Whatsapp icon Whatsapp

Imperialismo norte-americano

O imperialismo norte-americano surgiu no século XIX, no contexto da Marcha para o Oeste e do Destino Manifesto, intensificando-se no pós-Segunda Guerra Mundial.
Manifestantes contra a Guerra do Vietnã e o imperialismo norte-americano. Kansas, 1967.
Manifestantes contra a Guerra do Vietnã e o imperialismo norte-americano. Kansas, 1967.

O imperialismo norte-americano é como se chama a prática expansionista dos Estados Unidos que surgiu, no século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.

Após completar o seu processo de industrialização e expandir o seu domínio sobre territórios americanos, o Estados Unidos iniciaram uma política de expansão mundial, intensificada no pós-Segunda Guerra Mundial.  

Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar a intensificação do processo de aculturação; o fortalecimento de práticas neoliberais; a liderança do dólar no sistema monetário internacional; e a confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos.

Leia também: Afinal, o que é imperialismo?

Resumo sobre o imperialismo norte-americano

  • O imperialismo norte-americano surgiu, durante o século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.
  • As ideias de superioridade, missão divina e civilizatória, militarismo e a busca por áreas de influências caracterizam o imperialismo norte-americano.
  • O medo de que a colonização europeia que se estabelecia pela África e Ásia se espalhasse pela América; a crença de superioridade baseada no darwinismo social marcado pelo racismo; o culto ao progresso; e a ideia de missão civilizatória e de povo escolhido serviram como justificativa para a expansão norte-americana.
  • A Doutrina Monroe defendeu o direito de independência dos países latino-americanos perante as práticas intervencionistas europeias, reforçando o imperialismo norte-americano no continente.
  • Por meio da política do Big Stick, os Estados Unidos passaram a associar a dominação econômica à ideia de intervenção militar nos territórios a serem ocupados.
  • Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar a intensificação do processo de aculturação; o acirramento das disputas territoriais durante a Guerra Fria; a disseminação das práticas neoliberais; a liderança do dólar no sistema monetário internacional; e a confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Como surgiu o imperialismo norte-americano?

O imperialismo norte americano surgiu, durante o século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.

Durante a Marcha para o Oeste, a expansão territorial dos Estados Unidos da costa do oceano Atlântico à costa do oceano Pacífico ocorreu por meio do estabelecimento de acordos territoriais, de guerras, da tomada violenta de terras dos povos indígenas e do uso da teoria do Destino Manifesto.

Por meio do Destino Manifesto, versão norte-americana da ideia do “fardo do homem branco”, os Estados Unidos se colocavam como nação escolhida por Deus para levar o ideal de civilização e de progresso ao continente americano. Nesse sentido, o discurso religioso cristão era utilizado para legitimar a expansão norte-americana.

Inicialmente, o imperialismo norte-americano adotou uma postura de autoproteção e isolacionismo em relação ao restante dos países imperialistas. Após completar o seu processo de industrialização e expandir o seu domínio sobre territórios americanos, o Estados Unidos iniciaram uma política de expansão mundial que foi intensificada no pós-Segunda Guerra Mundial.  

  • Videoaula sobre o Destino Manifesto

Características do imperialismo norte-americano

O imperialismo é uma prática expansionista de um território sobre outro, gerando uma dominação cultural, social, política e econômica. Tendo essa definição como pano de fundo, podemos afirmar que o imperialismo norte-americano tem como característica a dominação socioeconômica, política e cultural sobre outros povos por meio do uso do militarismo, do estabelecimento de acordos econômicos, da exploração, do uso de embargos, da violência e da ameaça sobre os demais territórios.

  • Fatores econômicos do imperialismo norte-americano

O acesso a áreas importantes que garantissem a proteção territorial, a áreas economica e estrategicamente importantes para a consolidação da indústria norte-americana, foi fundamental no projeto de ampliação das fronteiras e consolidação da indústria norte-americana. Esse tipo de preocupação já era percebido antes do século XVIII, e foi sistematizado no final do século.

  • Fatores políticos do imperialismo norte-americano

O aparecimento de novas nações expansionistas durante o século XIX e que buscavam destaque no cenário mundial, tais como o Japão e a Alemanha, fez com que os Estados Unidos também buscassem projeção frente aos países que já disputavam áreas de influências em regiões subdesenvolvidas do mundo. Nesse sentido, alguns historiadores percebem a postura imperialista dos EUA como uma reação diante do medo do isolamento no cenário mundial no final do século XIX e início do século XX.

