Estilos de época
Estilos de época são movimentos literários e artísticos. Eles estão relacionados a obras que, produzidas durante um mesmo período histórico, apresentam características em comum. São estilos de época da literatura brasileira o Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo e Pós-Modernismo.
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Resumo sobre estilos de época
- Estilos de época são movimentos artísticos que englobam obras que compartilham as mesmas características.
- Os estilos de época da literatura brasileira são os seguintes:
- Quinhentismo;
- Barroco;
- Arcadismo;
- Romantismo;
- Realismo;
- Naturalismo;
- Parnasianismo;
- Simbolismo;
- Modernismo;
- Pós-Modernismo.
O que são os estilos de época?
Estilos de época são movimentos literários e artísticos. Cada estilo de época possui características específicas, relacionadas ao contexto histórico em que as obras são produzidas. Assim, os clássicos da literatura brasileira pertencem a vários estilos de época, que também são chamados de “escolas literárias”.
Os estilos de época da literatura brasileira
Estilos |
Características |
Autores e obras |
(1500-1601) |
Textos com temática religiosa, com objetivo de catequizar os indígenas brasileiros, e textos de caráter informativo, com descrições do Brasil. |
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(1601-1768) |
Contraste, temática da morte, visão pessimista, elementos religiosos, uso da antítese e do paradoxo, cultismo e conceptismo. |
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(1768-1836) |
Idealização do amor, pastoralismo, mulher idealizada, referências greco-latinas. |
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(1836-1881) |
Poesia nacionalista e nativista (primeira fase), ultrarromântica (segunda fase) e social (terceira fase). Prosa indianista (nacionalista e nativista), urbana (retrata a burguesia carioca) e regionalista (ambientada no interior do Brasil).
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(1881-1902) |
Antirromantismo, linguagem objetiva, crítica à burguesia, fluxo de consciência, análise psicológica, crítica sociopolítica. |
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(1881-1902) |
Antirromantismo, linguagem objetiva, visão determinista e zoomorfização.
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(1882-1893) |
Poesia de caráter descritivo, linguagem objetiva, rigor formal, referências greco-latinas.
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(1893-1902) |
Poesia antirrealista, uso de sinestesia, rigor formal, valorização da musicalidade. |
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Pré-Modernismo (1902-1922) |
Período de transição entre o Simbolismo e o Modernismo, possui o rigor formal simbolista, traços naturalistas e o nacionalismo modernista. |
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(1922-1945) |
Nacionalismo, inovação e antiacademicismo (primeira fase), conflito existencial e crítica sociopolítica (segunda fase), prosa marcada pela crítica social, regionalismo, realismo e determinismo.
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Pós-Modernismo (1945-1978) |
Também chamado de “terceira fase modernista”, é marcado pela prosa fragmentada, metalinguística, com monólogo interior e traços da literatura fantástica, além de poesia social e poesia concreta.
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Estilo de época x estilo individual
Estilo de época |
Estilo individual |
Engloba obras com características literárias em comum, produzidas em determinado período histórico. Desse modo, temos poemas ou prosas românticas, modernistas etc. |
Além de pertencer a um estilo de época, uma obra literária apresenta características próprias (estilo individual) de seu autor ou autora. Nessa perspectiva, é possível apontar a interação com o leitor na ficção de Machado de Assis e o cientificismo de Augusto dos Anjos, por exemplo. |
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Exercícios resolvidos sobre estilos de época
Questão 1 (Enem)
O canto do guerreiro
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Gonçalves Dias.
Macunaíma
(Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
Mário de Andrade.
A leitura comparativa dos dois textos acima indica que
A) ambos têm como tema a figura do indígena brasileiro apresentada de forma realista e heroica, como símbolo máximo do nacionalismo romântico.
B) a abordagem da temática adotada no texto escrito em versos é discriminatória em relação aos povos indígenas do Brasil.
C) as perguntas “— Quem há, como eu sou?” (1o texto) e “Quem podia saber do Herói?” (2o texto) expressam diferentes visões da realidade indígena brasileira.
D) o texto romântico, assim como o modernista, aborda o extermínio dos povos indígenas como resultado do processo de colonização no Brasil.
E) os versos em primeira pessoa revelam que os indígenas podiam expressar-se poeticamente, mas foram silenciados pela colonização, como demonstra a presença do narrador, no segundo texto.
Resolução:
Alternativa C.
A pergunta “— Quem há, como eu sou?”, no poema romântico de Gonçalves Dias, mostra o orgulho e a coragem do indígena brasileiro idealizado. Já a pergunta “Quem podia saber do Herói?”, no romance de Mário de Andrade, mostra a realidade dos povos indígenas, os quais, dizimados, se tornam vítimas em vez de heróis.
Questão 2 (Enem)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o deficit. Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa numa expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao
A) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna.
B) atribuir a “efeito de relações sociais” à naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos.
C) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara.
D) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades.
E) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo.
Resolução:
Alternativa B.
A ironia, marca do estilo individual de Machado de Assis, é evidenciada quando o narrador considera como “efeito de relações sociais” a crueldade do personagem Cotrim. Afinal, torturar pessoas escravizadas não é resultado de uma relação social, mas sim um ato desumano. Assim, ao fazer a afirmação como se fosse uma verdade, o narrador está sendo irônico.
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
MENDES, Ana Cristina. A ficção pós-modernista e a busca das verdades possíveis — uma resenha teórica. Revista de Letras, São Paulo, v. 57, n. 1, p. 27-41, jan./ jun. 2017.