Concordância verbal e concordância nominal
Concordância é um processo utilizado pela língua para marcar formalmente as relações de determinação ou dependência morfossintática existentes entre os termos dos sintagmas no interior das orações. Essas relações morfossintáticas entre os termos de uma oração podem ser feitas por meio da concordância verbal (entre o verbo e o sujeito da oração) e nominal (entre o núcleo do sintagma nominal e seus termos determinantes).
Vejamos cada uma das concordâncias:
Concordância Nominal
A concordância nominal é estabelecida entre o núcleo de um sintagma nominal em suas flexões de gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) e todos os termos que o determinam.
Observe o exemplo:
As tigelas dos gatos são antigas.
Núcleo
do sintagma
Regra geral de concordância nominal
Os adjetivos, pronomes, artigos, numerais e particípios (sintagmas nominais determinantes) concordam em gênero e número com o núcleo do sintagma nominal que determinam, isto é, flexionam-se em gênero e número de acordo com as flexões do elemento substantivo (substantivo, pronome ou numeral substantivo) a que se referem.
Sintagmas nominais determinantes
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Adjetivos
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Artigos
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Numerais
Sintagmas nominais determinados
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Substantivos
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Pronomes
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Numerais substantivos
Lembre-se de que os sintagmas nominais determinantes concordam em gênero e número com os sintagmas nominais determinados. Veja o exemplo:
Bonitas são as flores do meu jardim.
Casos especiais de concordância nominal
→ Adjetivos pospostos aos substantivos
Modificação de dois ou mais substantivos
Quando um ou mais adjetivos modificam dois ou mais substantivos que os antecedem, há duas possibilidades de concordância.
a) O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.
Exemplo:
O macaco e a onça enfurecida foram para a parte de trás da jaula.
macaco: substantivo masculino, singular
onça: substantivo feminino, singular
enfurecida: adjetivo feminino, singular.
Note que, nesse caso, entendemos que o adjetivo refere-se somente ao segundo substantivo – onça (enfurecida).
b) O adjetivo flexiona-se no plural.
Exemplo:
O macaco e a onça enfurecidos foram para a parte de trás da jaula.
macaco: substantivo masculino, singular
onça: substantivo feminino, singular
enfurecidos: adjetivo masculino, plural.
Note que, nesse caso, entendemos que o adjetivo refere-se a todos os substantivos (macaco e onça) que o antecedem.
Lembre-se de que, na Língua Portuguesa, caso os substantivos a serem modificados por um adjetivo no plural sejam de gêneros (feminino e masculino) diferentes, a concordância é feita no masculino.
Exemplo:
As meninas do 6º B e o menino do 7º A são encrenqueiros.
Modificação de substantivos que expressam gradação de sentido
Quando há uma sequência de substantivos no singular cujo encandeamento sugere a ideia de gradação, os adjetivos podem ser flexionados no plural ou concordarem em número com o substantivo mais próximo.
Exemplos:
Gostaria de pedir frango e costela bem passados.
Gostaria de pedir frango e costela bem passada.
Note que a opção pela concordância no singular enfatiza a ideia de gradação, já que destaca a última palavra da sequência.
→ Adjetivos antepostos aos substantivos
Modificação de dois ou mais substantivos
Quando os adjetivos concordam em gênero e número com o primeiro substantivo da sequência.
Exemplos:
Gosto de comer deliciosos cajus, mangas e graviolas no verão.
Gosto de comer deliciosos cajus, manga e graviola no verão.
Note que, no segundo exemplo, o adjetivo masculino plural caracteriza apenas o substantivo masculino plural 'cajus'.
Modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco
a) Os adjetivos devem ser flexionados no plural.
As maravilhosas Maria da Silva e Lúcia Vieira são nossas melhores vendedoras.
Maravilhosas: adjetivo feminino no plural.
Maria da Silva e Lúcia Vieira: substantivos femininos.
Adjetivos na função de predicativo
Devemos flexionar o adjetivo no plural quando este desempenha a função sintática de predicativo de um sujeito ou objeto cujo núcleo seja ocupado por mais de um substantivo.
Exemplo:
A mãe e a filha pareciam tristes com aquela situação.
Mãe e filha: sujeito composto.
Tristes: predicativo do sujeito.
