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João Figueiredo

João Figueiredo foi um militar e político brasileiro. Ele foi o último presidente do período da Ditadura Militar, e seu governo foi impopular no país.
João Figueiredo, o último presidente militar do período da Ditadura Militar, conversando com um oficial.
João Figueiredo (de roupa clara) foi presidente do Brasil entre os anos de 1979 e 1985. [1]

João Figueiredo foi um militar e político brasileiro muito conhecido por ter sido o último presidente militar do período da Ditadura Militar, governando o país entre os anos de 1979 e 1985. Seu governo ficou marcado pelo fracasso na economia, pelas declarações grosseiras do presidente e pelo insucesso dos militares nas tentativas de realizarem uma abertura política controlada do país.

O governo de João Figueiredo também contou com um forte engajamento popular pela abertura democrática irrestrita do país. A campanha das Diretas Já foi uma demonstração disso, e esse governo se encerrou com a vitória de Tancredo Neves na eleição de 1985. Figueiredo recusou-se a passar a faixa na posse de José Sarney, o vice de Tancredo que assumiu após sua morte.

Leia também: Fernando Henrique Cardoso — o único presidente brasileiro eleito duas vezes no primeiro turno das eleições

Resumo sobre João Figueiredo

  • João Figueiredo foi o último presidente do período da Ditadura Militar, governando o país entre 1979 e 1985.

  • Seu governo teve péssimos resultados na economia.

  • O objetivo dos militares de realizar uma abertura política controlada fracassou mediante o engajamento popular.

  • A campanha das Diretas Já foi um dos grandes movimentos populares que aconteceram no governo de João Figueiredo.

  • Figueiredo retirou-se da política após sair da presidência.

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Origens de João Figueiredo

João Batista de Oliveira Figueiredo nasceu no dia 15 de janeiro de 1918 e é originário do Rio de Janeiro. Pertencia a uma família elitizada, sendo filho de Euclides de Oliveira Figueiredo, um militar que participou de inúmeros acontecimentos marcantes da história brasileira no século XX. O pai de Figueiredo chegou a ser perseguido pelo governo de Getúlio Vargas, sendo obrigado a exilar-se.

A educação de Figueiredo foi uma educação militar, com o intuito de que ele seguisse a carreira militar, assim como dois de seus irmãos, seguindo os passos do pai. Ao todo, Figueiredo teve cinco irmãos nascidos do casamento de Euclides com Valentina Silva Oliveira Figueiredo.

Entre os colégios em que Figueiredo estudou na sua juventude estão um colégio militar de Porto Alegre e uma escola militar de Realengo, no Rio de Janeiro. Durante sua formação militar, João Figueiredo optou por seguir a carreira na cavalaria do exército. A carreira militar de Figueiredo iniciou-se oficialmente durante o Estado Novo.

Carreira militar de João Figueiredo

João Figueiredo foi uma das personalidades mais importantes do exército brasileiro e não à toa chegou ao poder do Brasil como presidente durante o período da Ditadura Militar. A ascensão de Figueiredo na hierarquia do exército foi rápida, e ele assumiu cargos e posições de grande importância ao longo de sua vida.

Figueiredo foi instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, serviu no Estado-Maior do Exército, realizou uma missão militar no Paraguai durante três anos e estudou na Escola Superior de Guerra.

Durante o governo de Jânio Quadros, esteve no Conselho de Segurança Nacional sob o comando de Golbery do Couto e Silva. No governo de João Goulart, esteve na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, um dos locais que aderiu abertamente à conspiração contra o governo de Jango. O próprio João Figueiredo esteve envolvido diretamente no Golpe Civil-Militar de 1964.

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João Figueiredo na presidência

Em 1977, o presidente do Brasil era Ernesto Geisel, e como era de praxe na Ditadura, um representante seria indicado pelo governo para suceder o atual mandatário do país. Geisel decidiu indicar João Figueiredo, que àquela altura era o presidente do Serviço Nacional de Informações, um órgão do governo que atuava no monitoramento de indivíduos vistos como potenciais inimigos do regime.

