Cristianismo

O cristianismo é uma religião monoteísta originária do Oriente Médio e na vida de Jesus Cristo, que os cristãos acreditam ser o filho de Deus. É a maior religião do planeta.
Jesus Cristo, figura central do cristianismo, representado em mosaico romeno.

O cristianismo é uma religião abraâmica, originária da região do Levante e com grande influência recebida do judaísmo. É a religião mais praticada no mundo atualmente, por cerca de um terço dos habitantes do planeta. Após a morte de Cristo, propagou-se pelas diferentes regiões do Império Romano na Europa, Ásia e África.

Os cristãos foram perseguidos pelos romanos por cerca de três séculos, mas sua religião se popularizou, e, durante o governo do imperador Constantino, tornou-se oficial no império. Durante as navegações europeias, o cristianismo foi levado pelos europeus para a América, África e parte da Ásia. Atualmente a América é a região com maior número de cristãos, e os Estados Unidos e o Brasil são os maiores países cristãos do mundo.

Nos últimos dois mil anos, o cristianismo se dividiu em muitas igrejas. Em 1054, católicos romanos e ortodoxos se separaram. Posteriormente, no século XVI, a Reforma de Protestante se iniciou, e diversas igrejas protestantes passaram a ser fundadas, processo que perdura. O cristianismo é uma das instituições que mais legados deixou à humanidade e é muito importante na vida de bilhões de pessoas do planeta.

Leia também: Conheça as 10 maiores religiões do mundo

Resumo sobre cristianismo

  • O cristianismo é uma religião que se originou com as pregações de Jesus Cristo, considerado pelos cristãos o filho de Deus.

  • Uma crença fundamental no cristianismo é a morte de Cristo na cruz e a sua ressurreição após três dias.

  • Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos levaram o cristianismo a diversas regiões do Império Romano, inclusive para a capital do império, Roma.

  • Nos três primeiros séculos da nossa era, os cristãos foram perseguidos pelas autoridades romanas.

  • No ano de 313, o imperador Constantino assinou o Édito de Milão, que assegurou a liberdade de culto aos cristãos.

  • Em 380, o imperador Teodósio assinou o Edito de Tessalônica, que tornou o cristianismo a religião oficial do Estado romano.

  • Durante toda a Idade Média, a Igreja Católica foi a principal instituição da Europa, tendo grande poder político.

  • Em 1054, ocorreu o Grande Cisma, quando católicos romanos e católicos ortodoxos se separaram.

  • Em 1517, iniciou-se o processo da Reforma Protestante, o que fez com que a Igreja Católica perdesse seu monopólio da religião na Europa Ocidental.

  • Por meio das Grandes Navegações, os europeus levaram o cristianismo para todos os continentes habitados, transformando-o na maior religião do mundo.

  • Atualmente o Brasil é o segundo maior país cristão.

O que é o cristianismo?

O cristianismo é uma religião abraâmica, assim como o judaísmo e o islamismo, sendo hoje a maior religião do mundo, praticada por aproximadamente 2,4 bilhões de pessoas, cerca de 30% da população mundial.|1| Os cristãos acreditam que Jesus Cristo, o filho de Deus, é o messias profetizado pela Torá, a “bíblia” hebraica.

A Bíblia é o livro sagrado do cristianismo, sendo ela dividida em duas partes: o Velho e o Novo Testamento. O Velho Testamento foi inspirado na Torá, livro sagrado judaico. Para os católicos, o Velho Testamento tem 46 livros, e, para os evangélicos, 39.

Com mais de dois mil anos de história, a cristandade se dividiu em centenas, talvez milhares de religiões, cada uma delas com diferentes dogmas, rituais, sacramentos, entre tantas outras diferenças, mas todas elas têm em comum a crença em Deus e em seu filho, Jesus Cristo.

Quais são os símbolos do cristianismo?

O cristianismo tem muitas religiões, e estas utilizam símbolos diferentes. Neste artigo apresentaremos alguns símbolos cristãos que são popularmente conhecidos no Brasil.

Símbolo da cruz no Cristianismo

A cruz é o principal símbolo do cristianismo, pois foi em uma cruz que Jesus Cristo foi martirizado. Existem dois tipos principais de cruz cristãs: a cruz latina, no formato de um T; e a cruz ortodoxa, que tem três braços horizontais, sendo o mais baixo deles inclinado.

