Guerra Guaranítica

Guerra Guaranítica foi um conflito envolvendo indígenas da tribo Guarani e tropas luso-espanholas, pelo domínio das terras próximas ao rio Uruguai, entre 1753 e 1756.
Portugueses e espanhóis queriam capturar os indígenas que estavam nas missões jesuíticas para fazê-los de escravos.

A Guerra Guaranítica ocorreu entre indígenas da tribo Guarani e as tropas de Portugal e Espanha pelo domínio das terras localizadas às margens do rio Uruguai. Os indígenas contaram com o apoio dos padres jesuítas. Portugueses e espanhóis queriam capturar os indígenas para usá-los como mão de obra escravizada, algo a que os religiosos se opunham.

Aquela região estava em disputa desde 1750, quando foi assinado o Tratado de Madri, que estabelecia a fronteira entre as possessões de Portugal e Espanha na América do Sul. A tribo Guarani foi derrotada na guerra e outros tratados foram assinados para estipular os limites entre os dois reinos ibéricos.

Veja também: Guerra da Cisplatina — o conflito entre Brasil e Argentina pelo domínio da região do rio da Prata

Resumo sobre Guerra Guaranítica

  • Conflito ocorrido, entre os anos de 1753 e 1756, pela disputa das terras às margens do rio Uruguai.

  • Os indígenas da tribo Guarani, com apoio dos padres jesuítas, entraram em confronto contra as tropas luso-espanholas.

  • O objetivo dos reinos ibéricos foi capturar os indígenas e fazê-los escravos.

  • Logo após o fim da Guerra Guaranítica, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Idelfonso, estabelecendo os limites das posses dos dois reinos.

Videoaula sobre Guerra Guaranítica

Contexto histórico da Guerra Guaranítica

Desde o século XVI, quando desembarcaram na América, os europeus visavam os indígenas para serem mão de obra escravizada em seus empreendimentos econômicos. Além da resistência das tribos, os colonizadores encontraram outro empecilho: os padres jesuítas.

Isso porque os jesuítas se opunham à escravidão indígena, pois seu objetivo era catequizar os nativos. Para fugir da perseguição dos colonos, os jesuítas levaram os indígenas consigo para regiões mais distantes de onde a colonização se firmara. Na região do rio Uruguai, os jesuítas formaram as missões, aldeias onde os indígenas eram catequizados e das quais cuidavam por meio da agricultura.

Com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, Portugal e Espanha chegaram a um acordo sobre os limites dos seus domínios na América. Estabelecida uma linha imaginária no mapa-múndi, portugueses e espanhóis deram início às suas colonizações em terras americanas. Porém essa situação se modificou, em 1580, com a instalação da União Ibérica.

A partir desse momento, Portugal e Espanha se tornaram um único reino, e os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas foram anulados. Isso motivou os colonos que estavam no litoral a organizarem expedições para o interior, no intuito de descobrirem metais preciosos e capturarem indígenas para serem escravizados.

A crise do açúcar, em meados do século XVII, fez com que essas expedições se intensificassem. Foi nesse contexto que surgiu a figura do bandeirante, o paulista que saía de sua terra natal rumo ao interior para buscar ouro e capturar indígenas. Novas estradas eram abertas no interior do Brasil Colônia, ampliando a presença portuguesa para o interior. Os bandeirantes saíam de São Paulo e faziam expedições por todas as regiões. Foi nesse momento que, novamente, o caminho dos colonos e o dos jesuítas e indígenas voltariam a se encontrar.

→ Tratado de Madri

Com o fim da União Ibérica, em 1640, e, consequentemente, a restauração do reino português, fez-se necessária uma nova rodada de negociações entre Portugal e Espanha para se estabelecer os limites dos dois reinos ibéricos na América. Em 1750, portugueses e espanhóis assinaram o Tratado de Madri, que estabelecia que:

  • Portugal deveria ceder a região de Sacramento para a Espanha e, em troca, teria o controle dos Sete Povos das Missões.

  • Os indígenas que estavam nas aldeias jesuítas em solo brasileiro deveriam atravessar o rio Uruguai e ocupar a margem que pertencia à Espanha.

As decisões do Tratado de Madri não agradaram aos guaranis nem aos padres jesuítas. Sem obterem acordos com os colonizadores, os dois grupos decidiram ir para a guerra, e os religiosos resolveram armar os indígenas para lutarem contra a execução do tratado, o que ocasionaria na perda de suas terras.