Casos específicos
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Obrigado/obrigada
Como o agradecimento sugere certa adjetivação, obrigado ou obrigada devem concordar com a pessoa que fala, ou seja, com aquela que está agradecendo. Mulheres dizem obrigada, homens dizem obrigado.
Exemplo:
Mariana disse obrigada a todos os convidados.
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Menos
Tanto na função de pronome adjetivo quanto na função de advérbio, 'menos' é sempre invariável. Isso significa que a flexão de gênero não é possível e, portanto, a palavra “menas” não existe na nossa língua.
Exemplo:
Ela é menos questionadora do que ele.
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Mesmo e próprio
Os pronomes de reforço, como são chamados, devem concordar em gênero e número com a pessoa a que fazem referência.
Exemplos:
As alunas mesmas que organizaram o evento.
Eles próprios construíram suas casas neste condomínio.
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Meio/Meia
A palavra 'meio' pode ser utilizada como numeral ou como advérbio, dependendo da palavra que a modifica.
a) Quando determina um substantivo, ela funciona como um numeral adjetivo e, portanto, deve concordar em gênero com o substantivo.
Exemplo:
Adicione meia colher de açúcar.
b) Quando modifica um adjetivo, sua função é de advérbio e, portanto, é invariável.
Exemplo:
Marisa é meio gastadeira, e seu marido está desempregado.
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Bastante
A palavra 'bastante' pode ocupar a função de adjetivo ou advérbio, dependendo da palavra que a modifica.
a) Quando modifica um substantivo, tem valor de adjetivo e, portanto, deve concordar em número com o substantivo a que se refere.
Exemplo:
Os meninos ficaram bastantes doentes com a mud ança no clima.
b) Quando ela modifica um adjetivo, sua função e de advérbio e, portanto, é invariável.
Exemplo:
João considerou bastante difíceis as questões do simulado.
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Anexo e incluso
Anexo e incluso são adjetivos que devem concordar com o substantivo que modificam.
Exemplos:
Segue anexo o documento solicitado.
Segue anexa a fotografia para cadastro.
Os alunos estão inclusos no progr ama de assistência estudantil.
A pasta de materiais está inclusa no valor da matrícula.
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É proibido, é bom e é necessário
Essas expressões adjetivas devem concordar com o substantivo que as modifica. Existem dois casos.
a) O adjetivo deve concordar em gênero e número com o substantivo caso o substantivo, que atua como núcleo do sujeito da oração, venha precedido de artigo ou outro elemento determinante.
Exemplos:
A sabedoria é necessária, sobretudo nos momentos mais difíceis.
É proibida a entrada de crianças com menos de 1,20 m.
A receita do frango caipira com polenta é muito boa.
b) O adjetivo deve permanecer no masculino singular quando o substantivo, que atua como núcleo do sujeito da oração, não é precedido por qualquer outro elemento que o determine.
Exemplos:
É proibido bebida destilada na festa.
É necessário inteligência na resolução do problema.
Concordância Verbal
A concordância verbal é estabelecida entre o verbo, em suas flexões de número (plural e singular) e pessoa (1ª, 2ª e 3ª), e o sujeito da oração com o qual ele se relaciona.
Observe o exemplo:
Eles me propuseram um acordo. |
Sintagma verbal
Em alguns casos, o sujeito aparece após o verbo, o que não afeta as relações de concordância. O verbo deve concordar com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
Observe o exemplo:
O prêmio do concurso ganharam todos os alunos inscritos. |
Sintagma verbal
Casos especiais de concordância verbal com sujeito simples
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Expressões partitivas + substantivo/pronome:
Quando o sujeito apresenta expressão partitiva, ou seja, aquela que sugere uma “parte de alguma coisa”, seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.
Exemplos:
A maioria dos alunos não estuda para o simulado.
O verbo ficou no singular porque a concordância foi feita com o substantivo 'maioria', que é o núcleo do sujeito da oração.
A maioria dos alunos não estudam para o simulado.
O verbo passa para o plural caso a concordância seja feita com o substantivo que sucede a expressão partitiva, no núcleo do adjunto adnominal.
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Porcentagem
Quando o sujeito apresenta apenas a expressão numérica de uma porcentagem, o verbo deve concordar com o valor da expressão numérica.
Exemplos:
27% deixaram de ir às urnas neste ano.
Apenas 73% compareceram às urnas neste ano.
Aqueles 27% que não votaram terão que se justificar no TRE.
