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Estilística

A estilística corresponde à parte da linguística que se ocupa do estilo e de recursos expressivos. Ela pode ser dividida em fônica, morfológica, sintática e semântica.
A estilística é a parte da linguística que se ocupa do estilo e de recursos expressivos para tornar a comunicação mais rica.
A estilística é a parte da linguística que se ocupa do estilo e de recursos expressivos para tornar a comunicação mais rica.

Na linguística, a estilística corresponde ao estudo do estilo e do uso de recursos expressivos na linguagem, de modo a explorar sua capacidade criativa e tornar o discurso mais rico em sentido. Dentro da estilística, temos a estilística fônica, a morfológica, a sintática e a semântica.

Leia também: Figuras de linguagem — recursos estilísticos empregados para gerar os mais diversos efeitos

Resumo sobre estilística

  • A estilística, dentro da linguística, estuda o estilo e o uso de recursos linguísticos que exploram a capacidade expressiva e criativa da língua.

  • A estilística fônica estuda o uso de recursos sonoros da língua.

  • A estilística morfológica estuda o uso de recursos que exploram a formação das palavras.

  • A estilística sintática estuda o uso de recursos que exploram a disposição de elementos em um enunciado.

  • A estilística semântica estuda o uso de recursos que exploram o significado das palavras.

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Quais são as categorias de estilística?

A estilística pode ser dividida entre as seguintes categorias:

- Estilística fônica: voltada para a sonoridade das palavras.

- Estilística morfológica: voltada para a formação das palavras.

- Estilística sintática: voltada para a disposição dos elementos em um enunciado.

- Estilística semântica: voltada para os significados das palavras.

  • Estilística fônica

Na estilística fônica, a expressividade da língua é explorada por meio dos sons das palavras. É o que ocorre em alguns fenômenos linguísticos, como a paronímia e a homonímia, e em algumas figuras de linguagem, como a aliteração, a assonância e a onomatopeia.

- Paronímia: palavras com som e escrita semelhantes, mas significados diferentes. Ex.: imergir e emergir.

- Homonímia: palavras com som e/ou escritas iguais, mas significados diferentes. Ex.: colher (substantivo) e colher (verbo); conserto (reparo) e concerto (obra musical); manga (fruta) e manga (parte de blusa ou camisa).

- Aliteração: repetição proposital de um mesmo som consonantal (de consoante). Ex.: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

- Assonância: repetição proposital de um mesmo som vocálico (de vogal). Ex.: Ouviu o eco oscilando nos cantos.

- Onomatopeia: reprodução de sons por meio de palavras. Ex.: tchibum, pocotó, triiimmm.

  • Estilística morfológica

Na estilística morfológica, a formação das palavras é usada para explorar o potencial criativo da linguagem. Essa categoria ainda é questionada por alguns linguistas, que acreditam que, na verdade, esses desvios morfológicos servem somente para auxiliar na estilística sintática ou semântica (como é o caso do uso de afixos para trazer um significado ao termo).

- Neologismo: é a “invenção” informal de novas palavras (ou seja, não existentes e não aceitas de fato na língua) a partir de outras palavras já existentes no idioma. Geralmente, esse fenômeno ocorre por meio de afixos e de justaposição. Ex.: carreata.

- Uso de afixos: uso de afixos indicativos de diminutivo ou aumentativo com sentido afetivo ou pejorativo. Ex.: mãezinha, molequinho, amigão, bobão.

  • Estilística sintática

Na estilística sintática, explora-se a disposição dos elementos no enunciado, seja omitindo ou repetindo elementos, seja mudando a ordem padrão com que eles aparecem.

- Elipse: omissão de um termo no enunciado. Ex.: [Nós] Fomos até lá hoje.

- Silepse: concordância entre dois termos a partir do significado, e não do termo empregado em si. Ex.: Os estudantes somos esforçados. [Nós, estudantes, somos esforçados.]

- Assíndeto: omissão de conjunções coordenativas no enunciado. Ex.: Tenho de tudo: roupas, imóveis, comidas, bebidas.

