Colonização do Brasil
A colonização do Brasil foi o processo de chegada, invasão, ocupação e exploração do território brasileiro que foi realizado por Portugal entre os séculos XVI e XIX. Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, implantando as primeiras iniciativas mais consistentes de ocupação e colonização a partir da década de 1530.
Esse processo teve três grandes ciclos econômicos: pau-brasil, açúcar e ouro. O trabalho realizado era majoritariamente por trabalhadores escravos indígenas ou africanos. A escravização de indígenas foi proibida em meados do século XVIII, e a de africanos, só no fim do século XIX. Houve muita resistência à escravização durante a colonização.
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Resumo sobre a colonização do Brasil
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A colonização do Brasil foi realizada por Portugal.
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Os portugueses chegaram ao Brasil por meio da expedição de Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500.
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A colonização do Brasil teve três importantes ciclos econômicos: pau-brasil, açúcar e ouro.
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A escravização foi introduzida por volta de 1530, sendo que os escravizados eram indígenas e africanos.
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Oficialmente falando, a colonização se encerrou em 1815, mas os laços com Portugal só foram rompidos com a independência, em 1822.
Videoaula sobre a colonização do Brasil
Características da colonização do Brasil
A colonização do Brasil, realizada pelos portugueses, foi o processo de chegada, invasão, ocupação e exploração do território brasileiro por Portugal, a metrópole. Durante a colonização portuguesa, os indígenas foram expulsos de suas terras, e Portugal estabeleceu atividades econômicas com o objetivo de obter ganhos econômicos com base nessa exploração.
A chegada dos portugueses se deu em 1500, mas medidas efetivas de colonização do território foram desenvolvidas apenas a partir da década de 1530. As principais — mas não únicas — atividades econômicas aqui desenvolvidas foram a exploração do pau-brasil, a produção do açúcar e a extração de ouro.
Oficialmente, a colonização se encerrou em 1815, com a elevação do Brasil à condição de reino unido, fazendo do Brasil uma província do território português. Entretanto, os laços que ligavam o Brasil a Portugal se encerraram em 1822, quando foi declarada a nossa independência.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil?
Os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500, durante a expedição de Pedro Álvares Cabral. Essa expedição tinha um objetivo duplo: verificar as possibilidades de Portugal no oeste (na América) e comprar especiarias na Índia. Essa expedição era parte do que entendemos como grandes navegações, uma série de expedições para exploração do oceano Atlântico.
Aqui no Brasil, os portugueses chegaram à região de Porto Seguro, na Bahia, permanecendo até o dia 2 de maio, quando então partiram para a Índia. Nesse acontecimento, o grande destaque vai para a carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão que relatou detalhes da viagem e do Brasil para o rei português.
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Período Pré-Colonial
As primeiras décadas da colonização do Brasil são consideradas parte do Período Pré-Colonial, pois os portugueses não estabeleceram medidas efetivas de colonização do Brasil. A prioridade de Portugal era manter as rotas comerciais para a Índia, com o intuito de preservar o comércio de especiarias.
Os portugueses resumiram sua presença a algumas feitorias construídas em locais litorâneos e estabeleceram a exploração do pau-brasil como atividade econômica. Isso porque eles identificaram grande quantidade da árvore no litoral brasileiro e atribuíram valor a ela por causa do corante que era produzido por meio de uma resina extraída da madeira.
A exploração do pau-brasil foi realizada por meio do escambo, e os portugueses ofertavam uma série de mercadorias — como baús, machados, entre outras — em troca do trabalho dos indígenas de derrubada das árvores e transporte das toras até as feitorias. Essa atividade entrou em declínio a partir da década de 1530. Para saber mais sobre esse período, leia: Período Pré-Colonial.
Capitanias hereditárias
As capitanias hereditárias foram implantadas no Brasil a partir de 1534 por determinação do rei D. João III. Foram criadas com o objetivo de incentivar a ocupação do território, garantir a exploração econômica das terras e impedir as invasões francesas. Com as capitanias, Portugal repassou os custos da exploração e ocupação do Brasil para aqueles que estivessem interessados.
O território foi dividido em 15 faixas de terra que foram entregues a 12 capitães donatários cujo papel era garantir o desenvolvimento econômico de sua capitania, preferencialmente pela produção do açúcar, além de, claro, garantir os investimentos necessários para atrair colonos para sua capitania.
Os donatários recebiam os direitos sobre sua capitania e tinham os seus deveres e direitos estabelecidos em dois documentos chamados Carta de Doação e Carta Foral. Os donatários ainda deviam garantir a segurança de sua capitania, impedindo os ataques indígenas e as invasões estrangeiras, em especial dos franceses.
