Desmatamento
O desmatamento é caracterizado pela remoção da vegetação nativa de uma área. A sua causa está atrelada principalmente à ação antrópica, ou seja, à atuação do homem no desenvolvimento das atividades produtivas. As consequências do desmatamento estão ligadas à perda da biodiversidade e, consequentemente, à extinção de espécies. Além disso, o desmate provoca um amplo conjunto de impactos ambientais negativos e é apontado como um dos grandes responsáveis pelas mudanças climáticas.
O desmatamento é um fenômeno mundial. No entanto, o maior volume de ocorrências de desmate está nos países subdesenvolvidos e emergentes. No Brasil, o bioma mais atingido pelo desmatamento na atualidade é a Amazônia. O Cerrado é o segundo bioma brasileiro mais devastado. Já a Mata Atlântica foi amplamente destruída ao longo dos séculos, sendo que atualmente restam menos de 13% da vegetação originária desse bioma.
Esse cenário de devastação requer políticas preservacionistas a fim de proteger-se os recursos naturais. Desse modo, uma solução é a implementação de modelos de produção de cunho sustentável voltados para o desenvolvimento econômico em conjunto com a preservação ambiental.
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Causas do desmatamento
A principal causa do desmatamento está ligada à ação antrópica, ou seja, à atuação do ser humano no processo de remoção da vegetação. Desse modo, o desmatamento, na maior parte das áreas florestadas, é causado diretamente pelas atividades produtivas desenvolvidas pelo ser humano em sua totalidade. A remoção da vegetação é realizada pelo corte direto, por máquinas e ainda por outros meios, como as queimadas. Essas áreas desmatadas são comumente utilizadas para a exploração dos recursos naturais e para a ocupação do solo.
O processo de desmatamento foi iniciado mediante a necessidade de matérias-primas para a produção de diferentes elementos de uso da sociedade. Desse modo, a exploração da madeira, por exemplo, para a fabricação de papel e de móveis, é uma importante causadora do grande volume de desmatamento verificado em vários pontos do globo. Nesse contexto, destaca-se ainda a produção de carvão vegetal e de meios de transporte que utilizam a madeira em sua fabricação, como barcos. A madeira também é utilizada para a construção de casas e confecção de objetos.
Já o avanço da urbanização e da industrialização também é considerado importante vetor do desmatamento. As cidades cresceram amplamente em áreas antes florestadas, sendo a remoção da vegetação necessária para a construção de casas, prédios e ruas. Já as indústrias impulsionaram a utilização de elementos da natureza como matéria-prima. Logo, além da madeira, frutas, seivas e outros elementos florestais começaram a ser amplamente utilizados na indústria, cenário que provocou uma grande devastação de áreas de floresta.
O desmatamento também é direcionado para a utilização do solo. As práticas agrícolas e pecuárias são um exemplo desse tipo de uso, sendo que a vegetação é retirada, seja por máquinas, seja por queimadas, para ceder espaço para a implementação de grandes lavouras monocultoras e, ainda, para a criação de gado.
Na atualidade, esse é um cenário recorrente no Brasil, marcado pela expansão da fronteira agrícola em biomas como a Amazônia e o Cerrado. Nos últimos anos, o grande volume de desmatamentos verificados no Brasil tem como principal causa o desenvolvimento de atividades agropecuárias.
Consequências do desmatamento
A principal consequência do desmatamento está atrelada ao desequilíbrio ambiental provocado pela perda da vegetação nativa. A remoção da vegetação provoca uma grande perda da biodiversidade assim como a perda do habitat de animais e plantas, e, ainda, impacta diretamente na elevação do número de espécies em extinção.
Desse modo, o desmatamento causa um conjunto de impactos ambientais que geram uma grande mudança no ecossistema local, alterando drasticamente as características geográficas e biológicas da área desmatada. Além disso, o desmatamento provoca consequências sociais negativas, em especial, nas comunidades tradicionais e muito dependentes das florestas.
O processo de mudança das condições climáticas verificado no globo nos últimos anos é um fenômeno que tem como um dos causadores a crescente destruição da vegetação nativa de diferentes biomas nele. Ademais, a elevação da temperatura e a ocorrência de eventos climáticos extremos são apontadas por alguns pesquisadores como resultantes de processos de origem antrópica, sendo um dos principais o desmatamento.
Além disso, o desmatamento acelera a ocorrência de processos naturais que são intensificados pela ação humana. A remoção da vegetação impacta diretamente no aumento da erosão e da desertificação, por exemplo. No mais, o desmatamento interfere no ciclo hidrológico e ocasiona efeitos como o esgotamento das fontes de água, já que a retirada da vegetação dificulta a absorção da água da chuva pelo subsolo e o consequente abastecimento das reservas subterrâneas e das nascentes.
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Desmatamento no Brasil
O desmatamento no Brasil é fruto de um processo histórico de ocupação do território e de predação dos recursos naturais ao longo dos anos. Ele é marcado pela atuação de agentes econômicos importantes e pela ausência do Estado em promover políticas de prevenção e fiscalização da derrubada das matas.
