Rui Barbosa
Rui Barbosa foi uma personalidade de destaque do nosso país, sendo reconhecido como advogado, jornalista, escritor, político e diplomata. Ele foi um dos políticos que mais atuaram pela institucionalização da república no Brasil. Atuou como ministro da Justiça e da Fazenda e concorreu à presidência em duas ocasiões, mas foi derrotado em ambas.
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Nascimento e juventude
Rui Barbosa de Oliveira nasceu no dia 5 de novembro de 1849, na cidade de Salvador, Bahia. Ele era filho do casal João José Barbosa de Oliveira e Maria Adélia Barbosa de Oliveira. Seu pai tinha cargos na política, e sua mãe trabalhava produzindo doces caseiros, um importante complemento para as finanças da família.
Os biógrafos de Rui Barbosa contam que, desde criança, seu pai o incentivava a ler, e há registros de que o filho era um excelente estudante, agregando todo o tipo de conhecimento com enorme facilidade. Foi no ano de 1864 que Rui Barbosa finalizou os seus estudos, ingressando na universidade em 1866.
Rui Barbosa se matriculou na Faculdade de Direito, que ficava em Recife, estudando lá por dois anos, até que decidiu transferir seu curso para a Universidade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo. Na época esse era o melhor curso de Direito do país, e lá Rui Barbosa teve contato com pessoas que se tornaram personalidades importantes na história brasileira.
Carreira
Rui Barbosa graduou-se em Direito no ano de 1870, decidindo retornar para a Bahia. De volta a sua terra natal, dedicou-se a dois ofícios: advocacia e jornalismo. Ele, inclusive, usou desses ofícios para defender suas posições a respeito da escravidão — era abolicionista e defendia o fim do trabalho escravizado no Brasil.
A partir de 1877, Rui Barbosa tornou-se político quando foi eleito deputado da Assembleia Provincial da Bahia. No ano seguinte, elegeu-se deputado da Assembleia da Corte, que ficava no Rio de Janeiro. O novo cargo político fez com que ele se mudasse para a cidade que era, até então, a capital do Brasil.
Rui Barbosa usou sua posição para defender a abolição do trabalho escravizado, sendo um dos políticos mais atuantes pela causa. Além disso, ele era um defensor de um ensino gratuito, laico e obrigatório. Ele acreditava que o crescimento do Brasil passava, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento científico e educacional.
No campo estritamente político, Rui Barbosa era um monarquista. Além disso, ele era um federalista e favorável à descentralização do poder no Brasil. Ele não via com bons olhos a centralização promovida pela monarquia e rejeitou cargos para os quais foi convidado por conta dessa discordância.
Rui Barbosa foi um dos últimos nomes a aderir à conspiração que resultou na proclamação da república, em 15 de novembro de 1889. Ele se reuniu com republicanos no dia 10 de novembro e, no dia seguinte, decidiu se envolver com o movimento em curso. Com a proclamação, Rui Barbosa se transformou em um dos grandes políticos brasileiros e atuou diretamente na consolidação da república em nosso país.
Atuação política na Primeira República
Com a instauração do modelo republicano, Rui Barbosa se estabeleceu como um nome de peso e deixou grandes contribuições. Com a formação de um governo provisório sob a liderança do marechal Deodoro da Fonseca, ele assumiu duas pastas importantes: a da Justiça e a da Fazenda.
Rui Barbosa era um forte defensor da institucionalização do país como forma de garantir a estabilidade da república. Um primeiro passo a ser tomado, na ótica dele, era a promulgação de uma nova Constituição. Rui Barbosa, que também era senador, defendia abertamente a necessidade de elaboração dessa nova Constituição, embora Deodoro da Fonseca fosse contrário a isso.
O político baiano era um forte defensor do liberalismo e acreditava que o Brasil deveria se estabelecer enquanto uma república que prezasse pelas liberdades individuais. Ele se opunha, então, à saída defendida pelos militares, que eram adeptos do positivismo e defendiam a transformação do Brasil em uma república autoritária.
Na visão de Rui Barbosa, uma das principais formas de evitar o caminho do autoritarismo passava pela promulgação de uma Constituição. O texto da nova Constituição foi escrito por uma comissão formada por cinco pessoas, e Rui Barbosa fez sua revisão final. Essa Carta foi promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891.
A defesa da institucionalização do país, isto é, do fortalecimento das instituições e dos valores republicanos, fez Rui Barbosa ser um dos grandes incentivadores da criação do Supremo Tribunal Federal (STF). Esse tribunal seria o responsável por controlar os atos tomados pelo Executivo e Judiciário e por garantir os direitos e as liberdades da sociedade civil.
Rui Barbosa também foi o responsável pelo primeiro pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Isso aconteceu em 1892 e foi uma resposta dele contra as prisões de opositores do presidente Floriano Peixoto. Seu pedido foi negado pelo STF, e os opositores do presidente continuaram presos.
Encilhamento
A trajetória de Rui Barbosa na Primeira República, ainda, foi marcada por uma forte crise econômica causada por reformas promovidas por ele enquanto ministro da Fazenda. Rui Barbosa era um defensor do desenvolvimento do Brasil por meio dos negócios e da indústria e promoveu uma grande reforma financeira como forma de incentivo.
Rui Barbosa criou condições para facilitar a concessão de crédito bancário, facilitou a criação de empresas e permitiu que bancos privados emitissem papel-moeda. O resultado dessas medidas foi o início de uma pequena bolha de prosperidade por meio da criação de sociedades anônimas e da grande especulação na Bolsa de Valores.
A bolha de prosperidade mostrou-se passageira, e logo deu lugar a uma crise econômica que ficou marcada pela desvalorização da moeda brasileira, pela falência de empresas e pelo aumento do custo de vida. Essa crise econômica se estendeu por quase toda a década de 1890 e ficou conhecida como Encilhamento.
Outras atividades
Rui Barbosa foi um homem de muitas habilidades, trabalhando como jornalista, advogado, político, escritor e diplomata. Ele também concorreu à presidência em duas ocasiões: 1910 e 1919. A primeira eleição em que ele se candidatou foi contra o marechal Hermes da Fonseca. Desenvolveu a campanha civilista, defendendo que civis deveriam assumir a presidência e não militares.
A segunda eleição aconteceu em 1919 por conta do falecimento do presidente eleito, Rodrigues Alves. Ele concorreu contra Epitácio Pessoa, e, nas duas ocasiões, foi derrotado. Rui Barbosa, no entanto, recebeu votos espontâneos nas eleições de 1898, 1902, 1906, 1914, 1918 e 1922. Isso significa que ele não era candidato oficial, mas foi lembrado pelos eleitores.
Também foi escritor, sendo autor de diversos livros e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Ele presidiu essa instituição entre 1908 e 1919, assim como presidiu o Instituto dos Advogados Brasileiros entre 1914 e 1916. Rui Barbosa também ficou conhecido por seus trabalhos na área da diplomacia, obtendo reconhecimento internacional.
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Morte
A partir da década de 1920, a saúde de Rui Barbosa já apresentava sinais de decadência, e ele chegou a rejeitar a posição de ministro das Relações Exteriores por isso. Mudou-se para Petrópolis por conta de uma pneumonia, mas as complicações dessa doença levaram-no ao falecimento, em 1º de março de 1923.
Créditos da imagem:
[1] FGV/CPDOC