Tenentismo

O tenentismo foi um movimento militar liderado por jovens oficiais que eram contrários às práticas de corrupção e ao mandonismo da República Oligárquica.
Eduardo Gomes, Siqueira Campos e outros militares na Revolta do Forte de Copacabana, um dos episódios do tenentismo.

O tenentismo foi um movimento político-militar que surgiu no início do século XX no Brasil e teve suas raízes no contexto conturbado da Primeira República. O movimento teve início com jovens oficiais militares insatisfeitos com a falta de democracia e a corrupção na política. Seus objetivos incluíam a busca por reformas políticas, participação popular e modernização econômica, e a luta contra a corrupção.

O tenentismo se caracterizava pela juventude de seus líderes, pelos ideais nacionalistas, pela militância e pela visão de um Brasil mais democrático e igualitário. Entre seus líderes notáveis, destacam-se: Luís Carlos Prestes, Eduardo Gomes, Siqueira Campos e Isidoro Dias Lopes.

O movimento se manifestou em revoltas como a Revolta de Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes. No entanto, o tenentismo começou a perder força com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder em 1930. Ele adotou algumas das demandas dos tenentes, contribuindo para o enfraquecimento do movimento. Suas consequências incluíram o enfraquecimento da oligarquia, a promoção da modernização do país e a influência em futuros movimentos políticos no Brasil.

Leia também: Coronelismo — prática política que fortalecia a corrupção durante a República Velha

Resumo sobre tenentismo

  • O tenentismo foi um movimento político-militar brasileiro que emergiu no início do século XX, visando a reformas políticas e sociais.
  • Surgiu durante a Primeira República brasileira, caracterizada por instabilidade política, oligarquia no poder e crises econômicas.
  • Teve origem no descontentamento de jovens oficiais militares com a corrupção e a falta de democracia na política brasileira.
  • Buscou reformas políticas, participação popular, modernização e o combate à corrupção no Brasil.
  • Foi marcado pela juventude dos líderes, pelos ideais nacionalistas, pela militância e pela busca por um Brasil mais democrático e igualitário.
  • Líderes notáveis do movimento foram Luís Carlos Prestes, Eduardo Gomes, Siqueira Campos e Isidoro Dias Lopes.
  • Manifestou-se em revoltas como a Revolta de Copacabana, Revolta Paulista de 1924 e a famosa Coluna Prestes.
  • Enfraqueceu-se com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Vargas adotou parte das demandas dos tenentes.
  • Contribuiu para enfraquecer a oligarquia.
  • Promoveu a modernização do país.
  • Influenciou futuros movimentos políticos no Brasil.

Videoaula sobre tenentismo

O que foi o tenentismo?

O tenentismo foi um movimento político-militar que teve um papel significativo na história do Brasil, principalmente nas primeiras décadas do século XX. Esse movimento surgiu como uma resposta aos problemas políticos, sociais e econômicos que o país enfrentava naquela época, e teve como características distintivas a liderança de jovens oficiais militares e uma busca por reformas no sistema político. Para entender o tenentismo, é fundamental situá-lo no contexto histórico em que surgiu.

Contexto histórico do tenentismo

A Primeira República no Brasil, estabelecida em 1889, foi marcada por uma série de problemas, como a instabilidade política, a corrupção, a falta de representatividade e o poder concentrado nas mãos de uma elite oligárquica que governava os estados brasileiros.

Além disso, o país enfrentava uma série de crises econômicas e sociais, como a falta de industrialização, a exploração do trabalho nas fazendas de café e a concentração de terras.

Veja também: Revolta da Chibata — insatisfação dos marinheiros brasileiros que culminou em um motim

Origem e motivos da revolta tenentista

O tenentismo teve origem nas insatisfações de um grupo de jovens oficiais do Exército Brasileiro com a situação política do país. Esses oficiais, conhecidos como tenentes, eram, em sua maioria, originários de classes médias e tinham uma formação intelectual mais sólida do que a média dos militares.

