Imperialismo norte-americano
O imperialismo norte-americano é como se chama a prática expansionista dos Estados Unidos que surgiu, no século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.
Após completar o seu processo de industrialização e expandir o seu domínio sobre territórios americanos, o Estados Unidos iniciaram uma política de expansão mundial, intensificada no pós-Segunda Guerra Mundial.
Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar a intensificação do processo de aculturação; o fortalecimento de práticas neoliberais; a liderança do dólar no sistema monetário internacional; e a confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos.
Leia também: Afinal, o que é imperialismo?
Resumo sobre o imperialismo norte-americano
- O imperialismo norte-americano surgiu, durante o século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.
- As ideias de superioridade, missão divina e civilizatória, militarismo e a busca por áreas de influências caracterizam o imperialismo norte-americano.
- O medo de que a colonização europeia que se estabelecia pela África e Ásia se espalhasse pela América; a crença de superioridade baseada no darwinismo social marcado pelo racismo; o culto ao progresso; e a ideia de missão civilizatória e de povo escolhido serviram como justificativa para a expansão norte-americana.
- A Doutrina Monroe defendeu o direito de independência dos países latino-americanos perante as práticas intervencionistas europeias, reforçando o imperialismo norte-americano no continente.
- Por meio da política do Big Stick, os Estados Unidos passaram a associar a dominação econômica à ideia de intervenção militar nos territórios a serem ocupados.
- Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar a intensificação do processo de aculturação; o acirramento das disputas territoriais durante a Guerra Fria; a disseminação das práticas neoliberais; a liderança do dólar no sistema monetário internacional; e a confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos.
Como surgiu o imperialismo norte-americano?
O imperialismo norte americano surgiu, durante o século XIX, com base em um conjunto de fatores relacionados à Marcha para o Oeste e ao Destino Manifesto.
Durante a Marcha para o Oeste, a expansão territorial dos Estados Unidos da costa do oceano Atlântico à costa do oceano Pacífico ocorreu por meio do estabelecimento de acordos territoriais, de guerras, da tomada violenta de terras dos povos indígenas e do uso da teoria do Destino Manifesto.
Por meio do Destino Manifesto, versão norte-americana da ideia do “fardo do homem branco”, os Estados Unidos se colocavam como nação escolhida por Deus para levar o ideal de civilização e de progresso ao continente americano. Nesse sentido, o discurso religioso cristão era utilizado para legitimar a expansão norte-americana.
Inicialmente, o imperialismo norte-americano adotou uma postura de autoproteção e isolacionismo em relação ao restante dos países imperialistas. Após completar o seu processo de industrialização e expandir o seu domínio sobre territórios americanos, o Estados Unidos iniciaram uma política de expansão mundial que foi intensificada no pós-Segunda Guerra Mundial.
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Videoaula sobre o Destino Manifesto
Características do imperialismo norte-americano
O imperialismo é uma prática expansionista de um território sobre outro, gerando uma dominação cultural, social, política e econômica. Tendo essa definição como pano de fundo, podemos afirmar que o imperialismo norte-americano tem como característica a dominação socioeconômica, política e cultural sobre outros povos por meio do uso do militarismo, do estabelecimento de acordos econômicos, da exploração, do uso de embargos, da violência e da ameaça sobre os demais territórios.
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Fatores econômicos do imperialismo norte-americano
O acesso a áreas importantes que garantissem a proteção territorial, a áreas economica e estrategicamente importantes para a consolidação da indústria norte-americana, foi fundamental no projeto de ampliação das fronteiras e consolidação da indústria norte-americana. Esse tipo de preocupação já era percebido antes do século XVIII, e foi sistematizado no final do século.
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Fatores políticos do imperialismo norte-americano
O aparecimento de novas nações expansionistas durante o século XIX e que buscavam destaque no cenário mundial, tais como o Japão e a Alemanha, fez com que os Estados Unidos também buscassem projeção frente aos países que já disputavam áreas de influências em regiões subdesenvolvidas do mundo. Nesse sentido, alguns historiadores percebem a postura imperialista dos EUA como uma reação diante do medo do isolamento no cenário mundial no final do século XIX e início do século XX.
Assim, as ideias de superioridade, missão divina e civilizatória, militarismo e a busca por áreas de influências ganhavam espaço cada vez maior. A ideia de povo predestinado a levar a democracia e o estilo de vida norte-americano foi explorada. Nesse sentido, os meios de comunicação disponíveis no período eram utilizados para espalhar e consolidar tais ideias na opinião pública.
Ao longo da história dos Estados Unidos, suas práticas imperialistas puderam ser percebidas nas Guerra Hispano-Americana, Guerra Fria, Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo, Guerra do Afeganistão, na invasão da Baía dos Porcos, na instauração de ditaduras na América Latina, entre outros.
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Fatores geográficos do imperialismo norte-americano
O imperialismo norte-americano se desenvolveu por meio duas posturas: defensiva e ofensiva. Buscou-se defender o território norte-americano e suas áreas de influência ao mesmo tempo que o seu controle sobre espaços cada vez maiores foi expandido.
