como aquelas que aconteceram durante os meses mais quentes no ano ou na temporada das monções, no caso de países em que o fenômeno se instala. A água proveniente de degelo em áreas próximas de geleiras ou de superfícies que congelam durante o inverno também causa o aumento no nível dos rios.

A ação antrópica no meio natural pode acelerar a ocorrência das inundações. Algumas das práticas que potencializam esse fenômeno são:

• desmatamento das margens dos rios, onde se desenvolve a mata ciliar;
• lançamento de lixo e materiais sólidos no curso dos rios, tornando-os mais rasos;
• concretização das margens e canalização de rios e demais cursos d’água;
• impermeabilização dos solos em áreas urbanizadas;
• falta de manutenção ou ausência das redes de drenagem urbana.

Veja também: Quais os problemas ambientais que mais afetam o meio urbano?

Tipos de inundação

As inundações podem ser classificadas, de acordo com a velocidade com que o nível da água sobe e com o tipo de dano que isso provoca em áreas habitadas, em:

• Inundação lenta: a velocidade de subida das águas é baixa, o que permite o acompanhamento do avanço desse fenômeno sobre a cidade. Com isso, os órgãos responsáveis, como a Defesa Civil, têm tempo hábil para agirem, da mesma forma como a população. A volta da água para o seu curso habitual acontece em ritmo semelhante.

• Inundação repentina ou enxurrada: a água sobe rapidamente e de maneira repentina, tendo elevado poder de destruição por causa da velocidade com que se desloca. São comuns em áreas de maior declividade do terreno, e deixam pouco ou nenhum tempo de ação.

• Inundação urbana: são chamadas também de alagamentos, e resultam do acúmulo de água em uma área urbanizada. Esse acúmulo é resultado da impermeabilização dos solos e de sistemas de drenagem ineficazes, como bocas de lobo entupidas ou insuficientes.

Consequências da inundação

As consequências das inundações variam de acordo com as características da área atingida. Quando esse tipo de fenômeno acontece no meio natural, em que há poucos ou nenhum elemento humano na paisagem, os danos ou interferências resultantes dele recaem apenas sobre a natureza, como:

• solos encharcados, que não sustentam a sobrecarga de água;
• deslocamento de animais; e
• arraste da vegetação.

No caso das formas de vida, o tempo de permanência da inundação pode ocasionar até mesmo a sua morte, caso não haja maneiras de migrar temporariamente para áreas secas. Quando a inundação atinge a área urbana ou urbanizada, as consequências passam a recair sobre a infraestrutura, a dinâmica socioespacial e, principalmente, sobre a população.

Entre os efeitos das enchentes nas cidades ou áreas urbanizadas, listamos:

• Interrupção da circulação de veículos e automóveis, o que causa lentidão no trânsito.
• Interrupção do fornecimento de determinados tipos de serviço, já que os alagamentos podem afetar diretamente as redes de distribuição (como água, coleta de esgoto, energia elétrica).
• Arrastre de veículos, sobretudo os de passeio, e de parte da infraestrutura urbana.
• Alagamento de prédios, edifícios e de residências particulares, o que provoca a perda de bens materiais, de mercadorias em comércios e causa prejuízos financeiros.
• Pessoas desabrigadas temporaria ou permanentemente devido à perda da residência.
• Pessoas e animais domésticos desaparecidos ou mortos, o que é agravado em caso de enxurradas (inundações repentinas).
• Aumento das doenças que são proliferadas por meio da água, como a leptospirose.

Inundação no Brasil

O Brasil é um país com rede hidrográfica bastante densa, o que significa que se trata de um território com muitos rios, lagos, lagoas e outros tipos de corpos hídricos. Além disso, a urbanização brasileira tem um padrão que é o de proximidade com esses corpos d’água, os quais abastecem as cidades e o seu entorno. Por essa razão, inundações são fenômenos que acontecem com frequência no meio urbano do país.

As inundações no Brasil são intensificadas por problemas como:

• concreção das margens dos rios;
• remoção da mata ciliar;
• lançamento de lixos e efluentes em suas águas;
• sistemas ineficazes de drenagem urbana que agravam o acúmulo de água sobre as vias.

Todos esses fatores estão aliados a problemas de gestão do território e políticas públicas insuficientes para lidar com esse tipo de fenômeno, que tem se tornado cada vez mais recorrente como resultado das mudanças do clima em escala global.

