Émile Zola

Émile Zola nasceu em 2 de abril de 1840, em Paris, cidade francesa. Após a morte do pai, em 1847, o menino Émile e sua mãe passaram por grandes dificuldades financeiras. Em 1862, o escritor começou a trabalhar em uma editora e, depois, como jornalista em alguns periódicos franceses.

Zola é conhecido não só pela sua filiação ao naturalismoestilo de época marcado pelo cientificismo e por uma visão determinista do caráter humano —, mas também pela sua personalidade combativa. Assim, o escritor, que morreu em 29 de setembro de 1902, envolveu-se na defesa do oficial judeu Alfred Dreyfus. Para o artista, Dreyfus estava sendo vítima de antissemitismo.

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Biografia de Émile Zola

Émile Zola, em 1902.

Émile Zola nasceu em 2 de abril de 1840, em Paris, na França. Seu pai era engenheiro civil e, por isso, a família se mudou para Aix-en-Provence, onde o escritor viveu a sua infância. Quando o pai faleceu, em 1847, a mãe e o filho passaram por grandes dificuldades financeiras.

Mais tarde, o jovem escritor estudou no Liceu Saint-Louis, em Paris, onde concluiu seus estudos. Porém, foi reprovado na prova de bacharelado e não pôde fazer faculdade. Assim, só lhe restava buscar emprego; mas, no início, não teve sucesso. Desempregado durante dois anos, experimentou grande pobreza.

Em 1862, conseguiu trabalho como escriturário na editora Hachette e também escrevia artigos para periódicos, além de seus textos de ficção. Seu livro A confissão de Claude foi publicado em 1865, mas causou polêmica e desagradou ao patrão de Zola. Portanto, o autor deixou seu emprego na editora e passou a se manter como jornalista.

Em 1870, casou-se com Alexandrine Meley (1839-1925), com quem mantinha um relacionamento amoroso havia, aproximadamente, cinco anos. Anos depois, em 1888, Zola iniciou um relacionamento extraconjugal com Jeanne Rozerot (1867-1914). O relacionamento durou 14 anos e gerou dois filhos.

O escritor aderiu ao naturalismo e publicou, em 1880, o famoso texto O romance experimental. No entanto, ao publicar o livro A obra, em 1886, seus amigos pintores — Paul Cézanne (1839-1906), Claude Monet (1840-1926), Edgar Degas (1834-1917) e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) — sentiram-se ofendidos e romperam a amizade com o romancista.

Por ser um indivíduo que manifestava, sem medo, suas opiniões, continuou a ter problemas com suas obras. Em 1887, seu livro A terra fez com que um grupo de escritores publicasse um manifesto de repúdio no famoso jornal Le Figaro. Já em 1892, quando publicou o romance A derrocada, foi criticado tanto por franceses quanto por alemães.

Em 1898, o escritor se envolveu em mais uma polêmica. Ele criticou os responsáveis pela condenação por traição, em 1894, de Alfred Dreyfus (1859-1935), um oficial judeu do exército que Zola considerou vítima de antissemitismo. O autor acabou sendo processado por difamação e julgado culpado. Por isso, fugiu para a Inglaterra, onde permaneceu até 1899, quando o caso Dreyfus foi reaberto.

Quando Émile Zola faleceu, em 29 de setembro de 1902, na cidade de Paris, houve aqueles que acreditaram em assassinato. O escritor morreu asfixiado devido a uma obstrução em sua chaminé. O acidente, até hoje, ainda gera a suspeita de que o envolvimento do romancista no caso Dreyfus tenha sido o causador de sua morte.

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Estilo literário de Émile Zola

Émile Zola é o principal representante do naturalismo francês, que apresenta as seguintes características:

• objetividade;
• cientificismo;
• fatores deterministas (raça, meio e momento histórico);
• biologismo;
• zoomorfização;
• supremacia dos instintos;
• sexualidade explícita;
• histeria feminina;
• racismo pseudocientífico;
• homofobia.

