Desemprego no Brasil

O desemprego no Brasil é um problema socioeconômico que tem como causas fatores como a baixa qualificação profissional de parte da população, a automação de processos em diferentes segmentos da economia, a flexibilização das leis do trabalho e as crises econômica e sanitária vivenciadas. Com isso, observa-se o crescimento do desemprego conjuntural e do desemprego estrutural, os mais comuns entre a população brasileira. Recentemente, após a recuperação da crise econômica e sanitária instalada em 2020, as taxas de desemprego recuaram no país, chegando a 6,1% no último trimestre de 2024, segundo informações do IBGE.
Leia também: Participação das mulheres no mercado de trabalho — quais os maiores desafios?
Resumo sobre desemprego no Brasil
- O desemprego no Brasil é um problema socioeconômico causado por diversos fatores, entre os quais estão:
- recessão e crise econômica;
- crise sanitária;
- baixa qualificação profissional dos trabalhadores;
- automação de processos;
- diferenças econômicas regionais;
- flexibilização das leis do trabalho.
- O desemprego conjuntural, causado por fatores como as crises econômicas, é o principal tipo de desemprego que assola a população brasileira.
- No último trimestre de 2024, o desemprego no Brasil chegou a 6,1%, sendo essa a menor taxa registrada desde o início da PNAD Contínua em 2012.
- O desemprego de longa duração foi o que mais experimentou queda nos últimos anos.
- As melhorias econômicas, que resultaram na criação de novos postos de trabalho, são causas do crescimento do emprego nos últimos anos no Brasil.
- No entanto, houve também ampliação da informalidade e do número de pessoas que trabalham por conta própria.
- Da população que continua desempregada, as mulheres negras compõem a maior parcela.
- O desemprego no Brasil tem como consequências o agravamento das desigualdades socioeconômicas, o crescimento da informalidade e o aumento dos problemas de saúde física e mental da população desempregada e de seus dependentes.
Causas do desemprego no Brasil
O desemprego no Brasil é um problema socioeconômico que tem como gerador uma série de fatores atrelados ao desenvolvimento da economia nacional, a questões inerentes ao mercado de trabalho e mesmo a problemas externos que afetam diretamente a geração de vagas e a manutenção de postos de trabalho no país. Considerando a conjuntura recente observada no país, podemos citar como as principais causas do desemprego:
- Crises econômicas e recessão: momentos de recessão na economia e de enfrentamento de crises econômicas de origem nacional ou internacional, com desaceleração do crescimento brasileiro e queda na geração de empregos, estão entre as principais causas da desocupação no Brasil. As principais altas recentes no desemprego, que aconteceram nos anos de 2016, 2017 e 2022, foram orientadas por crises econômicas, uma delas orientada por uma crise política, e a mais recente delas, por uma crise sanitária de escala global.
- Crises sanitárias: são aquelas crises que têm início no setor da saúde e podem desencadear crises econômicas e políticas. A mais recente delas foi a pandemia da covid-19, que afetou duramente o Brasil entre os anos de 2020 e 2022, e causou forte recessão econômica e elevação do desemprego. Nota-se que estamos tratando de pessoas que não tinham nenhuma ocupação profissional e estavam em busca de uma, descartando universitários, donas de casa e pessoas que possuem o próprio negócio (o que abrange trabalhadores autônomos regularizados).
- Baixa qualificação profissional: essa é a segunda maior causa do desemprego no Brasil, e está relacionada à escolaridade da população e também à ausência de habilidades específicas que são demandadas por algumas vagas de emprego. Com isso, parte da população economicamente ativa (PEA), mesmo em condições para trabalhar, não consegue nenhuma colocação no mercado formal de trabalho.
- Automação de processos: o avanço da tecnologia e a adoção de processos automatizados em segmentos como a indústria e a agricultura têm substituído a mão de obra humana por maquinários, o que por si só causa a supressão de vagas de emprego e demissões. As novas vagas criadas são designadas para lidar com o controle de tais tecnologias, o que exige maior qualificação profissional.
- Diferenças econômicas regionais: o Brasil é um país que apresenta profunda desigualdade socioeconômica entre as suas grandes regiões, e os dados estatísticos acerca do desemprego evidenciam isso. A região Nordeste é aquela que apresenta maior taxa de desemprego no país atualmente, seguida da região Norte. Um dos motivos que faz com haja essa discrepância é a elevada informalidade encontrada em ambas as regiões.
- Mudanças na legislação trabalhista: a flexibilização das leis do trabalho proposta na última reforma trabalhista realizada no Brasil contribuiu para o desemprego no país, jogando muitas pessoas na informalidade.
Veja também: Favelização — fenômeno que afeta diversas áreas urbanas do Brasil
Quais os tipos de desemprego no Brasil?
Os tipos de desemprego no Brasil são classificados de acordo com os fatores geradores e o tempo em que o indivíduo permanece sem ocupação. Levando isso em consideração, identifica-se os seguintes tipos de desemprego no país:
- Desemprego conjuntural: principal tipo de desemprego no Brasil, a desocupação é gerada por questões circunstanciais, como a recessão econômica e as crises políticas e sanitárias. Esse tipo de desemprego causa grandes impactos na economia do território e nos núcleos familiares.
- Desemprego estrutural: segunda maior causa de desemprego no Brasil, e está ligado às transformações estruturais pelas quais passou a indústria, principalmente, bem como os demais segmentos da economia por meio da automação de processos produtivos e da extinção de postos de trabalho. Fatores como o perfil da mão de obra e a baixa qualificação também entram como causadores do desemprego estrutural. Saiba mais sobre esse tema clicando aqui.
É importante reforçar que existem circunstâncias, como foi a crise sanitária do intervalo entre 2020-2022, que aprofundam e agravam a situação do desemprego estrutural no país. Nesse sentido, temos um fator conjuntural afetando outro estrutural.
- Desemprego de longa duração: aquele em que o indivíduo procura emprego há mais de dois anos. Apesar da taxa do desemprego de longa duração ainda ser significativa no Brasil, esse tipo de desocupação experimentou queda entre meados de 2021 e o último trimestre de 2023, apresentando oscilações no ano de 2024.
- Desemprego friccional: tipo bastante comum de desemprego, acontece no intervalo de tempo entre a saída do indivíduo de um trabalho e o seu ingresso em outro posto; ou seja, é um desemprego temporário, em que a pessoa desempregada consegue realocação no mercado. Não está relacionado nem com fatores conjunturais, nem com fatores estruturais, alheios ao trabalhador.
- Desemprego sazonal: esse tipo de desemprego acontece em determinados períodos do ano como o resultado da despensa de trabalhadores temporários contratados para suprir a demanda de épocas como a do Natal, por exemplo, em que o varejo amplia a sua mão de obra para conseguir atender o público. Dessa forma, é muito comum que o primeiro trimestre do ano seguinte apresente aumento na taxa de desemprego como consequência desse fluxo.
Desemprego no Brasil, na atualidade