Quando a expressão indicativa de porcentagem for seguida de um substantivo, transforma-se em uma expressão partitiva e, por isso, o verbo poderá concordar com o numeral ou com o substantivo.
Exemplo:
1% dos eleitore s votaram nulo.
1% dos eleitores votou nulo.
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Expressões fracionárias
Em expressões fracionárias, o verbo deve concordar com o numerador (o número que aparece acima do traço) da fração.
Exemplo:
No município de Tajuí, 1/3 dos eleitores é homem , ou seja, 2/3 são mulhere s.
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Expressão indicativa de quantidade aproximada
Quando o sujeito é constituído de qualquer expressão que indique quantidade aproximada, como mais de, menos de, perto de, cerca de, etc., seguida de numeral, o verbo concorda com o substantivo que segue essa expressão.
Exemplos:
Cerca de vinte e sete artistas prestigiaram o evento.
Mais de um aluno ficou de recuperação em Matemática.
Uma semana e um dia se passaram e ainda não tenho notícias dele.
Pronomes relativos
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Pronome relativo 'que'
a) Quando o pronome relativo 'que' atua como sujeito e introduz uma oração subordinada adjetiva, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal ao qual o pronome relativo faz referência.
Exemplo:
Foi Joana que fez esse bolo.
b) Quando o pronome relativo 'que' for antecedido, na oração principal, pela expressão 'um(a) do(a)', o verbo da oração adjetiva vai para o plural.
Exemplo:
Pastor alemão é uma das raças caninas que melhor vigiam residênc ias.
c) Quando a intenção é a de destacar o sujeito do grupo, o verbo deve ser utilizado no singular.
Exemplo:
Pastor alemão é uma das r aças caninas que mais vigia r esidências.
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Pronome relativo 'quem'
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo 'quem', o verbo pode concordar com o antecedente do pronome ou com o próprio nome na 3ª pessoa do singular (ele/a).
Exemplo:
Fui eu quem reservou/reservei a hospedagem.
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Pronomes indefinidos e interrogativos
a) Quando o sujeito apresenta expressões construídas com pronomes indefinidos ou interrogativos no plural, seguidos de preposição 'de' e dos pronomes 'nós' e 'vós', o verbo é flexionado no plural, mas pode também concordar em pessoa tanto com o pronome indefinido – na 3ª pessoa – como com o pronome pessoal.
Exemplo:
Alguns de nós poderão/poderemos saber a verdade ainda hoje.
b) Quando o pronome indefinido ou interrogativo estivere no singular, o verbo concordará com a pessoa pronominal – 3ª do singular.
Exemplo:
Nenhum de nós merece sofrer.
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Pronomes de tratamento
Quando o sujeito é constituído de um pronome de tratamento, o verbo vai sempre para a 3ª pessoa (singular ou plural), dependendo do número do pronome.
Exemplo:
Desejo que Vossa(s) Excelência(s) tenha(m) um excelente dia.
Substantivos
a) Quando o núcleo do sujeito é um substantivo coletivo, o verbo deve estar no singular.
Exemplo:
O cardume seguiu a jangada durante vinte minutos.
b) Quando o núcleo do sujeito é um substantivo que apresenta forma plural, mas tem sentido singular, o verbo deve permanecer no singular.
Exemplo:
Férias é essencial para todo trabalhador e estudante.
c) Quando o substantivo é antecedido por determinante, o verbo passará para o plural.
Exemplo:
Meus óculos são indispensáveis para que eu consiga trabalhar.
d) Quando o núcleo do sujeito é constituído de um substantivo próprio que apresenta forma plural, o verbo fica no singular caso o substantivo não seja antecedido por um determinante.
Exemplo:
Amores possíveis é o melhor filme nacional que já vi.
e) Quando o substantivo próprio for antecedido por determinante – artigo, pronome ou numeral, o verbo irá para o plural.
Exemplo:
Os Estados Unidos são o destino perfeito para quem é consumista.
Casos especiais com sujeitos compostos
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Sujeito Posposto
a) Quando o sujeito composto é posposto ao verbo, há duas possibilidades de realizar a concordância. A primeira é o verbo no plural concordando com todos os núcleos; a segunda é o verbo no singular concordando apenas com o núcleo mais próximo caso ele esteja no singular.
Exemplos:
Entraram na sala o professor e os alunos.
Entrou na sala o professor e os alunos.
Veja também os casos de concordâncias especiais dos verbos ser, haver e fazer.