A partir do ano de 2008, políticas ambientais de desenvolvimento sustentável e o incentivo às práticas de manejo e conservação das florestas possibilitaram uma diminuição do volume desmatado. Entretanto, nos últimos anos, a taxa de desmatamento no Brasil voltou a subir, em razão da atuação de madeireiros, mineradores e produtores agropecuários que se aproveitam da inércia do Estado para derrubar áreas de mata preservada.
De acordo com dados do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), no ano de 2019, os biomas brasileiros mais desvatados foram:
No ano de 2020, o índice de desmatamento desses biomas continuou muito elevado, sendo notório no país uma grande volume de queimadas, principal mecanismo utilizado pelos que atuam na derrubada da floresta.
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Desmatamento na Amazônia
Conforme dados levantados pelo MapBiomas, mais de 770 mil hectares de áreas florestadas da Amazônia foram desmatados em 2019. O bioma Amazônia foi o mais atingindo pelo desmatamento nos últimos anos, com um volume de derrubada duas vezes maior que o segundo bioma mais atingido, o Cerrado. Esse cenário é explicado, em especial, pela expansão da fronteira agrícola na região, sendo que os produtores agropecuários utilizam do desmatamento para aumentar-se a área de cultivo.
A expansão da fronteira agrícola nesse bioma é caracterizada pela derrubada indiscriminada da floresta na região centro-sul da chamada Amazônia Legal. Essa região é conhecida historicamente pelo Arco do Desmatamento, sendo a que apresenta o maior volume de desmate na região amazônica. Sendo assim, a prática da agropecuária, com destaque para o modelo extensivo de produção, é a principal causadora do desmatamento na Amazônia.
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Desmatamento na Mata Atlântica
A Mata Atlântica é o bioma mais devastado do Brasil, sendo que, na atualidade, restam menos de 13% da cobertura original desse tipo vegetacional. No último ano, de acordo com dados do MapBiomas, cerca de 10 mil hectares da Mata Atlântica foram derrubados. Entre as principais causas dos desmatamento nesse bioma, estão a extração de recursos naturais, a utilização de madeira para produção de carvão vegetal e celulose, e, ainda, o avanço da urbanização. A criação de loteamentos ilegais, em áreas rurais e de preservação, fomentados pelo crescimento das cidades, gera grande parte do volume de corte da Mata Atlântica na atualidade.
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Desmatamento no Cerrado
Os dados obtidos pelo MapBiomas mostram que mais de 408 mil hectares do Cerrado foram desmatados no ano de 2019, sendo esse o segundo bioma mais devastado do Brasil. O desmatamento em regiões de Cerrado está ligado diretamente ao desenvolvimento de atividades produtivas, em especial, a agropecuária.
O avanço da agricultura e da pecuária na região, caracterizado pela expansão da fronteira agrícola brasileira, gera o maior volume de derrubada florestal nesse bioma. O destaque está na produção de cultivos de soja, milho e algodão — modelo baseado na monocultura de exportação e que necessita de grandes áreas desmatadas para a sua implementação.
Desmatamento no mundo
O desmatamento global teve início com o modelo de produção da sociedade baseado na exploração de recursos naturais para o desenvolvimento das atividades produtivas. Esse cenário foi marcado pela ocupação de novos territórios por meio das grandes navegações e pelo processo de colonização e, ainda, pelo crescimento e consolidação da urbanização e da industrialização em escala mundial.
No século XX, o desmatamento foi muito recorrente nos países desenvolvidos, já que vivenciavam um largo processo de industrialização e desenvolvimento das atividades produtivas. Nas últimas décadas, o desmatamento esteve concentrado nos países subdesenvolvidos e emergentes. Esse cenário é resultante da política econômica desses países, concentrada na produção de bens primários, em especial, voltados para a exportação.
No contexto mundial, o Brasil tem lugar de destaque, sendo conhecido mundialmente como um dos países que mais desmatam no globo. Além do Brasil, que tradicionalmente ocupa a dianteira nos levantamentos sobre desmatamento no mundo, outros países que possuem florestas tropicais, como Indonésia, Malásia e República Democrática do Congo, também têm níveis de desmate muito elevados.
Soluções para o desmatamento
As soluções para o desmatamento em nível global e regional devem estar concentradas na possibilidade de diminuir-se o volume desmatado, preservar-se a biodiversidade e garantir-se condições de vida adequadas para a população. Desse modo, as soluções para o desmatamento perpassam por:
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Implementação de um modelo econômico de produção baseado no desenvolvimento sustentável;
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Participação do poder público e da iniciativa privada no desenvolvimento de ações de preservação ambiental;
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Aplicação da legislação ambiental por meio da fiscalização e da punição de crimes ambientais;
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Bonificação para produtores rurais e outros atores econômicos que contribuem para a preservação de áreas de floresta;
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Criação de unidades de conservação e preservação ambiental com foco em regiões com alta biodiversidade;
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Promoção de políticas de reflorestamento de áreas devastadas com espécies nativas e repovoamento de animais.