Na posição de chefe do SNI, Figueiredo conseguiu construir uma boa imagem de si, e isso fez com que Geisel o indicasse para sucedê-lo. Em 1978, João Figueiredo venceu a eleição presidencial indireta com 355 votos, realizada no Congresso Nacional. Seu adversário, o militar que concorria pelo MDB, o general Euler Bentes Monteiro, obteve 226 votos.

João Figueiredo assumiu a presidência no dia 15 de março de 1979. Na presidência, João Figueiredo ficou conhecido por ser uma figura mal-humorada e que frequentemente dava declarações grosseiras, entre as quais a de que ele sugeriu que cometeria suicídio caso ganhasse apenas um salário-mínimo.

Outra declaração polêmica de João Figueiredo foi a de que ele disse preferir o cheiro dos cavalos do que o cheiro do povo. Além das falas infelizes, o governo de João Figueiredo ficou marcado por conduzir pessimamente a economia, obtendo resultados ruins no PIB, na inflação e na dívida externa do país.

O governo de João Figueiredo foi também o último governo militar do período da Ditadura Militar. Esse governo tentou conduzir o projeto de realizar uma abertura política controlada, sendo que o intuito dos militares ao fazer isso era devolver o poder aos civis desde que esses governassem o país da maneira como os militares achavam adequado, isto é, de forma centralizadora e autoritária.

A aprovação da Lei da Anistia, do jeito que ocorreu, foi uma das etapas dessa abertura. Essa lei permitiu o retorno de uma série de brasileiros que estavam exilados, mas não libertou vários presos políticos e ainda permitiu que torturadores e outros criminosos da ditadura saíssem impunes por seus crimes.

Em 1979, o bipartidarismo foi extinto e novos partidos surgiram no país, o que foi parte de um esforço dos militares para enfraquecer a oposição realizada pelo MDB. O que os militares não previam é que o engajamento popular contra a ditadura seria tão grande que frustraria os objetivos de fazer essa abertura controlada.

Em 1983, foi proposta um Emenda Constitucional pelo deputado emedebista Dante de Oliveira que sugeria o retorno da eleição presidencial direta. Essa emenda teve repercussão imediata entre a população, que atuou fortemente na campanha das Diretas Já. Os comícios em defesa da aprovação da emenda tiveram a participação de milhões de brasileiros em diferentes partes do Brasil, mas a emenda não foi aprovada.

Restou à oposição tentar vencer a eleição indireta marcada para 1985, e para isso foi lançada a candidatura de Tancredo Neves, um político de oposição que tinha bom trânsito entre os militares. A candidatura de Tancredo Neves foi contra o indicado de João Figueiredo, o paulista Paulo Maluf.

No fim, Tancredo Neves venceu a disputa, mas não assumiu devido a um grave problema de saúde que o levou a seu falecimento em 21 de abril de 1985. O vice de Tancredo, José Sarney, foi empossado presidente, e João Figueiredo recusou-se a participar da cerimônia de posse do novo presidente do Brasil. A posse de Sarney marcou o fim da Ditadura Militar no Brasil, bem como do governo de João Figueiredo.

Videoaula sobre o governo de João Figueiredo

Último anos de João Figueiredo

Ao sair da presidência, João Figueiredo anunciou que ia se retirar da vida pública permanentemente, mas eventualmente aparecia para engajar-se em ações políticas conservadoras e reacionárias, além de criticar o país que se construiu após a Ditadura Militar.

A saúde do ex-presidente se deteriorou ao longo da década de 1990. Figueiredo tinha problemas recorrentes com seu coração e sua coluna, e as dores de coluna dele se agravaram naquela década pelo avançar da idade. Figueiredo chegou a realizar uma cirurgia espiritual para curar-se e em outra ocasião parou na UTI. O ex-presidente faleceu em 24 de dezembro de 1999 na cidade do Rio de Janeiro.

Crédito de imagem

[1] FGV/CPDOC (reprodução)

Publicado por Daniel Neves Silva

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