Assim, as ideias de superioridade, missão divina e civilizatória, militarismo e a busca por áreas de influências ganhavam espaço cada vez maior. A ideia de povo predestinado a levar a democracia e o estilo de vida norte-americano foi explorada. Nesse sentido, os meios de comunicação disponíveis no período eram utilizados para espalhar e consolidar tais ideias na opinião pública.

Ao longo da história dos Estados Unidos, suas práticas imperialistas puderam ser percebidas nas Guerra Hispano-Americana, Guerra Fria, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão, na invasão da Baía dos Porcos, na instauração de ditaduras na América Latina, entre outros.

  • Fatores geográficos do imperialismo norte-americano

O imperialismo norte-americano se desenvolveu por meio duas posturas: defensiva e ofensiva. Buscou-se defender o território norte-americano e suas áreas de influência ao mesmo tempo que o seu controle sobre espaços cada vez maiores foi expandido.

  • Fatores culturais do imperialismo norte-americano

Os elementos culturais também podem ser fatores para se compreender o imperialismo norte-americano, que se fortaleceu por meio de um discurso fundamentado na crença da superioridade dos Estados Unidos em relação à América Latina e sua missão civilizatória e religiosa frente a esses povos. 

O medo de que a colonização europeia que se estabelecia pela África e Ásia se espalhasse na América; a crença de superioridade baseada no darwinismo social marcado pelo racismo; o culto ao progresso; e a ideia de missão civilizatória e de povo escolhido serviram como justificativa para a expansão norte-americana em busca de garantia de mercados para a indústria, que tentava se consolidar nos Estados Unidos.

Nesse sentido, a cultura estadunidense, por meio da sua consolidação industrial e econômica, foi exportada aos outros países como modelo de civilidade e desenvolvimento.

Leia também: Transformações que ocorreram nos Estados Unidos ao longo do séc. XIX

Política do Big Stick

Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt, tendo como referências a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto, anunciou a sua política externa que ficou conhecida como Corolário Roosevelt.

Buscando garantir o crescimento econômico e político dos Estados Unidos, o Corolário Roosevelt impôs uma política expansionista mais agressiva por meio da política do Big Stick, utilizando a expressão “fale macio, mas use um porrete”. Assim, ao mesmo tempo que apoiavam o processo de independência na América Latina, os EUA intervinham nos territórios que não se submetiam à sua política externa.

Charge sobre a política do Big Stick traz Roosevelt segurando um porrete enquanto caminha pelo Caribe.
Charge sobre a política do Big Stick traz Roosevelt segurando um porrete enquanto caminha pelo Caribe.

Por meio da política do Big Stick, os Estados Unidos passaram a associar a dominação econômica à ideia de intervenção militar nos territórios a serem ocupados. Dentre as regiões que sofreram pressão imperialista dos EUA nesse período, podemos destacar o Caribe, que era exportador de produtos primários.

Também podemos citar a interferência dos Estados Unidos no processo de independência do Panamá, tendo por interesse a construção de um canal na região que possibilitasse a ampliação das atividades econômicas norte-americanas.

Os Estados Unidos também interferiram no território cubano por meio da chamada Emenda Platt, que, inserida na Constituição de Cuba, autorizava os Estados Unidos a intervirem no país conforme seus interesses fossem ameaçados.

Imperialismo norte-americano e a Doutrina Monroe

Elaborada no início do século XIX, durante o governo do presidente norte-americano James Monroe, e inserida no contexto da Marcha para Oeste e da elaboração da doutrina do Destino Manifesto, a Doutrina Monroe estava associada aos interesses expansionistas dos Estados Unidos na América Latina e no Caribe e buscava impedir a restauração do colonialismo das nações europeias no continente americano utilizando como justificativa o lema: “América para os americanos”.

Nesse sentido, a Doutrina Monroe defendeu o direito de independência dos países latino-americano perante as práticas intervencionistas europeias, reforçando as práticas imperialistas norte-americanas no continente.

A Doutrina Monroe evidenciou o desejo estadunidense de consolidação do seu poder no continente americano. Ela foi fundamental para o início das pretensões imperialistas por meio da defesa do expansionismo norte-americano na América.