Esse sistema fracassou, devido a uma série de fatores, como a inexperiência administrativa dos donatários e a falta de recursos para garantir o desenvolvimento de suas capitanias. A alternativa encontrada por Portugal foi centralizar o poder e estabelecer o Governo-Geral, fazendo com que o Brasil fosse administrado por um governador-geral.
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa, que chegou ao Brasil em 1549. Junto do governador-geral existiam cargos fundamentais que o auxiliavam na administração da colônia, sendo eles o ouvidor-mor (responsável pela justiça), o capitão-mor (responsável pela segurança e defesa) e o provedor-mor (responsável pelas finanças).
Tomé de Sousa ficou encarregado de construir a cidade de Salvador, a primeira capital do Brasil. Com o primeiro governador-geral também vieram os primeiros padres jesuítas, responsáveis pela catequização dos indígenas e pelo cuidado religioso dos colonos que aqui viviam.
Atividades econômicas desenvolvidas na colonização do Brasil
Como já mencionado, a colonização portuguesa ficou marcada por implantar três grandes ciclos de atividades econômicas no Brasil. A economia no período colonial girava em torno dessas grandes atividades, cada uma durante o seu período, mas existiam outras atividades econômicas que complementavam o funcionamento da economia colonial.
Entre elas estavam a agricultura de subsistência, a pecuária, a agricultura para a exportação, a coleta de frutos ou raízes, entre outras. Existia um comércio no Brasil, e a produção manufatureira não era permitida aqui, o que era parte das restrições do exclusivo colonial. Dos três grandes ciclos da economia colonial, podemos realizar os seguintes destaques:
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Pau-brasil: a árvore era extraída para que a resina da madeira fosse utilizada na produção de um corante avermelhado. O trabalho era realizado pelos indígenas com base no escambo, e eles eram pagos com objetos diversos que eram oferecidos pelos portugueses. Essa atividade perdeu força a partir da década de 1530.
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Açúcar: era produzido por meio do cultivo da cana-de-açúcar, sendo fabricado em locais conhecidos como engenhos. Essa atividade foi introduzida no Brasil a partir da década de 1530 e permaneceu sendo a dominante até meados de 1700. A principal capitania produtora de açúcar foi Pernambuco.
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Ouro: as primeiras jazidas de ouro foram descobertas no Brasil em 1695, em Minas Gerais. Uma verdadeira corrida do ouro se iniciou, atraindo milhares de pessoas para aquela região. Também foi encontrado ouro em Goiás e no Mato Grosso, além de ter sido encontrado diamante em Minas Gerais. A partir da segunda metade do século XVIII, o ouro encontrado no Brasil começou a tornar-se mais escasso.
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Escravidão durante a colonização do Brasil
A colonização do Brasil realizou-se mediante a escravização de pessoas, indígenas ou africanas. Ambos os grupos eram sequestrados e levados a realizar trabalhos forçadamente, sendo que os trabalhos mais complexos e difíceis ficavam a cargo desses trabalhadores escravos. Acredita-se que a escravização de pessoas tenha sido iniciada no Brasil por volta da década de 1530.
Até o começo do século XVII, o grupo mais escravizado no Brasil era o dos indígenas, sendo que eles eram capturados pelos bandeirantes e revendidos pela colônia como escravos. A escravização indígena tinha forte oposição dos jesuítas e foi definitivamente proibida em 1757, por meio de uma determinação do Marquês de Pombal.
Os africanos escravizados, por sua vez, foram introduzidos no Brasil por volta da década de 1550. Eles eram trazidos por meio do tráfico negreiro, atividade econômica extremamente lucrativa para os portugueses e para os colonos. Com o tempo, os africanos se tornaram o grupo mais escravizado no Brasil. Ao longo de nossa história, quase cinco milhões de africanos foram trazidos para cá.
A escravização ficou marcada por ser desumana, afetando a vida de indígenas e africanos com uma violência extrema. O trabalho diário era longo e extenuante, as agressões eram comuns, a alimentação era precária e os escravizados ficavam proibidos, muitas vezes, de cultivar elementos da própria cultura.
Nesse cenário, a resistência era uma solução para muitos escravos, que fugiam, formavam quilombos, se rebelavam contra os seus “senhores”, lutavam para manter viva sua cultura etc. O tráfico negreiro só foi proibido em 1850, e a escravização de pessoas só foi abolida em 1888, momento em que o Brasil já era uma nação independente.