Queimadas no Pantanal
Nos últimos anos, as queimadas no Pantanal vêm aumentando significativamente por diversos motivos, dos quais os mais comum são as causas humanas, sejam acidentais, sejam criminosas. Pelo menos três fatores provocam o avanço dessas práticas, são eles:
- o aumento das atividades agrícolas e pecuaristas;
- a ação humana ou antrópica;
- o clima tropical aliado ao tempo seco.
As queimadas e o desmatamento são práticas comumente interligadas, pois realiza-se o desmatamento de áreas, para formação de pastagens, e faz-se a queimada, na tentativa de adubagem e preparo do solo para formação dos pastos. Essas práticas geram resultados nocivos à saúde humana e perda da biodiversidade animal e vegetal da Terra.
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Queimadas no Pantanal
O Pantanal é um bioma localizado em três países:
- Brasil
- Bolívia
- Paraguai
Apresenta floresta densa, hidrografia complexa e bastante umidade. Tem como característica central as áreas de inundação, com relevo plano e formação de lagos. É um bioma rico em biodiversidade de fauna e flora, reconhecido mundialmente. No Brasil, esse bioma localiza-se a Sudoeste do Mato Grosso e Noroeste do Mato Grosso do Sul.
Nos últimos anos, as queimadas no Pantanal vêm aumentando significativamente por diversos motivos, dos quais os mais comum são as causas humanas, que podem ser acidentais ou criminosas.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas na região do Pantanal brasileiro aumentaram 210% em 2020, quando comparado ao mesmo período do ano de 2019. Considerando o período de janeiro a setembro de 2019, foram registrados 4660 focos de incêndio, em 2020, foram registrados 14.489 focos. Até então, o recorde era de 12.536 focos de incêndio, no ano de 2015, fato esse superado nos sete primeiros meses de 2020.
Essas práticas estão ligadas às atividades econômicas da agricultura e pecuária, sendo realizadas geralmente por sociedades tradicionais, indígenas e pequenos agricultores, na tentativa de adubagem do solo por meio das cinzas oriundas dessas atividades. No Pantanal, a situação não é diferente do habitual, uma vez que houve avanços nas áreas de plantio e pastagem decorrentes do aumento das atividades econômicas na região.
Origem das queimadas
A origem das queimadas na região do Pantanal (brasileiro, paraguaio ou boliviano) está ligada a pelo menos três fatores que provocam o avanço dessas práticas. São eles:
- o aumento das atividades agrícolas e pecuaristas;
- a ação humana ou antrópica;
- o clima tropical aliado ao tempo seco.
Todos esses fenômenos encontram-se na atividade humana como motivadora de incêndios e queimadas na área do Pantanal. O avanço da fronteira agrícola e da pecuária tem como início o desmatamento de áreas que mais tarde se tornam pastos. Após desmatar, queima-se essas áreas para a retirada do resto da cobertura vegetal. A ação antrópica ou humana é a geradora de todos esses processos, uma vez que os incêndios na região podem ser considerados criminosos, ou seja, ocorrer de forma desenfreada e com consequências drásticas ao meio ambiente.
O clima da região, Tropical, possui duas estações do ano bem definidas:
- Verão: úmido com temperaturas mais altas e presença de um regime de chuvas mais intenso e regular.
- Inverno: também com temperaturas elevadas e sem presença de chuva.
A ausência de um regime pluvial favorece a propagação e o avanço das queimadas, podendo ter-se o aumento dos focos de incêndio. No ano de 2020, já foram registrados mais de 14.000 mil focos de incêndios na região, tendo como plano de fundo a união desses três fatores.
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Causas das queimadas
As causas das queimadas e incêndios no Pantanal, em muitos casos, são desconhecidas. Dados oficiais apontam para o ser humano como principal responsável por essa prática. A queimada provocada pelo homem é justificada por suas ações em prol do desenvolvimento social e econômico.
As queimadas são causadas tanto por processos naturais como por antrópicos. No caso mais comum, ação humana, tem-se essa prática realizada para diversas e variadas finalidades, por exemplo:
- a expansão das fronteiras de ocupação da agricultura e pecuária, com a conversão das áreas de floresta em lavouras e pastagens;
- o controle de pragas, como insetos que prejudicam as lavouras;
- a limpeza de terreno, como ação de contensão de arbustos e ervas daninhas.
Queimadas e desmatamentos
As queimadas para a formação de pastagens têm sido percebidas desde o avanço da fronteira agrícola para a região, em 1979. Do início da década de 1980 até a década de 1990, 1% da área teria sido desmatado para a formação de pastagens na região.
Por tratar-se de uma região com muita concentração de água, pecuaristas brasileiros desenvolveram nela grandes polos de criação de rebanho bovino no país. Áreas de pastagens naturais formam-se na região, e os pecuaristas acabam por fazer uso delas no período da seca.
Entretanto, é no período das cheias que a situação intensifica-se, pois o rebanho fica sem pastos. Assim os pecuaristas passam a formar áreas de pastagens nas regiões mais altas — realizando o desmatamento, incendiando os campos para que as cinzas contribuam com o enriquecimento e correção da acidez do solo —, fazem o plantio do capim, geralmente o braquiária, e, por fim, conseguem novas áreas de pastagens para seus rebanhos.
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Consequências das queimadas
As consequências das queimadas, de modo geral, só trazem aspectos negativos, e na região do Pantanal esse fator não é diferente. A perda da biodiversidade é o pior dos problemas enfrentados na região, pois trata-se de uma área riquíssima em fauna e flora. Aves, répteis, mamíferos, peixes e insetos, todos sofrem com a ocorrência de queimadas.
Fatores como o desequilíbrio dos ecossistemas já são bastante discutidos. Outros efeitos negativos das queimadas ficam por conta do empobrecimento dos solos; da alteração significativa no regime de chuvas e ciclo natural da água, na drenagem de rios, bacias de inundação, lagos e lagoas, no equilíbrio climático da região, além dos efeitos que podem atingir biomas maiores, como da Amazônia.
As queimadas, além de matarem diretamente animais e plantas, provocam e afetam outras áreas próximas com o calor e fumaça que pode asfixiar espécies da fauna; aumentam o índice de gases que ajudam no efeito estufa; e contribuem para o aquecimento do planeta Terra, além de serem geradores diretos de diversas doenças respiratórias em humanos.
Dados das queimadas no Pantanal
Alguns dados revelam a atual situação do Pantanal nos últimos anos no Brasil. Em relação a 2019, os focos de incêndios e queimadas já aumentaram 210%, considerando-se o mesmo período neste ano. Essa realidade já fez com que o Pantanal perdesse 15% da sua cobertura de vegetação original, afetando drasticamente o bioma.
Fala-se do total de quase 2,2 milhões de hectares queimados no Pantanal, área correspondente a quatro vezes o tamanho do Distrito Federal e semelhante ao tamanho do estado de Sergipe. Mato grosso e Mato Grosso do Sul perderam juntos mais de 1 milhão de hectares de floresta.
O Pantanal é a maior área úmida continental do mundo, formada por planícies de inundação, possui um ambiente aquático gigantesco e é também o lar de uma imensa biodiversidade. São cerca de:
- 2 mil espécies de plantas
- 582 espécies de aves
- 132 espécies de mamíferos
- 113 espécies de répteis
- 41 espécies de anfíbios
Toda essa biodiversidade segue ameaçada pelo avanço do fogo e dos impactos que são gerados por ele.