Páscoa cristã

A Páscoa cristã é uma celebração que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida no terceiro dia após sua crucificação. Ela uma das principais festividades do cristianismo e é celebrada desde os primórdios dessa religião. Para se ter uma ideia, foi ainda no século IV, há mais de 1,7 mil anos, que o atual cálculo para a definição da data da Páscoa foi estabelecido.
A Páscoa cristã é celebrada em datas e formas diferentes em todo mundo, mas, para toda a cristandade, ela representa a ressurreição, a esperança, a salvação e a crença na vida eterna.
Leia também: Afinal, o que é a Páscoa?
Resumo sobre a Páscoa cristã
- A Páscoa cristã é uma celebração que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, o profeta do cristianismo.
- O método como foi estabelecida a data da Páscoa cristã foi elaborado no Concílio de Niceia.
- A Páscoa sempre ocorre em um domingo, mas ela é uma data móvel.
- Para os católicos, a Quaresma e a Semana Santa fazem parte dos preparativos para a Páscoa cristã.
- A palavra Páscoa tem origem no hebraico, Pessach.
- A Páscoa judaica celebra o fim da escravidão do povo judeu no Egito.
- A Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo ocorreram no período da Páscoa judaica.
- As tradições do coelho e dos ovos de Páscoa remetem às antigas religiões pagãs e foram absorvidas pelo cristianismo.
O que é a Páscoa cristã?
A Páscoa cristã é uma das principais datas do cristianismo e nela é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida no terceiro dia após sua morte na cruz.
Não existe uma data permanente para a Páscoa, ela varia todos os anos, sendo uma das datas móveis do calendário litúrgico cristão e podendo ocorrer entre 22 de março e 25 de abril.
O método para a definição da data da Páscoa foi aprovado no Concílio de Niceia, ocorrido em 325 d.C. e organizado pelo imperador romano Constantino, o primeiro a se converter ao cristianismo. O concílio estabeleceu que a Páscoa cristã ocorreria todos os anos, no primeiro domingo, após a primeira Lua cheia ocorrida depois do equinócio de primavera no Hemisfério Norte. Dessa forma, o Sol e a Lua são utilizados para o estabelecimento da data da Páscoa cristã.
O nome “páscoa” é de origem hebraica e significa algo como “passagem” ou “transposição”. Para os judeus, a Páscoa é a celebração do fim da escravidão no Egito. Segundo a tradição cristã, a Paixão de Cristo, sua Morte e Ressurreição ocorreram no período da Páscoa judaica, a Pessach, por isso ela recebeu o mesmo nome.
O que a Bíblia diz sobre a Páscoa cristã?
A Páscoa cristã é citada diversas vezes na Bíblia, em diferentes livros do Novo Testamento, como em Mateus, Atos, João e Coríntios.
A descrição mais detalhada da ressurreição de Cristo está no Evangelho de João, em que ele descreve que foi Maria Madalena, seguidora de Cristo, quem primeiro chegou ao local do sepulcro, na manhã de domingo, quando ainda estava escuro, e percebeu que a pedra que selava o túmulo havia sido movida.
Madalena chamou dois discípulos de Cristo e estes entraram no local do sepulcro, onde encontraram apenas os tecidos que cobriam o corpo de Jesus Cristo. Maria Madalena chorava e, ao entrar no local de sepultamento, viu dois anjos e, na sequência, Jesus Cristo ressuscitado, que anuncia a ela que subiria ao céu.
→ Páscoa no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, é descrita a primeira Páscoa judaica, ocorrida durante a última das dez pragas que assolaram o Egito. Em Êxodo (segundo livro da Bíblia cristã e da Torá, o livro sagrado do judaísmo), Deus decretou que todos os primogênitos do Egito morreriam, não poupando nenhuma família do país.
Segundo o Velho Testamento, Deus ordenou que, para serem reconhecidas, todos as famílias judaicas deveriam sacrificar um cordeiro e, com seu sangue, untar o batente da porta externa de suas casas. Quando Deus matou os primogênitos do Egito, “passou” sobre as casas dos judeus, poupando os primogênitos dessas famílias. Daí a origem do nome pessach, “passagem”.
O que os cristãos fazem na Páscoa?
Para os católicos, os preparativos para a Páscoa começam na Quarta-feira de Cinzas, quando se inicia a Quaresma, período dedicado a penitências e orações. Alguns católicos fazem promessas durante a Quaresma, autoimpondo uma penitência, como deixar de comer chocolate ou de consumir bebida alcoólica até o fim da Quaresma ou a chegada do dia de Páscoa.
O Domingo de Ramos, celebração que relembra a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, marca o fim da Quaresma e o início da Semana Santa. Na Sexta-feira Santa, dia no qual ocorreu a Paixão e a Morte de Cristo, os católicos não comem carne vermelha e, tradicionalmente, fazem um almoço em família, no qual é servido peixe, geralmente o bacalhau. Na Sexta-feira Santa, festas são evitadas.
O Sábado de Aleluia, véspera da Páscoa, encerra a Semana Santa e é um dia de espera para o festejo da Páscoa. Até algumas décadas atrás, era muito popular no Brasil a Malhação de Judas no Sábado de Aleluia, quando um boneco representando o apóstolo era espancado e torturado, sendo uma grande brincadeira para as crianças.