Motivos da Guerra Guaranítica

O principal motivo da Guerra Guaranítica foi o Tratado de Madri e suas determinações, o que gerou o estabelecimento das fronteiras entre as possessões portuguesa e espanhola na América do Sul. Os indígenas que estavam com os padres jesuítas nas missões deveriam abandonar suas terras para cumprir o havia sido assinado pelo tratado. Além disso, a tentativa de escravizar os indígenas fez com que os jesuítas dessem armas e munições para que as aldeias não fossem removidas.

Líderes da Guerra Guaranítica

Os indígenas da tribo Guarani estavam dispostos a entrar em guerra contra as tropas portuguesas e espanholas. Sepé Tiaraju se destacou na liderança dos guaranis ao não ceder as terras reclamadas pelos reinos ibéricos. Essa resistência motivou outros indígenas a também se levantarem contra o fim das missões jesuíticas.

Mapa do Brasil de 1763, quando os limites entre os domínios português e espanhol estavam sendo delimitados.

A Guerra Guaranítica

Em menor número, os indígenas lutavam com arco e flecha, lanças e pedras, ou seja, com os armamentos que estavam a sua disposição. Eles receberam algumas armas de fogo cedidas pelos padres jesuítas. Enquanto isso, além do maior contingente de soldados, as tropas luso-espanholas tinham mais armamentos, com poder letal bem maior do que os da tribo. As batalhas se alastraram para a região do rio da Prata, numa demonstração de que a luta entre os dois grupos foi intensa.

Entre 1753 e 1756, os dois lados entraram em guerra, de modo que as tropas luso-espanholas venceram os Guarani na Batalha de Caiboaté, em 1756. Milhares de indígenas perderam suas vidas e as missões jesuíticas foram destruídas. Algumas ruínas das igrejas construídas nesse período ainda estão de pé.

Saiba mais: Guerra dos Emboabas — o conflito entre paulistas e estrangeiros pela disputa das minas de ouro

Consequências das Guerras Guaraníticas

Com a vitória das tropas de Portugal e Espanha, as missões foram destruídas, encerrando a presença jesuíta na região do rio Uruguai. Em 1777, os dois reinos assinaram o Tratado de Idelfonso, que estabeleceu a devolução das Sete Missões, que estavam sob o domínio português, para a Espanha. Em 1801, os espanhóis assinaram o Tratado de Badajós, no qual abriram mão das terras que pertenciam às missões.

No século XVIII, as ideias iluministas se espalhavam pela Europa e os déspotas esclarecidos, monarcas que governavam seus reinos aplicando os ensinamentos pregados pelo iluminismo, tomavam força no continente. Em Portugal, o Marquês de Pombal se tornou o símbolo iluminista e perseguiu os padres jesuítas. A derrota nas missões representou um duro golpe para os religiosos além da proibição da ação da Companhia de Jesus nos territórios dominados por Portugal.

Exercícios resolvidos sobre Guerra Guaranítica

Questão 1

Leia os itens abaixo e assinale a alternativa que corresponde a um momento das Guerras Guaraníticas, ocorridas entre 1753 e 1756, na América do Sul:

A) Os padres jesuítas traíram a confiança dos indígenas e lutaram ao lado dos europeus.

B) As guerras foram motivadas pela revolta indígena quanto à catequização jesuíta.

C) O conflito armado aconteceu em decorrência da disputa das terras localizadas às margens do rio Uruguai.

D) O fim das Guerra Guaraníticas promoveu a divisão das terras entre indígenas e europeus.

Resolução:

Alternativa C

Desde a assinatura do Tratado de Madri, em 1750, acirrou-se a disputa entre portugueses e espanhóis contra indígenas e jesuítas nas terras das missões.

Questão 2

Assinale a alternativa que corretamente aponta a causa principal da Guerra Guaranítica.

A) A disputa entre índios e colonizadores pelas minas de ouro na região de La Plata.

B) Os índios se recusaram a cumprir as determinações do Tratado de Madri.

C) Revolta dos índios escravizados pelos europeus.

D) Os jesuítas entraram em confronto com índios por causa da evangelização.

Resolução:

Alternativa B

O deslocamento dos índios do território português para o espanhol provocou o conflito entre indígenas e colonizadores.

Publicado por Carlos César Higa

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