- Polissíndeto: repetição de conjunções coordenativas no enunciado. Ex.: Tenho de tudo: roupas e imóveis e comidas e bebidas.

- Anáfora: repetição de uma mesma palavra ou expressão ao início de cada enunciado ou verso. Ex.: Tá na moda, tá na mão, tá na C&A.

- Pleonasmo: ênfase intencional por meio de expressões redundantes. Ex.: As águas salgadas do mar limpam a minha alma.

- Anacoluto: quebra sintática, na qual um elemento do início do enunciado é abandonado porque a oração recomeça e se reestrutura sem ele. Ex.: Esse moço, ninguém consegue dar respostas mais rápidas do que ele.

- Hipérbato: inversão da sintaxe comum da língua em um enunciado, ou seja, inversão da disposição comum dos elementos no enunciado, havendo um elemento intercalando sua estrutura. Ex.: Temos que pensar se, sendo possível, devemos seguir o projeto sem ela.

  • Estilística semântica

Na estilística semântica, o significado das palavras é usado para garantir maior expressividade ao discurso. Ocorre em fenômenos linguísticos, como a sinonímia, a antonímia, a paronímia e a polissemia, e em figuras de linguagem, como a comparação, a metáfora, a metonímia e a sinestesia.

- Sinonímia: palavras sinônimas, ou seja, com significados semelhantes. Ex.: bonito e belo.

- Antonímia: palavras antônimas, ou seja, com significados opostos. Ex.: bonito e feio.

- Paronímia: palavras com som e escrita semelhantes, mas significados diferentes. Ex.: imergir e emergir.

- Polissemia: palavra com mais de um significado. Ex.: manga (fruta) e manga (parte de blusa ou camisa).

- Comparação: analogia feita de modo explícito, com o uso de conjunção comparativa. Ex.: Ele é sábio feito uma coruja.

- Metáfora: analogia feita de modo implícito, sem o uso de conjunção comparativa. Ex.: Ele é uma verdadeira coruja.

- Metonímia: uso de um termo significando outro. Ex.: Sempre ouço Rita Lee!

- Sinestesia: enunciado usa elementos de dois ou mais sentidos humanos para expressar uma ideia. Ex.: Seu riso doce e macio invadiu a sala.

Recursos estilísticos

Os recursos estilísticos podem ser usados na linguagem literária para tornar o discurso mais expressivo e lírico, sendo bem representados pelas figuras de linguagem (distribuídas entre as figuras de som, as figuras de sintaxe, as figuras de palavras e as figuras de pensamento).

Na linguagem literária, a licença poética é maior, permitindo a expressão por meio da linguagem conotativa ou figurada. Mas gêneros não literários também têm seus respectivos recursos estilísticos, que asseguram o desenvolvimento de um texto adequado àquele gênero, seja ele científico, jurídico, publicitário etc.

Leia também: Efeitos de sentido — duplo sentido, ambiguidade, ironia e humor

Exercícios resolvidos sobre estilística

Questão 1

(Enem)

Carnavália
Repique tocou
O surdo escutou
E o meu corasamborim
Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?
[...]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.

Essa palavra corresponde a um(a)

A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

B) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.

D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.

Resposta

Alternativa B. Ao se juntar três palavras em uma só (como explicado no próprio enunciado), criando uma palavra, houve uso de neologismo.

Questão 2

(Fuvest)

Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa... — ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.

João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.

Como exemplos da expressividade sonora presente neste excerto, podemos citar a onomatopeia, em “Chu-áa! Chu-áa...”, e a fusão de onomatopeia com aliteração, em

A) “vestindo água”.

B) “ruge o rio”.

C) “poço doido”.

D) “filho do fundo”.

E) “fora de hora”.

Resposta

Na alternativa B, ocorre aliteração pela repetição da consoante R, que se mistura à onomatopeia ao tentar reproduzir o som de um rio.

Publicado por Guilherme Viana

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