Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva é um político brasileiro que ficou marcado na sua juventude como líder sindical na região do ABC paulista. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e disputou a presidência em três ocasiões (1989, 1994 e 1998), nas quais foi derrotado. Foi eleito presidente em 2002 e reeleito para um segundo mandato em 2006.
Os dois primeiros mandatos de Lula ficaram marcados pela boa condução da economia. Depois, Lula transmitiu a presidência para sua sucessora, Dilma Rousseff; nos anos seguintes, enfrentou problemas com a justiça, sendo preso por 580 dias. Teve suas condenações anuladas e voltou a concorrer à presidência em 2022. Foi eleito para um terceiro mandato, que teve início em janeiro de 2023.
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Resumo sobre Lula
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Lula nasceu no agreste pernambucano, mas mudou-se para São Paulo ainda criança.
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Na infância, dividiu o seu tempo com os estudos e o trabalho.
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Tornou-se trabalhador operário e se tornou sindicalista no final da década de 1960.
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Liderou greves de trabalhadores no ABC paulista, no final da década de 1970.
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Foi eleito presidente da república em 2002 e reeleito em 2006.
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Ficou preso por 580 dias, mas teve sua condenação anulada nos processos envolvendo corrupção.
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Voltou a concorrer às eleições presidenciais em 2022 e foi eleito, iniciando seu terceiro mandato em 2023.
Nascimento e juventude de Lula
Luiz Inácio Lula da Silva nasceu no dia 27 de outubro de 1945, na cidade de Caetés, localizada na região do agreste pernambucano e, na época, pertencente ao município de Garanhuns. Lula é originário de uma família de lavradores analfabetos, e seus pais se chamavam Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo.
A infância de Lula foi marcada pela pobreza e, antes mesmo de ele nascer, seu pai havia se mudado para Santos a fim de trabalhar como estivador para conseguir uma renda extra para a família. Lula cresceu junto de sete irmãos, e, quanto ele completou sete anos de idade, sua mãe decidiu se mudar para o Guarujá com o intuito de juntar-se ao marido.
Chegando a São Paulo, Eurídice descobriu que Aristides havia formado uma segunda família. Ela passou um tempo junto dele, mas, em 1954, decidiu mudar-se para a cidade de São Paulo. Lula ficou mais um tempo morando com seu pai, e, em 1956, passou a morar com sua mãe na capital paulista.
Lula como líder sindicalista
A pobreza fez com que Lula trabalhasse ainda criança. Ele dividia seu tempo entre estudos e trabalho e atuava como ambulante e engraxate. Com 12 anos, foi contratado para trabalhar em uma tinturaria e aos 14, teve a sua carteira de trabalho assinada pela primeira vez.
Entre 1961 e 1963, fez um curso de tornearia mecânica pelo Senai e passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos em 1964. Foi nesse local que ele sofreu o acidente que fez com que Lula perdesse o seu dedo mínimo. No final da década de 1960 ele iniciou sua trajetória como sindicalista.
Lula foi eleito para ser diretor e primeiro-secretário de sindicatos na região do ABC paulista, e, em 1975, foi eleito presidente do sindicato dos metalúrgicos. Sua atuação nesses cargos buscou defender os direitos dos trabalhadores operários, e essa luta se deu em um clima hostil, pois eram os tempos da Ditadura Militar.
No final da década de 1970, Lula liderou grandes greves de trabalhadores operários no ABC paulista. Isso foi significativo porque o movimento operário estava enfraquecido desde que a repressão dos militares havia se intensificado a partir de 1968. Sua atuação como líder de greves fez com que ele se tornasse alvo dos militares, acabou preso por 31 dias em 1980.
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Carreira política de Lula
Concomitante à carreira de sindicalista, Lula fez parte de reuniões que discutiam a formação de um partido que atuasse em defesa dos trabalhadores. Essas discussões, que reuniam militantes socialistas, lideranças sindicalistas, intelectuais de esquerda, católicos que lutavam contra a ditadura, entre outros, deram origem ao Partido dos Trabalhadores (PT), que se tornaria um dos maiores partidos políticos do Brasil na Nova República. Lula foi um dos fundadores do PT.