O desemprego no Brasil atingiu a sua menor taxa desde o início da coleta de dados pela PNAD Contínua no início de 2012. As informações do IBGE para o último trimestre de 2024 reportam que a taxa de desemprego no Brasil foi de 6,1%, montante esse que é equivalente a 6,8 milhões de pessoas desocupadas e em busca de colocação profissional. No geral, o ano de 2024 foi marcado pela contínua queda do desemprego no país, que iniciou em 7,9% no primeiro trimestre do ano.
Ainda que tenha havido a queda da desocupação, é preciso se atentar ao fato de que a informalidade também cresceu no país. Estima-se que 38,8% da população estejam, hoje, trabalhando em serviços informais. Ao mesmo tempo, o número de pessoas que trabalha por conta própria, ou seja, que não possuem carteira assinada, cresceu em todas as regiões do país. No entanto, tanto os informais quanto os autônomos tiveram maior crescimento nos estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Analisando a fundo a população desempregada no Brasil atualmente, temos que os negros e as mulheres são os dois grupos predominantes entre as pessoas desocupadas que estão em busca de um trabalho no país. A situação é ainda mais grave para as mulheres negras, recorte demográfico cuja taxa de desemprego é de 10,1%. Esse valor é o dobro do desemprego calculado para homens brancos, e está muito acima da média brasileira.
Taxa de desemprego no Brasil
Os dados de desemprego no Brasil são levantados pelo IBGE e, desde 2012, são divulgados trimestralmente por meio da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua. Antes disso, no período, que foi de 2002 a 2016, as informações integravam a Pesquisa Mensal do Emprego (PME). Levando em consideração o intervalo de 2004 a 2011, estima-se que as taxas de desemprego média no Brasil se comportaram da seguinte maneira:
Taxa de desemprego no Brasil entre 2004 e 2011 |
|
2004 |
9,86% |
2005 |
9,90% |
2006 |
9,32% |
2007 |
8,74% |
2008 |
8,10% |
2009 |
8,88% |
2010 |
8,16% |
2011 |
7,58% |
Fonte: BACCIOTTI, Rafael; MARÇAL, Emerson Fernandes. Taxa de Desemprego no Brasil em quatro décadas: retropolação da PNAD contínua de 1976 a 2016. In: Estudos Econômicos (São Paulo), v. 50, p. 513-534, 2020.
O gráfico a seguir apresenta a evolução da taxa de desemprego por trimestre desde 2012 até 2024. Nota-se que, durante os períodos de crise econômica, como aconteceu entre 2015 e 2017, houve um crescimento da taxa de desocupação, que chegou a 13,9% no período.