Além disso, podemos citar a Guerra Hispano-Americana e os avanços sobre as áreas do Atlântico e do Pacífico como um movimento importante para o desenvolvimento imperialista norte-americano. Para entender melhor como se desenvolveu a Doutrina Monroe, clique aqui.

Principais consequências do imperialismo norte-americano

Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar:

  • a intervenção dos Estados Unidos na política interna e externa de outros países, principalmente da América Latina;
  • intensificação do processo de aculturação;
  • acirramento das disputas territoriais durante a Guerra Fria;
  • disseminação das práticas neoliberais;
  • estabelecimento de embargos econômicos em países que apresentam perspectivas contrárias ao governo estadunidense;
  • estabelecimento de política de alianças para a ampliação de suas áreas de atuação;
  • liderança do dólar no sistema monetário internacional;
  • confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos;
  • intensificação da desigualdade social;
  • exploração da mão de obra barata dos países emergentes;
  • uso da indústria cultural para exportar o estilo de vida norte-americano como modelo a ser seguido.

Leia também: Guerra do Vietnã — conflito que se tornou símbolo da Guerra Fria

Imperialismo e neocolonialismo

O neocolonialismo é considerado por muitos historiadores como uma parte do conceito mais amplo de imperialismo, na medida em que o capitalismo atingia novos aspectos por meio do processo de industrialização, tornando-se mais abrangente. Nesse sentido, ele está relacionado às práticas imperialistas realizadas pelos países europeus e pelos Estados Unidos durante os séculos XIX e XX, na Ásia, África, América e Oceania.

O neocolonialismo se consolidou a partir da Segunda Revolução Industrial, entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. O desenvolvimento industrial e a necessidade de ampliação dos seus mercados internacionais acirraram as disputas entre os países europeus. Nesse aspecto, o domínio neocolonial se deu por parte das sociedades industrializadas em relação às sociedades agrárias.

O neocolonialismo retirou as riquezas da colônia mas também vendeu seus produtos industriais para os povos colonizados. Além disso, ele interferiu nos aspectos sociais, políticos e culturais do dominado, utilizando-se, inclusive, dos meios de comunicação para isso. Assim, esse sistema formou um modo de dominação e de coerção política, econômica e cultural. Para saber mais sobre as práticas neocolonialistas, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre o imperialismo norte-americano

1. (Unesp) Leia o excerto para responder à questão a seguir.

Dado que o Presidente eleito Donald Trump articulou uma visão coerente dos assuntos externos, parece que os Estados Unidos devem rejeitar a maioria das políticas do período pós-1945. Para Trump, a OTAN é um mau negócio, a corrida nuclear é algo bom, o presidente russo Vladimir Putin é um colega admirável, os grandes negócios vantajosos apenas para nós, norte-americanos, devem substituir o livre-comércio.

Com seu estilo peculiar, Trump está forçando uma pergunta que, provavelmente, deveria ter sido levantada há 25 anos: os Estados Unidos devem ser uma potência global, que mantenha a ordem mundial – inclusive com o uso de armas, o que Theodore Roosevelt chamou, como todos sabem, de Big Stick?

Curiosamente, a morte da União Soviética e o fim da Guerra Fria não provocaram imediatamente esse debate. Na década de 1990, manter um papel de liderança global para os Estados Unidos parecia barato – afinal, outras nações pagaram pela Guerra do Golfo Pérsico de 1991. Nesse conflito e nas sucessivas intervenções norte-americanas na antiga Iugoslávia, os custos e as perdas foram baixos. Então, no início dos anos 2000, os americanos foram compreensivelmente absorvidos pelas consequências do 11 de setembro e pelas guerras e ataques terroristas que se seguiram. Agora, para melhor ou para pior, o debate está nas nossas mãos.

Eliot Cohen. “Should the U.S. still carry a ‘big stick’?”. www.latimes.com, 18.01.2017. Adaptado.

A chamada “política do Big Stick”, desenvolvida pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, manifestou-se por meio

a) do respeito ao princípio da autonomia e da independência dos povos nativos do continente americano.    

b) dos estímulos financeiros à recuperação econômica dos países latino-americanos, após a depressão econômica de 1929.    

c) das contínuas intervenções diretas e indiretas em assuntos internos dos países latino-americanos.    

d) da elevação das taxas alfandegárias na entrada de mercadorias europeias nos Estados Unidos, após a crise de 1929.    

e) da repressão às manifestações por direitos civis nos Estados Unidos da década de 1960.

