Conceitos fundamentais da Cinemática Escalar
O que é Cinemática Escalar?
Cinemática Escalar é um dos principais ramos da Mecânica. Trata-se da área que estuda o movimento dos corpos sem atribuir-lhes uma causa. A palavra escalar refere-se ao fato de lidarmos com movimentos unicamente unidimensionais, ou seja, que se desenvolvem unicamente ao longo de uma direção do espaço, dispensando, dessa forma, o tratamento vetorial das grandezas físicas envolvidas.
Para o estudo da Cinemática Escalar, alguns conceitos são de grande importância, portanto, trataremos aqui daqueles que são fundamentais para o seu entendimento.
Conceitos fundamentais da Cinemática Escalar
→ Corpo: É uma porção limitada de matéria e é constituído por partículas, mas pode ser tratado macroscopicamente como um único corpo no âmbito da Cinemática Escalar.
→ Ponto material: É todo corpo cujas dimensões podem ser desprezadas em relação às distâncias envolvidas. Alguns exemplos: A Terra movendo-se em torno do Sol; um caminhão que viaja entre duas cidades distantes; uma balsa que se move ao longo de um rio etc.
→ Corpo extenso: É todo corpo cujas dimensões são comparáveis às escalas envolvidas. Nesse caso, elas não podem ser desprezadas. Alguns exemplos: A Terra em relação à Lua; o movimento de um caminhão saindo de uma garagem; uma pessoa entrando em uma balsa etc.
→ Referencial: É o sistema de referência adotado. A partir dele, são medidas as distâncias, larguras, profundidades etc. O referencial é a posição do espaço ocupada pelo observador. Por exemplo: Mede-se o raio da Terra a partir de seu núcleo, portanto, para esse caso, o centro da Terra é o referencial adotado.
→ Posição: É o espaço ocupado por um corpo e é determinado pela distância medida em relação a algum referencial. Pode ser dado em metros, quilômetros, centímetros ou quaisquer outras unidades que sejam coerentes com as escalas envolvidas na observação.
→ Repouso: Sempre que um corpo mantiver sua posição constante em relação a algum referencial, diremos que esse corpo encontra-se parado em relação a ele. Por exemplo: Em um ônibus em movimento, estamos em repouso em relação aos assentos. É importante ressaltar que não existe repouso absoluto, pois nenhum corpo estará em repouso em relação a todos os referenciais possíveis.
→ Movimento: Quando a posição de um corpo mudar em relação a um dado referencial, diremos que esse corpo encontra-se em movimento em relação a esse referencial. Por exemplo: Em um ônibus em movimento, como estamos na mesma velocidade que o ônibus, estamos em movimento em relação ao chão.
→ Trajetória: É a sucessão das posições ocupadas pelo corpo em relação a um dado referencial. Por exemplo: Pegadas deixadas na areia; rastro dos pneus de um carro etc.
→ Deslocamento: É a diferença entre a posição inicial e final de um corpo em relação a algum referencial. Em movimento cíclicos ou em trajetórias fechadas, o deslocamento será sempre nulo. Por exemplo: Durante um ano, o deslocamento da Terra em relação ao Sol é nulo, pois sua trajetória é fechada. É definido por:
ΔS = Sf – S0
Sf:= Posição final;
S0= Posição inicial.
→ Espaço percorrido: É a soma dos módulos de todas as distâncias percorridas durante um movimento.
→ Velocidade média: É a razão da variação da posição pelo intervalo de tempo de determinado movimento. É definida pela equação:
Vm = ΔS
Δt
ΔS = variação da posição (ou deslocamento);
Δt = intervalo de tempo.
→ Velocidade instantânea: É a velocidade apontada pelo velocímetro dos automóveis. É uma velocidade média, mas para intervalos de tempo muito pequenos, próximos de zero. Sua definição matemática é parecida com a da velocidade média:
Vins = ΔS
Δt
Δt ≈ 0
ΔS = variação da posição (ou deslocamento);
Δt = intervalo de tempo.
→ Movimento uniforme (MU): É todo movimento no qual a velocidade instantânea é sempre igual à velocidade média; nesse caso, dizemos que o móvel percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.
→ Função horária da posição do MU: É uma equação matemática de 1º grau utilizada para descrever a posição (S) de um móvel em relação a algum referencial (S0) em função do tempo decorrido (t). É definida pela equação a seguir:
S = S0 + v.t
S = Posição final;
S0 = Posição inicial;
v = velocidade média;
t = instante de tempo.
→ Movimento progressivo: É um movimento no qual a distância aumenta em relação a algum referencial, ou seja, quando estiver afastando-se. Nesse caso, a velocidade tem módulo positivo.
V > 0
→ Movimento regressivo ou retrógrado: É um movimento no qual a distância de um móvel em relação a algum referencial diminui. A velocidade no movimento retrógrado é negativa.
V < 0
→ Aceleração média: É a taxa de variação da velocidade para um dado intervalo de tempo. Quanto mais rápido a velocidade de um corpo mudar em função do tempo, maior será o módulo de sua aceleração.
Se um corpo estiver aumentando sua velocidade, sua aceleração será positiva e esse movimento será chamado de movimento acelerado. Se a velocidade do móvel está diminuindo, o movimento é retardado. A definição matemática de aceleração é dada pela equação a seguir:
Am = Δv
Δt
Δv = variação da velocidade;
Δt = intervalo de tempo.
→ Aceleração instantânea: É a taxa de variação da velocidade para intervalos de tempos muito pequenos, próximos de zero. Sua definição matemática é dada por:
Ains = Δv
Δt
Δt ≈ 0
ΔS = variação da velocidade;
Δt = intervalo de tempo.
→ Movimento uniformemente variado (MUV): É um movimento cuja velocidade aumenta ou diminui de maneira constante. É equivalente a dizer que a aceleração não muda. Pode ser descrito pela equações a seguir:
⇒ Função horária da posição do MUV: É uma equação matemática de 2º grau que relaciona a posição do corpo em relação a algum referencial em função do tempo. É matematicamente definida por:
S = S0 + v0.t + A.t2
2
S0 = posição inicial;
v0 = velocidade inicial;
A = aceleração média;
t = instante de tempo.
⇒ Função horária da velocidade: É uma equação matemática de 1º grau que relaciona a velocidade de um móvel em relação a um referencial em um determinado intervalo de tempo. É definida pela equação a seguir:
v = v0 + a.t
v = velocidade final;
v0 = velocidade inicial;
a = aceleração média;
t = instante de tempo.
⇒ Equação de Torricelli: É uma equação matemática obtida a partir da combinação das duas equações anteriores. Permite calcular variáveis como velocidade final, velocidade inicial, aceleração e deslocamento de um móvel quando não temos a informação sobre os intervalos de tempo decorridos. É, portanto, uma equação extremamente útil para o estudo do movimento uniformemente variado.
v2 = v02 + 2.A.ΔS
v2 = velocidade final elevada ao quadrado;
v02 = velocidade inicial elevada ao quadrado;
A = aceleração média;
ΔS= deslocamento.
→ Unidades do SI.: No Sistema Internacional de Unidades, a posição é dada em metros (m), o intervalo de tempo é dado em segundos (s), a velocidade é dada em metros por segundo (m/s) e aceleração é dada em metros por segundo ao quadrado (m/s2).