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Fatores culturais do imperialismo norte-americano
Os elementos culturais também podem ser fatores para se compreender o imperialismo norte-americano, que se fortaleceu por meio de um discurso fundamentado na crença da superioridade dos Estados Unidos em relação à América Latina e sua missão civilizatória e religiosa frente a esses povos.
O medo de que a colonização europeia que se estabelecia pela África e Ásia se espalhasse na América; a crença de superioridade baseada no darwinismo social marcado pelo racismo; o culto ao progresso; e a ideia de missão civilizatória e de povo escolhido serviram como justificativa para a expansão norte-americana em busca de garantia de mercados para a indústria, que tentava se consolidar nos Estados Unidos.
Nesse sentido, a cultura estadunidense, por meio da sua consolidação industrial e econômica, foi exportada aos outros países como modelo de civilidade e desenvolvimento.
Leia também: Transformações que ocorreram nos Estados Unidos ao longo do séc. XIX
Política do Big Stick
Em 1904, o presidente Theodore Roosevelt, tendo como referências a Doutrina Monroe e o Destino Manifesto, anunciou a sua política externa que ficou conhecida como Corolário Roosevelt.
Buscando garantir o crescimento econômico e político dos Estados Unidos, o Corolário Roosevelt impôs uma política expansionista mais agressiva por meio da política do Big Stick, utilizando a expressão “fale macio, mas use um porrete”. Assim, ao mesmo tempo que apoiavam o processo de independência na América Latina, os EUA intervinham nos territórios que não se submetiam à sua política externa.
Por meio da política do Big Stick, os Estados Unidos passaram a associar a dominação econômica à ideia de intervenção militar nos territórios a serem ocupados. Dentre as regiões que sofreram pressão imperialista dos EUA nesse período, podemos destacar o Caribe, que era exportador de produtos primários.
Também podemos citar a interferência dos Estados Unidos no processo de independência do Panamá, tendo por interesse a construção de um canal na região que possibilitasse a ampliação das atividades econômicas norte-americanas.
Os Estados Unidos também interferiram no território cubano por meio da chamada Emenda Platt, que, inserida na Constituição de Cuba, autorizava os Estados Unidos a intervirem no país conforme seus interesses fossem ameaçados.
Imperialismo norte-americano e a Doutrina Monroe
Elaborada no início do século XIX, durante o governo do presidente norte-americano James Monroe, e inserida no contexto da Marcha para Oeste e da elaboração da doutrina do Destino Manifesto, a Doutrina Monroe estava associada aos interesses expansionistas dos Estados Unidos na América Latina e no Caribe e buscava impedir a restauração do colonialismo das nações europeias no continente americano utilizando como justificativa o lema: “América para os americanos”.
Nesse sentido, a Doutrina Monroe defendeu o direito de independência dos países latino-americano perante as práticas intervencionistas europeias, reforçando as práticas imperialistas norte-americanas no continente.
A Doutrina Monroe evidenciou o desejo estadunidense de consolidação do seu poder no continente americano. Ela foi fundamental para o início das pretensões imperialistas por meio da defesa do expansionismo norte-americano na América.
Além disso, podemos citar a Guerra Hispano-Americana e os avanços sobre as áreas do Atlântico e do Pacífico como um movimento importante para o desenvolvimento imperialista norte-americano. Para entender melhor como se desenvolveu a Doutrina Monroe, clique aqui.
Principais consequências do imperialismo norte-americano
Dentre as consequências do imperialismo norte-americano, podemos destacar:
- a intervenção dos Estados Unidos na política interna e externa de outros países, principalmente da América Latina;
- intensificação do processo de aculturação;
- acirramento das disputas territoriais durante a Guerra Fria;
- disseminação das práticas neoliberais;
- estabelecimento de embargos econômicos em países que apresentam perspectivas contrárias ao governo estadunidense;
- estabelecimento de política de alianças para a ampliação de suas áreas de atuação;
- liderança do dólar no sistema monetário internacional;
- confirmação da hegemonia capitalista dos Estados Unidos;
- intensificação da desigualdade social;
- exploração da mão de obra barata dos países emergentes;
- uso da indústria cultural para exportar o estilo de vida norte-americano como modelo a ser seguido.
Leia também: Guerra do Vietnã — conflito que se tornou símbolo da Guerra Fria
Imperialismo e neocolonialismo
O neocolonialismo é considerado por muitos historiadores como uma parte do conceito mais amplo de imperialismo, na medida em que o capitalismo atingia novos aspectos por meio do processo de industrialização, tornando-se mais abrangente. Nesse sentido, ele está relacionado às práticas imperialistas realizadas pelos países europeus e pelos Estados Unidos durante os séculos XIX e XX, na Ásia, África, América e Oceania.
O neocolonialismo se consolidou a partir da Segunda Revolução Industrial, entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX. O desenvolvimento industrial e a necessidade de ampliação dos seus mercados internacionais acirraram as disputas entre os países europeus. Nesse aspecto, o domínio neocolonial se deu por parte das sociedades industrializadas em relação às sociedades agrárias.
