Carlos Lacerda

Carlos Lacerda foi um jornalista e político de grande influência no Brasil durante os anos de 1950 e 1960. Foi um opositor ferrenho de Getúlio Vargas e João Goulart e articulou golpes com os militares nos anos de 1954, 1955, 1961 e 1964. Foi deputado federal na década de 1950 e governador da Guanabara durante a década de 1960.

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Juventude

Carlos Frederico Werneck de Lacerda nasceu no dia 30 de abril de 1914, na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, seu registro de nascimento se deu em Vassouras, município do estado do Rio de Janeiro. Nacionalmente conhecido apenas como Carlos Lacerda, ele veio de uma família que tinha fortes laços com a política.

Carlos Lacerda, de óculos, foi um dos políticos e jornalistas mais influentes das décadas de 1950 e 1960.

Seu pai, Maurício de Paiva Lacerda, tinha sido um importante político da Primeira República, sendo deputado federal durante a década de 1910, e vereador e prefeito do município de Vassouras. Além disso, o avô de Carlos Lacerda tinha sido um importante político brasileiro, e dois tios dele foram líderes do Partido Comunista do Brasil, o PCB. Por fim, sua mãe chamava-se Olga Werneck Lacerda.

Carlos Lacerda teve acesso a uma boa educação, em boas escolas no Rio de Janeiro. A partir de 1929, deu início a sua bem-sucedida carreira como jornalista, e, em 1932, ingressou no curso de Direito pela Universidade do Rio de Janeiro, o qual não chegou a concluir.

Durante sua fase universitária, Carlos Lacerda foi fortemente influenciado pelos ideais marxistas, também presentes em sua família por meio de seu pai e seus tios. Ele chegou a auxiliar na criação da Aliança Nacional Libertadora, em 1934, e a ser preso pela polícia política da ditadura do Estado Novo, em 1937.

Em 1939, Carlos Lacerda rompeu com o comunismo, chegando a ser acusado de traidor por seus antigos pares. O jornalista, ainda, escreveu um artigo no qual defendia o Golpe do Estado Novo, sob a alegação de que ele havia livrado o Brasil do comunismo. Entre os anos de 1938 a 1944, ele ficou relativamente afastado da política.

Atuação política

A partir de 1946, iniciou-se a primeira experiência democrática da história da república no Brasil. Esse período, conhecido como Quarta República, estendeu-se até 1964, quando foi encerrado pelo Golpe Civil-Militar. Carlos Lacerda, enquanto jornalista e político, foi uma das figuras mais incendiárias do período.

Ele se filiou à União Democrática Nacional, a UDN, partido conservador e que possuía ideologia liberal. A UDN era abertamente contra o varguismo e sua política voltada para os trabalhadores. Carlos Lacerda foi o grande nome desse partido durante a década de 1950, sendo um opositor ferrenho de Vargas e João Goulart.

A mudança no perfil ideológico de Lacerda se consolidou na década de 1940, quando ele se transformou em um político ultraconservador. A filiação à UDN foi uma demonstração disso. Ao longo da Quarta República, ele foi uma figura que abalou o cenário político brasileiro e defendeu a realização de golpes políticos e militares em diferentes momentos.

Em 1949, Lacerda criou o seu próprio jornal, o Tribuna da Imprensa, e usou esse espaço para defender suas visões e atacar seus adversários políticos. Em 1950, ele foi um ferrenho opositor da eleição de Getúlio Vargas para um novo governo e usou de todas as táticas possíveis, incluindo denúncias falsas, a fim de atrapalhar esse mandato.

Uma dessas denúncias resultou na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou suposto uso ilegal de verba pública para financiar um jornal que defendia o presidente Vargas, o Última Hora. Nem Carlos Lacerda e nem a CPI conseguiram provar a existência de ilegalidade.

Carlos Lacerda era reconhecido como o principal adversário político de Getúlio Vargas por conta do teor das acusações que ele fazia contra o presidente e por sua postura incansável. O jornalista carioca acabou sendo o grande pivô da crise política que resultou no suicídio de Vargas.