Eles eram influenciados por ideais republicanos e democráticos, sobretudo o positivismo e o federalismo dos EUA, e estavam descontentes com a corrupção e a falta de representatividade no governo, criticando severamente a política do café com leite e o modo como se construía a política na República Oligárquica.

O movimento teve início na década de 1920, com manifestações de tenentes contra o governo de Epitácio Pessoa, em 1922. Os tenentes buscavam uma maior participação política e o fim das práticas corruptas que caracterizavam a política da Primeira República. Eles também tinham um profundo desejo de modernização do país, o que incluía reformas políticas e econômicas.

Quais eram os objetivos do tenentismo?

Os tenentes tinham como principais objetivos:

  • a luta contra a corrupção e o clientelismo político;
  • a ampliação da participação popular na política;
  • o fim do voto de cabresto (prática de coação eleitoral);
  • a defesa de reformas sociais e econômicas.

É importante frisar, no entanto, que o tenentismo foi um movimento difuso e que suas pautas eram genéricas e varáveis, inexistindo um único documento ou manifesto que as expusesse de forma clara. É muito comum associar os objetivos do tenentismo às práticas políticas posteriores de seus maiores líderes.

Características do tenentismo

Jornais da época noticiaram a revolta dos militares.

O tenentismo era um movimento heterogêneo, e seus membros tinham diferentes perspectivas e estratégias para alcançar seus objetivos. Apesar da não uniformidade intelectual, pode-se apontar como características gerais: os tenentes eram, em grande parte, jovens oficiais com uma educação mais sólida do que a média dos militares. Muitos deles eram formados em escolas militares e tinham uma formação intelectual mais ampla.

O tenentismo era, em sua essência, um movimento militar. Muitos tenentes acreditavam que era necessário o uso da força para provocar mudanças políticas no país. Os tenentes também tinham um forte sentimento nacionalista e buscavam defender os interesses do Brasil contra qualquer influência estrangeira.

Os tenentes eram fervorosamente contrários à corrupção que permeava a política brasileira da época. Eles viam a corrupção como um dos principais obstáculos para o desenvolvimento do país.

Quem foram os líderes do tenentismo?

O tenentismo teve vários líderes ao longo de sua trajetória, sendo alguns dos mais proeminentes:

  • Luís Carlos Prestes: conhecido como o Cavaleiro da Esperança, Prestes liderou a Coluna Prestes, um dos episódios mais famosos do tenentismo. Ele era um dos tenentes mais carismáticos e influentes do movimento.
Luís Carlos Prestes liderou a Coluna Prestes, uma das ações mais marcantes do tenentismo.
  • Eduardo Gomes: também foi uma figura importante no tenentismo e posteriormente se destacou na política, concorrendo à presidência do Brasil em várias ocasiões.
  • Siqueira Campos: foi um dos líderes da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Ele defendia a derrubada do governo de Washington Luís e a realização de reformas políticas e econômicas.
  • Isidoro Dias Lopes: teve um papel de destaque na Revolta Paulista de 1924, um dos episódios iniciais do tenentismo em São Paulo.

Principais revoltas tenentistas

O tenentismo se manifestou em várias revoltas ao longo de sua história, dentre as quais destacam-se:

→ Revolta de Copacabana (1922)

A Revolta de Copacabana, também conhecida como Revolta dos 18 do Forte, foi um dos primeiros levantes tenentistas. Teve início no Rio de Janeiro e foi liderada por oficiais do Exército que se insurgiram contra o governo de Epitácio Pessoa. A revolta foi duramente reprimida, e seus líderes foram mortos ou presos.

→ Revolta Paulista de 1924

Essa revolta teve lugar em São Paulo e foi liderada por tenentes e outros grupos insatisfeitos com o governo central. Durou cerca de três meses e resultou em combates intensos entre as forças rebeldes e o Exército. Após a derrota dos rebeldes, vários de seus líderes foram presos. Saiba mais sobre essa revolta clicando aqui.