Cruz ortodoxa e cruz latina.

A crucificação era um método de execução utilizado em larga escala pelos antigos romanos. Não sabemos ao certo como eram, de fato, as cruzes utilizadas nas execuções, e diversas formas são sugeridas pelos especialistas, como a cruz em X ou em T.

Símbolo Ichthys no cristianismo

O Ichthys é um peixe, um símbolo cristão primitivo, sendo utilizado desde o primeiro século da nossa era. Muitas vezes, ele é representando com o acrônimo IXOY∑, que significa “Jesus Cristo, filho de Deus, salvador”.

O Ichthys é o principal símbolo utilizado nos primórdios do cristianismo.

No início do cristianismo, quando os cristãos eram perseguidos pelos romanos, o peixe foi utilizado como uma forma de comunicação entre eles sem que seus perseguidores soubessem disso. O símbolo foi utilizado na fachada das casas, em lugares sagrados e nas catacumbas, onde também ocorriam cerimônias secretas cristãs.

O peixe é um elemento muito presente no cristianismo primordial e está relacionado com o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, no qual Jesus usou cinco pães e dois peixes, doados por uma criança, para alimentar uma multidão. Em outro milagre, a pesca milagrosa, um grupo de pescadores havia desistido de pescar no Mar da Galileia, uma vez que, há dias, não conseguiam pescar, puxando a rede sempre vazia.

Jesus solicitou que eles entrassem no mar e que novamente lançassem a rede, ao fazer isso, a rede capturou um imenso cardume. Após o milagre, Pedro, João e Tiago, três dos pescadores, se tornaram discípulos de Jesus Cristo.

Símbolos lábaro e Chi Rho no cristianismo

O lábaro era um estandarte militar do império romano, e Constantino o transformou em seu estandarte pessoal. Segundo a tradição oral, Constantino observou o Chi Rho durante uma batalha e ouviu uma voz divina dizendo “com este sinal vencerás”. Para os cristãos, Jesus era o início e o fim de tudo, e, por esse motivo, foi associado ao Chi Rho.

O Chi Rho é formado pela primeira e a última letra do alfabeto grego clássico.

Quais são as crenças do cristianismo?

A maioria das igrejas cristãs acredita na Santíssima Trindade, formada por Deus, seu filho, Jesus Cristo, e pelo Espírito Santo. Nessa crença, o pai, o filho e o espírito são três pessoas diferentes e, ao mesmo tempo, têm a mesma essência e são considerados a mesma emanação de Deus, portanto, também são também uno.

Jesus é considerado o filho de Deus, o messias ungido pelo pai para ser o salvador de toda a humanidade. A crença na sua morte e ressurreição é um pilar fundamental do cristianismo. Na crença cristã, Jesus foi crucificado pelos romanos, sepultado e ressuscitou após três dias. Durante 40 dias após sua morte, Jesus apareceu para diferentes pessoas, e, após esse período, ele ascendeu ao céu.

Outra crença importante do cristianismo é a da salvação eterna, também chamada de salvação celestial ou salvação espiritual. Por essa crença, a alma pode ser salva de uma punição eterna após a morte, mas as diferentes religiões cristãs diferem sobre como isso pode ocorrer. Realização de boas obras, a fé em Deus e em Jesus Cristo e a predestinação são as principais formas de salvação para as igrejas cristãs.

Veja também: Quais são as crenças do judaísmo e o que o torna diferente do cristianismo?

Quais são os rituais e práticas do cristianismo?

As diversas religiões cristãs têm diferentes práticas e rituais, neste artigo apontaremos rituais e práticas mais populares dentro do cristianismo. O batismo é um dos sacramentos mais praticados pelas igrejas cristãs, com raras exceções. É considerado um ritual de iniciação, de purificação e de consagração, geralmente feito com água, assim como ocorreu com Jesus, que foi batizado pelo seu primo, João Batista, nas águas do Rio Jordão.

A oração é outra prática importante para os cristãos. As orações podem ser realizadas de forma coletiva, nos cultos e missas, em família ou individualmente. Quase todas as igrejas cristãs têm um dia da semana que deve ser dedicado a orações para Deus, geralmente o sábado ou o domingo.