Isso estava relacionado com o Atentado da Rua Tonelero, uma tentativa de assassinato realizada contra a vida de Carlos Lacerda no dia 5 de agosto de 1954. As investigações chegaram ao nome de Gregório Fortunato, chefe de segurança do presidente. As investigações nunca conseguiram provar o envolvimento de Vargas no atentado, mas, envolvido ou não, ele levou a culpa.

Carlos Lacerda passou a exigir a renúncia imediata do presidente e instigou as Forças Armadas a se rebelarem contra ele. O resultado disso foi o suicídio de Getúlio Vargas, no dia 24 de agosto de 1954. Sua morte chocou a nação, e Carlos Lacerda precisou ser abrigado pelos militares, pois se tornou alvo da fúria popular.

Em 1955, ele foi eleito deputado federal pela UDN, e, nesse mesmo ano, envolveu-se com outro esquema golpista. Ele tentou impedir a eleição presidencial desse ano, pois temia que Juscelino Kubitschek e João Goulart vencessem a disputa. Depois que eles venceram, Carlos Lacerda instigou novamente as Forças Armadas a impedir que ambos tomassem posse.

Sua segunda tentativa de promover um golpe falhou em novembro de 1955, quando o ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, garantiu a posse de JK. Lacerda, que tinha até veiculado informações falsas sobre JK, licenciou-se de seu cargo de deputado federal e se exilou em Cuba.

No final de 1956, ele retornou ao Brasil, reassumindo seu cargo de deputado federal e sua posição contra o governo de JK, opondo-se, por exemplo, à transferência da capital para Brasília.

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Governo da Guanabara e Golpe de 1964

Carlos Lacerda esteve à frente do governo da Guanabara de 1960 a 1965.

A transferência da capital para Brasília fez com que a cidade do Rio de Janeiro se transformasse num estado desvinculado do restante do Rio de Janeiro. Com isso, o Rio de Janeiro se transformou no estado da Guanabara, e o estado do Rio de Janeiro passou a ter sua capital em Niterói. Em 1960, Carlos Lacerda conquistou duas importantes vitórias: foi eleito governador da Guanabara e conseguiu eleger Jânio Quadros à presidência do Brasil.

Lacerda foi governador da Guanabara entre 1960 e 1965, e, durante esse período, foi uma figura ativa na articulação do Golpe Civil-Militar de 1964. Antes disso, ele tentou articular uma tentativa de golpe em 1961 para impedir a posse de João Goulart, mas fracassou novamente. Depois disso, foi opositor feroz do governo de João Goulart.

Carlos Lacerda defendia abertamente uma intervenção das Forças Armadas na política e articulou um golpe com os militares, representantes dos Estados Unidos e grupos civis. Quando o golpe destituiu João Goulart da presidência, em 2 de abril de 1964, Lacerda foi uma das figuras que mais celebraram.

Após mais de 10 anos defendendo a realização de um golpe militar no país, Carlos Lacerda, finalmente, havia alcançado aquilo que queria. Entretanto, ele desejava que os militares devolvessem o poder aos civis para que ele pudesse concorrer à presidência em 1965. Isso não aconteceu, e ele rompeu com os militares e com a ditadura.

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Últimos anos

O acontecimento que fez Carlos Lacerda romper com a ditadura foi a veiculação do AI-2, ato institucional que colocou fim nas eleições presidenciais diretas em nosso país. O jornalista, então, decidiu formar um movimento de oposição à ditadura, convidando Juscelino Kubitschek e João Goulart, duas pessoas que ele havia perseguido, a se juntar a ele.

A Frente Ampla, como ficou conhecida, queria restaurar a normalidade democrática no Brasil, mas teve vida curta, pois, em 1968, a ditadura proibiu seu funcionamento. No mesmo ano, a aprovação do AI-5 fez com que ele fosse preso por algumas semanas e perdesse os seus direitos políticos por 10 anos.

Em 21 de maio de 1977, Carlos Lacerda faleceu no Rio de Janeiro, vítima de um enfarte.

Créditos das imagens:

[1] FGV/CPDOC

Publicado por Daniel Neves Silva
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