→ Coluna Prestes (1925-1927)

A Coluna Prestes foi uma das ações mais marcantes do tenentismo. Sob a liderança de Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, uma coluna de rebeldes percorreu grande parte do território brasileiro, promovendo ações de guerrilha e protestando contra o governo. A Coluna Prestes ganhou notoriedade nacional e internacional, mas não conseguiu derrubar o governo.

Fim do tenentismo

O tenentismo como movimento organizado começou a perder força no final da década de 1920 e início da década de 1930. Isso se deveu, em parte, ao fato de que muitos de seus líderes foram cooptados pelo governo de Getúlio Vargas, que chegou ao poder em 1930 com o apoio de alguns tenentes.

Habilidosamente, Vargas conduziu os principais líderes do movimento a cargos de interventores estatais (nomenclatura usada para o cargo de governador não eleito, mas indicado pelo poder federal), o que desorganizou e diluiu o movimento.

Além disso, o mais notório líder tenentista, Luís Carlos Prestes, após um período de exílio, formou-se como agente comunista na União Soviética e retornou ao Brasil com ideias revolucionárias orientadas para o comunismo, o que cingiu o movimento tenentista e dividiu seus membros: parte passou a apoiar a vertente comunista de Prestes e parte continuou dentro do governo Vargas.

Saiba mais: O que foi a Intentona Comunista?

Quais foram as consequências do tenentismo?

O tenentismo teve várias consequências importantes na história do Brasil. O movimento contribuiu para enfraquecer o poder da oligarquia cafeicultora que dominava a política brasileira, abrindo caminho para mudanças políticas significativas. Os tenentes defenderam a participação popular na política, e suas demandas influenciaram a criação de instituições políticas mais inclusivas no Brasil.

Muitos dos líderes tenentistas, como Getúlio Vargas e Eduardo Gomes, seguiram carreiras políticas de destaque após o fim do movimento e tiveram impacto duradouro na política brasileira. O tenentismo serviu de inspiração para outros movimentos políticos e sociais no Brasil, inclusive com Luís Carlos Prestes se tornando uma grande liderança comunista no país.

Exercícios resolvidos sobre tenentismo

1. O tenentismo, um movimento político-militar que marcou a história do Brasil no início do século XX, teve suas origens em um contexto de insatisfação com a Primeira República. Qual das alternativas a seguir melhor descreve o contexto histórico que impulsionou o movimento?

a) O movimento surgiu durante o Brasil Império, no século XIX, como resposta à abolição da escravidão.

b) O tenentismo emergiu, durante a década de 1960, como uma reação ao regime militar que governava o país.

c) A Primeira República brasileira, caracterizada por instabilidade política, oligarquia no poder e crises econômicas, foi o cenário no qual o tenentismo teve origem.

d) O movimento tenentista se desenvolveu como uma reação à Proclamação da República, em 1889.

e) As raízes do tenentismo remontam ao período colonial, durante a exploração do pau-brasil.

Resposta: c)

O tenentismo teve origem no início do século XX, durante a Primeira República brasileira, em um contexto de instabilidade política, oligarquia no poder e crises econômicas.

2. O tenentismo foi um movimento que se caracterizou por seus objetivos políticos e sociais no Brasil. Dentre as alternativas a seguir, qual NÃO era um dos principais objetivos do movimento?

a) Modernização econômica do país.

b) Participação popular na política.

c) Combate à corrupção.

d) Restauração da monarquia.

e) Reformas políticas visando maior democracia.

Resposta: d)

Os objetivos do tenentismo incluíam a modernização econômica do Brasil, a participação popular na política, o combate à corrupção e a busca por reformas políticas que promovessem uma maior democracia no país. A restauração da monarquia não estava entre suas principais demandas, uma vez que o movimento surgiu na república.

Fontes

CARONE, Edgar. O Tenentismo. São Paulo: Difel, 1975.

DORIA, Pedro. Tenentes: a guerra civil brasileira. São Paulo: Record, 2016

Publicado por Tiago Soares Campos

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