→ Inundação no Rio Grande do Sul

O estado do Rio Grande do Sul, localizado na região Sul do Brasil, sofreu uma das piores inundações de sua história no ano de 2024. Seus rios e a Represa Guaíba, que banha a região metropolitana de Porto Alegre, registraram aumento no volume de água em função de chuvas volumosas que acometeram o estado entre o final de abril e começo de maio daquele ano.

O nível de água subiu de tal maneira que passou a invadir as cidades, incluindo a sua capital. O desastre atingiu tamanha escala por conta de problemas como a falta de manutenção em diques de contenção, que tinham justamente a função de impedir o avanço das águas sobre áreas habitadas.

Quase todas as cidades gaúchas foram atingidas por inundações nesse período: foram 441 municípios alagados, 95% de todos aqueles que fazem parte do Rio Grande do Sul. O estado parou por completo, tendo havido uma intensa mobilização nacional para auxiliar as pessoas atingidas pelas inundações.

Foram mais de 600 mil desabrigados, 183 mortos e 27 pessoas desaparecidas, sem contar os prejuízos materiais e econômicos para as famílias, tanto na cidade quanto no meio rural. A infraestrutura sofreu danos que ainda afetam o seu funcionamento.

Saiba mais: Como evitar um deslizamento de terra?

Maiores inundações do mundo

Combate às inundações

Combater as inundações é uma tarefa que deve ser feita com urgência, haja vista a recorrência com que extremos climáticos têm acontecido e os seus impactos devastadores para os seres humanos e para o meio ambiente. As ações devem ser postas em prática sobretudo pelos gestores territoriais, o que inclui os governantes das esferas federal, estadual e municipal, por meio de planos de contenção desse tipo de fenômeno e de segurança.

Entre as medidas a serem tomadas, estão:

• ampliação da rede de drenagem urbana, facilitando o escoamento da água durante chuvas;
• manutenção da rede existente, como bocas de lobo e bueiros;
• construção e manutenção de diques de contenção para impedir o avanço das águas;
• ampliação do acesso a redes de saneamento e de coleta de lixo nas cidades;
• proibição e aplicação de multa sobre o desmatamento das margens dos rios e mananciais;
• auxílio a pessoas que habitam em áreas de risco de enchente e inundação;
• reflorestamento de margens e ampliação de áreas verdes nos centros urbanos;
• aumento das superfícies permeáveis nas cidades e áreas urbanizadas;
• conscientização a respeito do descarte adequado de lixo e aplicação de multas ambientais àqueles que descumprirem as medidas que impedem o lançamento de efluentes e rejeitos no curso d’água.

Créditos da imagem

^[1] David Raw/ Shutterstock

Fontes

BBC. A cronologia da tragédia no Rio Grande do Sul. G1, 12 mai. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/12/a-cronologia-da-tragedia-no-rio-grande-do-sul.ghtml.

CAMPOS, Jonas; BRITO, Madu. Diques, comportas e casas de bombas: holandeses apontam problemas estruturais no sistema contra cheias em Porto Alegre. G1, 20 ago. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/08/20/diques-comportas-e-casas-de-bombas-holandeses-apontam-problemas-estruturais-no-sistema-contra-cheias-em-porto-alegre.ghtml.

CEMADEN. Ameaças naturais: Inundação. CEMADEN, [s.d.]. Disponível em: http://www2.cemaden.gov.br/inundacao/.

DEFESA CIVIL. Inundação e alagamento: o que fazer? Defesa Civil – Estado da Bahia, [s.d.]. Disponível em: http://www.defesacivil.ba.gov.br/servicos/granizo-o-que-e-e-o-que-fazer/.

FERREIRA, Ludimila. Inundação, enchente, alagamento: entenda as diferenças. Guia do Estudante, 16 mai. 2024. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/inundacao-enchente-alagamento-entenda-as-diferencas.

TRINDADE, Pedro; CHAGAS, Gustavo; DALCIN, Cristiano. ANTES E DEPOIS: seis meses após cheias no RS, veja como estavam e como estão lugares atingidos. G1, 04 nov. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2024/11/04/antes-e-depois-seis-meses-apos-cheias-no-rs-veja-como-estavam-e-como-estao-lugares-atingidos.ghtml.