Ele ingressou na carreira política na década de 1980. A primeira disputa eleitoral de Lula se deu em 1982, para o cargo de governador de São Paulo. Lula obteve cerca de 11% dos votos e não foi eleito. Mesmo assim, continuou sendo uma figura atuante politicamente e conseguiu ser eleito deputado federal em 1986, sendo o candidato mais votado do Brasil.
Enquanto deputado federal, Lula participou de um dos momentos mais importantes da história recente brasileira: a elaboração da Constituição de 1988. Nesse mandato, Lula participou da Assembleia Constituinte formada em 1987 e esteve envolvido nas discussões que levaram à promulgação dessa Carta, em outubro de 1988.
Lula realizou um salto na sua carreira política e decidiu concorrer à presidência do Brasil em 1989. Essa foi a primeira eleição presidencial com voto direto no país desde 1960. Como era uma grande novidade, essa eleição teve um total de 22 candidatos. Nessa disputa, Lula foi derrotado no segundo turno por Fernando Collor de Mello (PRN), obtendo 47% dos votos válidos, enquanto Collor obteve 53%.
Lula também disputou as eleições de 1994 e 1998, mas perdeu as duas para Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Na primeira, Fernando Henrique venceu no primeiro turno com 54% dos votos, enquanto Lula obteve apenas 27%. Em 1998, Lula perdeu no primeiro turno, obtendo 31% dos votos, enquanto seu oponente teve 53%.
Governo Lula (2003-2011)
Em 2002, Lula se candidatou à presidência novamente, nessa disputa, enfrentou candidatos como José Serra, Ciro Gomes e Anthony Garotinho. Venceu o primeiro turno com 46% dos votos e disputou o segundo com o candidato José Serra, do PSDB. O ex-sindicalista foi eleito com 61% dos votos válidos, enquanto Serra obteve 39%.
A posse de Lula aconteceu em 1º de janeiro de 2003, e sua vitória só foi possível por uma mudança de estratégia e de perfil do candidato petista. Lula se aliou a grupos mais conservadores, apresentando propostas mais moderadas e reformadoras.
Além disso, publicou a famosa “Carta aos brasileiros”, esse documento foi basicamente uma garantia dada por Lula de que ele trabalharia para dar continuidade às políticas de estabilidade da economia brasileira e manteria o respeito aos acordos que o Brasil possuía com o capital estrangeiro. Em geral, no documento, ele reconheceu que atuaria de maneira pragmática.
Em termos gerais, foi isso que o seu governo fez, sobretudo no início, quando a economia do país estava em uma fase ruim. O governo cortou gastos, manteve os juros altos e não mexeu nos privilégios das elites do país.
Seu governo deu início a algumas políticas sociais que diminuíram a desigualdade social do país, também foi responsável por controlar a inflação e colocá-la em níveis baixíssimos, a moeda brasileira se valorizou em relação ao dólar, o PIB do Brasil cresceu, e a taxa de desemprego também foi reduzida. Além disso, durante seu governo, milhões de pessoas deixaram a extrema pobreza ou deixaram o mapa da fome.
O final do seu primeiro mandato foi abalado pelo escândalo do mensalão, quando se tornou público um esquema que envolvia pessoas ligadas ao governo e ao PT que estavam comprando parlamentares por meio de caixa 2, com o objetivo de garantir apoio às pautas do governo no Legislativo.
O escândalo derrubou algumas figuras do governo, mas manteve Lula intacto, pois as denúncias não o envolveram diretamente. Assim, Lula disputou a reeleição em 2006 e derrotou Geraldo Alckmin, do PSDB, novamente, com 61% dos votos válidos. No segundo mandato, Lula conseguiu reforçar os ganhos sociais que seu primeiro mandato havia tido.
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Denúncias de corrupção contra Lula e o PT
O PT começou a enfrentar uma crise no final do primeiro mandato de Lula, essa crise ganhou maior expressividade entre 2015 e 2018. A influência e os feitos de Lula na presidência ajudaram na eleição de sua sucessora, Dilma Rousseff, que havia trabalhado no governo Lula. Dilma foi eleita em 2010, mas acabou sofrendo impeachment em 2016.