Obras de Émile Zola

Capa do livro Germinal, de Émile Zola, publicado pela editora Estação Liberdade. [1]

Romances e novelas

• Contos a Ninon (1864)
• A confissão de Claude (1865)
• Os mistérios de Marseille (1867)
• Thérèse Raquin (1867)
• Madeleine Férat (1868)
• A fortuna dos Rougon (1870)
• O regabofe (1871)
• A saga dos Rougon-Macquart (1871-1893)
• O ventre de Paris (1873)
• Novos contos a Ninon (1874)
• A conquista de Plassans (1874)
• O crime do padre Mouret (1875)
• O senhor ministro (1876)
• A taberna (1876)
• Uma página de amor (1878)
• Naná (1879)
• Madame Sourdis (1880)
• O capitão Burle (1882)
• A roupa suja (1882)
• O paraíso das damas (1883)
• A alegria de viver (1884)
• Germinal (1885)
• A obra (1886)
• A terra (1887)
• O sonho (1888)
• A besta humana (1890)
• O dinheiro (1891)
• A derrocada (1892)
• O doutor Pascal (1893)
• Lourdes (1894)
• Roma (1896)
• Paris (1898)
• Fecundidade (1899)

Teatro

• Os herdeiros Rabourdin (1874)
• O botão de rosa (1878)

Ensaios

• O meu ódio (1866)
• O romance experimental (1880)
• Os romancistas naturalistas (1881)
• O Naturalismo no teatro (1881)
• A verdade em marcha (1901)

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Germinal

Germinal é uma das obras mais conhecidas de Émile Zola. O livro faz uma forte crítica sociopolítica, ao mostrar como era a vida de trabalhadores(as) nas minas de carvão da época. Também coloca em prática a teoria determinista, a qual defendia que o meio determina o caráter, o comportamento ou o destino do indivíduo.

O protagonista da obra é Etienne, que chega a Marchiennes em busca de emprego. Foi demitido de seu último trabalho porque esbofeteou o chefe, e agora só lhe resta conseguir emprego na mina Voreux. Essa mina:

“[...]apertada no fundo de um buraco, com suas construções de tijolo atarracadas, de onde sobressaía uma chaminé que mais parecia um chifre ameaçador, dava-lhe a impressão de um animal voraz e feroz, agachado à espreita para devorar o mundo”.

A mina de carvão é descrita como um lugar nocivo, sem condições dignas de trabalho para os mineiros, que acabam arriscando a própria vida para não morrerem de fome. Os salários são baixíssimos, e eles acabam ficando animalizados pelo meio insalubre e miserável.

Sofrem, portanto, um processo de zoomorfização típico do naturalismo, o que pode ser verificado em trechos como este:

“Como se, de repente, a ameaça se realizasse, Catherine recebeu em cheio um pontapé cuja violência deixou-a tonta de surpresa e de dor. Era Chaval, que entrara de um salto pela porta aberta e lhe dera um coice de besta furiosa”.

Cansados da exploração, os mineiros fazem greve, liderados por Etienne. Eles resistem por muito tempo, mas sofrem com a falta de salário. Por fim, o conflito se agrava, e a violência explode|1|:

“Sob aquela tempestade de pedras, a pequena guarnição desaparecia. Felizmente as pedras batiam alto, a parede estava crivada. Que fazer? A ideia de bater em retirada, de voltar as costas, enrubesceu por um momento o rosto pálido do capitão; mas nem esse movimento era já possível, ao menor gesto seriam despedaçados. Um tijolo acabava de quebrar a pala do seu quepe, gotas de sangue corriam-lhe da testa. Muitos dos seus homens estavam feridos e ele sentia-os fora de si, no estágio desesperado da defesa pessoal, em que se cessa de obedecer aos chefes. [...]. A chuva de tijolos era cada vez mais forte e ele ia abrir a boca para gritar “Fogo!” quando os fuzis começaram a disparar, primeiro três tiros, depois cinco, depois um tiroteio de pelotão e por fim um disparo sozinho, muito depois no profundo silêncio.”

Germinal é, portanto, não só um estudo científico da sociedade francesa, em que o autor utiliza de teorias sociológicas e biológicas para entender o seu funcionamento. É, também, uma crítica à exploração do homem pelo homem, ao capitalismo e aos detentores do capital, isto é, a elite burguesa.

Frases de Émile Zola

A seguir, vamos ler algumas frases de Émile Zola, retiradas de seu livro A verdade em marcha.

  • “Um erro judicial é uma força que avança.”

  • “Não existe aflição mais dolorosa para um homem honrado do que ser sacrificado por causa de sua honradez.”

  • “Vamos lutar pela humanidade, a verdade, a justiça!”

  • “Sou um escritor livre que em sua vida só teve um desejo, o da verdade, e que lutou por ela em todos os campos de batalha.”

  • “A verdade leva consigo um poder que vence qualquer obstáculo.”|2|

Notas

|1| Tradução de Francisco Bittencourt.

|2| As frases foram retiradas de uma edição em língua espanhola e traduzidas para o português por Warley Souza.

Crédito da imagem

[1] Estação Liberdade (reprodução)

Publicado por Warley Souza
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