Rubem Braga

Rubem Braga nasceu em 12 de janeiro de 1913. Aos 15 anos de idade, já escrevia crônicas para o jornal Correio do Sul, em Cachoeiro de Itapemirim (ES), sua terra natal. Formado em Direito, nunca exerceu a profissão, pois decidiu se dedicar ao jornalismo. Desse modo, fez a cobertura da Revolução Constitucionalista de 1932 e foi correspondente de guerra, na Itália, no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como outros intelectuais de esquerda da época, não escapou da perseguição política durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954).

O seu primeiro livro O conde e o passarinho — foi publicado em 1936. Desse modo, o autor recebeu influência tanto da primeira quanto da segunda geração do modernismo brasileiro. Consagrado como cronista, Rubem Braga escreveu textos que trazem elementos do cotidiano a partir de um olhar universalizante e objetivo, sem perder o lirismo, dado o caráter memorialístico das crônicas desse escritor que morreu em 19 de dezembro de 1990.

Leia também: Carlos Drummond de Andrade — o maior poeta brasileiro do século XX

Biografia

Rubem Braga nasceu em 12 de janeiro de 1913, em Cachoeira de Itapemirim, no estado do Espírito Santo. Em 1928, passou a escrever para o jornal Correio do Sul, de propriedade de seus irmãos, em sua cidade natal. Mas, em 1931, mudou-se para Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde finalizou a graduação em Direito, no ano de 1932, e passou a escrever crônicas para o Diário da Tarde.

Rubem Braga, em 1966.

Em 1932, cobriu a Revolução Constitucionalista para os Diários Associados e, em 1935, era responsável pela página policial do Diário de Pernambuco. Nesse mesmo ano, Rubem Braga criou a Folha do Povo, em Recife, jornal que fazia oposição ao presidente Getúlio Vargas. Devido a perseguições políticas, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no periódico A Manhã; porém, logo o jornal foi fechado pelo governo.

Rubem Braga publicou seu primeiro livroO conde e o passarinhoem 1936. No ano seguinte, instaurado o Estado Novo, a situação dos intelectuais de esquerda no país se complicou. Devido a isso, em 1940, o escritor foi detido, mas, em 1943, tornou-se chefe de publicidade do Serviço Especial de Saúde Pública de Minas Gerais. No final da Segunda Guerra Mundial, nos anos de 1944 e 1945, foi correspondente de guerra para o Diário Carioca. Nessa ocasião, acompanhou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália.

Ao voltar, escreveu crônicas para o Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo e para a revista Manchete, entre outros periódicos. Cobriu a eleição de Juan Domingo Perón (1895-1974), na Argentina, em 1946. No ano seguinte, morou na França durante seis meses como correspondente do O Globo. Entre 1954 e 1955, foi chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil no Chile. Em 1960, em parceria com o escritor Fernando Sabino (1923-2004), fundou a Editora do Autor e, em 1967, a Editora Sabiá. De 1961 a 1963, foi embaixador do Brasil no Marrocos. De 1975 a 1990, fez parte da equipe de jornalismo da TV Globo, antes de falecer em 19 de dezembro de 1990.

Leia também: Fernando Sabino — autor que fez parte da 3ª fase do modernismo

Características literárias

Rubem Braga está filiado ao modernismo brasileiro de forma muito peculiar, uma vez que é, predominantemente, um autor de crônicas. Desse modo, sofreu influência da primeira geração modernista, especialmente do escritor Manuel Bandeira (1886-1968); mas as bases de sua escrita se fixaram durante a segunda geração do modernismo brasileiro. No mais, suas crônicas são assim caracterizadas pelos críticos:

  • reflexão sobre fatos cotidianos;

  • universalidade dos temas;

  • objetividade e clareza;

  • pouca adjetivação;

  • coloquialismo: marcas de oralidade;

  • caráter memorialístico;

  • predominância do tempo presente;

  • simplicidade modernista;

  • crítica sociopolítica;

  • tom melancólico;

  • temática da solidão;

  • escrita opinativa;

  • ironia;

  • lirismo.

Obras

O conde e o passarinho, de Rubem Braga, publicado pela Global Editora, é o primeiro livro de crônicas do autor. |1|
  • O conde e o passarinho (1936)

  • Morro do isolamento (1944)

  • Com a FEB na Itália (1945)

  • Um pé de milho (1948)

  • O homem rouco (1949)

  • 50 crônicas escolhidas (1951)

  • Três primitivos (1954)

  • A borboleta amarela (1955)

  • A cidade e a roça (1957)

  • 100 crônicas escolhidas (1958)

  • Ai de ti, Copacabana (1962)

  • Crônicas do Espírito Santo (1964)

  • A traição das elegantes (1967)

  • 200 crônicas escolhidas (1977)

  • O menino e o tuim (1986)

  • As boas coisas da vida (1988)

  • O verão e as mulheres (1990)

  • 1939: um episódio em Porto Alegre (Uma fada no front) (1994)

  • Casa dos Braga: memória de infância (1997)

  • Um cartão de Paris (1997)

Veja também: Ariano Suassuna — um dos mais importantes autores brasileiros

Frases

A seguir, vamos ler algumas frases de Rubem Braga, retiradas de sua entrevista a Beatriz Marinho, publicada em O Estado de S. Paulo, em 24 de outubro de 1987.

“Meu parâmetro político sempre foi a oposição ao Getúlio, a qualquer ditadura ou também à falta de governo.”

“É uma bobagem alguém acreditar que o Exército tem uma burocracia organizada.”

“Não posso me queixar da vida.”

“Gostaria de passar o resto da vida num consulado em Florença, ganhando em dólar, não tendo nada para fazer e com aquela cidade fantástica à mão.”

Veja agora algumas frases de sua entrevista a Clarice Lispector (1920-1977), publicada na revista Fatos & Fotos, em 27 de junho de 1977.

“Sou uma esfinge sem segredo.”

“Fazer bons poemas exige um tipo de habilidade e de economia, síntese e ao mesmo tempo, desculpem a palavra, inspiração.”

“Como é chato a gente se reler!”

“É verdade que amei muito e amei errado, com demasiada paixão. Mas alguém ama certo?”

“Eu sou uma velha vaca atolada.”

“Acho que a liberdade é essencial.”

“Sou contra toda e qualquer forma de ditadura: de classe, de indivíduo ou de casta.”

“A gente escrever não adianta nada, Clarice.”

Crédito da imagem

|1| Global Editora / Reprodução

Publicado por Warley Souza
Português
Acima ou a cima?
“Acima” ou “a cima”? Estão corretas as duas formas, mas é preciso saber se quem escreve tem a intenção de empregar um advérbio de lugar ou um substantivo acompanhado de artigo ou preposição. Veja esta videoaula para tirar suas dúvidas sobre o emprego correto da palavra ou expressão!
Outras matérias
Biologia
Matemática
Geografia
Física
Vídeos