O segundo pico de desemprego identificado aconteceu já durante a pandemia de covid-19, quando quase 15% dos brasileiros estavam desempregados entre o segundo e o terceiro trimestre de 2020. Após um breve recuo, esses valores se repetiram no ano de 2021, a partir de quando o desemprego sofreu forte queda. O fim da pandemia e a retomada do crescimento econômico do Brasil promoveram nova queda do desemprego, que chegou a 8,8% no início de 2023 e terminou aquele ano com 7,4%. Em 2024, o desemprego foi de 7,9% no primeiro trimestre e 6,1% no último trimestre.
Saiba mais: Existe trabalho escravo no Brasil atual?
Consequências do desemprego no Brasil
O desemprego no Brasil resulta em consequências socioeconômicas tanto para a parcela da população desempregada quanto para a economia nacional. Além disso, a desocupação e a falta de renda a ela associada resultam em problemas de saúde, notoriamente de saúde mental. Dentre as consequências do desemprego no Brasil, estão:
- Desenvolvimento ou agravamento de problemas de saúde mental na população desempregada e em familiares, como ansiedade e depressão.
- Queda da qualidade de vida do trabalhador e desenvolvimento de problemas de saúde física.
- Crescimento do número de pessoas trabalhando na informalidade e em subempregos.
- Aumento da terceirização e da precarização do trabalho.
- Diminuição do consumo e menor circulação de dinheiro.
- Aprofundamento das desigualdades socioeconômica entre a população brasileira, o que pode alavancar índices de violência e criminalidade, sobretudo nos grandes centros urbanos.
Créditos da imagem
Fontes
BACCIOTTI, Rafael; MARÇAL, Emerson Fernandes. Taxa de Desemprego no Brasil em quatro décadas: retropolação da PNAD contínua de 1976 a 2016. In: Estudos Econômicos (São Paulo), v. 50, p. 513-534, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/141971.
BELLO, Luiz. Desocupação recua em 15 unidades da federação no segundo trimestre de 2024. Agência Notícias IBGE, 15 ago. 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/41018-desocupacao-recua-em-15-unidades-da-federacao-no-segundo-trimestre-de-2024.
CARRANÇA, Thais. Mesmo após crise gerada por pandemia, Brasil terá 10 milhões de desempregados, dizem economistas. BBC News Brasil, 23 jul. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57937692.
GRIEBELER, Marcos Paulo Dhein. (Org.) Dicionário do desenvolvimento regional e temas correlatos. Uruguaiana, RS: Editora Conceito, 2021.
IBGE. IBGE Explica: Desemprego. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php.
JORNAL NACIONAL. Levantamento do IBGE aponta desigualdades em relação a oportunidades de trabalho no Brasil. Jornal Nacional, 18 mai. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/05/18/levantamento-do-ibge-aponta-desigualdades-em-relacao-a-oportunidades-de-trabalho-no-brasil.ghtml.
REDAÇÃO. Desemprego cai para 6,1% e atinge menor taxa da história. Agência Gov, 27 dez. 2024. Disponível em: https://agenciagov.ebc.com.br/noticias/202412/desocupacao-cai-para-6-1-no-trimestre-encerrado-em-novembro-menor-taxa-da-serie-historica.
REDAÇÃO. Desigualdade racial persiste no mercado de trabalho brasileiro. Ministério do Trabalho e Emprego, 19 nov. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2024/Novembro/desigualdade-racial-persiste-no-mercado-de-trabalho-brasileiro.
REDAÇÃO. PNAD Contínua Trimestral: desocupação recua em 7 das 27 UFs no terceiro trimestre de 2024. Agência Notícias IBGE, 22 nov. 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/41929-pnad-continua-trimestral-desocupacao-recua-em-7-das-27-ufs-no-terceiro-trimestre-de-2024.
REDAÇÃO G1. Desemprego cai em 7 estados no 3º trimestre de 2024, diz IBGE. G1, 22 nov. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/11/22/desemprego-cai-em-7-estados-no-3o-trimestre-de-2024-diz-ibge.ghtml.
Ferramentas Brasil Escola




Artigos Relacionados

Últimas notícias
Outras matérias