O neocolonialismo retirou as riquezas da colônia mas também vendeu seus produtos industriais para os povos colonizados. Além disso, ele interferiu nos aspectos sociais, políticos e culturais do dominado, utilizando-se, inclusive, dos meios de comunicação para isso. Assim, esse sistema formou um modo de dominação e de coerção política, econômica e cultural. Para saber mais sobre as práticas neocolonialistas, clique aqui.
Exercícios resolvidos sobre o imperialismo norte-americano
1. (Unesp) Leia o excerto para responder à questão a seguir.
Dado que o Presidente eleito Donald Trump articulou uma visão coerente dos assuntos externos, parece que os Estados Unidos devem rejeitar a maioria das políticas do período pós-1945. Para Trump, a OTAN é um mau negócio, a corrida nuclear é algo bom, o presidente russo Vladimir Putin é um colega admirável, os grandes negócios vantajosos apenas para nós, norte-americanos, devem substituir o livre-comércio.
Com seu estilo peculiar, Trump está forçando uma pergunta que, provavelmente, deveria ter sido levantada há 25 anos: os Estados Unidos devem ser uma potência global, que mantenha a ordem mundial – inclusive com o uso de armas, o que Theodore Roosevelt chamou, como todos sabem, de Big Stick?
Curiosamente, a morte da União Soviética e o fim da Guerra Fria não provocaram imediatamente esse debate. Na década de 1990, manter um papel de liderança global para os Estados Unidos parecia barato – afinal, outras nações pagaram pela Guerra do Golfo Pérsico de 1991. Nesse conflito e nas sucessivas intervenções norte-americanas na antiga Iugoslávia, os custos e as perdas foram baixos. Então, no início dos anos 2000, os americanos foram compreensivelmente absorvidos pelas consequências do 11 de setembro e pelas guerras e ataques terroristas que se seguiram. Agora, para melhor ou para pior, o debate está nas nossas mãos.
Eliot Cohen. “Should the U.S. still carry a ‘big stick’?”. www.latimes.com, 18.01.2017. Adaptado.
A chamada “política do Big Stick”, desenvolvida pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, manifestou-se por meio
a) do respeito ao princípio da autonomia e da independência dos povos nativos do continente americano.
b) dos estímulos financeiros à recuperação econômica dos países latino-americanos, após a depressão econômica de 1929.
c) das contínuas intervenções diretas e indiretas em assuntos internos dos países latino-americanos.
d) da elevação das taxas alfandegárias na entrada de mercadorias europeias nos Estados Unidos, após a crise de 1929.
e) da repressão às manifestações por direitos civis nos Estados Unidos da década de 1960.
Comentário: Letra C. A política do Big Stick assumia uma postura agressiva e de intervenção nos países do continente americano. Além disso, ela antecedeu a crise de 1929 e as manifestações por direitos civis nos Estados Unidos.
2. (Fuvest 2022) O texto a seguir é a primeira estrofe do poema “O fardo do homem branco”, de Rudyard Kipling, de 1899.
Tomai o fardo do Homem Branco,
Enviai vossos melhores filhos.
Ide, condenai seus filhos ao exílio
Para servirem aos seus cativos;
Para esperar, com arreios
Com agitadores e selváticos
Seus cativos, servos obstinados,
Metade demônios, metade crianças.
KIPLING, Rudyard. “O fardo do homem branco” (1899). Disponível em: https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2014/07/o-fardo-do-homem-branco-por-nuno-ramos-dealmeida/.
A charge a seguir de autoria de William H. Walker, foi publicada na capa da revista Life de 16 de março de 1899.
Assinale a alternativa que melhor expressa a relação entre o texto e a charge apresentados:
a) A charge endossa a posição do texto de que as populações da África e da Ásia eram selvagens e precisavam de arreios para serem civilizadas.
b) O texto e a charge ironizam o imperialismo norte-americano e europeu, criticando sua pretensão de superioridade social.
c) O texto defende a autodeterminação dos povos, enquanto a charge sustenta a superioridade das potências capitalistas.
d) A charge critica a ideia, expressa no texto, de uma missão civilizatória do imperialismo, e sugere que os povos dominados é que carregam o fardo.
e) A charge complementa o texto, enfatizando a importância da união das potências imperialistas, para civilizarem os habitantes das colônias.
Comentário: Letra D. A charge ironiza a tese do fardo do homem branco, na qual ele teria uma missão civilizatória.
Fontes:
AHMAD, Aijaz. O imperialismo do nosso tempo. O novo desafio imperial. Buenos Aires: Clacso, p. 71-94, 2006.
DO NASCIMENTO BARBOSA, Wilson. Neocolonialismo: Um Conceito Atual? Sankofa (São Paulo), v. 4, n. 8, p. 7-11, 2011.
MENDES, Ricardo Antonio Souza. América Latina – Interpretações da origem do imperialismo norte-americano. Proj. História, São Paulo, (31), p. 167-188, dez. 2005.
SARTORETTO, Leonardo. Elementos de contribuição para pensar a forma particular de ser do imperialismo norte-americano. MovimentAção, v. 5, n. 09, p. 139-160, 2018.