No dia da Páscoa cristã, os católicos assistem a Missa de Páscoa, na qual é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo; assim como, na Sexta-feira Santa, muitas famílias católicas se reúnem para a realização de uma ceia.
As tradições evangélicas não celebram a Quaresma ou a Semana Santa, não praticam a abstinência de carne na Sexta-feira Santa e não realizam promessas. No dia de Páscoa, celebrado no mesmo dia dos católicos, os evangélicos participam de cultos, fazem orações e leitura da Bíblia.
Para as tradições pentecostais e neopentecostais, a Páscoa também é importante por iniciar um período de cinquenta dias que se encerra com o Dia de Pentecostes.
Páscoa para os evangélicos
A Páscoa é uma das principais festividades dos evangélicos, mas estes não celebram a Quaresma e a Semana Santa, como os católicos fazem. A maior parte dos evangélicos também não pratica a abstinência de carne na Sexta-feira Santa.
No dia de Páscoa, os evangélicos participam de cultos que celebram a ressurreição de Cristo, realizam leitura da Bíblia e orações coletivas e individuais. Para as igrejas pentecostais e neopentecostais, a Páscoa inicia os preparativos para o Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Dia de Pentecostes ocorre 50 dias após a Páscoa.
Páscoa em hebraico
Em hebraico a Páscoa é chamada de Pessach, “passagem” ou “transposição”. Entre os hebraicos, a Páscoa é celebrada desde a fuga de Moisés e seu povo do Egito, ocorrida, segundo a tradição judaica, há mais de três mil anos. No Velho Testamento, Deus jogou dez pragas sobre o Egito e, na última delas, matou todos os primogênitos do Egito.
Antes de executar a última praga, Deus ordenou que cada família judaica sacrificasse um cordeiro e que, após consumir sua carne, usasse o seu sangue para pintar os batentes de suas portas. Esse foi o sinal para que Deus não matasse os primogênitos das famílias judaicas, passando sobre suas casas sem causar-lhes mal, daí a palavra “pessach”. A Páscoa judaica também é associada à passagem dos judeus pelo Mar Vermelho, sob a liderança de Moisés; e à passagem pelo Rio Jordão, rumo à Terra Prometida, sob a liderança de Josué.
Origem histórica da Páscoa
A atual Páscoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo, é fruto de um longo processo de milhares de anos e que contou com a contribuição de diversos povos e culturas. Desde a Antiguidade, diversos povos do Hemisfério Norte realizavam rituais relacionados ao equinócio de primavera, que marca o fim do inverno e o início do período no qual os dias são maiores do que as noites.
Na antiga Canaã, cananeus e outros povos semitas realizavam cerimônias e rituais apotropaicos na época do equinócio de primavera. Alguns desses rituais buscavam proteger a casa e seus habitantes. Parte dos historiadores defende que a Páscoa judaica evoluiu dessas celebrações apotropaicas, sendo a primeira Páscoa judaica aquela na qual os judeus untaram os batentes de suas casas no Egito para afastar de seus lares a morte dos primogênitos.
Na época de Cristo, a Páscoa já era a celebrada pelos judeus há mais de um milênio. Sua celebração durava oito dias, assim como hoje. A Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo ocorreram durante o período da Páscoa judaica, por isso a Páscoa cristã recebeu o mesmo nome da celebração hebraica.
Após a morte de Cristo, no chamado cristianismo primitivo, todas as comunidades cristãs tinham a Páscoa como uma das principais celebrações, mas ela era celebrada de forma diferente em cada comunidade. Ela ocorria em datas diferentes em cada comunidade. Foi somente no século IV, no Concílio de Niceia, que a Páscoa passou a ser celebrada da mesma maneira e na mesma data em toda a cristandade.
Na Alemanha e em outras regiões do norte da Europa, existia a crença na deusa Ostara, deusa da fertilidade e do amor, uma espécie de Vênus de anglo-saxões, nórdicos e germânicos. O coelho, símbolo da fertilidade, e os ovos, símbolos da vida, eram associados à deusa, e festas e cerimônias eram realizadas em sua homenagem na época do equinócio de primavera.
Durante a Alta Idade Média, quando a religião cristã avançou para o norte da Europa, houve sincretismo entre as antigas religiões germânicas e o cristianismo, e coelhos e ovos passaram a fazer parte das celebrações de algumas comunidades. Existem relatos do século XIII sobre ovos pintados na Páscoa na Alemanha, mas foi a partir do século XVII, por meio de comunidades protestantes germânicas, que a tradição passou a ganhar força, popularizando-se em quase todo o mundo cristão no século XIX.
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Frases para a Páscoa cristã
“No dia de Páscoa, o véu entre o tempo e a eternidade se torna uma fina camada de gaze.”
- Douglas Horton
“Porque eu me lembro que é manhã de Páscoa, e a vida, o amor e a paz estão todos renascidos.”
- Alice Freeman Palmer
“Veja a terra, sua guarda da Páscoa,
Ergue-se como seu Criador que se levantou.
Sementes, há tanto tempo na escuridão dormindo,
Explodem finalmente das neves do inverno.
A terra com o céu acima se alegra...”
- Charles Kingsley
“Páscoa significa passagem de um tempo de escravidão e dureza para outro de liberdade, com paz e justiça social.”
- Dom Paulo Evaristo Arns
“Devemos proclamar com humildade, mas sem complexos, nossa Páscoa e esperança escatológica. E precisamos torná-la confiável aqui e agora. Porque esperamos, agimos. O tempo e a história são o espalho sacramental da esperança.”
- Dom Pedro Casaldáliga.
Fontes
GOFF, Jaques Le. O Deus da Idade Média. Editora Record, São Paulo, 2006.
JOHNSON, Paul. História do cristianismo. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2023.
Ferramentas Brasil Escola




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