As igrejas cristãs são monogâmicas e o matrimônio também é uma prática importante para elas, selando a unidade entre duas pessoas perante Deus. O matrimônio é geralmente realizado por um sacerdote e conta com testemunhas, os padrinhos escolhidos pelos noivos.

Quais são as festas do cristianismo?

Natal

No Natal, celebrado no Brasil e em diversos países em 25 de dezembro, os cristãos celebram o nascimento de Cristo. Já na Igreja Ortodoxa, que não adota o calendário gregoriano, o Natal é celebrado em 7 de janeiro. Na Antiguidade, em diversas regiões da Europa, eram celebradas festas nos dias próximos ao solstício de inverno no Hemisfério Norte.

Na época romana, era celebrado o dia do Sol Invicto, quando os romanos comemoravam o nascimento do deus Sol. A partir do século III, a data passou a ser utilizada pelos cristãos para celebrar o nascimento de Cristo.

Páscoa

A Páscoa é outra celebração importante no calendário cristão, ela celebra a ressurreição de Cristo, ocorrida três dias após ser crucificado pelos romanos (Sexta-Feira Santa). A data da Páscoa varia todos os anos, pois ela segue os antigos calendários lunissolares. A Páscoa ocorre sempre no primeiro domingo após a primeira Lua cheia que ocorre após o equinócio de primavera no Hemisfério Norte.

A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo. A crença em sua morte e ressurreição é um pilar do cristianismo.[1]

A Páscoa é originalmente uma celebração judaica, em que os judeus comemoram a libertação da longa escravidão no Egito. Em 325, no Concílio de Niceia, a Igreja Católica inseriu a Páscoa no seu calendário litúrgico. Para saber mais sobre a Páscoa, clique aqui.

Pentecostes

O Dia de Pentecostes ocorre 50 dias após o Domingo de Páscoa, 10 dias após a ascensão de Jesus. Na tradição cristã, foi nesse dia que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e outros seguidores de Cristo, dando a eles o dom de línguas. A data é a mais importante para as igrejas pentecostais e neopentecostais.

História do cristianismo

Origem do cristianismo

A história do cristianismo se iniciou com o nascimento de Jesus Cristo em Belém, na região do Levante, a oeste do Mar Morto. Durante seus 33 anos, Jesus se deslocou por uma pequena área compreendida entre o Mar da Galileia e o que chamamos atualmente de Mar Morto. Durante a vida de Jesus, essa região fazia parte do Império Romano e era chamada Judeia.

Após a morte de Cristo, o cristianismo propagou-se pelas diferentes regiões do Império Romano, na Europa, Ásia e África, por meio de pregadores e missionários. Os cristãos foram perseguidos pelos romanos por cerca de três séculos, e muitos deles foram crucificados, mortos na fogueira ou jogados às feras nas arenas romanas.

Entretanto, mesmo com as perseguições, o cristianismo se popularizou no Império Romano. No século IV, foi inicialmente tolerado, e, durante o governo do imperador Constantino, se tornou a religião oficial do império.

As primeiras igrejas cristãs

Após a morte de Cristo, os apóstolos foram para diferentes lugares do Império Romano, dando origem a comunidades cristãs, que se tornaram os patriarcados. Os apóstolos nomearam sucessores, chamados de bispos, que também nomearam sucessores — processo chamado de sucessão apostólica pelos cristãos.

Segundo a tradição, foi o apóstolo André que fundou a Igreja de Bizâncio, cidade que recebeu posteriormente o nome de Constantinopla e, por fim, seu atual nome, Istambul. Já o irmão de André, São Pedro, foi, para os católicos romanos, o fundador da Igreja de Roma. Paulo é considerado o fundador da Igreja Ortodoxa Grega. São Pedro também é considerado fundador do patriarcado de Antióquia.

Diversas outras comunidades cristãs surgiram, cada uma delas com suas tradições, dogmas, doutrinas, sacramentos, datas sagradas, rituais e liturgia. Constantino I, imperador de Roma, organizou um concílio que ocorreu no ano de 325 e ficou conhecido como Concílio Ecumênico de Nicéia.

Participaram desse concílio bispos de diversas igrejas cristãs, e nele foram discutidas a natureza divina de Jesus Cristo e a Santíssima Trindade. Também foram estabelecidos critérios, utilizados ainda hoje, para a escolha de datas sagradas, entre elas a Páscoa.