A partir do segundo mandato de Dilma Rousseff, algumas denúncias começaram a ser feitas contra o PT e contra Lula, tal como lavagem de dinheiro. As denúncias se ligavam a investigações da Polícia Federal conhecidas como Operação Lava-jato e Operação Zelotes, e as mais fortes falavam de recebimento de propina por parte de Lula.
Lula foi levado a julgamento e condenado a nove anos e seis meses de prisão em regime fechado, e, em novo julgamento, sua pena foi aumentada para 12 anos e um mês. O responsável por sua condenação foi o juiz Sérgio Moro, sendo ele também quem deu a ordem de prisão do político petista.
O ex-presidente foi preso em 7 de abril de 2018, por 580 dias. Em 8 de novembro de 2019, Lula foi solto, pois uma ordem judicial determinou que ele só poderia ser preso quando todas as instâncias de seu julgamento fossem esgotadas. Em abril de 2021, as condenações de Sérgio Moro contra Lula foram anuladas pelo STF porque o juiz foi considerado parcial em seu julgamento.
Terceiro mandato de Lula
A anulação das condenações de Lula o tornaram elegível para disputar a presidência do Brasil na eleição de 2022. O principal concorrente de Lula seria Jair Bolsonaro, então presidente do país. Ao redor de Lula havia inúmeras desconfianças, especialmente pelo seu perfil ideológico de centro-esquerda.
Lula conduziu uma série de negociações políticas que levaram a nomear Geraldo Alckmin como seu candidato a vice-presidência. Alckmin havia sido o adversário de Lula na eleição de 2006, quando fazia parte do PSDB. Em 2022, Alckmin era parte do PSB e foi visto como o nome ideal para atrair apoio de eleitores de centro-direita.
Na campanha eleitoral Lula procurou focar em alguns aspectos e realizou críticas à condução econômica do governo Bolsonaro. A campanha de Lula criticou a inflação, a desvalorização do salário do trabalhador e defendeu reconstruir a economia brasileira. Os escândalos de corrupção e a forma como o governo Bolsonaro conduziu a pandemia também foram exploradas na propaganda eleitoral do petista.
A candidatura de Lula ainda contava com os bons indicadores econômicos que ele alcançou durante seus governos anteriores. Isso fez de Lula um dos favoritos à disputa presidencial. No primeiro turno, Lula obteve 48,43% dos votos. A apuração no segundo turno deu a vitória a Lula por 50,90% contra 49,10%, uma margem muito pequena de diferença de votos entre os candidatos.
Essa foi a eleição presidencial mais disputada da história brasileira até então. Lula se tornou o primeiro presidente a ser eleito democraticamente para um terceiro mandato. Além disso, Bolsonaro foi o primeiro presidente da Nova República a disputar a reeleição e ser derrotado.
Poucos dias antes do término de seu governo, Jair Bolsonaro, viajou para os Estados Unidos, com isso, pela primeira vez, a tradicional passagem da faixa presidencial (em que o antigo presidente transmite a faixa para o presidente que está sendo empossado) não aconteceu. Lula foi empossado presidente no dia 1º de janeiro de 2023, dando início ao seu terceiro mandato.
→ Manifestações contra o presidente Lula
O início do terceiro governo de Lula ficou marcado por uma série de atos antidemocráticos praticados por grupos de manifestantes apoiadores de Jair Bolsonaro, com o intuito de impedir a posse do presidente eleito – o que é inconstitucional.
No dia 8 de janeiro de 2023, foram realizados ataques contra a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Nesse episódio, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional foram invadidos e tiveram parte de sua estrutura destruída. O prejuízo causado alcançou cifras milionárias.
As investigações apontam a descoberta de uma minuta na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, na qual estava organizado um decreto para estabelecer o estado de defesa no Brasil e alterar o resultado da eleição presidencial. O documento foi entendido como uma demonstração que o governo anterior pode ter planejado um golpe de Estado.
Além disso, investigações apontam envolvimento de militares das Forças Armadas com os ataques, indicando uma possível ação golpista do exército brasileiro. Os ataques a Brasília resultaram na prisão de milhares de pessoas; os bens de financiadores do ato também foram bloqueados para ressarcir os danos. O governo Lula decretou intervenção federal para conter a situação em Brasília.
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