Comentário: Letra C. A política do Big Stick assumia uma postura agressiva e de intervenção nos países do continente americano. Além disso, ela antecedeu a crise de 1929 e as manifestações por direitos civis nos Estados Unidos.

2. (Fuvest 2022) O texto a seguir é a primeira estrofe do poema “O fardo do homem branco”, de Rudyard Kipling, de 1899.

Tomai o fardo do Homem Branco,
Enviai vossos melhores filhos.
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônios, metade crianças.

KIPLING, Rudyard. “O fardo do homem branco” (1899). Disponível em: https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2014/07/o-fardo-do-homem-branco-por-nuno-ramos-dealmeida/.

A charge a seguir de autoria de William H. Walker, foi publicada na capa da revista Life de 16 de março de 1899.

Charge sobre o imperialismo norte-americano em questão da Fuvest 2022.

Assinale a alternativa que melhor expressa a relação entre o texto e a charge apresentados:

a) A charge endossa a posição do texto de que as populações da África e da Ásia eram selvagens e precisavam de arreios para serem civilizadas.   

b) O texto e a charge ironizam o imperialismo norte-americano e europeu, criticando sua pretensão de superioridade social.   

c) O texto defende a autodeterminação dos povos, enquanto a charge sustenta a superioridade das potências capitalistas.   

d) A charge critica a ideia, expressa no texto, de uma missão civilizatória do imperialismo, e sugere que os povos dominados é que carregam o fardo.   

e) A charge complementa o texto, enfatizando a importância da união das potências imperialistas, para civilizarem os habitantes das colônias. 

Comentário: Letra D. A charge ironiza a tese do fardo do homem branco, na qual ele teria uma missão civilizatória.

Fontes:

AHMAD, Aijaz. O imperialismo do nosso tempo. O novo desafio imperial. Buenos Aires: Clacso, p. 71-94, 2006.

DO NASCIMENTO BARBOSA, Wilson. Neocolonialismo: Um Conceito Atual? Sankofa (São Paulo), v. 4, n. 8, p. 7-11, 2011.

MENDES, Ricardo Antonio Souza. América Latina – Interpretações da origem do imperialismo norte-americano. Proj. História, São Paulo, (31), p. 167-188, dez. 2005.

SARTORETTO, Leonardo. Elementos de contribuição para pensar a forma particular de ser do imperialismo norte-americano. MovimentAção, v. 5, n. 09, p. 139-160, 2018.

Publicado por Vanessa Clemente Cardoso

Artigos Relacionados

Destino Manifesto
Acesse o site e conheça mais sobre o Destino Manifesto. Veja de que forma essa doutrina influenciou a expansão territorial dos Estados Unidos rumo ao Oeste.
Doutrina Monroe
Acesse o site e conheça mais sobre a Doutrina Monroe. Veja quais foram os seus objetivos e acompanhe as suas consequências na política americana do século XIX.
Emenda Platt
O dispositivo legal que oficializava a intervenção dos EUA em Cuba.
Estados Unidos no século XIX
Clique aqui e conheça os principais eventos que caracterizaram a história dos Estados Unidos durante o século XIX.
Imperialismo
Clique aqui e acesse este texto para saber do que se trata o termo Imperialismo, bem como o que foi o Imperialismo no século XIX e quais as suas consequências.
Marcha para o Oeste nos EUA
Saiba mais sobre a formação da América do Norte compreendendo alguns aspectos da Marcha para o Oeste nos Estados Unidos.
Neocolonialismo na África e a Conferência de Berlim
Saiba como foi o neocolonialismo na África, inicado pela partilha desse continente entre países europeus durante a Conferência de Berlim.
Revolução Mexicana de 1910
Saiba mais sobre a Revolução Mexicana (um movimento que reivindicava a reforma agrária no México) e os seus líderes camponeses, Emiliano Zapata e Pancho Villa.

Outras matérias

Biologia
Matemática
Geografia
Física
Vídeos
video icon
Pessoa com as pernas na água
Saúde e bem-estar
Leptospirose
Foco de enchentes pode causar a doença. Assista à videoaula e entenda!
video icon
fone de ouvido, bandeira do reino unido e caderno escrito "ingles"
Gramática
Inglês
Que tal conhecer os três verbos mais usados na língua inglesa?
video icon
três dedos levantados
Matemática
Regra de três
Com essa aula você revisará tudo sobre a regra de três simples.