Cismas e reformas da igreja cristã

No século IV, uma crise ocorreu em Roma, seguida pelas invasões e migrações bárbaras. Para tentar conter a crise, Teodósio I, em 395, dividiu o Império Romano em duas partes, a ocidental e oriental. O império ocidental era conhecido como a região latina, cuja língua principal era o latim. Já o império oriental era conhecido como a região grega, pois sofreu forte influência dessa civilização e a principal língua na região era o grego.

Com a divisão do império, as diferenças entre a igreja de Constantinopla e a de Roma se acentuaram. Em 476, a capital do Império Romano do Ocidente foi conquistada e o último imperador romano, Rômulo Augusto, foi deposto.

No século VI, durante o governo de Justiniano I, foi criada a pentarquia, sistema no qual a igreja cristã estava organizada em cinco patriarcados: Roma, Constantinopla, Antióquia, Alexandria e Jerusalém. Os cinco patriarcas governariam, em conjunto, a igreja cristã, mas, na prática, Roma continuou afastada dos outros patriarcados e foi acusada por eles de tentar impor o papismo.

No início do século XI, os atritos entre as duas igrejas se acirraram novamente e culminaram, em 1054, no Grande Cisma, quando a Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa se tornaram independentes para sempre. Após o Grande Cisma, diversos conflitos e massacres foram perpetrados por católicos e ortodoxos. Foi somente a partir de 2001 que as duas igrejas iniciaram um processo de reaproximação, que dura ainda hoje.

Em 1517, iniciou-se um novo processo de divisão do cristianismo, quando Martinho Lutero, monge católico, encabeçou a Reforma Protestante após fazer diversas críticas à Igreja Católica. Com Lutero, surgiu a primeira igreja protestante, a luterana. Esta foi seguida pela origem de diversas novas igrejas, como a calvinista, anglicana, puritana, entre tantas outras. Ainda hoje, ocorre o processo de criação de novas igrejas protestantes.

Quais são as religiões do cristianismo?

Igreja Católica Apostólica Romana

Originou-se no século I. Para os católicos, Jesus Cristo é o fundador da igreja e seu discípulo, São Pedro, o primeiro papa. Foi no século IV, no governo de Constantino, que as bases da Igreja Católica foram criadas, com a definição do seu credo, hierarquia e principais datas litúrgicas. Na Idade Média, ela se tornou a instituição mais importante na Europa, tendo grande poder político e econômico. Atualmente, é considerada uma das maiores e mais antigas instituições do mundo.

Igreja Ortodoxa

Oficialmente chamada de Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, é a principal igreja cristã no Leste da Europa e em partes da Ásia. Oficialmente, surgiu em 1054, com o Grande Cisma, no qual se separou da Igreja Católica Apostólica Romana. Ao contrário desta última, na Igreja Ortodoxa não existe uma liderança central como o papa, mas sim uma organização em diversos patriarcados. Cada um tem autonomia administrativa, e o patriarca de Constantinopla (hoje Instambul) é considerado o primeiro entre iguais.

Patriarca ecumênico Bartolomeu, de Constantinopla, um dos líderes da Igreja Ortodoxa.[2]

Igreja Luterana

Foi a primeira igreja protestante, criada por Martinho Lutero. Como toda igreja protestante, na Igreja Luterana não existe culto aos santos, a autoridade papal não é reconhecida, não existe o culto de imagens ou relíquias, e a fé tem grande importância para a salvação humana.

Igreja Calvinista

Surgiu também no século XVI, no processo da reforma, e tem João Calvino como seu principal teórico. Calvino defendia a predestinação, a valorização do trabalho e a prática da poupança para obtenção do enriquecimento. Por essas ideias, o calvinismo se popularizou entre a nascente burguesia europeia.

Igreja Anglicana

Surgiu, em 1534, com a reforma realizada por Henrique VIII na Inglaterra após entrar em conflito com a Igreja Católica por ter o seu casamento com Ana Bolena negado pelo papa. Ainda hoje é a principal religião da Inglaterra. Saiba mais sobre o anglicanismo clicando aqui.

Igreja Batista

Originou-se na Inglaterra e Holanda do século XVII. Os batistas defendem que o indivíduo deve ser batizado quando adulto, tendo, assim, discernimento para escolher ser batizado. Também defendem a separação entre Estado e igreja.

