Visconde de Taunay
Visconde de Taunay (Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay) era carioca e filho de nobres franceses. Ele nasceu em 22 de fevereiro de 1843 e, mais tarde, iniciou sua carreira militar. Entretanto, o rapaz também tinha grande interesse em artes, literatura e política. Assim, além de romancista, foi deputado e senador.
O autor, que faleceu em 25 de janeiro de 1899, na cidade do Rio de Janeiro, fez parte do romantismo. Portanto, suas obras apresentam idealização e exagero sentimental. Seu livro mais conhecido é o romance regionalista Inocência, que conta a história de um amor impossível no interior do Brasil.
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Resumo sobre Visconde de Taunay
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Nasceu em 1843 e faleceu em 1899.
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Além de ser escritor, atuou como deputado e senador.
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Seus textos fazem parte do romantismo brasileiro.
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O romance Inocência é a obra mais famosa do romancista.
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Inocência apresenta o homem do campo, seus valores e tradições.
Biografia de Visconde de Taunay
Visconde de Taunay (Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay) nasceu em 22 de fevereiro de 1843, na cidade do Rio de Janeiro. Sendo integrante da rica nobreza brasileira, seu pai era barão e um dos mestres do imperador D. Pedro II (1825-1891). Já a mãe, assim como o pai do escritor, era de origem francesa e de família nobre.
Desde cedo, o menino se viu cercado de luxo, arte e literatura. Por volta de 1853, passou a estudar no colégio Pedro II. No jornal estudantil O Tamoio, publicou seu primeiro texto em 1858. No ano seguinte, foi matriculado na Escola Militar. Já em 1864, tornou-se segundo-tenente de artilharia, além de cursar Engenharia militar.
Porém seu curso foi interrompido devido à Guerra do Paraguai. Assim, em 1865, fez parte da Expedição de Mato Grosso. Como consequência de sua atuação, foi nomeado, em 1869, secretário do Conde d’Eu (1842-1922). Com o fim da guerra, assumiu o posto de capitão, concluiu o curso de Engenharia e se tornou professor da Escola Militar.
Em 1872, publicou Inocência, seu livro mais famoso, e foi eleito deputado pelo estado de Goiás. Dois anos depois, casou-se com Cristina Teixeira Leite (1854-1936). Já nos anos de 1876 e 1877, atuou como presidente de Santa Catarina. Depois, morou dois anos na Europa e só voltou ao Brasil em 1880.
No ano seguinte, novamente ocupou o cargo de deputado, agora por Santa Catarina. Desligou-se do Exército em 1885, com a patente de major, e assumiu a presidência do estado do Paraná. No ano seguinte, foi reeleito deputado por Santa Catarina. Logo chegou a senador do estado.
Seu título de visconde foi adquirido em 1889. Porém, nesse mesmo ano, ocorreu a Proclamação da República. Então o escritor se afastou da vida política, mas continuou defendendo a monarquia. Assim, escreveu suas últimas obras, e faleceu em 25 de janeiro de 1899, no Rio de Janeiro.
→ Títulos e honrarias de Visconde de Taunay
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Cavaleiro da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo
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Cavaleiro da Imperial Ordem de São Bento de Avis
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Membro da Academia Brasileira de Letras
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Oficial da Imperial Ordem da Rosa
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Visconde de Taunay
Características literárias de Visconde de Taunay
As obras de Visconde de Taunay estão inseridas no romantismo brasileiro. Portanto, apresentam a idealização do amor e da mulher. O narrador recorre ao sentimentalismo para prender a atenção de leitoras e leitores. Assim, há adjetivação abundante e o uso recorrente de exclamações.
Uma das principais características de seus textos é a descrição do espaço, de forma a valorizar os elementos geográficos regionais. Além disso, também ocorre a exaltação da cultura das pessoas que vivem no campo. Nessa perspectiva, suas obras são nacionalistas, pois apresentam paisagens e personagens típicos do Brasil.
O homem do campo é exibido como um corajoso herói nacional, com valores e costumes mais rígidos do que os dos habitantes do meio urbano. Assim, é um homem forte, ignorante e rude. Possui, também, uma linguagem peculiar, típica da região em que ele vive.
Leia também: José de Alencar — um dos mais significativos autores do romantismo brasileiro
Obras de Visconde de Taunay
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Cenas de viagem (1868) — memórias
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La retraite de Laguna (1871) — memórias
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A mocidade de Trajano (1871) — romance
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Inocência (1872) — romance
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A retirada de Laguna (1872) — memórias
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Lágrimas do coração (1873) — romance
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Histórias brasileiras (1874) — contos
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Da mão à boca se perde a sopa (1874) — teatro
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Ouro sobre azul (1875) — romance
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Narrativas militares (1878) — contos
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Por um triz, coronel (1880) — teatro
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Estudos críticos (1881-1883) — crítica
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Amélia Smith (1886) — teatro
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No declínio (1889) — romance
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O encilhamento (1893) — romance
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Reminiscências (1908) — memórias
Análise da obra Inocência, de Visconde de Taunay
Inocência é um típico romance regionalista. A história se passa no interior do Brasil, em Mato Grosso, em um ambiente patriarcal e conservador. Como as pessoas dali vivem distantes das facilidades do meio urbano, a chegada de um médico ao interior é motivo de comemoração.
Cirino se intitula médico. No entanto, todo o seu conhecimento de medicina provém da sua prática e também do importante livro Chernoviz. Ele deu a si mesmo o status de médico após ter iniciado sua carreira como boticário:
Em localidade pequena, de simples boticário a médico não há mais que um passo. Cirino, pois, foi aos poucos, e com o tempo, criando tal ou qual prática de receitar e, agarrando-se a um Chernoviz, já seboso de tanto uso, entrou a percorrer, com alguns medicamentos no bolso e na mala da garupa, as vizinhanças da cidade à procura de quem se utilizasse dos seus serviços.|1|
Ao ser recebido na casa de Pereira — um tradicional fazendeiro proveniente de Minas Gerais, com sua típica linguagem e desconfiança mineiras —, o médico se apaixona por Inocência, a filha de seu anfitrião. Assim, trai a confiança de Pereira, que mantém sua filha vigiada, já que ela está prometida ao rude Manecão Doca.
Pereira confia em Cirino, mas desconfia do alemão Meyer, um naturalista, isto é, estudioso de insetos, que, alheio a certas questões culturais, não vê problema em elogiar a beleza da moça. Contudo, o elogio ofende o conservador pai de Inocência e o faz ficar ainda mais vigilante.
Quando o mineiro descobre que a filha está apaixonada por Cirino, só lhe resta lavar sua honra com sangue. Mas é o noivo Manecão que toma para si essa tarefa. Assim, após a morte de Cirino, Inocência também falece. Antes, porém, ela se recusa a contrair um casamento sem amor.
Nota
|1| TAUNAY, Visconde de. Inocência. São Paulo: FTD, 1999.
Crédito de imagem
[1] Editora Record (reprodução)