Cristãos batistas creem que o batismo nas águas deve ser feito quando o indivíduo for adulto.[3]

Igreja Metodista

O metodismo surgiu como movimento teológico na Inglaterra do século XVIII. Os metodistas valorizam a relação íntima do indivíduo com Deus e vida cotidiana baseada na moral cristã. A assistência social também é muito valorizada entre os metodistas.

Pentecostalismo

Movimento cristão que se originou nos Estados Unidos na primeira década do século XX. O pentecostalismo recebe esse nome por causa do Pentecostes, dia no qual os apóstolos e principais seguidores de Jesus Cristo receberam o Espírito Santo. Por meio do batismo do Espírito Santo, o indivíduo recebe dons especiais, como o dom da profecia, de cura ou de falar em línguas.

Neopentecostalismo

A Igreja Neopentecostal se originou nos Estados Unidos, na década de 1970. Recebeu forte influência de práticas de igrejas de matriz africana, como as batalhas espirituais contra demônios, possessões e maldições hereditárias.

O cristianismo no Brasil

O cristianismo chegou ao Brasil com a expedição de Pedro Álvares Cabral, que aportou por aqui em 22 de abril de 1500. Quatro dias depois, o frei Henrique Soares de Coimbra rezou a primeira missa no Brasil, que foi assistida por alguns indígenas, conforme relato de Pero Vaz de Caminha.

Em 1549, chegaram ao nosso país os primeiros padres jesuítas, na expedição do primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. Os jesuítas e outros padres católicos foram responsáveis por difundir o cristianismo no Brasil, construindo, no território do que se tornaria o nosso país, diversas missões, onde catequizavam os indígenas e filhos dos colonos.

Muitos protestantes estiveram no Brasil nas primeiras décadas de colonização, mas individualmente, como integrantes de expedições que visitavam o litoral brasileiro. Em 1555, foi fundada, onde é hoje o Rio de Janeiro, a França Antártica, uma colônia francesa governada por Villegagnon, membro da Ordem de Malta.

Em 1557, chegaram à colônia francesa cerca de 300 protestantes, a maioria deles huguenotes, forma pela qual os protestantes franceses eram chamados. Em 10 de março de 1557, os huguenotes realizaram um culto de ação de graças que é considerado o primeiro culto protestante no Brasil.

A França Antártica passou por diversas dificuldades, como a obtenção de alimentos, os conflitos com os indígenas e as doenças tropicais. Insubordinações, brigas entre grupos rivais e motins também foram frequentes na colônia. A França Antártica foi constantemente atacada por tropas portuguesas, sendo destruída e reconstruída diversas vezes. A derrota final ocorreu em 1575, quando os franceses foram derrotados na Batalha de Cabo Frio.

Durante quase todo o Período Colonial, o catolicismo foi a única religião permitida no Brasil, embora muitos grupos protestantes, judaicos e de religiões de matriz africana mantivessem suas crenças secretamente. Em 1808, isso mudou com a chegada da família real ao Brasil e a assinatura de um decreto de Dom João VI, que permitiu o culto de outras religiões na colônia lusitana.

Multidão de fiéis em celebração do Domingo de Ramos, na Bahia. O Brasil é o segundo maior país cristão do mundo.[4]

Atualmente, o Brasil é o segundo maior país cristão do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Uma pesquisa, realizada pelo Datafolha em 2020, apontou que 50% dos brasileiros se declaram católicos e 31% evangélicos, o que faz com que 81% da população brasileira se declarem cristãos.

No Censo de 1872, considerado o primeiro do Brasil, 99,72% dos brasileiros se declararam católicos, hoje esse número caiu para cerca de metade da população. Por outro lado, o número de evangélicos vêm crescendo no Brasil, o que leva os pesquisadores a acreditarem que, nas próximas décadas, o Brasil se tornará um país de maioria protestante.

O cristianismo no mundo

Atualmente o cristianismo é a maior religião do mundo, com cerca de 2,4 bilhões de praticantes, a maior parte deles vivendo na América. A Europa, a África Subsaariana e a Oceania também são regiões com maioria cristã. Abaixo, confira no mapa como o cristianismo está distribuído no mundo:

Em vermelho, regiões de maioria católica; em rosa, de maioria protestante; e, em grená, de maioria ortodoxa.[5]

Quais são os legados do cristianismo?

O cristianismo é a maior religião do mundo e tem dois milênios de história, sendo uma das instituições que mais deixaram legados para a humanidade, para o bem e para o mal. Em seus dois mil anos de história, o cristianismo foi responsável por diversas obras assistenciais, com a construção e manutenção de hospitais, sanatórios, orfanatos e outras instituições que prestam importantes serviços.

Também é responsável por projetos assistenciais, pela administração de escolas e de universidades. Muitos sacerdotes-cientistas desenvolveram importantes estudos na área da matemática, astronomia, genética, línguas, entre tantas outras. O cristianismo também foi o importante no combate a práticas como a escravidão, infanticídio e sacrifícios humanos.

Outro legado cristão foi o atual calendário. Promulgado pelo papa Gregório, no ano de 1582, o calendário gregoriano atualmente organiza a vida em quase todo o planeta, mesmo nos países que não são cristãos.

Os críticos do cristianismo alegam que ele foi utilizado como argumento legitimador para a escravidão dos povos africanos e originários da América, embora, no século XIX, o cristianismo também foi utilizado para justificar a abolição da escravidão. O Tribunal da Santa Inquisição e os inúmeros conflitos religiosos, muitas vezes colocando cristão contra cristão, também são legados negativos do cristianismo.

Na atualidade os críticos alegam que denominações cristãs, sobretudo as neopentecostais, promovem ataques à ciência, aos direitos individuais, ao Estado democrático de direito, e tentam criar um Estado teocrático.

Saiba mais: Quem é Maomé para os muçulmanos?

Curiosidades sobre cristianismo

  • A Basílica de São Pedro, no Vaticano, é considerada o maior templo cristão do mundo. Ela foi construída no século XVI, período da Reforma Protestante.

  • O papa da Igreja Católica é escolhido por meio de um conclave, realizado na Capela Cistina e do qual participam cardeais católicos de todo o mundo.

  • O mais longo conclave da história foi realizado entre 1268 e 1271, nele foi nomeado o papa Gregório X. Em 1503, ocorreu o conclave mais rápido, ele durou um dia e elegeu Júlio II como papa.

  • O Yoido Full Gospel Church, na Coreia do Sul, é considerado o maior templo evangélico do mundo.

  • A cidade de Pilar, localizada a 34 quilômetros de Maceió, constrói atualmente o que se será a maior estátua de Cristo do mundo, com 70 metros de altura, o dobro do Cristo Redentor.

  • Até agora, a maior estátua de Cristo é a de Cristo Rei, da Polônia, ela tem 48 metros de altura.

  • Segundo a tradição católica, São Pedro foi o primeiro papa e o mais longevo, ocupando o posto por 37 anos.

  • O Brasil tem oficialmente três feriados cristãos: O Dia de Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro), o Dia de Finados (2 de novembro) e o Natal (25 de dezembro). O Dia de Corpus Christi não é feriado nacional, ele é considerado ponto facultativo.

Nota

|1|HACKETT, C.; MCCLENDON, D. Christians remain world’s largest religious group, but they are declining in Europe. Pew Research Center, 5 abr. 2017. Disponível em: https://www.pewresearch.org/short-reads/2017/04/05/christians-remain-worlds-largest-religious-group-but-they-are-declining-in-europe/

Créditos das imagens

[1]Renata Sedmakova/ Shutterstock

[2]paparazzza/ Shutterstock

[3]Ilan Ejzykowicz/ Shutterstock

[4]ThalesAntonio/ Shutterstock

[5]Wikimedia Commons

Fontes

GOFF, J. Le. O Deus da Idade Média. Editora Record, São Paulo, 2006.

GOFF, J. Le. Em busca da Idade Média. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2016.

HACKETT, C.; MCCLENDON, D. Christians remain world’s largest religious group, but they are declining in Europe. Pew Research Center, 5 abr. 2017. Disponível em: https://www.pewresearch.org/short-reads/2017/04/05/christians-remain-worlds-largest-religious-group-but-they-are-declining-in-europe/

MANGO, C. Bizâncio: o império da nova Roma. Editora Edições 70, São Paulo, 2018.  

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior

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